Espinosa comenta mais uma referência de Sabella sobre passado com treinador (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
Radicado na cidade que receberá a final da Copa do Mundo, Valdir Espinosa não perde um lance do Mundial. Mas se deu o direito, no início da noite de quarta-feira, de relaxar após a angustiante decisão de pênaltis entre Argentina e Holanda. Foi jantar e desligou-se das entrevistas coletivas. Ao voltar para o computador, foi surpreendido pela avalanche de e-mails e postagens em redes sociais, todos alarmando-o sobre a menção que Alejandro Sabella fizera de seu antigo treinador nos tempos de Grêmio. Uma rápida homenagem, porém suficiente para fazer Espinosa abrir torcida ao outrora pupilo. A rivalidade entre países ficará de lado. A amizade está em campo.
A referência não poderia ser mais honrosa. O treinador que acabara de levar a Argentina a uma final de Copa, 24 anos depois, teve a serenidade de recordar algumas conversas que teve com Espinosa nos anos 1980, quando o hoje mentor da redenção dos hermanos dispensava o terno e encantava as torcidas dentro de campo, como um habilidoso meia de ligação. O assunto era justamente a tônica desse Mundial: a decantada "ocupação de espaços". Sabella garante ter aprendido isso em seus tempos de Tricolor gaúcho, com Espinosa.
As referências ao brasileiro não são de hoje, mas elas retornarem justamente num momento tão especial da Copa enche Espinosa de orgulho. Até porque Sabella está a uma partida de fazer o que o seu amigo já conseguira em 1983 por um clube, ao conquistar o Mundial Interclubes pelo Grêmio, no Japão.
- Caramba, rapaz, puxa vida... O cara vai disputar um título, pelo seu país, depois de tanto tempo... Aí dá uma entrevista minutos depois da façanha, para o mundo inteiro, e ainda se lembra da gente, de mim, do Grêmio. É uma felicidade muito grande, extraordinário - confidencia, por telefone, ao GloboEsporte.com.
Sabella não citou o nome de Espinosa, mas a conversa recuperada ocorreu com o treinador. Na verdade, foi após a saída de Sabella do Grêmio, clube que defendeu entre 1985 e 1986. Antes, em 1983, foram rivais na luta pela Libertadores, vencida pelos brasileiros.
- Essa história de ocupação de espaços é mais velho do que... não sei. Houve uma vez, quando jogava contra o Grêmio, fui falar com o treinador do Grêmio, que já havia sido meu comandante na minha passagem por esse clube. E ele me disse: "Vai ganhar quem ocupar melhor os espaços". Uma prova disso hoje é a Alemanha - disse Sabella, na quarta.
- Ocupação de espaço é tudo mesmo. Hoje, se usa o termo compactação. O time tem que ser compacto. Naquela época, não se usava essa expressão - emenda o brasileiro.
Espinosa vê muitos méritos em Sabella. Um deles, talvez o maior, foi o de saber lidar com um craque do tamanho de Messi. Não no sentido comportamental, mas fazê-lo render bem na seleção, algo que ícones como Maradona, na Copa de 2010, não conseguiram fazer.
Outra qualidade de Sabella: a humildade. Ele ajuda a colocar por terra a velha imagem que poderia se ter de uma arrogância argentina.
- Ele sai desse estereótipo do treinador marrento, é humilde. E isso fez ele conquistar a confiança dos jogadores. Mantém-se calmo e com os pés no chão, parecia ainda estar na estreia na Copa tamanha a tranquilidade. Ele sempre foi assim.
O "sempre" direciona a mente de Espinosa a 1986, quando conviveu diretamente com Sabella no Grêmio. Confessa que não poderia prever seu futuro sólido como treinador, mas lembra que o argentino, desde aquela época, era muito observador. E caladão. Além, claro, de ser um excelente armador. Renato Gaúcho o compara a Conca, em características.
Espinosa cita PH Ganso para tentar achar um exemplar parecido com Sabella na atualidade. Por falar em tempos modernos, o treinador brasileiro não esconde o desejo, mesmo que pouco esperançoso, de encontrar Sabella no Rio de Janeiro. Tiveram uma conversa rápida no início dos anos 1990 em Porto Alegre e nunca mais se viram. Se isso não ocorrer, Sabella ao menos já sabe que conta com a torcida de Espinosa, mesmo diante de uma Alemanha que soterrou a Seleção com 7 a 1 no Mineirão.
