Marcelo Grohe ganhou seu espaço no Grêmio | Crédito: Edison Vara
Marcelo Grohe, 27 anos, é daquelas pessoas destinadas aos grandes feitos. E que, para cumprir seus sonhos, parecem aguardar uma vida inteira. Desde os 13 anos no Grêmio, ele esperou 14 anos para ser o número 1 do Tricolor e ser chamado para a seleção. Dos tempos de van com o amigo e atual goleiro do Inter, Muriel, desde a cidade de Campo Bom para treinar na base do Olímpico, aos 803 minutos de invencibilidade no Brasileiro, Marcelo Grohe emula a alcunha de imortal, versada e cantada por Lupicínio Rodrigues no hino gremista.
Com 18 anos, assistiu com os olhos arregalados, do banco de reservas, a Galatto defender um pênalti e Anderson marcar um gol, quando o Grêmio tinha sete jogadores em campo contra o Náutico, na Batalha dos Aflitos. Grohe havia sido promovido em meio à crise do tricolor, que se debatia para deixar a série B e que vivia dias de penúria depois que os milhões da ISL foram mal-administrados pelo clube. Era o quarto goleiro, nem sequer concentrava, mas, aos poucos, as chances foram surgindo. Eduardo (ex-goleiro do Atlético-MG) pediu para ir embora após falhar em uma partida. Andrey, o novo titular, atuou pouco e foi embora porque não renovou contrato. Galatto assumiu a camisa 1, com Grohe como reserva imediato. Naquele ano cheio de emoções, Grohe foi campeão da Copa Sendai, no Japão, com a seleção brasileira sub-19.
No ano seguinte, a primeira grande chance e... o primeiro título. Antes das finais do Gauchão, Galatto sofreu uma forte pancada na cabeça, em uma partida contra o Veranópolis, e ficou fora da decisão. Marcelo Grohe assumiu e foi campeão sobre um Inter que, três meses depois, conquistaria a Libertadores. O novo status não durou muito e Marcelo voltou a vestir a camisa 12 no Campeonato Brasileiro, após a recuperação de Galatto. Na Libertadores do ano seguinte, como a direção alegou precisar de maior experiência para a Libertadores, Grohe e Galatto perderam a vez para o argentino Saja.
A temporada 2008 se anunciou com Marcelo Grohe como o camisa 1. Saja havia deixado o clube e Galatto não teve o contrato renovado. Grohe era o cara. Seria. Porque o Tricolor outra vez decidiu deixar o santo de casa de lado. Victor, contratado do Paulista, fez história no Grêmio como o primeiro goleiro depois de Danrlei a durar mais de duas temporadas como titular. Foi vendido ao Atlético-MG em meados de 2012. Desta vez não havia dúvidas: a vez era de Grohe. Mas, de novo, sob o argumento da “maior experiência”, perdeu a posição na base da carteirada.
Dida foi contratado. O veterano goleiro, porém, se lesionou em meio ao 0 x 0 na pré-Libertadores, contra a LDU, na altitude de Quito. Marcelo Grohe entrou e, em poucos minutos, levou o gol — depois de duas defesas de extrema dificuldade. Marcelo seguiu na equipe para o jogo de volta, a primeira decisão da nova Arena.
Nos pênaltis, após o Grêmio devolver o placar de 1 x 0, Grohe defendeu a cobrança de Morante e, por 5 x 4, levou o Tricolor à fase de grupos. E voltou para a reserva.
“O Dida não teve culpa de nada. Foi contratado, é referência na posição. Aprendi muito com ele. Era minha vez, mas precisei esperar mais um pouco”, diz o novo goleiro da seleção de Dunga, chamado por muitos gremistas de Milagrohe. “É claro que fiquei chateado na época, afinal, minha hora estava chegando. Mas nunca me senti desesperado, nunca tive vontade de sair, apesar de ter sido sondado pelo Vasco. É claro que se estivesse na reserva em 2014 de novo, aí, sim, precisaria repensar as coisas”, conta o camisa 1 tricolor.
Grohe e Dida ficaram amigos, e o gremista agradece ao hoje colorado o período de convívio diário: “Dida é um dos maiores goleiros da história. Um cara que, mesmo já consagrado, chegava para treinar duas horas antes do horário marcado. Comecei a fazer o mesmo. Tive um grande aprendizado com Dida”.
Rogério Godoy, treinador de goleiros do Grêmio há três temporadas, lembra a decepção de Marcelo com a chegada da grife Dida. Mas se impressiona com a perseverança do jogador. Marcelo ficou muito chateado, com razão. Dida foi contratado depois que o Marcelo havia sido o goleiro menos vazado de 2012, ao lado do Diego Cavalieri. Mas vida de goleiro é assim mesmo. Dida chegou e ainda hoje é uma referência na posição. Marcelo esperou a vez.
