O protagonismo nas duas últimas vitórias gremistas são suficientes para notar a mudança. Com pouco mais de um semestre de atraso, Giuliano está rendendo tudo o que era esperado dele com a camisa do Grêmio já em 2014. Não é coincidência. O meia se vê livre das dores no púbis que tanto o castigaram na última temporada. Foram meses de frustração e de angústia findados com uma cirurgia, já em dezembro, e com o carinho que recebeu de todos os funcionários no clube. Em meio às constantes idas e vindas aos gramados, o jogador pôde conhecer como poucos a estrutura do Tricolor durante a recuperação. Ganhou uma nova "família" e uma nova "casa". À vontade, sem limitações e solto para apenas jogar, pode enfim assumir papel de referência e de líder dentro do clube.
Giuliano recebeu o GloboEsporte.com para uma conversa em uma das salas do CT Luiz Carvalho antes do treinamento desta terça-feira. O assunto não poderia ser outro, e o sorriso no rosto já indicava: o fator decisivo que representou nas duas últimas partidas da equipe pelo Gauchão. Contra o Ypiranga, na última quarta, anotou o gol da vitória. Diante do Cruzeiro, no sábado, construiu a jogada e deu o passe para Braian Rodríguez furar o bloqueio rival e assegurar o Grêmio na liderança do estadual. Mais do que o protagonismo, celebrou a sequência. Não jogava duas partidas completas desde agosto de 2014, quando permaneceu durante os 90 minutos nos duelos com o Santos, pela Copa do Brasil, dia 28 de agosto, e com o Bahia, dia 31, pelo Brasileirão.
Crescimento, sequência, naturalidade e lances decisivos. Todos motivos para a felicidade. Foi para isso que o meia foi contratado. Chegou com grande responsabilidade na metade do ano passado. Pelo investimento feito, pelos valores envolvidos e também pelo nome que adquiriu em quatro anos no futebol europeu e pela passagem vitoriosa pelo rival Inter. Só que toda a expectativa ruiu quando, em uma cobrança de escanteio na partida contra o Coritiba, na Arena, sentiu a fisgada no púbis.
- Eu chegava em casa e sentia dores quando ia brincar com a minha filha. Então isso me trazia muita angústia, Eu entrava no jogo e não tinha condições. Fisicamente não aguentava. Me senti frustrado pela expectativa, de ter chegado bem, por ter feito uma estreia positiva, por ter jogado fora e ter feito o gol da vitória. Aquilo me causou muita tristeza, muita frustração e limitações - destaca Giuliano. - A vitória maior é quando eu entro no jogo e não sinto nada. Aconteceu nos últimos dois jogos, participando diretamente. Claro que eu tive ajuda coletiva. Mas fico feliz por esse momento de evolução, de crescimento, aprimoramento.
A felicidade do momento faz com que o meia se dedique ainda mais ao retorno dentro de campo. Quer ir passo a passo. Jogo a jogo. Sem estipular metas numéricas ao final da temporada. O objetivo principal supera a frieza das estatísticas: ser campeão pelo Grêmio em 2015.
> Confira a íntegra da entrevista com Giuliano:
GloboEsporte.com: Você esteve em campo durante os 90 minutos e foi decisivo nas duas últimas vitórias da equipe. Primeiro, marcou contra o Ypiranga, depois deu o passe para o gol de Braian Rodríguez contra o Cruzeiro-RS. Qual é o sentimento após essa retomada pelo Grêmio?
Giuliano: Estou muito feliz de, primeiro, não ter sentido nada. De ter voltado a jogar, depois de um longo período com dores. É extremamente importante para mim. A vitória maior é quando eu entro no jogo e não sinto nada. Isso me traz expectativa. Eu tento fazer meu maior. Aconteceu nos últimos dois jogos, participando diretamente. Claro que eu tive ajuda coletiva. Mas fico feliz por esse momento de evolução, de crescimento, de aprimoramento. Eu estou melhorando a condição física, aprimorando tecnicamente, isso vai fazer com que eu volte a ter alto rendimento e fique em alto nível para ajudar minha equipe.
Até onde você acha que esse crescimento pode ir?
