Pai de Jean Pyerre ganha troféu do filho e relata luta contra Covid-19

Novo camisa 10 do Grêmio e o pai, Eduardo, concederam entrevista exclusiva à RBS TV


Fonte: Globo Esporte

Pai de Jean Pyerre ganha troféu do filho e relata luta contra Covid-19
Foto: Reprodução
Jean Pyerre tem motivos de sobra para comemorar. O jogador de 22 anos deu a volta por cima, superou os problemas na temporada e foi reconhecido ao receber a camisa 10 do Grêmio, a pedido do técnico Renato. Mas nada disso supera a felicidade de ver o pai, Eduardo, ao seu lado e bem de saúde.

Eduardo Corrêa foi diagnosticado com um quadro grave de Covid-19 no início de agosto. Foi internado, ficou entre a vida e a morte no hospital, mas venceu a luta contra o vírus e agora vê o filho voltar a ser protagonista no time do Grêmio.

Novamente titular, Jean Pyerre não só marcou o gol da vitória contra o Cuiabá, na última quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Brasil, como também foi eleito o melhor em campo. Lembrou do pai na entrevista no gramado e entregou ao troféu a ele, em homenagem por tudo o que a família passou.

Na última quinta-feira, pai e filho receberam a reportagem da RBS TV para uma entrevista exclusiva, na qual relatam a volta por cima dentro de campo e, principalmente, fora dele.

As pessoas talvez não sabiam um terço do que tinha acontecido. Notícia de que o meu pai tinha falecido. Passa um filme, do gol que fiz, ter sido o melhor do jogo, foi mais um alívio, de poder ter dado a volta por cima" — Jean Pyerre, meia do Grêmio

Confira trechos da entrevista:

Jean, você já tinha em mente tudo que o passou quando a repórter te perguntou no intervalo do jogo contra o Cuiabá? Como foi esse "filme" passando pela sua cabeça?

Jean Pyerre: Desde o primeiro jogo que voltei, que o meu pai já estava em casa, em todos os jogos vinha um filme na cabeça, de tudo que a gente passou. As pessoas talvez não sabiam um terço do que tinha acontecido, das dificuldades que tivemos durante esse tempo, tanto eu com as minhas lesões, e depois tudo como foi com o meu pai. Notícia de que o meu pai tinha falecido, minha mãe descer chorando.. .Em alguns momentos tive que mostrar maturidade para ajudar minha mãe. Tudo isso passa um filme, do gol que fiz (quarta), de ter sido o melhor do jogo, acho que foi mais um alívio, momento que pude deitar a cabeça e me sentir realizado, de poder ter dado a volta por cima. Foi algo que representou muito, não só para mim, para eles também. Ouvi muita coisa que faltava com respeito com meu pai. Às vezes, as pessoas esquecem que por ser jogador, eu tenho família, uma vida que uma pessoa normal tem. O que difere são as profissões. A gente esteve junto no momento mais difícil e aí cheguei em casa, ver que as coisas mudaram, isso é gratificante.

E para ti, seu Eduardo, como foi ver o filho fazer o gol e dar aquela entrevista?

Eduardo, pai de Jean Pyerre: Toda minha situação que passei, ele falou: “Vou fazer um gol pra te honrar”. Eu falava: “Sem cobranças, as coisas vão vir quando tiverem que vim”. Deu o pênalti, ficou aquela aflição de ser ou não. Quando ele pegou a bola, gritei para minha esposa, aumentei o volume da TV. Quando deu o gol a gente berrou, botou a TV no máximo. Quando ele deu a declaração eu chorei copiosamente. É muita emoção, tudo que passei, a barra que enfrentaram. Deus honrou ele para vir a vitória, e ele lavou a alma.

Quando chegou aqui, você entregou para ele o troféu de melhor em campo?

Jean Pyerre: Eu sempre penso as coisas que não são individuais. O grupo me ajuda muito. Na reapresentação, todo mundo veio dar parabéns. Quando fiz o gol, o Diego Souza falou: “Tu mereceu esse gol, porque tu sempre procura ajudar todos aqui dentro". Todos ficaram feliz por eu estar voltando, marcando, todos passaram por isso junto comigo. Quanto mais eu tiver troféus desses em casa, melhor, porque vai mostrar que estou bem.

Eduardo: Vai vir vários desses. É recompensa do trabalho, teve um ano muito difícil, é um filho maravilhoso. E é 'dos guri', né (risos).

Sabemos que é um assunto delicado, seu Eduardo, mas como foi a experiência com a Covid-19?

Eduardo: No primeiro dia cheguei muito mal em casa, falei para minha esposa que estava mal, ela falou para tomar um banho e nisso eu apaguei. No outro dia prometi para meu supervisor que iria fazer horário extra. Fui trabalhar. Cheguei pior de noite, fui para o hospital, me mandaram ficar em isolamento em casa. A doutora ligou no terceiro dia, eu estava com 41 graus de febre e ela me mandou urgente para o hospital. No dia 5 de agosto eu passei mal, vomitei, aspirei o vômito, entrei em parada cardíaca. A presidente do hospital pediu que fizessem o possível e impossível para salvar a minha vida. Chamaram minha família para se despedir de mim. Me colocaram em posição de prona, e foram controlando os sinais, até que na última tentativa, resolveu usar o aparelho, é um pulmão por fora do corpo, que o sangue circula ali. Foi o que me salvou. Aquela última tentativa. Por eles eu já tinha me dado como morto. Foram duas paradas cardíacas em 14 minutos e 25 dias em coma.

Após esses 25 dias, você lembra de alguma coisa? Como foi?

Eduardo: Durante o tempo que tive internado não lembro de nada. Eu estava em coma, minha visão era tudo preto, luz negra. Quando abri os olhos na CTI, tentei entender o que estava acontecendo. Nos primeiros dias me senti como se tivesse no fundo do mar. Foi no primeiro ou segundo dia que eu abri os olhos e eles fizeram uma vídeo chamada, pessoal reunido em casa, minha família.

E como foi a volta para casa? Tudo ficou mais tranquilo?

Eduardo: Claro. Cada um com sua religião, foi muito oração. Minha esposa disse que eu voltei a viver, que eu gosto muito da minha vida. Primeiro chamaram minha família para se despedir, aí depois o noticiário que eu tinha morrido e causou um desespero. Meu filho caçula falava para mim quando eu estava em coma: “Pai, tu vai morrer? Vai se entregar? Tem eu e o Jean aqui, nossos filhos, tu não vai ajudar a cuidar dos nossos filhos? Não te entrega, reage”. Foi muito lindo.




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