Depois do empate por 1 a 1 com o Cruzeiro, na última quarta-feira, o técnico do Grêmio, Renato Portaluppi, teve novo embate com a imprensa – um fato recorrente. Mas desta vez o treinador cruzou uma fronteira. Disse que passará a dar nomes àqueles a quem classificou como “mentirosos, covardes”. E complementou: “Vocês também têm família, vocês também têm filhos no colégio, vocês também andam por aí, e o torcedor conhece alguns de vocês”.
No dia seguinte, o treinador, em nota, afirmou que não quis incitar a violência com a colocação – que seu objetivo foi fazer um paralelo com aquilo que vivem os profissionais do futebol quando são alvos de críticas. “Não sou de fazer ameaças”, disse. Cada um escolhe no que acreditar: na fala original ou na nota enviada depois da repercussão. Seja como for, o episódio é ilustrativo: Renato está em guerra, e ela decorre de fortes críticas (e de notícias que Renato classifica como mentirosas) originadas no fraco desempenho do time nesta temporada.
E isso tudo desemboca naquilo que mais interessa ao torcedor: e agora? A relação entre Grêmio e Renato tem suas particularidades. O maior jogador da história do clube, autor dos gols do título mundial, também virou ídolo como treinador – consequentemente, angariou enorme ascendência sobre a torcida. E ele é um sujeito que confia bastante em seu talento. Dessa equação, resulta um profissional com enorme poder dentro do clube – a ponto de dirigentes ficarem à sua sombra.
No Grêmio, a troca de treinador, esse movimento natural para clubes em crise, é um processo mais delicado quando o nome de Renato está em jogo. Se o técnico não fosse ele, é bem possível que a diretoria tivesse feito alguma mudança no decorrer de um ano acidentado pela enchente – como fez, com sucesso, o Inter ao substituir Eduardo Coudet por Roger Machado quando o time não dava mais esperanças de reação.
De certa forma, o Grêmio é refém do tamanho que Renato, com seus méritos, conquistou. E sempre pesa o temor de que, sem ele, as coisas possam piorar. Nas três passagens anteriores, as substituições foram frustrantes: Julinho Camargo (2011), Enderson Moreira (2014) e Tiago Nunes (2021) pouco duraram. Na experiência mais recente, o time acabou rebaixado no fim do ano.
Renato se aproxima de uma década, somando os períodos, como técnico do Grêmio. Ele mostrou mais qualidades do que defeitos na função. Em geral, melhorou os times que assumiu (alguns bem formados, como o de 2016, e outros problemáticos, como o de 2010). Soube ter os grupos sob seu controle e conseguiu montar equipes que se adequassem às características dos elencos. E foi campeão: da Copa do Brasil, da Libertadores, cinco vezes do Gauchão.
Uma vitória nas três últimas rodadas do Brasileirão deve bastar para o Grêmio evitar o rebaixamento, e aí Renato provavelmente irá embora, não renovará contrato. Será mais saudável para todos os lados: para o clube, que precisa ficar menos dependente de seu ídolo, e para o técnico, que fatalmente encontrará abrigo em alguma outra grande equipe brasileira – visto que tem currículo de sobra para isso. Com a saída de Renato, o processo de desgaste será estancado. E ele sempre poderá voltar.
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