
Foto: José Doval / Agencia RBS
Duas décadas depois, o Grêmio busca na base a fórmula do sucesso. Com o cofre vazio, mira as categorias amadoras atrás de soluções para a equipe. O elo entre os dois períodos é Felipão. Como em 1993, ano de sua contratação para o lugar de Cassiá, a torcida espera que o técnico garimpe na prata da casa os protagonistas de uma nova era de vitórias.
Como hoje, aquela também era uma época de penúria financeira.
Dizia-se, com exagero, que o Grêmio sequer tinha talão de cheques. Recorria-se a empresários, que assinavam cheques gordos com pouca esperança de receber de volta o dinheiro emprestado ao clube. Guris que mal haviam atingido a maioridade passaram a ser vistos como saída.
Um deles, Danrlei, virou lenda por acaso. Não fosse a lesão sofrida por Eduardo Heuser no último jogo de uma excursão de meio de ano à Itália, em agosto, talvez ele levasse mais tempo para surgir. Ou, quem, sabe, visse a carreira passar em branco, como ocorre com tantos jogadores. Chamado às pressas em meio a uma Taça BH, Danrlei foi tão bem como substituto de Heuser contra o Cagliari que voltou ao Brasil como titular.
Ainda na Europa, recebeu de Felipão o sinal de que conquistara a posição.
_ Ele se aproximou de mim e disse: continua humilde, trabalhando de forma correta. O resto, deixa comigo _ recorda o atual deputado federal.
A sequência de boas atuações, já pelo Brasileirão daquele ano, consolidou seu prestígio. A partir de 1994, Danrlei faria parte de uma equipe que até hoje provoca suspiros dos torcedores.
No final de 1993, já com dois anos como júnior do Grêmio, o ex-lateral e hoje treinador Roger Machado ainda aproveitava os dias de folga para disputar a Copa Paquetá, o mais valorizado torneio amador da época. Não foram poucas as vezes em que chegou ao Olímpico com canelas lanhadas pelas lesões sofridas na várzea. Suas qualidades foram relatadas a Felipão pelo auxiliar técnico Zeca Rodrigues, escolhido para treinar a equipe júnior na Taça BH. Quando Felipão pediu à direção a contratação de um lateral-esquerdo, Zeca antecipou-se:
_ Não precisa, tem um muito bom comigo lá embaixo.
Roger apresentou-se quase no final do ano. Antes de jogar, precisou recorrer ao médico Márcio Bolzoni para tratar de dores no púbis. Subiu em janeiro de 1994. Lembra até hoje do primeiro contato com Felipão:
_ Me apresentei e ele disse: muito bem, guri. Vamos treinar. Só sai 10 anos depois.
Ainda com limitações financeiras, mas já com o gosto do vice-campeonato da Copa do Brasil, título perdido no Mineirão para o Cruzeiro, Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, foi incumbido por Fábio Koff de reforçar a equipe de 1994. Enquanto via florescer o talento de Roger, Emerson e Carlos Miguel, o vice de futebol corria atrás de cascudos para rechear o time.
Chegaram, entre outros, nomes como o lateral direito Ayupe, elogiado pelas cobranças de falta, e o centroavante Nildo. O Grêmio ganhou a Copa do Brasil e aí, sim, começou a entrar o dinheiro que permitiu a vinda de Adilson, Dinho, Goiano, Paulo Nunes e Jardel, alguns dos heróis da Libertadores de 1995.
_ Foi um grupo formado a partir de profunda avaliação, consultas a pessoas e com a grande liderança de vestiário representada por Luiz Felipe Scolari. Hoje, os valores de mercado são outros. Confio no presidente Romildo Bolzan, mas é difícil dizer se dá para repetir _ diz Cacalo.
Hoje com 41 anos e técnico dos juniores do Aimoré, Arilson entende que o sucesso daquela equipe resultou da mescla entre meninos e gente tarimbada. E confia que Felipão seja capaz de reeditar a fórmula.
_ Não pode botar o guri para levar o time nas costas, pode queimar. Quando entramos, já havia uma base. Aí, deu certo _ recorda Arilson, na expectativa de que o Grêmio promova em 2015 uma festa em homenagem ao time campeão da Libertadores.
O lado irônico da história é que Danrlei, Roger, Carlos Miguel e Emerson fizeram parte de uma geração de juniores sem vitórias. É o que convence Roger de que apostar nos meninos é sempre uma boa saída, seja em época de poucos recursos ou de abundância financeira.
_ Minha geração não ganhou nada e deu muita alegria, não deixou de se formar. Este é sempre o modelo ideal. Nessas horas, o torcedor reconhece a dificuldade e é um pouco mais tolerante _ avalia o ex-lateral.
Sob o olhar atento de Felipão
Uma cena se repete quando os portões do Estádio Olímpico se abrem. Depois de Barcos e Cia. deixarem o gramado, Luiz Felipe Scolari se transforma em professor. A energia das duras cobranças se convertem em paciência do treinador, que conduz uma série de treinos específicos para Erik, Everton, Lucas Coelho, Liverson e os outros meninos que sobem para treinar com os profissionais.
_Viu? Olha como vocês estão batendo melhor na bola. Eu disse, mas não esperem que eu chame para treinar fundamentos. Sempre façam algo a mais depois do treino _ disse Felipão, satisfeito por ver a evolução de Erik e Everton após cruzamentos precisos para Lucas Coelho.
