O Grêmio está no limite. E em todos os sentidos. Da parte técnica, passando pelo aspecto anímico e de ambiente. A pressão vem de todos os lados e também existe internamente. O empate com o Juventude na Arena, pela sétima rodada do Gauchão, nesta segunda, aumentou para três a série de jogos sem vitória em casa, numa seca histórica de gols e evidenciou um Felipão quase que clamando por reforços, em tom de cobrança pública à direção. Tudo isso antes do primeiro Gre-Nal do ano, no próximo domingo.
Após o fim do Brasileirão e a não classificação à Libertadores, Felipão foi um dos entusiastas do novo projeto, encabeçado pelo presidente Romildo Bolzan Júnior, de corte profundo nos gastos, com expectativa de reduzir em até 40% a folha salarial. O Grêmio chegou a liberar 11 atletas do elenco principal do ano passado, sem contar os jogadores que não estavam sendo aproveitados e que também deixaram o clube. Em contrapartida, houve quatro contratações. Tudo parecia no caminho certo até os resultados de campo e vendas surpresas darem fim à calmaria.
Moreno e barcos: a gota d'água
A gota d'água surgiu com as duas últimas saídas. Os dois centroavantes titulares, expoentes técnicos da equipe, Marcelo Moreno e Barcos, foram vendidos para o futebol chinês em questão de uma semana. A partir daí, a torcida passou a olhar a política de austeridade com desconfiança e Felipão tratou de cobrar ao menos dois reforços. O discurso nesta segunda foi forte. Scolari chegou a falar em valores e defendeu com afinco os jovens.
- Eu espero que contrate. Acabou o assunto. Quando fica numa situação de 20 mil a menos, 20 mil a mais, quem ter que decidir é o clube. A ideia é ter um clube mais enxuto e recuperar o clube. Mas também temos que fazer a recuperação com atletas que nos deem mais respostas que a meninada, que é uma aposta. Esperamos nesta semana que se realizam as contratações de dois ou três jogadores. A minha equipe não pode ser só seis meninos, como hoje. Tem que ter mais experiência. Não se pode cobrar como jogadores experientes, que eles sejam o diferencial. Eles são os acessórios. Provavelmente, vamos contratar dois ou três jogadores. Com todas as saídas, economizamos de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões. Agora, podemos gastar uns R$ 500 mil - apregoa o treinador.
O preço está sendo pago em campo: desde a saída da dupla estrangeira, o time não marcou mais gols na Arena em três duelos e só o jovem Pedro Rocha anotou entre os atacantes que restaram, todos da base. A seca de gols em casa chega a ser histórica. Em estaduais, o Grêmio ficou dois jogos seguidos sem marcar como mandante em três oportunidades, nas décadas de 1970, 1980 e 1990. No entanto, jamais alcançou três partidas de jejum de tentos em seus domínios. Embora perdesse duelos seguidos, sempre marcava gols.
- Eu havia dito que ninguém libera dois centroavantes impunemente, mas estamos enfrentando isso com coragem - admite o diretor executivo Rui Costa, que tratou de minimizar as cobranças de Felipão: - Não foi uma cobrança do Felipe. Ele sabe que as contratações aparecerão porque ele acompanha o nosso trabalho. O torcedor nos apoiou a todo o momento, está comprando o projeto. Vai chegar o momento em que vão nos cobrar de uma forma mais efetiva, sim. O Felipão veio imbuído nesse projeto, mas sabendo que enfrentaria dificuldades que poucos enfrentariam. Talvez só ele fosse capaz.
Felipão teme queimar jovens no gre-nal
O Grêmio ainda não está perto de acertar com algum reforço. O foco da direção é o mercado sul-americano, sobretudo em Argentina, Chile e Uruguai. A ideia é encontrar jogadores com salários acessíveis, não necessariamente conhecidos.
- Mas o Grêmio não pode trocar seis por meia dúzia (liberar jogadores caros e contratar outros com salários semelhantes). Temos que repor o ataque com criatividade. Nem sempre o jogador caro é o melhor, isso é muito relativo no futebol - pondera Rui.