Foi inteligente para aprender com Dida. O resultado está aí”, afirma. Segundo o treinador de goleiros, o diferencial de Marcelo Grohe está no posicionamento: “Ele sabe se colocar e é muito arrojado ao sair do gol. E isso passa uma confiança muito grande para toda a defesa”.
No Grêmio ele virou titular incontestável depois de nove meses no banco | Crédito: Matthew Stockman/Getty Images
Ao lado dos ídolos
Marcelo, ainda guri em Campo Bom, cidade distante cerca de 60 quilômetros de Porto Alegre, começou a acompanhar futebol em 1994. Tinha 7 anos e dois fatos chamaram a atenção do menino comprido e magrinho: a Copa do Mundo e a Copa do Brasil. No Mundial, Marcelo viu de perto a comoção dos familiares, vizinhos e amigos com o tetra – uma obsessão nacional desde 1970. E o goleiro loiro, de camisa verde, gaúcho como ele, o encantou defendendo pênaltis: Cláudio André Taffarel. Na sequência do ano, em agosto, Marcelo veria Danrlei erguer a Copa do Brasil.
Iniciava ali a Era de Ouro do Grêmio de Felipão. Taffarel e Danrlei forjaram a personalidade do jovem goleiro. “Meus ídolos de infância foram Taffarel e Danrlei. Sempre admirei o estilo deles. Em 2003, aos 16 anos, tive a chance de treinar com Danrlei. Tentava me espelhar nele. Sempre foi um ídolo pelos títulos que conquistou”, diz.
E foi um de seus ídolos de infância que ajudou a proporcionar a realização de um de seus sonhos: chegar à seleção. Taffarel, treinador de goleiros do Galatasaray e homem de confiança de Dunga, já vinha observando as atuações de Marcelo Grohe no Brasileirão. O recorde de 803 minutos sem sofrer gol contribuiu para ele ingressar na listinha da nova seleção. “Sempre falei do Marcelo, mas a decisão foi do Dunga. Gosto muito da tranquilidade do Marcelo. É um goleiro frio. Por não ter muita estatura, tem velocidade, é ágil”, elogia Taffarel. “Temos semelhanças. Assim como o Marcelo, eu também não tinha muita estatura, não era um gigante [Taffarel tem 1,82 metro de altura; Grohe, 1,88]. Mas usava muito a explosão, tinha um físico forte”, completa o goleiro do tetra.
Chamado para os amistosos contra Argentina e Japão, Grohe deverá ter uma sequência na seleção. Até porque se encaixa no perfil de jogador que agrada a Dunga: bom moço, família, cara limpa. “O goleiro é muito observado nos treinamentos. O Dunga faz muito isso. Marcelo ainda é jovem, não é um goleiro de 32 anos, não será sua última convocação, tem muito futuro na seleção. E eu estarei lá para ajudá-lo”, assegura Taffarel.
Na seleção com Jefferson e Victor | Crédito: Rafael Ribeiro/CBF
Religioso, mas sem excessos, Marcelo conta que se apegou à família e, sobretudo, à esposa, Paula, sua companheira há quase oito anos, para se manter zen e esperar a vez. No Grêmio e na seleção. “Trabalhei desde o começo do ano para aproveitar a oportunidade de ser titular. Me dediquei e foquei muito no trabalho na pré-temporada para começar o ano bem. Consegui ter boas atuações. Este momento é o reflexo do que fiz ao longo do ano. Agora, não posso achar que já está bom. Preciso fazer ainda mais”, diz o camisa 1 tricolor.
Talvez a grande homenagem a Grohe tenha vindo de seu ídolo gremista, Danrlei. Deputado federal reeleito e espécie de divindade tricolor, ele aponta o “pirralho” como o futuro camisa 1 do Brasil: “Conheci o Marcelo ainda guri. Ele foi o último goleiro da base que chamei para treinar no profissional enquanto joguei no Grêmio. É o melhor jogador do clube no momento e tem tudo para ser o goleiro do Brasil na Copa da Rússia. Marcelo parece congelar um lance. Na velocidade em que o futebol é jogado hoje, não sei como ele faz aquelas defesas. Se tenho 1% de contribuição nisso, já me sinto realizado. Além disso, Marcelo tem mais uma coisa que admiro muito: a dignidade que teve para esperar a vez. Eu não teria essa paciência toda”.
