ENTÃO, AGORA É O SURFE
Mineirinho vibra com título da etapa australiana de Margareth River (Foto: Reprodução/WSL)
Nosso país tem características singulares quando se trata do esporte. Não se dá importância ao tema (exceção ao futebol) como seria o caso para desenvolver um povo com mais saúde e, por que não, mais vitorioso. Evidências são inúmeras, e a que fez se cristalizar esta conclusão para mim foi não ter havido sequer UMA PERGUNTA aos candidatos nos muitos debates da última campanha presidencial.
Uma surpresa, dado que a Copa do Mundo havia acontecido aqui e que teríamos as Olimpíadas em poucos meses também no nosso país. Até a discussão a respeito da nova legislação do futebol, que se desenrola há quase dois anos, não gera massa crítica na sociedade e fica restrita a uns poucos gatos pingados que não enchem um ônibus de torcida.
Uma pena, pois só no dia em que a opinião pública se mobilizar pelo esporte é que a impunidade e a incompetência serão combatidas. A despeito desta "alienação", basta um nativo desta terra ganhar algum título de destaque para virar ídolo. E é o bastante para todos prestarem atenção no esporte, não importa se é um Guga de raquete, um Cielo de sunga ou um Gabriel Medina de prancha. Me dá a impressão que o tal "complexo de vira-latas" rodriguiano não foi aniquilado em 1958, como defendem alguns!
A quantidade de brazucas que estão arrasando no circuito mundial de surfe impressiona tanto que mereceu matéria no NYTimes dominical há poucas semanas, tentando explicar o fenômeno chamado de "Brazilian Storm". Pudera, pois não é pouco o que está acontecendo na temporada.
2015, o Brasil já tendo o campeão mundial, Medina, e agora Adriano de Souza, o Mineirinho, liderando com folga após as três primeiras etapas, todas na Austrália. Na primeira, vencida por Filipe Toledo, o mais jovem do circuito a ganhar uma etapa, três brasileiros ficaram entre os quatro semifinalistas.
Será no Rio a próxima parada do circuito, o que certamente vai tornar o evento super midiático e fazer o país entender cada vez mais das regras e das particularidades do surfe. Quando a sua TV sintonizar o Jornal Nacional e grandes ondas ocuparem sua tela, não fique com medo de serem tsunamis, com mortos e devastação. É a tempestade brasileira!
CBF, MAIS UMA VEZ, NO SEU TRISTE PAPEL
Otavio Leite será relator da MP do Profut (Foto: Divulgação/PSDB)
A entidade nunca se mobiliza para contribuir para a melhoria do futebol de clubes. Fatura alto com o uso do monopólio da Seleção, usando os símbolos do país, e gasta feito doida com sua estrutura bababesca, que inclui avião a jato e helicóptero para transportar seus mandatários pelo mundo afora. Quando alguém abre a boca, pode ser o presidente de plantão (Marin ou Del Nero) ou o novo aspone da entidade, Walter Feldman, apresenta seus argumentos toscos para resistir a qualquer mudança que inclua perda de poder para seu "sistema".
No modelo da CBF, ela é soberana, não estando sujeita às leis do país e se escudando no resgate pela Fifa, que fala alto e ameaça, contando com a frouxidão do outro lado. Neste faz de conta, a CBF também alega ser generosa, apresentando uma contabilidade na qual a "mãe" doa muitos recursos para os clubes, seus filhotes. Tudo balela.
Mas estes argumentos têm sido ouvido como se verdade fossem. Na realidade, bastará a sociedade se dar conta de que estamos lidando com um tipo de organização fechada que só se move para beneficio próprio ou se proteger de mudanças.
Os dirigentes de clubes foram convocados pela madrasta para se rebelarem contra a MP do Profut não pelos pontos que precisam de fato ser corrigidos, como a conta única de receitas e a obrigação de investir em futebol feminino. O que a CBF não quer é a parte que amarra o refinanciamento das dívidas históricas às obrigações com a sociedade brasileira, podendo impor punições aos caloteiros e vincula a mudanças estatutárias nas entidades de administração (CBF e federações) e dos clubes.
A voz clara do presidente do Flamengo na direção correta foi um alento de decência após a reunião conspiratória. Uma das mentiras sendo divulgadas aponta que os clubes que aderirem não poderiam disputar competições internacionais pois a Conmebol não teria seus estatutos modificados, como é exigência para CBF e federações. Só a má intenção pode explicar isto pois é claro que a lei do Brasil não pode impor regras a instituições que não são nacionais.
A MP tem falhas e omissões. Como pretende ser um real instrumento completo de reestruturação do futBr, é no seu aperfeiçoamento que pode se tornar melhor, mais completa (a escolha de Otavio Leite como relator é motivo de esperança de um bom relatório) e vir a cumprir sua ambição. Para tanto, o governo precisa ser ativo e avançar, negociando com os líderes de sua base, especialmente Cunha e Calheiros, para que este importante projeto nacional não seja desfigurado pelo momento político turbulento que vive o Congresso Nacional. Pensar no país é preciso!