- Essa Alemanha assombrou a todos nós, estou até agora boquiaberto. Mas a Argentina vai saber usar isso também, vai tomar mais cuidados. Será um jogo equilibrado. Vou torcer para o Sabella ser campeão.
O resultado da torcida de Espinosa estará exposto no domingo, no Maracanã. Já o encontro entre os dois ainda pode ficar para mais adiante. Tempo que não arrefecerá a amizade.
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A referência não poderia ser mais honrosa. O treinador que acabara de levar a Argentina a uma final de Copa, 24 anos depois, teve a serenidade de recordar algumas conversas que teve com Espinosa nos anos 1980, quando o hoje mentor da redenção dos hermanos dispensava o terno e encantava as torcidas dentro de campo, como um habilidoso meia de ligação. O assunto era justamente a tônica desse Mundial: a decantada "ocupação de espaços". Sabella garante ter aprendido isso em seus tempos de Tricolor gaúcho, com Espinosa.
As referências ao brasileiro não são de hoje, mas elas retornarem justamente num momento tão especial da Copa enche Espinosa de orgulho. Até porque Sabella está a uma partida de fazer o que o seu amigo já conseguira em 1983 por um clube, ao conquistar o Mundial Interclubes pelo Grêmio, no Japão.
- Caramba, rapaz, puxa vida... O cara vai disputar um título, pelo seu país, depois de tanto tempo... Aí dá uma entrevista minutos depois da façanha, para o mundo inteiro, e ainda se lembra da gente, de mim, do Grêmio. É uma felicidade muito grande, extraordinário - confidencia, por telefone, ao GloboEsporte.com.
Sabella não citou o nome de Espinosa, mas a conversa recuperada ocorreu com o treinador. Na verdade, foi após a saída de Sabella do Grêmio, clube que defendeu entre 1985 e 1986. Antes, em 1983, foram rivais na luta pela Libertadores, vencida pelos brasileiros.
- Essa história de ocupação de espaços é mais velho do que... não sei. Houve uma vez, quando jogava contra o Grêmio, fui falar com o treinador do Grêmio, que já havia sido meu comandante na minha passagem por esse clube. E ele me disse: "Vai ganhar quem ocupar melhor os espaços". Uma prova disso hoje é a Alemanha - disse Sabella, na quarta.
- Ocupação de espaço é tudo mesmo. Hoje, se usa o termo compactação. O time tem que ser compacto. Naquela época, não se usava essa expressão - emenda o brasileiro.
Espinosa vê muitos méritos em Sabella. Um deles, talvez o maior, foi o de saber lidar com um craque do tamanho de Messi. Não no sentido comportamental, mas fazê-lo render bem na seleção, algo que ícones como Maradona, na Copa de 2010, não conseguiram fazer.
Outra qualidade de Sabella: a humildade. Ele ajuda a colocar por terra a velha imagem que poderia se ter de uma arrogância argentina.
- Ele sai desse estereótipo do treinador marrento, é humilde. E isso fez ele conquistar a confiança dos jogadores. Mantém-se calmo e com os pés no chão, parecia ainda estar na estreia na Copa tamanha a tranquilidade. Ele sempre foi assim.
O "sempre" direciona a mente de Espinosa a 1986, quando conviveu diretamente com Sabella no Grêmio. Confessa que não poderia prever seu futuro sólido como treinador, mas lembra que o argentino, desde aquela época, era muito observador. E caladão. Além, claro, de ser um excelente armador. Renato Gaúcho o compara a Conca, em características.
Espinosa cita PH Ganso para tentar achar um exemplar parecido com Sabella na atualidade. Por falar em tempos modernos, o treinador brasileiro não esconde o desejo, mesmo que pouco esperançoso, de encontrar Sabella no Rio de Janeiro. Tiveram uma conversa rápida no início dos anos 1990 em Porto Alegre e nunca mais se viram. Se isso não ocorrer, Sabella ao menos já sabe que conta com a torcida de Espinosa, mesmo diante de uma Alemanha que soterrou a Seleção com 7 a 1 no Mineirão.
- Essa Alemanha assombrou a todos nós, estou até agora boquiaberto. Mas a Argentina vai saber usar isso também, vai tomar mais cuidados. Será um jogo equilibrado. Vou torcer para o Sabella ser campeão.
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