Eu não coloco limites. Nós não temos limites. A gente precisa sempre de algo a mais. Vai chegar um momento em que, de repente, eu vou estar em alto nível, jogando muito bem, e vou querer melhorar. E vou ter alguma coisa a melhorar. Essa ambição é algo que eu tenho pessoal, de sempre tentar meu melhor. É algo que vou buscar em 2015.
Após os problemas por que passou em 2014, você tem algum objetivo que envolva número de jogos ou de gols?
Não. Eu tenho um objetivo que é coletivo e individual de ser campeão. E o primeiro campeonato que temos é o Gauchão, então temos o objetivo de vencer. É o único objetivo que eu traço, ser campeão. Não vou traçar a longo prazo, jogar 30 jogos, 50 jogos. Não. Vou tratar passo a passo, desde que cada jogo seja importante e que possa dar uma contribuição grande para a equipe.
Dá para dizer que 2014 foi um ano de frustração para você?
Para mim, sim. Eu chegava em casa e sentia dores quando ia brincar com a minha filha. Então isso me trazia muita angústia, Eu entrava no jogo e não tinha condições. Fisicamente não aguentava. Me senti frustrado pela expectativa de ter chegado bem, por ter feito uma estreia positiva. Por ter jogado fora e ter feito o gol da vitória (contra o Figueirense). Depois, na semana seguinte, no jogo em que o Enderson caiu, contra o Coritiba, foi que eu senti, numa batida de escanteio. A pubalgia é algo que começa e é progressivo. Vai te avisando. No meu caso, foi traumática. Ela não me avisou. Foi numa cobrança e eu senti uma fisgada. Ali desencadeou a pubalgia. Aquilo me causou muita tristeza, muita frustração. E eu sabia que não podia parar, mesmo não estando 100%, porque tinha uma expectativa sobre mim. Me senti importante, porque mesmo machucado, eu fazia parte do elenco, e frustrado por não poder ajudar com tudo o que eu posso.
Ser protagonista pelo Grêmio em 2015 é um objetivo para você?
Eu sempre digo que, quando o trabalho coletivo está sendo bem feito, os destaques individuais aparecem naturalmente. Não vou buscar ser o protagonista, mas buscar fazer o melhor de mim a cada jogo. Se isso acontecer, tendo boas atuações, o destaque individual vai acontecer naturalmente. Não tenho a pretensão de ser protagonista, mas assumo minha responsabilidade de saber que sou um cara importante no grupo.
Os bastidores da partida contra o Cruzeiro-RS, no último sábado, mostram você puxando o discurso na roda de jogadores, dentro do vestiário. Você assumiu esse papel de líder dentro do Grêmio?
Eu sou. Apesar de não estar há tanto tempo assim no Grêmio, eu sinto que tenho esse papel no grupo. Eu me sinto em casa aqui e tenho o respaldo dos meus colegas e o respeito deles. Então, isso é importante. Claro que não é algo que ocorre a todo o momento. Não sou sempre eu quem fala na roda, mas eu sei da minha importância para o elenco. Foi algo do momento. Foi o que eu senti ali, naquela hora, e sabia que podia contribuir com a partida. Então, botei para fora e transmiti isso para o grupo.
É como se você, Douglas e Marcelo Grohe fossem capitães sem faixa, aquela figura que existe em todo o grupo?
Nós temos algumas referências aqui no grupo. Não só eu, o Rhodolfo. O Douglas é um cara muito importante, também. Ele é inteligentíssimo. A bola sempre passa por ele no meio-campo. Tem um último passe de muita qualidade. O grupo todo tem que ser referência dentro de campo. Do Marcelo Grohe ao centroavante. Todos têm essa importância. Não sou só eu que faço isso.
Até pela movimentação dentro de campo dá para perceber: a diferença é nítida entre o Giuliano de 2014 e o de 2015.
Então, dá para ver que estou mais solto. Sentia falta disso, de fazer as coisas solto. Com naturalidade. A dor impedia que eu fizesse isso. Agora consigo desfrutar disso em campo.
Qual foi o pior momento, a notícia da cirurgia ou sentir a dor ao bater o escanteio?
Os dois momentos que você citou foram muito ruins. Mas, quando eu senti a dor ao bater escanteio, eu não sabia o que era, não sabia que era púbis, que ia ser prejudicado por isso durante toda a temporada. Senti só uma fisgada. E quando o doutor chegou e disse que precisava fazer a cirurgia e precisaria de três meses para me recuperar... Foi o pior momento
E como foi esse período longe dos gramados. Você acabou permanecendo bastante tempo dentro do Grêmio durante o tratamento, não?
