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Foto: Eduardo Moura
Há 35 anos, 11 jogadores do Grêmio saíam aliviados ao empatar em 3 a 3 contra o Estudiantes, mesmo rival desta terça-feira, pelas oitavas de final da Libertadores, em um jogo que entrou para a história como a "Batalha de La Plata". O resultado, mesmo após os gaúchos estarem ganhando por 3 a 1 e com quatro jogadores a mais, deu tom épico ao primeiro título da América em 1983 com Renato Portaluppi, em um jogo marcado pela hostilidade dentro de fora dos gramados. Responsável por (tentar) marcar o atual técnico gremista naquela noite, o ex-lateral Claudio Gugnali conta que aquela partida também é relembrada no lado argentino, comemorada como um feito heroico e até hoje inigualável.
Simpático e amável, Gugnali recebeu o GloboEsporte.com em seu apartamento, em La Plata. Em 30 minutos de entrevista, lembrou ter passado maus bocados com o camisa 7, autor de um gol e uma assistência naquele empate, e o classificou como "imarcável". Antes da entrevista, confidenciou que ele e Julián Camino de fato deram entradas duríssimas nos gremistas naquela partida. Caio deixou o campo no intervalo quase sem apoiar o pé no chão. Por óbvio, foi sacado por Valdir Espinosa.
– Todos jogadores desequilibrantes, de nível de seleção (do Grêmio). Renato era imarcável. Em Porto Alegre, marquei bastante bem. No segundo tempo entrou o Tarciso, mudaram, era atlético, rápido, trabalhava os dois perfis, acabou fazendo o gol. Aqui em La Plata, Renato foi uma figura do Grêmio. Passei muito mal. Me ganhou os duelos permanentemente – lembrou.
Gugnali era o lateral-esquerdo naquele time. Também tem história na comissão técnica ao ser auxiliar de Alejandro Sabella no próprio Estudiantes, no título conquistado em 2009, sobre o Cruzeiro, e também no vice-campeonato Mundial – a comissão tinha Sabella como treinador e Gugnali e Camino como auxiliares. Todos estavam no Estudiantes na histórica Batalha de La Plata. Nem os 35 anos e toda a experiência o ajudam a explicar como os argentinos remontaram o 3 a 1 com quatro jogadores a menos.
O Tricolor saiu atrás com gol de Gurrieri, logo no início do jogo. Vieram as expulsões de Trobbiani e Ponce, meio-campo. O Grêmio empatou, no fim do primeiro tempo, pelo pé esquerdo de Osvaldo. O que enervou os ânimos dos argentinos. No segundo tempo, César e Renato abriram o 3 a 1 e pareciam garantir a vitória ao Tricolor. Da inconformidade dos argentinos, veio a virada. Gurrieri deitou no gramado para espremer a bola para as redes, em um gol classificado como "sem querer". E o terceiro e último veio dos pés de Russo, na pressão tresloucada de seis contra 11.
– É impossível explicar. Sempre falava com Sabella, que é um estudioso, um tático, muito pensante. Explica-me como pudemos? Como estávamos posicionados? Um 2-2-2 e o goleiro. Como fizemos para fazer dois gols e empatar? As pessoas às vezes falam porque (o jogo) não seguiu cinco minutos mais. Eu acredito que se segue, o Grêmio ganha dee 7 a 3. Sabe quando vai com o carro e está ficando sem gasolina e chega justo naquele momento? Chegamos com a gasolina até ali. Se tivesse 10 minutos, teria sido uma catástrofe – ri o ex-jogador.
"Se eu sou treinador e perguntam se quero jogar contra uma equipe de seis jogadores, claro. Aconteceu tudo nesta noite, Grêmio que para mim relaxou achando que tinha ganho, nós nesta loucura que nos levou a correr longe" (Claudio Gugnali, lateral do Estudiantes na Batalha de La Plata)
Reza a lenda que Gugnali teria trocado camisas com Renato após o jogo. No entanto, o argentino nega. Com um sorriso, explica que em uma partida como essa, quase uma batalha campal, após o apito final não se troca camisas com o adversário. Esse era o sentimento também das arquibancadas. Ao lado de sua camisa da época (pelo menos esta é sua lembrança), o ex-jogador também reconhece que o clima nas arquibancadas não era nada bom para os gremistas, como propagou-se após o empate pelos tricolores.