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Mineirinho vibra com título da etapa australiana de Margareth River (Foto: Reprodução/WSL)
Nosso país tem características singulares quando se trata do esporte. Não se dá importância ao tema (exceção ao futebol) como seria o caso para desenvolver um povo com mais saúde e, por que não, mais vitorioso. Evidências são inúmeras, e a que fez se cristalizar esta conclusão para mim foi não ter havido sequer UMA PERGUNTA aos candidatos nos muitos debates da última campanha presidencial.
Uma surpresa, dado que a Copa do Mundo havia acontecido aqui e que teríamos as Olimpíadas em poucos meses também no nosso país. Até a discussão a respeito da nova legislação do futebol, que se desenrola há quase dois anos, não gera massa crítica na sociedade e fica restrita a uns poucos gatos pingados que não enchem um ônibus de torcida.
Uma pena, pois só no dia em que a opinião pública se mobilizar pelo esporte é que a impunidade e a incompetência serão combatidas. A despeito desta "alienação", basta um nativo desta terra ganhar algum título de destaque para virar ídolo. E é o bastante para todos prestarem atenção no esporte, não importa se é um Guga de raquete, um Cielo de sunga ou um Gabriel Medina de prancha. Me dá a impressão que o tal "complexo de vira-latas" rodriguiano não foi aniquilado em 1958, como defendem alguns!
A quantidade de brazucas que estão arrasando no circuito mundial de surfe impressiona tanto que mereceu matéria no NYTimes dominical há poucas semanas, tentando explicar o fenômeno chamado de "Brazilian Storm". Pudera, pois não é pouco o que está acontecendo na temporada.
2015, o Brasil já tendo o campeão mundial, Medina, e agora Adriano de Souza, o Mineirinho, liderando com folga após as três primeiras etapas, todas na Austrália. Na primeira, vencida por Filipe Toledo, o mais jovem do circuito a ganhar uma etapa, três brasileiros ficaram entre os quatro semifinalistas.
Será no Rio a próxima parada do circuito, o que certamente vai tornar o evento super midiático e fazer o país entender cada vez mais das regras e das particularidades do surfe. Quando a sua TV sintonizar o Jornal Nacional e grandes ondas ocuparem sua tela, não fique com medo de serem tsunamis, com mortos e devastação. É a tempestade brasileira!
CBF, MAIS UMA VEZ, NO SEU TRISTE PAPEL
Otavio Leite será relator da MP do Profut (Foto: Divulgação/PSDB)
A entidade nunca se mobiliza para contribuir para a melhoria do futebol de clubes. Fatura alto com o uso do monopólio da Seleção, usando os símbolos do país, e gasta feito doida com sua estrutura bababesca, que inclui avião a jato e helicóptero para transportar seus mandatários pelo mundo afora. Quando alguém abre a boca, pode ser o presidente de plantão (Marin ou Del Nero) ou o novo aspone da entidade, Walter Feldman, apresenta seus argumentos toscos para resistir a qualquer mudança que inclua perda de poder para seu "sistema".
No modelo da CBF, ela é soberana, não estando sujeita às leis do país e se escudando no resgate pela Fifa, que fala alto e ameaça, contando com a frouxidão do outro lado. Neste faz de conta, a CBF também alega ser generosa, apresentando uma contabilidade na qual a "mãe" doa muitos recursos para os clubes, seus filhotes. Tudo balela.
Mas estes argumentos têm sido ouvido como se verdade fossem. Na realidade, bastará a sociedade se dar conta de que estamos lidando com um tipo de organização fechada que só se move para beneficio próprio ou se proteger de mudanças.
Os dirigentes de clubes foram convocados pela madrasta para se rebelarem contra a MP do Profut não pelos pontos que precisam de fato ser corrigidos, como a conta única de receitas e a obrigação de investir em futebol feminino. O que a CBF não quer é a parte que amarra o refinanciamento das dívidas históricas às obrigações com a sociedade brasileira, podendo impor punições aos caloteiros e vincula a mudanças estatutárias nas entidades de administração (CBF e federações) e dos clubes.
A voz clara do presidente do Flamengo na direção correta foi um alento de decência após a reunião conspiratória. Uma das mentiras sendo divulgadas aponta que os clubes que aderirem não poderiam disputar competições internacionais pois a Conmebol não teria seus estatutos modificados, como é exigência para CBF e federações. Só a má intenção pode explicar isto pois é claro que a lei do Brasil não pode impor regras a instituições que não são nacionais.
A MP tem falhas e omissões. Como pretende ser um real instrumento completo de reestruturação do futBr, é no seu aperfeiçoamento que pode se tornar melhor, mais completa (a escolha de Otavio Leite como relator é motivo de esperança de um bom relatório) e vir a cumprir sua ambição. Para tanto, o governo precisa ser ativo e avançar, negociando com os líderes de sua base, especialmente Cunha e Calheiros, para que este importante projeto nacional não seja desfigurado pelo momento político turbulento que vive o Congresso Nacional. Pensar no país é preciso!
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