Roupas coloridas, paetês, e purpurina. Se hoje, mesmo com todos os avanços culturais, não é possível encontrar essas vestimentas nas arquibancadas dos estádios de futebol em dia de jogos, nos 1970 era inimaginável. Em uma época em que a modalidade era marcada por códigos ainda mais heteronormativos, não se via espaço nenhum para a diversidade. Mas foi justamente neste cenário que nasceu a Coligay, primeira torcida organizada LGBTQIAP+, criada por torcedores homossexuais do Grêmio .
Apesar de marcante, a história da primeira torcida organizada gay da história do clube ainda não tinha nenhum trabalho audiovisual produzido até aqui. E é isso que o novo documentário do grupo Peleja busca registrar . A ideia da produção é resgatar a trajetória do grupo criado em 1977 em plena ditadura militar, além de mostrar como o legado da Coligay segue vivo até os dias atuais, inspirando debates sobre diversidade e pertencimento no mundo do futebol.
"A torcida tinha quase 150 torcedores organizados que eram gays, mas só deles estarem ocupando esse espaço no Olímpico, eles quebravam o estereótipo dos torcedores heteronormativos, da ideia de que só ia torcer pelo Grêmio o homem machão gaúcho", afirma Julia Ferroni, roteirista do documentário.
O documentário reconstrói a trajetória da Coligay a partir de relatos, arquivos e registros da época. Até 1977, o Grêmio não passava por um bom momento no futebol. Estava há quase uma década sem conquistas e de quebra ainda via o rival empilhar títulos, como o octacampeonato gaúcho e o bicampeonato brasileiro. Aliado a isso, a paciência dos torcedores estava no limite e, consequentemente, passaram a diminuir a presença nos jogos.
"Eu gosto de pensar que resgatar essa memória não é apenas resgatar o direito da pessoa LGBTQIAPN+ estar no estádio torcendo, mas também da história da cultura de arquibancada, de como surgiram esses movimentos, como foi se moldando o que hoje a gente vê de forma tão corriqueira, rotineira, e que na época era muito ousado", conclui Julia.
Foi aí que Volmar Santos, gerente de uma famosa boate de Porto Alegre e apaixonado pelo Grêmio, decidiu mudar o cenário das arquibancadas. Após ir em um dos jogos no Olímpico saiu decepcionado com a falta de animação das torcidas organizadas do clube e decidiu também criar a sua própria torcida. Assim, surgiu a primeira organizada assumidamente gay do mundo e, aos poucos, homens foram ocupando as arquibancadas com festa, muito barulho e um jeito de torcer totalmente improvável para a época.
Pioneira, a Coligay passou a acompanhar o Grêmio onde ele estivesse e, consequentemente a ser respeitada. Por isso, Julia afirma que a ausência de uma discussão forte sobre a torcida levou ao esquecimento da própria história da cultura de arquibancada e das torcidas organizadas no Brasil. Assim, o resgate reforça principalmente a importância do grupo como um símbolo de resistência para o futebol brasileiro até hoje.
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