– A torcida estava desenfreada. Sem tirar os méritos do Grêmio, que era uma grande equipe, me parece que a arbitragem tampouco ajudou. Me parece que a arbitragem era uruguaia, nos primeiros minutos tiraram Ponce e Trobbiani, que eram determinantes no time. Creio que neste caso os árbitros não ajudaram e acenderam a chama. É certo que os jogadores do Grêmio não passaram bem e a torcida estava a ponto de invadir. Era um clima hostil, Grêmio não estava comodo nesta situação. Isso também, ainda que dê vergonha, a mim dá vergonha hoje como treinador, mas ajudou a nós correr riscos que normalmente não corríamos – recorda.
Doping foi a arbitragem
Criou-se a partir de então uma versão de que os argentinos estavam turbinados por substâncias não permitidas, ou seja, dopados. Mas o principal incentivo para o Estudiantes, conforme Gugnali, foi mesmo a arbitragem. Ao ser questionado sobre um possível doping, rechaçou e afirmou que o árbitro uruguaio Luís de La Rosa não conduziu bem a partida. Antes mesmo de a bola rolar, ele amarelou Trobbiani, que seria expulso na sequência ainda no primeiro tempo. A atitude, evidentemente, enervou os ânimos dos Pinchas.
– Não, não. Vou repetir, me parece que o que acendeu a chama deste esforço dobrado foi o árbitro. Não quero acreditar na má intenção, mas foi muito determinante, expulsar na tua casa dois jogadores, Trobbiani e Ponce, praticamente os criadores do jogo. Foi muito determinante. Provocou que se tire esforço de onde não se tem, para demonstrar ao árbitro que era injusto. Que estava se portando mal. O ser humano não sabe até onde dá. Às vezes tem que mexer dentro de alguém e tirar coisas que nem sabe que se tem, a força, a vontade. Às vezes a pessoa não sabe, e a vida mostra. Depois do que aconteceu a situação, diz: "Olha o que eu fiz" – completou Gugnali.
Naquele ano, o Grêmio sagrou-se campeão da Libertadores e do Mundial. Nesta terça, Estudiantes e Grêmio repetem o confronto, 35 anos depois, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores. O palco daquela partida passa por obras e, por isso, os argentinos mandarão o jogo em Quilmes, afastado da cidade de La Plata. Certamenta na expectativa de mais um confronto épico contra o Grêmio.
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Simpático e amável, Gugnali recebeu o GloboEsporte.com em seu apartamento, em La Plata. Em 30 minutos de entrevista, lembrou ter passado maus bocados com o camisa 7, autor de um gol e uma assistência naquele empate, e o classificou como "imarcável". Antes da entrevista, confidenciou que ele e Julián Camino de fato deram entradas duríssimas nos gremistas naquela partida. Caio deixou o campo no intervalo quase sem apoiar o pé no chão. Por óbvio, foi sacado por Valdir Espinosa.
– Todos jogadores desequilibrantes, de nível de seleção (do Grêmio). Renato era imarcável. Em Porto Alegre, marquei bastante bem. No segundo tempo entrou o Tarciso, mudaram, era atlético, rápido, trabalhava os dois perfis, acabou fazendo o gol. Aqui em La Plata, Renato foi uma figura do Grêmio. Passei muito mal. Me ganhou os duelos permanentemente – lembrou.
Gugnali era o lateral-esquerdo naquele time. Também tem história na comissão técnica ao ser auxiliar de Alejandro Sabella no próprio Estudiantes, no título conquistado em 2009, sobre o Cruzeiro, e também no vice-campeonato Mundial – a comissão tinha Sabella como treinador e Gugnali e Camino como auxiliares. Todos estavam no Estudiantes na histórica Batalha de La Plata. Nem os 35 anos e toda a experiência o ajudam a explicar como os argentinos remontaram o 3 a 1 com quatro jogadores a menos.