Me sinto muito à vontade aqui. Acho que criei isso quando da lesão, passei mais tempo com o pessoal do clube do que com minha família. Com massagistas, roupeiros, com funcionários. Tem vezes que chego aqui e dou “bom dia, família” por conta desse tempo que passamos juntos. E isso ajudou a minha adaptação, a me sentir em casa aqui. Eu tenho que enaltecer também publicamente o trabalho dos fisioterapeutas, do Henrique (Valente) e do Felipe (Marques), e até dos estagiários que estavam comigo neste tempo todo.
Foi um lado bom da lesão, então, digamos assim...
Tudo tem um lado bom. É o que eu sempre digo.
Ao longo de 2014, cirurgia no púbis sempre foi descartada por você e pelo departamento médico. O que mudou para que fosse decidido pela operação no fim do ano passado?
Aconteceu depois de eu parar três semanas no ano passado. Estava voltando para os treinos, antes do Gre-Nal. Pedi para o médico para fazer mais um exame e ver como estava a lesão, como tinha evoluído. E no exame vimos que tinha havido um deslocamento e que teria a necessidade da cirurgia. Mesmo assim, fui para o Gre-Nal e acho que fui importante. E não parei depois. Ainda joguei mais dois jogos desse jeito.
Foi uma espécie de sacrifício, até pelas chances de classificação para a Libertadores de 2015?
Sim, tem a ver com isso. Ainda tínhamos a possibilidade de ir para a Libertadores. O Felipão queria contar comigo, ainda que com limitações, por 20, 15 minutos. Eu sabia que era importante. E ele liberou para fazer a cirurgia no final do Brasileiro, quando não havia mais chance de classificação.
A gente percebeu que, nas suas comemorações, você até comemorou mais que o Braian o gol dele. Tem a ver com tudo isso pelo que você passou, né?
Tem a ver, especialmente no domingo. Era um jogo muito tenso. O Cruzeiro é um bom time. Foi muito complicado, a gente tentava de tudo o que era jeito, criava as oportunidades, até perdemos o pênalti, mas a bola não entrava. Aí, quando encaixei a jogada, com um lance rápido, o drible, e consegui acertar o passe, deu para descarregar tudo isso.
Você citou o título gaúcho. É uma forma também de coroar essa recuperação?
Sim. O título é uma possibilidade real. Ainda falta muito, temos que nos manter na parte de cima da tabela para conseguir fazer as decisões dentro da Arena. Mas há chance. Não estamos pensando no Brasileirão, na Copa do Brasil que vem a seguir, estamos focados apenas no Gauchão.
Como têm sido esses primeiros dias de contato com o Cristian Rodríguez? Deu para combinar alguma jogada especial com ele?
O Cristian se adaptou muito bem, foi muito bem recebido. Já está enturmado, brincando com todo mundo. Foi uma grande contratação. Um reforço de qualidade. É um cara que se movimenta muito, tem velocidade, um bom chute. E que já jogou em Portugal antes, então facilita a comunicação com o grupo, já que ele entende o Português. O Felipão dá bastante liberdade para a gente se movimentar por ali. Diz que a gente pode inverter o lado e isso confunde a marcação. É um cara que vai nos ajudar muito no decorrer da temporada.
Você chegou ao Grêmio, no ano passado, com o sonho de voltar à Seleção. Ainda tem esse sonho em vista?
Eu penso em Seleção, mas não para agora. Mais para frente. É um sonho de jogador, mas eu tenho que ser realista e saber que ainda falta muito. Eu estou recém voltando e sei que tenho que jogar em um nível muito mais alto para poder voltar a pensar em Seleção.
O presidente Romildo Bolzan Jr. admitiu recentemente que o Grêmio tem cerca de quatro meses de direitos de imagem atrasados. Como isso repercute dentro do grupo?
A gente sabe que os jogadores têm direitos, e que devem ser cumpridos, mas vivemos essa realidade. Claro que nós gostaríamos de receber tudo em dia, mas não é só o Grêmio que deve no Brasil. Temos tido tranquilidade para tratar sobre essa situação. E estamos sendo compreensivos com o clube. Sabemos que o Grêmio passa por um momento de reestruturação financeira, entendemos o momento que o clube passa e o esforço da diretoria que tem sido feito. Temos essa conversa com o diretor, temos isso, ele nos passa informações sobre o que acontece. Temos tido conversas sobre isso.
