Foto: Montagem sobre fotos de Anderson Fetter, Adriana Franciosi, Júlio Cordeiro e Jefferson Botega
Colunistas de ZH avaliam as chances de Grêmio e de Inter para o primeiro clássico da decisão do Campeonato Gaúcho, na Arena. A divisão de foco entre Libertadores e Gauchão, segundo analistas, empurra o favoritismo na partida para o Tricolor.
Wianey Carlet – Grêmio
Antes de qualquer consideração, uma obrigatória distinção conceitual: o time que chega melhor para o Gre-Nal não significa, necessariamente, que seja a melhor equipe. Isso posto, impõe-se afirmar que o Grêmio chega melhor para o clássico, posição que se apoia em alguns elementos que não podem ser desconsiderados. Quais?
— O Grêmio não jogou no meio da semana. Apenas se preparou. Chega descansado.
— O jogo será na Arena e o estádio terá a presença de mais de 90% de gremistas. Forte apoio sempre conta.
— Luiz Felipe Scolari poderá repetir a escalação que vem usando nos jogos do Gauchão. Significa que terá um time entrosado.
— Diego Aguirre não escalará o time titular, tampouco a equipe reserva. Fará um combinado dos dois conjuntos. Logo, mínimo entrosamento.
— O Inter levará para o Gre-Nal o inevitável desgaste do jogo contra o The Strongest.
São razões fortes e consistentes para justificar que o Grêmio desfruta condições mais adequadas para encarar o clássico. Além disso, para o Grêmio o Campeonato Gaúcho é Copa do Mundo, no dizer de Marcelo Grohe e outras figuras importantes do clube. O Inter também quer o título estadual mas, no momento, seu foco está na Libertadores. Não é definitivo, mas diminuiu um pouco o interesse no Gauchão.
David Coimbra – Inter
O Inter é favorito para vencer o Gre-Nal, mas o Grêmio vai ganhar.
É óbvio, porque todo mundo sabe que, quando a gente diz que um time é favorito para vencer o Gre-Nal, o outro ganha. Os textos de jornal em que se diz quem é o favorito vão para o vestiário do outro time, do não favorito, aí os jogadores leem aquilo e ficam brabos e entram em campo motivados e ganham e dizem:
— Viram? Viram? A mídia disse que nós íamos perder! Aí está!
Muita gente também afirma e reafirma que em Gre-Nal não existe favorito. É verdade, com algumas exceções. Por exemplo: até o final dos anos 30, o Grêmio era o favorito, porque era um clube mais velho, tinha Lara, Luiz Carvalho e Foguinho e o Inter passou anos sem vencer um clássico. Depois, nos anos 40, o Inter era o favorito, porque tinha o Rolo Compressor de Carlitos e Tesourinha.
Depois, nos anos 50 e 60, o Grêmio era o favorito, porque era o grande time de Aírton, Juarez e Gessy. Depois, nos anos 70, o Inter era o favorito, porque tinha Falcão, Valdomiro e Figueroa. Depois, nos anos 80 e 90, o Grêmio era o favorito, porque tinha os times campeões da América e do Mundo. Depois, nos anos 2000, o Inter era o favorito, porque tinha os times que também foram campeões da América e do Mundo. Então, tirando essas exceções, é verdade: não existe favorito em Gre-Nal.
Agora existe: é o Inter, que tem um número maior de bons jogadores e está formado há mais tempo. Sorte do Grêmio.
Luiz Zini Pires – Grêmio
Num momento de devaneio, o escocês Alex Ferguson, 73 anos, técnico britânico entre 1974 e 2013 que ganhou o título de sir, disse mais ou menos o seguinte sobre clássicos. Que deveriam ser disputados sempre de dois em dois, num tempo mais curto, talvez num par de domingos próximos. Um só, 90 minutos isolados, podem mascarar o poder de cada um. Passar uma impressão errada ao consumidor final do futebol, o prezado e elétrico torcedor.