Não importa se é semana Gre-Nal ou com dois jogos, a comissão técnica gremista sempre dá atenção especial aos meninos, mesmo que as broncas de Felipão tenham assustado a gurizada nos primeiros dias de convivência.
_ A fase vitoriosa do Grêmio sempre teve grande participação da base. Tínhamos Arílson, Carlos Miguel, Roger e Danrlei. Essa é a forma de o Felipe trabalhar, e nós vamos valorizar essa história _ comenta Ivo Wortmann, um dos conselheiros de Felipão sobre os meninos da base.
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Duas décadas depois, o Grêmio busca na base a fórmula do sucesso. Com o cofre vazio, mira as categorias amadoras atrás de soluções para a equipe. O elo entre os dois períodos é Felipão. Como em 1993, ano de sua contratação para o lugar de Cassiá, a torcida espera que o técnico garimpe na prata da casa os protagonistas de uma nova era de vitórias.
Como hoje, aquela também era uma época de penúria financeira.
Dizia-se, com exagero, que o Grêmio sequer tinha talão de cheques. Recorria-se a empresários, que assinavam cheques gordos com pouca esperança de receber de volta o dinheiro emprestado ao clube. Guris que mal haviam atingido a maioridade passaram a ser vistos como saída.
Um deles, Danrlei, virou lenda por acaso. Não fosse a lesão sofrida por Eduardo Heuser no último jogo de uma excursão de meio de ano à Itália, em agosto, talvez ele levasse mais tempo para surgir. Ou, quem, sabe, visse a carreira passar em branco, como ocorre com tantos jogadores. Chamado às pressas em meio a uma Taça BH, Danrlei foi tão bem como substituto de Heuser contra o Cagliari que voltou ao Brasil como titular.
Ainda na Europa, recebeu de Felipão o sinal de que conquistara a posição.
_ Ele se aproximou de mim e disse: continua humilde, trabalhando de forma correta. O resto, deixa comigo _ recorda o atual deputado federal.
A sequência de boas atuações, já pelo Brasileirão daquele ano, consolidou seu prestígio. A partir de 1994, Danrlei faria parte de uma equipe que até hoje provoca suspiros dos torcedores.
No final de 1993, já com dois anos como júnior do Grêmio, o ex-lateral e hoje treinador Roger Machado ainda aproveitava os dias de folga para disputar a Copa Paquetá, o mais valorizado torneio amador da época. Não foram poucas as vezes em que chegou ao Olímpico com canelas lanhadas pelas lesões sofridas na várzea. Suas qualidades foram relatadas a Felipão pelo auxiliar técnico Zeca Rodrigues, escolhido para treinar a equipe júnior na Taça BH. Quando Felipão pediu à direção a contratação de um lateral-esquerdo, Zeca antecipou-se:
_ Não precisa, tem um muito bom comigo lá embaixo.
Roger apresentou-se quase no final do ano. Antes de jogar, precisou recorrer ao médico Márcio Bolzoni para tratar de dores no púbis. Subiu em janeiro de 1994. Lembra até hoje do primeiro contato com Felipão:
_ Me apresentei e ele disse: muito bem, guri. Vamos treinar. Só sai 10 anos depois.
Ainda com limitações financeiras, mas já com o gosto do vice-campeonato da Copa do Brasil, título perdido no Mineirão para o Cruzeiro, Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, foi incumbido por Fábio Koff de reforçar a equipe de 1994. Enquanto via florescer o talento de Roger, Emerson e Carlos Miguel, o vice de futebol corria atrás de cascudos para rechear o time.
Chegaram, entre outros, nomes como o lateral direito Ayupe, elogiado pelas cobranças de falta, e o centroavante Nildo. O Grêmio ganhou a Copa do Brasil e aí, sim, começou a entrar o dinheiro que permitiu a vinda de Adilson, Dinho, Goiano, Paulo Nunes e Jardel, alguns dos heróis da Libertadores de 1995.
_ Foi um grupo formado a partir de profunda avaliação, consultas a pessoas e com a grande liderança de vestiário representada por Luiz Felipe Scolari. Hoje, os valores de mercado são outros. Confio no presidente Romildo Bolzan, mas é difícil dizer se dá para repetir _ diz Cacalo.
Hoje com 41 anos e técnico dos juniores do Aimoré, Arilson entende que o sucesso daquela equipe resultou da mescla entre meninos e gente tarimbada. E confia que Felipão seja capaz de reeditar a fórmula.
_ Não pode botar o guri para levar o time nas costas, pode queimar. Quando entramos, já havia uma base. Aí, deu certo _ recorda Arilson, na expectativa de que o Grêmio promova em 2015 uma festa em homenagem ao time campeão da Libertadores.
O lado irônico da história é que Danrlei, Roger, Carlos Miguel e Emerson fizeram parte de uma geração de juniores sem vitórias. É o que convence Roger de que apostar nos meninos é sempre uma boa saída, seja em época de poucos recursos ou de abundância financeira.
_ Minha geração não ganhou nada e deu muita alegria, não deixou de se formar. Este é sempre o modelo ideal. Nessas horas, o torcedor reconhece a dificuldade e é um pouco mais tolerante _ avalia o ex-lateral.
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