O Tricolor saiu atrás com gol de Gurrieri, logo no início do jogo. Vieram as expulsões de Trobbiani e Ponce, meio-campo. O Grêmio empatou, no fim do primeiro tempo, pelo pé esquerdo de Osvaldo. O que enervou os ânimos dos argentinos. No segundo tempo, César e Renato abriram o 3 a 1 e pareciam garantir a vitória ao Tricolor. Da inconformidade dos argentinos, veio a virada. Gurrieri deitou no gramado para espremer a bola para as redes, em um gol classificado como "sem querer". E o terceiro e último veio dos pés de Russo, na pressão tresloucada de seis contra 11.
– É impossível explicar. Sempre falava com Sabella, que é um estudioso, um tático, muito pensante. Explica-me como pudemos? Como estávamos posicionados? Um 2-2-2 e o goleiro. Como fizemos para fazer dois gols e empatar? As pessoas às vezes falam porque (o jogo) não seguiu cinco minutos mais. Eu acredito que se segue, o Grêmio ganha dee 7 a 3. Sabe quando vai com o carro e está ficando sem gasolina e chega justo naquele momento? Chegamos com a gasolina até ali. Se tivesse 10 minutos, teria sido uma catástrofe – ri o ex-jogador.
"Se eu sou treinador e perguntam se quero jogar contra uma equipe de seis jogadores, claro. Aconteceu tudo nesta noite, Grêmio que para mim relaxou achando que tinha ganho, nós nesta loucura que nos levou a correr longe" (Claudio Gugnali, lateral do Estudiantes na Batalha de La Plata)
Reza a lenda que Gugnali teria trocado camisas com Renato após o jogo. No entanto, o argentino nega. Com um sorriso, explica que em uma partida como essa, quase uma batalha campal, após o apito final não se troca camisas com o adversário. Esse era o sentimento também das arquibancadas. Ao lado de sua camisa da época (pelo menos esta é sua lembrança), o ex-jogador também reconhece que o clima nas arquibancadas não era nada bom para os gremistas, como propagou-se após o empate pelos tricolores.
– A torcida estava desenfreada. Sem tirar os méritos do Grêmio, que era uma grande equipe, me parece que a arbitragem tampouco ajudou. Me parece que a arbitragem era uruguaia, nos primeiros minutos tiraram Ponce e Trobbiani, que eram determinantes no time. Creio que neste caso os árbitros não ajudaram e acenderam a chama. É certo que os jogadores do Grêmio não passaram bem e a torcida estava a ponto de invadir. Era um clima hostil, Grêmio não estava comodo nesta situação. Isso também, ainda que dê vergonha, a mim dá vergonha hoje como treinador, mas ajudou a nós correr riscos que normalmente não corríamos – recorda.
Doping foi a arbitragem
Criou-se a partir de então uma versão de que os argentinos estavam turbinados por substâncias não permitidas, ou seja, dopados. Mas o principal incentivo para o Estudiantes, conforme Gugnali, foi mesmo a arbitragem. Ao ser questionado sobre um possível doping, rechaçou e afirmou que o árbitro uruguaio Luís de La Rosa não conduziu bem a partida. Antes mesmo de a bola rolar, ele amarelou Trobbiani, que seria expulso na sequência ainda no primeiro tempo. A atitude, evidentemente, enervou os ânimos dos Pinchas.
– Não, não. Vou repetir, me parece que o que acendeu a chama deste esforço dobrado foi o árbitro. Não quero acreditar na má intenção, mas foi muito determinante, expulsar na tua casa dois jogadores, Trobbiani e Ponce, praticamente os criadores do jogo. Foi muito determinante. Provocou que se tire esforço de onde não se tem, para demonstrar ao árbitro que era injusto. Que estava se portando mal. O ser humano não sabe até onde dá. Às vezes tem que mexer dentro de alguém e tirar coisas que nem sabe que se tem, a força, a vontade. Às vezes a pessoa não sabe, e a vida mostra. Depois do que aconteceu a situação, diz: "Olha o que eu fiz" – completou Gugnali.
Naquele ano, o Grêmio sagrou-se campeão da Libertadores e do Mundial. Nesta terça, Estudiantes e Grêmio repetem o confronto, 35 anos depois, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores. O palco daquela partida passa por obras e, por isso, os argentinos mandarão o jogo em Quilmes, afastado da cidade de La Plata. Certamenta na expectativa de mais um confronto épico contra o Grêmio.
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