VEJA TAMBÉM
- Lesão detectada e reforços apresentados: atualizações do Grêmio no futebol.
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- Gurias gremistas se preparam para clássico decisivo no Gauchão Feminino
Giuliano recebeu o GloboEsporte.com para uma conversa em uma das salas do CT Luiz Carvalho antes do treinamento desta terça-feira. O assunto não poderia ser outro, e o sorriso no rosto já indicava: o fator decisivo que representou nas duas últimas partidas da equipe pelo Gauchão. Contra o Ypiranga, na última quarta, anotou o gol da vitória. Diante do Cruzeiro, no sábado, construiu a jogada e deu o passe para Braian Rodríguez furar o bloqueio rival e assegurar o Grêmio na liderança do estadual. Mais do que o protagonismo, celebrou a sequência. Não jogava duas partidas completas desde agosto de 2014, quando permaneceu durante os 90 minutos nos duelos com o Santos, pela Copa do Brasil, dia 28 de agosto, e com o Bahia, dia 31, pelo Brasileirão.
Crescimento, sequência, naturalidade e lances decisivos. Todos motivos para a felicidade. Foi para isso que o meia foi contratado. Chegou com grande responsabilidade na metade do ano passado. Pelo investimento feito, pelos valores envolvidos e também pelo nome que adquiriu em quatro anos no futebol europeu e pela passagem vitoriosa pelo rival Inter. Só que toda a expectativa ruiu quando, em uma cobrança de escanteio na partida contra o Coritiba, na Arena, sentiu a fisgada no púbis.
- Eu chegava em casa e sentia dores quando ia brincar com a minha filha. Então isso me trazia muita angústia, Eu entrava no jogo e não tinha condições. Fisicamente não aguentava. Me senti frustrado pela expectativa, de ter chegado bem, por ter feito uma estreia positiva, por ter jogado fora e ter feito o gol da vitória. Aquilo me causou muita tristeza, muita frustração e limitações - destaca Giuliano. - A vitória maior é quando eu entro no jogo e não sinto nada. Aconteceu nos últimos dois jogos, participando diretamente. Claro que eu tive ajuda coletiva. Mas fico feliz por esse momento de evolução, de crescimento, aprimoramento.
A felicidade do momento faz com que o meia se dedique ainda mais ao retorno dentro de campo. Quer ir passo a passo. Jogo a jogo. Sem estipular metas numéricas ao final da temporada. O objetivo principal supera a frieza das estatísticas: ser campeão pelo Grêmio em 2015.
> Confira a íntegra da entrevista com Giuliano:
GloboEsporte.com: Você esteve em campo durante os 90 minutos e foi decisivo nas duas últimas vitórias da equipe. Primeiro, marcou contra o Ypiranga, depois deu o passe para o gol de Braian Rodríguez contra o Cruzeiro-RS. Qual é o sentimento após essa retomada pelo Grêmio?
Giuliano: Estou muito feliz de, primeiro, não ter sentido nada. De ter voltado a jogar, depois de um longo período com dores. É extremamente importante para mim. A vitória maior é quando eu entro no jogo e não sinto nada. Isso me traz expectativa. Eu tento fazer meu maior. Aconteceu nos últimos dois jogos, participando diretamente. Claro que eu tive ajuda coletiva. Mas fico feliz por esse momento de evolução, de crescimento, de aprimoramento. Eu estou melhorando a condição física, aprimorando tecnicamente, isso vai fazer com que eu volte a ter alto rendimento e fique em alto nível para ajudar minha equipe.
Até onde você acha que esse crescimento pode ir?
Eu não coloco limites. Nós não temos limites. A gente precisa sempre de algo a mais. Vai chegar um momento em que, de repente, eu vou estar em alto nível, jogando muito bem, e vou querer melhorar. E vou ter alguma coisa a melhorar. Essa ambição é algo que eu tenho pessoal, de sempre tentar meu melhor. É algo que vou buscar em 2015.
Após os problemas por que passou em 2014, você tem algum objetivo que envolva número de jogos ou de gols?