Enquanto os reforços prometidos não aportam na Arena, a principal preocupação de Felipão é de não queimar os jovens. Só na partida desta segunda, foram usados oito garotos oriundos da base, entre reservas e titulares. No total do elenco, há 21 atletas formados no clube dos 31 que compõe o grupo. Felipão compara a sua situação com a do rival. Ao contrário do Grêmio, o Inter contratou mais do que perdeu peças.
- Não seria o melhor momento. O Grêmio tem três contratações e 12 perdas (são 13). O Inter tem 12 contratações e três perdas - disse, exagerando o número de reforços do Inter, que são sete. - Todos os jogadores foram buscados a peso de ouro. Nós estamos colocando a meninada, fica mais difícil. Temos que ter cuidado para não queimar eles. Daqui a 15 ou 20 dias, vou ter uma equipe com jogadores que vão dar mais sustentação aos jovens. Preocupa um pouco, porque a torcida pode cobrar mais. Mas quem tem que ser cobrado agora sou eu, o presidente Romildo (Bolzan), o Rui (Costa, diretor executivo)... Nós que investimos nesse projeto.
Vitórias só contra "rebaixáveis"
A perplexidade com a combinação de crise técnica com problemas financeiros também se estende aos jogadores. Um dos líderes do vestiário, o goleiro Marcelo Grohe tampouco conseguiu explicar como o time não consegue ao menos se impor de maneiras mais natural diante de rivais do interior do Rio Grande do Sul.
- É difícil explicar. Temos enfrentado times que se propõe a defender muito. O Juventude até lembra o nosso time em 2013 com Renato (Gaúcho) como técnico. Joga por uma bola, um contra-ataque para matar o jogo. Não estamos conseguindo infiltrar. Mas vamos trabalhar para corrigir isso - apontou o camisa 1.
Em sete partidas, o Grêmio conseguiu apenas três vitórias - somente uma em casa e todas diante de rivais que hoje ocupam as posições de rebaixamento para a Divisão de Acesso: Passo Fundo, Avenida e União Frederiquense.
Tem dez pontos e ocupa a oitava posição, a última que dá vaga às quartas de final. Como reforços não chegarão a tempo do clássico, será com esses mesmos jovens e com a mesma pressão dos últimos dias que o time de Felipão visitará o Inter no Beira-Rio, no domingo.
VEJA TAMBÉM
- Inter recebe provocações de Renato após derrota do Grêmio no clássico grenal
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Após o fim do Brasileirão e a não classificação à Libertadores, Felipão foi um dos entusiastas do novo projeto, encabeçado pelo presidente Romildo Bolzan Júnior, de corte profundo nos gastos, com expectativa de reduzir em até 40% a folha salarial. O Grêmio chegou a liberar 11 atletas do elenco principal do ano passado, sem contar os jogadores que não estavam sendo aproveitados e que também deixaram o clube. Em contrapartida, houve quatro contratações. Tudo parecia no caminho certo até os resultados de campo e vendas surpresas darem fim à calmaria.
Moreno e barcos: a gota d'água
A gota d'água surgiu com as duas últimas saídas. Os dois centroavantes titulares, expoentes técnicos da equipe, Marcelo Moreno e Barcos, foram vendidos para o futebol chinês em questão de uma semana. A partir daí, a torcida passou a olhar a política de austeridade com desconfiança e Felipão tratou de cobrar ao menos dois reforços. O discurso nesta segunda foi forte. Scolari chegou a falar em valores e defendeu com afinco os jovens.
- Eu espero que contrate. Acabou o assunto. Quando fica numa situação de 20 mil a menos, 20 mil a mais, quem ter que decidir é o clube. A ideia é ter um clube mais enxuto e recuperar o clube. Mas também temos que fazer a recuperação com atletas que nos deem mais respostas que a meninada, que é uma aposta. Esperamos nesta semana que se realizam as contratações de dois ou três jogadores. A minha equipe não pode ser só seis meninos, como hoje. Tem que ter mais experiência. Não se pode cobrar como jogadores experientes, que eles sejam o diferencial. Eles são os acessórios. Provavelmente, vamos contratar dois ou três jogadores. Com todas as saídas, economizamos de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões. Agora, podemos gastar uns R$ 500 mil - apregoa o treinador.
