O indecifrável e potente pé esquerdo de Roberto Carlos serviu de lição a um ainda novato Danrlei, que nunca mais tornou a subestimar um adversário. Os primeiros de muitos confrontos com o Palmeiras, por sinal, deram a largada a uma rivalidade épica nos anos 90 e às primeiras polêmicas com a arbitragem diante de um rival quase mortal. A convivência nos mais de 20 dias de excursão com taça erguida no Japão, escala em Los Angeles e duelos ferrenhos no Equador ajudou a formar um elo indissolúvel em um elenco recheado de garotos, ainda vistos com certa desconfiança. Descrença que logo começara a ser dissolvida, nas agruras das temidas montanhas de Quito, a 2,8 mil metros de altitude. Ali, os comandados do então emergente Luiz Felipe Scolari quebravam seu primeiro tabu. Ali, o Grêmio dava início à conquista do Bicampeonato da Libertadores, em 1995.
O GloboEsporte.com revive a partir desta quarta-feira, até o domingo, data do aniversário de 20 anos da final contra o Atlético Nacional, em Medellin, a campanha que pintou pela segunda vez a o continente de azul, preto e branco. A primeira fase, por si só, merece um capítulo à parte nesta narrativa, apresentada em web documentário pelos heróis que reconquistaram a América para o Tricolor. Com três triunfos, dois empates e um dolorido revés, o Tricolor se classificou na segunda colocação do Grupo 4, com 11 pontos.
Os embates e seus bastidores estão relatados abaixo:
LIÇÕES DO 1º TROPEÇO
21.02.1995 - Palmeiras 3 x 2 Grêmio - Estádio Palestra Itália
Danrlei, sobre o golaço de falta de Roberto Carlos:
"Barreira para quê? Lá longe... Quando ele bateu, eu tinha certeza que a bola, do jeito que estava vindo, ia daquele lado. Quando chegou à grande área, ela fez uma curva pro outro lado. Tchê, eu tonteei. Não dava mais tempo. O homem tinha um chute, mas um chute. Mas também aprendi. Nunca mais botei falta sem barreira. Podia ser do outro lado do campo. quero nem saber. A gente tem uma visão diferente. Falha para mim é quando aquela bola vem e tu deverias ter feito diferente. Mas ali foi muito mais uma questão na minha cabeça que o cara era excepcional. Eu não conhecia o chute dele, e é natural que tu acabes subestimando muitas vezes. Até pela distância. Meu erro foi não ter colocado a barreira. Foi ter subestimado. Que bom que foi no primeiro jogo, imagina que é um jogo lá na frente contra eles. Ia ser pior".
IRA DE FELIPÃO
14.03.1995 - Emelec 2 x 2 Grêmio - Estádio George Capwell
Carlos Miguel, sobre a bronca de Felipão após derrota para equipe amadora de Quito:
"Teve uma história muito engraçada. Antes do jogo contra o Emelec, nós fizemos um coletivo contra um time amador lá de Quito. E simplesmente o time amador atropelou a gente. Tudo isso dentro logicamente, o Paixão sabia, ele sabia que isso ia acontecer, que nós íamos sofrer bastante, porque foi logo no terceiro ou quarto dia. O Felipão ficou louco. Nós não conseguíamos correr. Tanto que demos dois ou três chutes a gol naquele time amador. Porque eles estavam acostumados. Ali, vimos o quanto ia ser difícil".
REDENÇÃO DE ARCE
17.03.1995 - El Nacional 1 x 2 Grêmio - Estádio Atahualpa
Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, vice de futebol, sobre os dois gols de Arce:
"Aquilo foi um lavar a alma. Houve um jornal de Porto Alegre, que me criticou muito. Me chamou de neófito, de desconhecedor de futebol. Um rapaz que jogava no Internacional disse que conhecia o Arce, que o Arce era meio-campista. A crítica foi muito dura, muito candente, em relação à contratação. Mas depois, passa tudo, né? Eles não vão dizer depois que o diretor tinha razão. Eu nunca me esqueço. Eu estava na beira do gramado, pedindo para terminar o jogo. O Arce foi lá e fez o segundo gol. O 1 a 1 já nos servia. Ainda ganhamos 2 a 1, dois gols dele".
NASCE UM CLÁSSICO
22.03.1995 - Grêmio 0 x 0 Palmeiras - Estádio Olímpico
Alexandre Gaúcho, sobre a rivalidade entre Grêmio e Palmeiras nos anos 90:
"Ali, a gente já pode sentir. Como a gente tinha perdido lá, depois daquela confusão toda, a gente sentiu como era a verdadeira rivalidade entre Palmeiras e Grêmio. Foi dolorido, porque a gente queria ganhar. A gente sabia que nosso principal adversário era o Palmeiras. O único que poderia nos bater era o Palmeiras. O time todo buscou sempre. O tempo todo. Tivemos muitas chances de gol. Foi um jogo em que o torcedor que tinha coração fraco deve ter passado mal. A coisa foi forte".
GOLEADA E VAGA
31.03.1995 - Grêmio 4 x 1 Emelec - Estádio Olímpico
Danrlei, sobre a força da torcida e a goleada que deu a vaga nas oitavas de final:
"A gente já conhecia os adversários... E em casa era diferente. A gente ia botar 50, 60 mil pessoas por jogo da Libertadores. O torcedor pegou junto do inicio ao fim e se mostrou parceiro, mostrou o que era a torcida do Grêmio. E nós, óbvio, com essa injeção de ânimo vinda da torcida, a gente notou que ninguém ganharia de nós no Olímpico. Foi importante porque foi uma vitória em casa, depois de um empate com a seleção brasileira, que era o Palmeiras. Ali, a gente sabia que em casa ninguém nos venceria. Em casa ninguém tiraria um ponto da gente sequer".