Não. Eu tenho um objetivo que é coletivo e individual de ser campeão. E o primeiro campeonato que temos é o Gauchão, então temos o objetivo de vencer. É o único objetivo que eu traço, ser campeão. Não vou traçar a longo prazo, jogar 30 jogos, 50 jogos. Não. Vou tratar passo a passo, desde que cada jogo seja importante e que possa dar uma contribuição grande para a equipe.
Dá para dizer que 2014 foi um ano de frustração para você?
Para mim, sim. Eu chegava em casa e sentia dores quando ia brincar com a minha filha. Então isso me trazia muita angústia, Eu entrava no jogo e não tinha condições. Fisicamente não aguentava. Me senti frustrado pela expectativa de ter chegado bem, por ter feito uma estreia positiva. Por ter jogado fora e ter feito o gol da vitória (contra o Figueirense). Depois, na semana seguinte, no jogo em que o Enderson caiu, contra o Coritiba, foi que eu senti, numa batida de escanteio. A pubalgia é algo que começa e é progressivo. Vai te avisando. No meu caso, foi traumática. Ela não me avisou. Foi numa cobrança e eu senti uma fisgada. Ali desencadeou a pubalgia. Aquilo me causou muita tristeza, muita frustração. E eu sabia que não podia parar, mesmo não estando 100%, porque tinha uma expectativa sobre mim. Me senti importante, porque mesmo machucado, eu fazia parte do elenco, e frustrado por não poder ajudar com tudo o que eu posso.
Ser protagonista pelo Grêmio em 2015 é um objetivo para você?
Eu sempre digo que, quando o trabalho coletivo está sendo bem feito, os destaques individuais aparecem naturalmente. Não vou buscar ser o protagonista, mas buscar fazer o melhor de mim a cada jogo. Se isso acontecer, tendo boas atuações, o destaque individual vai acontecer naturalmente. Não tenho a pretensão de ser protagonista, mas assumo minha responsabilidade de saber que sou um cara importante no grupo.
Os bastidores da partida contra o Cruzeiro-RS, no último sábado, mostram você puxando o discurso na roda de jogadores, dentro do vestiário. Você assumiu esse papel de líder dentro do Grêmio?
Eu sou. Apesar de não estar há tanto tempo assim no Grêmio, eu sinto que tenho esse papel no grupo. Eu me sinto em casa aqui e tenho o respaldo dos meus colegas e o respeito deles. Então, isso é importante. Claro que não é algo que ocorre a todo o momento. Não sou sempre eu quem fala na roda, mas eu sei da minha importância para o elenco. Foi algo do momento. Foi o que eu senti ali, naquela hora, e sabia que podia contribuir com a partida. Então, botei para fora e transmiti isso para o grupo.
É como se você, Douglas e Marcelo Grohe fossem capitães sem faixa, aquela figura que existe em todo o grupo?
Nós temos algumas referências aqui no grupo. Não só eu, o Rhodolfo. O Douglas é um cara muito importante, também. Ele é inteligentíssimo. A bola sempre passa por ele no meio-campo. Tem um último passe de muita qualidade. O grupo todo tem que ser referência dentro de campo. Do Marcelo Grohe ao centroavante. Todos têm essa importância. Não sou só eu que faço isso.
Até pela movimentação dentro de campo dá para perceber: a diferença é nítida entre o Giuliano de 2014 e o de 2015.
Então, dá para ver que estou mais solto. Sentia falta disso, de fazer as coisas solto. Com naturalidade. A dor impedia que eu fizesse isso. Agora consigo desfrutar disso em campo.
Qual foi o pior momento, a notícia da cirurgia ou sentir a dor ao bater o escanteio?
Os dois momentos que você citou foram muito ruins. Mas, quando eu senti a dor ao bater escanteio, eu não sabia o que era, não sabia que era púbis, que ia ser prejudicado por isso durante toda a temporada. Senti só uma fisgada. E quando o doutor chegou e disse que precisava fazer a cirurgia e precisaria de três meses para me recuperar... Foi o pior momento
E como foi esse período longe dos gramados. Você acabou permanecendo bastante tempo dentro do Grêmio durante o tratamento, não?