O preço está sendo pago em campo: desde a saída da dupla estrangeira, o time não marcou mais gols na Arena em três duelos e só o jovem Pedro Rocha anotou entre os atacantes que restaram, todos da base. A seca de gols em casa chega a ser histórica. Em estaduais, o Grêmio ficou dois jogos seguidos sem marcar como mandante em três oportunidades, nas décadas de 1970, 1980 e 1990. No entanto, jamais alcançou três partidas de jejum de tentos em seus domínios. Embora perdesse duelos seguidos, sempre marcava gols.
- Eu havia dito que ninguém libera dois centroavantes impunemente, mas estamos enfrentando isso com coragem - admite o diretor executivo Rui Costa, que tratou de minimizar as cobranças de Felipão: - Não foi uma cobrança do Felipe. Ele sabe que as contratações aparecerão porque ele acompanha o nosso trabalho. O torcedor nos apoiou a todo o momento, está comprando o projeto. Vai chegar o momento em que vão nos cobrar de uma forma mais efetiva, sim. O Felipão veio imbuído nesse projeto, mas sabendo que enfrentaria dificuldades que poucos enfrentariam. Talvez só ele fosse capaz.
Felipão teme queimar jovens no gre-nal
O Grêmio ainda não está perto de acertar com algum reforço. O foco da direção é o mercado sul-americano, sobretudo em Argentina, Chile e Uruguai. A ideia é encontrar jogadores com salários acessíveis, não necessariamente conhecidos.
- Mas o Grêmio não pode trocar seis por meia dúzia (liberar jogadores caros e contratar outros com salários semelhantes). Temos que repor o ataque com criatividade. Nem sempre o jogador caro é o melhor, isso é muito relativo no futebol - pondera Rui.
Enquanto os reforços prometidos não aportam na Arena, a principal preocupação de Felipão é de não queimar os jovens. Só na partida desta segunda, foram usados oito garotos oriundos da base, entre reservas e titulares. No total do elenco, há 21 atletas formados no clube dos 31 que compõe o grupo. Felipão compara a sua situação com a do rival. Ao contrário do Grêmio, o Inter contratou mais do que perdeu peças.
- Não seria o melhor momento. O Grêmio tem três contratações e 12 perdas (são 13). O Inter tem 12 contratações e três perdas - disse, exagerando o número de reforços do Inter, que são sete. - Todos os jogadores foram buscados a peso de ouro. Nós estamos colocando a meninada, fica mais difícil. Temos que ter cuidado para não queimar eles. Daqui a 15 ou 20 dias, vou ter uma equipe com jogadores que vão dar mais sustentação aos jovens. Preocupa um pouco, porque a torcida pode cobrar mais. Mas quem tem que ser cobrado agora sou eu, o presidente Romildo (Bolzan), o Rui (Costa, diretor executivo)... Nós que investimos nesse projeto.
Vitórias só contra "rebaixáveis"
A perplexidade com a combinação de crise técnica com problemas financeiros também se estende aos jogadores. Um dos líderes do vestiário, o goleiro Marcelo Grohe tampouco conseguiu explicar como o time não consegue ao menos se impor de maneiras mais natural diante de rivais do interior do Rio Grande do Sul.
- É difícil explicar. Temos enfrentado times que se propõe a defender muito. O Juventude até lembra o nosso time em 2013 com Renato (Gaúcho) como técnico. Joga por uma bola, um contra-ataque para matar o jogo. Não estamos conseguindo infiltrar. Mas vamos trabalhar para corrigir isso - apontou o camisa 1.
Em sete partidas, o Grêmio conseguiu apenas três vitórias - somente uma em casa e todas diante de rivais que hoje ocupam as posições de rebaixamento para a Divisão de Acesso: Passo Fundo, Avenida e União Frederiquense.
Tem dez pontos e ocupa a oitava posição, a última que dá vaga às quartas de final. Como reforços não chegarão a tempo do clássico, será com esses mesmos jovens e com a mesma pressão dos últimos dias que o time de Felipão visitará o Inter no Beira-Rio, no domingo.
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