FORÇA DO "BANGUZINHO"
07.04.1995 - Grêmio 2 x 0 El Nacional - Estádio Olímpico
Carlos Miguel, sobre a equipe mista escalada por Felipão para a partida:
"Já estávamos classificados, tínhamos alguns problemas de cartões, então optamos por um time misto, apesar de que aquele grupo não tinha time misto. Ganhamos o Gauchão com o chamado 'Banguzinho'. A qualidade dos jogadores era muito grande. O ritmo nunca caía. O Felipão tinha essa tranquilidade de escalar qualquer jogador. Escalou uns, poupou outros. Estávamos classificados. Foi para dar uma poupada e não ter ninguém suspenso para o próximo jogo".
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Os embates e seus bastidores estão relatados abaixo:
LIÇÕES DO 1º TROPEÇO
21.02.1995 - Palmeiras 3 x 2 Grêmio - Estádio Palestra Itália
Danrlei, sobre o golaço de falta de Roberto Carlos:
"Barreira para quê? Lá longe... Quando ele bateu, eu tinha certeza que a bola, do jeito que estava vindo, ia daquele lado. Quando chegou à grande área, ela fez uma curva pro outro lado. Tchê, eu tonteei. Não dava mais tempo. O homem tinha um chute, mas um chute. Mas também aprendi. Nunca mais botei falta sem barreira. Podia ser do outro lado do campo. quero nem saber. A gente tem uma visão diferente. Falha para mim é quando aquela bola vem e tu deverias ter feito diferente. Mas ali foi muito mais uma questão na minha cabeça que o cara era excepcional. Eu não conhecia o chute dele, e é natural que tu acabes subestimando muitas vezes. Até pela distância. Meu erro foi não ter colocado a barreira. Foi ter subestimado. Que bom que foi no primeiro jogo, imagina que é um jogo lá na frente contra eles. Ia ser pior".
IRA DE FELIPÃO
14.03.1995 - Emelec 2 x 2 Grêmio - Estádio George Capwell
Carlos Miguel, sobre a bronca de Felipão após derrota para equipe amadora de Quito:
"Teve uma história muito engraçada. Antes do jogo contra o Emelec, nós fizemos um coletivo contra um time amador lá de Quito. E simplesmente o time amador atropelou a gente. Tudo isso dentro logicamente, o Paixão sabia, ele sabia que isso ia acontecer, que nós íamos sofrer bastante, porque foi logo no terceiro ou quarto dia. O Felipão ficou louco. Nós não conseguíamos correr. Tanto que demos dois ou três chutes a gol naquele time amador. Porque eles estavam acostumados. Ali, vimos o quanto ia ser difícil".
REDENÇÃO DE ARCE
17.03.1995 - El Nacional 1 x 2 Grêmio - Estádio Atahualpa
Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, vice de futebol, sobre os dois gols de Arce:
"Aquilo foi um lavar a alma. Houve um jornal de Porto Alegre, que me criticou muito. Me chamou de neófito, de desconhecedor de futebol. Um rapaz que jogava no Internacional disse que conhecia o Arce, que o Arce era meio-campista. A crítica foi muito dura, muito candente, em relação à contratação. Mas depois, passa tudo, né? Eles não vão dizer depois que o diretor tinha razão. Eu nunca me esqueço. Eu estava na beira do gramado, pedindo para terminar o jogo. O Arce foi lá e fez o segundo gol. O 1 a 1 já nos servia. Ainda ganhamos 2 a 1, dois gols dele".
NASCE UM CLÁSSICO
22.03.1995 - Grêmio 0 x 0 Palmeiras - Estádio Olímpico
Alexandre Gaúcho, sobre a rivalidade entre Grêmio e Palmeiras nos anos 90:
"Ali, a gente já pode sentir. Como a gente tinha perdido lá, depois daquela confusão toda, a gente sentiu como era a verdadeira rivalidade entre Palmeiras e Grêmio. Foi dolorido, porque a gente queria ganhar. A gente sabia que nosso principal adversário era o Palmeiras. O único que poderia nos bater era o Palmeiras. O time todo buscou sempre. O tempo todo. Tivemos muitas chances de gol. Foi um jogo em que o torcedor que tinha coração fraco deve ter passado mal. A coisa foi forte".
GOLEADA E VAGA
31.03.1995 - Grêmio 4 x 1 Emelec - Estádio Olímpico
Danrlei, sobre a força da torcida e a goleada que deu a vaga nas oitavas de final:
"A gente já conhecia os adversários... E em casa era diferente. A gente ia botar 50, 60 mil pessoas por jogo da Libertadores. O torcedor pegou junto do inicio ao fim e se mostrou parceiro, mostrou o que era a torcida do Grêmio. E nós, óbvio, com essa injeção de ânimo vinda da torcida, a gente notou que ninguém ganharia de nós no Olímpico. Foi importante porque foi uma vitória em casa, depois de um empate com a seleção brasileira, que era o Palmeiras. Ali, a gente sabia que em casa ninguém nos venceria. Em casa ninguém tiraria um ponto da gente sequer".
FORÇA DO "BANGUZINHO"
07.04.1995 - Grêmio 2 x 0 El Nacional - Estádio Olímpico
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"Já estávamos classificados, tínhamos alguns problemas de cartões, então optamos por um time misto, apesar de que aquele grupo não tinha time misto. Ganhamos o Gauchão com o chamado 'Banguzinho'. A qualidade dos jogadores era muito grande. O ritmo nunca caía. O Felipão tinha essa tranquilidade de escalar qualquer jogador. Escalou uns, poupou outros. Estávamos classificados. Foi para dar uma poupada e não ter ninguém suspenso para o próximo jogo".
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