Me sinto muito à vontade aqui. Acho que criei isso quando da lesão, passei mais tempo com o pessoal do clube do que com minha família. Com massagistas, roupeiros, com funcionários. Tem vezes que chego aqui e dou “bom dia, família” por conta desse tempo que passamos juntos. E isso ajudou a minha adaptação, a me sentir em casa aqui. Eu tenho que enaltecer também publicamente o trabalho dos fisioterapeutas, do Henrique (Valente) e do Felipe (Marques), e até dos estagiários que estavam comigo neste tempo todo.
Foi um lado bom da lesão, então, digamos assim...
Tudo tem um lado bom. É o que eu sempre digo.
Ao longo de 2014, cirurgia no púbis sempre foi descartada por você e pelo departamento médico. O que mudou para que fosse decidido pela operação no fim do ano passado?
Aconteceu depois de eu parar três semanas no ano passado. Estava voltando para os treinos, antes do Gre-Nal. Pedi para o médico para fazer mais um exame e ver como estava a lesão, como tinha evoluído. E no exame vimos que tinha havido um deslocamento e que teria a necessidade da cirurgia. Mesmo assim, fui para o Gre-Nal e acho que fui importante. E não parei depois. Ainda joguei mais dois jogos desse jeito.
Foi uma espécie de sacrifício, até pelas chances de classificação para a Libertadores de 2015?
Sim, tem a ver com isso. Ainda tínhamos a possibilidade de ir para a Libertadores. O Felipão queria contar comigo, ainda que com limitações, por 20, 15 minutos. Eu sabia que era importante. E ele liberou para fazer a cirurgia no final do Brasileiro, quando não havia mais chance de classificação.
A gente percebeu que, nas suas comemorações, você até comemorou mais que o Braian o gol dele. Tem a ver com tudo isso pelo que você passou, né?
Tem a ver, especialmente no domingo. Era um jogo muito tenso. O Cruzeiro é um bom time. Foi muito complicado, a gente tentava de tudo o que era jeito, criava as oportunidades, até perdemos o pênalti, mas a bola não entrava. Aí, quando encaixei a jogada, com um lance rápido, o drible, e consegui acertar o passe, deu para descarregar tudo isso.
Você citou o título gaúcho. É uma forma também de coroar essa recuperação?
Sim. O título é uma possibilidade real. Ainda falta muito, temos que nos manter na parte de cima da tabela para conseguir fazer as decisões dentro da Arena. Mas há chance. Não estamos pensando no Brasileirão, na Copa do Brasil que vem a seguir, estamos focados apenas no Gauchão.
Como têm sido esses primeiros dias de contato com o Cristian Rodríguez? Deu para combinar alguma jogada especial com ele?
O Cristian se adaptou muito bem, foi muito bem recebido. Já está enturmado, brincando com todo mundo. Foi uma grande contratação. Um reforço de qualidade. É um cara que se movimenta muito, tem velocidade, um bom chute. E que já jogou em Portugal antes, então facilita a comunicação com o grupo, já que ele entende o Português. O Felipão dá bastante liberdade para a gente se movimentar por ali. Diz que a gente pode inverter o lado e isso confunde a marcação. É um cara que vai nos ajudar muito no decorrer da temporada.
Você chegou ao Grêmio, no ano passado, com o sonho de voltar à Seleção. Ainda tem esse sonho em vista?
Eu penso em Seleção, mas não para agora. Mais para frente. É um sonho de jogador, mas eu tenho que ser realista e saber que ainda falta muito. Eu estou recém voltando e sei que tenho que jogar em um nível muito mais alto para poder voltar a pensar em Seleção.
O presidente Romildo Bolzan Jr. admitiu recentemente que o Grêmio tem cerca de quatro meses de direitos de imagem atrasados. Como isso repercute dentro do grupo?
A gente sabe que os jogadores têm direitos, e que devem ser cumpridos, mas vivemos essa realidade. Claro que nós gostaríamos de receber tudo em dia, mas não é só o Grêmio que deve no Brasil. Temos tido tranquilidade para tratar sobre essa situação. E estamos sendo compreensivos com o clube. Sabemos que o Grêmio passa por um momento de reestruturação financeira, entendemos o momento que o clube passa e o esforço da diretoria que tem sido feito. Temos essa conversa com o diretor, temos isso, ele nos passa informações sobre o que acontece. Temos tido conversas sobre isso.
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