A utópica Teoria Ferguson aplica-se aos dois clássicos finais do Gauchão. Não haverá engano em três horas de bola no pé. O melhor vencerá. Na Arena, o Grêmio dará o primeiro passo. Menos pelo time, mais por estar em casa e muito mais ainda pelo foco dividido do rival, um olho e meio na Libertadores, meio na competição regional. Na decisão, em 72 horas, poupar é um caminho, é pensar no amanhã, que em outro momento qualquer não teria muito sentido aos colorados.
O mais difícil no trabalho de um técnico, ao menos no Brasil — teoria encampada por Tite, o melhor do país — é conseguir animar os jogadores em competições paralelas. O atleta sempre mira a maior. A questão é cultural. O problema é do Inter, igual ao do adversário em 2014.
Felipão teve uma semana inteira de trabalho sem interferências estrangeiras. Concentração total, tempo para treinar, ensaiar, repetir. O treinador é um motivador nato. A vantagem, ao menos no primeiro domingo, é dele. Saber aproveitar é outra questão.
Diogo Olivier – Grêmio
Favorito, não há. Não desta vez. Poucas vezes, nas 24 vezes em que o Gauchão se decidiu em um Gre-Nal, a igualdade se apresentou tão acentuada. Ambos chegam ao clássico jogando bem, com o mesmo esquema e sem lesões graves de peças-chave. Até no sofrimento se igualaram na competição, quando passaram pelas quartas precisando resolver nos pênaltis. O esquema tático também é o mesmo, o 4-2-3-1. Há talentos individuais expressivos em vermelho e azul.
No campo, portanto, tudo igual. Então vou para fora dele, na ânsia de encontrar algum elemento capaz de responder quem chega melhor. Algo assim para me apegar em meio ao afogamento iminente. A resposta está no foco. No envolvimento. Na obsessão.
O Grêmio está mobilizado. Os jogadores falam que chegou a hora. Os dirigentes citam a arbitragem, mirando o condicionamento, expediente usado por todos desde 1919, quando o Brasil-Pel ergueu a primeira taça. Ser campeão regional virou epopeia para o Grêmio. O Inter mira o gato e o peixe ao mesmo tempo, Gauchão e Libertadores. Na hora de entregar a última gota de suor, isso pode fazer a diferença.
Eis aí a tênue, suave, mínima, porém real, vantagem do Grêmio.
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Wianey Carlet – Grêmio
Antes de qualquer consideração, uma obrigatória distinção conceitual: o time que chega melhor para o Gre-Nal não significa, necessariamente, que seja a melhor equipe. Isso posto, impõe-se afirmar que o Grêmio chega melhor para o clássico, posição que se apoia em alguns elementos que não podem ser desconsiderados. Quais?
— O Grêmio não jogou no meio da semana. Apenas se preparou. Chega descansado.
— O jogo será na Arena e o estádio terá a presença de mais de 90% de gremistas. Forte apoio sempre conta.
— Luiz Felipe Scolari poderá repetir a escalação que vem usando nos jogos do Gauchão. Significa que terá um time entrosado.
— Diego Aguirre não escalará o time titular, tampouco a equipe reserva. Fará um combinado dos dois conjuntos. Logo, mínimo entrosamento.
— O Inter levará para o Gre-Nal o inevitável desgaste do jogo contra o The Strongest.
São razões fortes e consistentes para justificar que o Grêmio desfruta condições mais adequadas para encarar o clássico. Além disso, para o Grêmio o Campeonato Gaúcho é Copa do Mundo, no dizer de Marcelo Grohe e outras figuras importantes do clube. O Inter também quer o título estadual mas, no momento, seu foco está na Libertadores. Não é definitivo, mas diminuiu um pouco o interesse no Gauchão.
David Coimbra – Inter
O Inter é favorito para vencer o Gre-Nal, mas o Grêmio vai ganhar.
É óbvio, porque todo mundo sabe que, quando a gente diz que um time é favorito para vencer o Gre-Nal, o outro ganha. Os textos de jornal em que se diz quem é o favorito vão para o vestiário do outro time, do não favorito, aí os jogadores leem aquilo e ficam brabos e entram em campo motivados e ganham e dizem:
— Viram? Viram? A mídia disse que nós íamos perder! Aí está!
