Grêmio vê time fortalecido após prova de fogo do Gre-Nal e crê em nova fase

Não dá para celebrar como uma vitória, mas o empate em 0 a 0 com o Inter neste domingo caiu para os gremistas como uma massagem no ego. Com a estima combalida diante de seguidos tropeços na Arena para adversários do Interior, jogar um bom futebol contra o maior rival, dado como favorito, foi encarado como o início de uma nova fase nos bastidores do Grêmio.

O ânimo no vestiário do Grêmio foi um sintoma claro desse sentimento, mescla de alívio e esperança. O clima ficou mais leve. O próprio Felipão foi exemplo disso. Se após o 0 a 0 com o Juventude o treinador pediu reforços em tom sisudo, desta vez, em mesmo placar só que com o maior rival, o fez com direito a sorrisos e piadas com o presidente Romildo Bolzan Júnior.

- Já tentaram colocar no Grêmio 30 nomes, mas temos dois ou três nomes sendo trabalhados. Se for acima do nosso limite, não vamos contratar. Dois atacantes, um homem de meio. Pode ser que só sejam dois atacantes. A nossa disponibilidade é pouca. Presidente está olhando ali e está concordando (risos) - brincou Felipão.

Um consenso entre grupo, treinador e direção se deu na evolução tática do time. O fato de o Grêmio ter sido superior por boa parte do jogo, colecionando ao menos três chances, virou motivo de orgulho e bom presságio para as próximas rodadas. Tanto que o que era estatística ruim pode se tornar algo positivo. Agora, o time não perde há três jogos - vitória com o Passo Fundo e empates diante de Juventude e Inter.

- Algumas atuações não foram boas, mas entendo que em jogos contra o Passo Fundo e o Juventude, o Grêmio mostrou que está evoluindo, melhorando - comemora Felipão.

Durante toda a semana, o Grêmio tratou de empurrar para o Inter o favoritismo no clássico, embora o rival fosse a campo com time misto. O presidente Romildo Bolzan Júnior havia citado a superioridade financeira e a capacidade de se reforçar do Colorado como predicados que o faziam superior para o confronto.

Depois da partida, o mandatário mudou um pouco o tom e disse que via chance de vencer. E o mais importante: o clássico deixou um legado, na sua visão.

- Eu esperava a vitória. Provamos em campo que poderíamos ter vencido. O empate teve um certo tom de justiça, mas com um gostinho de quero mais. O Grêmio já mostrou um posicionamento de time. Lincoln jogou pela esquerda, Douglas livre, um atacante que se somava aos jogadores de chegada. O Grêmio conseguiu encaixar melhor essas peças e fazer um time mais coeso no meio e no ataque. O Grêmio perdeu chances de gols claras. Importa nossa capacidade de estabelecer uma mecânica de jogo consistente. E o Grêmio mostrou isso - valorizou Romildo.

O Grêmio foi a campo com o esquema que melhor funcionou no ano passado, com três volantes. Felipão não garantiu sua permanência, mas é fato que, nos últimos duelos, a defesa falhou menos. Não vaza desde 14 de fevereiro, na marcante derrota para o Veranópolis na Arena, com direito a "abandono" de Felipão antes de o duelo se encerrar. Desde então, são três jogos sem sofrer gols.

Um problema, no entanto, se mantém. E surge como grande desafio para a semana livre de treinamentos. Embora tenha criado mais, o Grêmio pena para fazer gols. São apenas nove gols em oito jogos no Gauchão. Nos últimos três em casa, passou em branco. Felipão tem alternado os atacantes desde as saídas de Moreno e Barcos para a China. Passaram pelo setor Everaldo, Everton, Lucas Coelho, Paulinho e Pedro Rocha, todos com menos de 23 anos.

A bola da vez neste domingo foi o inédito teste com Yuri Mamute, 19 anos e com atuação que agradou ao comando técnico e à direção. Enquanto os reforços mais experientes prometidos para o ataque não chegam, ele deve ser mantido. Ainda há outra meta para sábado, no duelo contra o Caxias. Voltar a vencer na Arena, o que não ocorre há três rodadas. Pelo visto, o Gre-Nal foi um bom ponto de partida. Mas resta muito a ser feito.

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