Muita gente também afirma e reafirma que em Gre-Nal não existe favorito. É verdade, com algumas exceções. Por exemplo: até o final dos anos 30, o Grêmio era o favorito, porque era um clube mais velho, tinha Lara, Luiz Carvalho e Foguinho e o Inter passou anos sem vencer um clássico. Depois, nos anos 40, o Inter era o favorito, porque tinha o Rolo Compressor de Carlitos e Tesourinha.
Depois, nos anos 50 e 60, o Grêmio era o favorito, porque era o grande time de Aírton, Juarez e Gessy. Depois, nos anos 70, o Inter era o favorito, porque tinha Falcão, Valdomiro e Figueroa. Depois, nos anos 80 e 90, o Grêmio era o favorito, porque tinha os times campeões da América e do Mundo. Depois, nos anos 2000, o Inter era o favorito, porque tinha os times que também foram campeões da América e do Mundo. Então, tirando essas exceções, é verdade: não existe favorito em Gre-Nal.
Agora existe: é o Inter, que tem um número maior de bons jogadores e está formado há mais tempo. Sorte do Grêmio.
Luiz Zini Pires – Grêmio
Num momento de devaneio, o escocês Alex Ferguson, 73 anos, técnico britânico entre 1974 e 2013 que ganhou o título de sir, disse mais ou menos o seguinte sobre clássicos. Que deveriam ser disputados sempre de dois em dois, num tempo mais curto, talvez num par de domingos próximos. Um só, 90 minutos isolados, podem mascarar o poder de cada um. Passar uma impressão errada ao consumidor final do futebol, o prezado e elétrico torcedor.
A utópica Teoria Ferguson aplica-se aos dois clássicos finais do Gauchão. Não haverá engano em três horas de bola no pé. O melhor vencerá. Na Arena, o Grêmio dará o primeiro passo. Menos pelo time, mais por estar em casa e muito mais ainda pelo foco dividido do rival, um olho e meio na Libertadores, meio na competição regional. Na decisão, em 72 horas, poupar é um caminho, é pensar no amanhã, que em outro momento qualquer não teria muito sentido aos colorados.
O mais difícil no trabalho de um técnico, ao menos no Brasil — teoria encampada por Tite, o melhor do país — é conseguir animar os jogadores em competições paralelas. O atleta sempre mira a maior. A questão é cultural. O problema é do Inter, igual ao do adversário em 2014.
Felipão teve uma semana inteira de trabalho sem interferências estrangeiras. Concentração total, tempo para treinar, ensaiar, repetir. O treinador é um motivador nato. A vantagem, ao menos no primeiro domingo, é dele. Saber aproveitar é outra questão.
Diogo Olivier – Grêmio
Favorito, não há. Não desta vez. Poucas vezes, nas 24 vezes em que o Gauchão se decidiu em um Gre-Nal, a igualdade se apresentou tão acentuada. Ambos chegam ao clássico jogando bem, com o mesmo esquema e sem lesões graves de peças-chave. Até no sofrimento se igualaram na competição, quando passaram pelas quartas precisando resolver nos pênaltis. O esquema tático também é o mesmo, o 4-2-3-1. Há talentos individuais expressivos em vermelho e azul.
No campo, portanto, tudo igual. Então vou para fora dele, na ânsia de encontrar algum elemento capaz de responder quem chega melhor. Algo assim para me apegar em meio ao afogamento iminente. A resposta está no foco. No envolvimento. Na obsessão.
O Grêmio está mobilizado. Os jogadores falam que chegou a hora. Os dirigentes citam a arbitragem, mirando o condicionamento, expediente usado por todos desde 1919, quando o Brasil-Pel ergueu a primeira taça. Ser campeão regional virou epopeia para o Grêmio. O Inter mira o gato e o peixe ao mesmo tempo, Gauchão e Libertadores. Na hora de entregar a última gota de suor, isso pode fazer a diferença.
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