Com um jeitão meio tímido, Marcelo conta que a chegada de Felipão renovou as esperanças de o clube retomar as grandes conquistas. Grohe cresceu vendo a máquina de Luiz Felipe Scolari arrematar títulos, de Gauchão, passando por Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores, quando o tricolor mandou nos anos 90. Agora, trabalhando com o midas gremista, Grohe aposta na retomada dos títulos. “Quero ser campeão com o Grêmio. Na infância, torci muito pelo Felipão. Hoje, estou com ele no vestiário. É um treinador que dá muita abertura para os jogadores. E sinto que logo, logo voltaremos a vencer grandes competições.” Após uma sequência de 803 minutos sem sofrer gols, Marcelo se tornou o quinto goleiro da história do Campeonato Brasileiro a se manter invicto durante mais tempo. O bom desempenho o alçou à liderança da Bola de Prata da PLACAR. Mas até mesmo o fim da invencibilidade foi marcante: de pênalti, marcado pelo padroeiro dos goleiros brasileiros, o são-paulino Rogério Ceni. “Chegava a ser engraçado, todos me perguntavam: ‘E aí, quando vais tomar um gol?’”, diverte-se Grohe.
A convocação de Marcelo Grohe para a seleção brasileira foi comemorada intensamente pela torcida do Grêmio. Um alento em tempos de recuperação de imagem do clube, que vai bem sob o comando de Felipão. Talvez por essas demonstrações de carinho o goleiro afirme que não pensa em jogar na Europa. Na verdade, não pensa em deixar a equipe – para ele, um início, meio e fim na carreira. “Serei uma pessoa realizada se o único clube da minha vida for o Grêmio.”
O ÚLTIMO DA FILA
2005
Eduardo | Crédito: Revista Placar
Andrey | Crédito: Revista Placar
Grohe era o quarto goleiro. com a má fase dos dois primeiros, viu do banco Galatto virar o herói da batalha dos Aflitos.
Galatto | Crédito: Revista Placar
2005/2006
Cássio | Crédito: Revista Placar
Cria da base gremista, o hoje corintiano revezou com Grohe o banco de Galatto por dois anos.
2007
Saja | Crédito: Revista Placar
Contratado por empréstimo do San Lorenzo-ARG para alibertadores.
2008/2012
Victor | Crédito: Revista Placar
O goleiro campeão da Copa do Brasil como paulista veio para substituir Saja. Quando saiu, parecia que a chance de Grohe havia chegado...
2013
Dida | Crédito: Revista Placar
... até o ex-goleiro da seleção Dida, destaque da Portuguesa no Brasileirão 2012, aparecer no olímpico. Por mais um ano, ele aguentou o banco de reservas.
Entre os 5 grandes invictos do Brasileirão
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Com 18 anos, assistiu com os olhos arregalados, do banco de reservas, a Galatto defender um pênalti e Anderson marcar um gol, quando o Grêmio tinha sete jogadores em campo contra o Náutico, na Batalha dos Aflitos. Grohe havia sido promovido em meio à crise do tricolor, que se debatia para deixar a série B e que vivia dias de penúria depois que os milhões da ISL foram mal-administrados pelo clube. Era o quarto goleiro, nem sequer concentrava, mas, aos poucos, as chances foram surgindo. Eduardo (ex-goleiro do Atlético-MG) pediu para ir embora após falhar em uma partida. Andrey, o novo titular, atuou pouco e foi embora porque não renovou contrato. Galatto assumiu a camisa 1, com Grohe como reserva imediato. Naquele ano cheio de emoções, Grohe foi campeão da Copa Sendai, no Japão, com a seleção brasileira sub-19.
No ano seguinte, a primeira grande chance e... o primeiro título. Antes das finais do Gauchão, Galatto sofreu uma forte pancada na cabeça, em uma partida contra o Veranópolis, e ficou fora da decisão. Marcelo Grohe assumiu e foi campeão sobre um Inter que, três meses depois, conquistaria a Libertadores. O novo status não durou muito e Marcelo voltou a vestir a camisa 12 no Campeonato Brasileiro, após a recuperação de Galatto. Na Libertadores do ano seguinte, como a direção alegou precisar de maior experiência para a Libertadores, Grohe e Galatto perderam a vez para o argentino Saja.
A temporada 2008 se anunciou com Marcelo Grohe como o camisa 1. Saja havia deixado o clube e Galatto não teve o contrato renovado. Grohe era o cara. Seria. Porque o Tricolor outra vez decidiu deixar o santo de casa de lado. Victor, contratado do Paulista, fez história no Grêmio como o primeiro goleiro depois de Danrlei a durar mais de duas temporadas como titular. Foi vendido ao Atlético-MG em meados de 2012. Desta vez não havia dúvidas: a vez era de Grohe. Mas, de novo, sob o argumento da “maior experiência”, perdeu a posição na base da carteirada.
Dida foi contratado. O veterano goleiro, porém, se lesionou em meio ao 0 x 0 na pré-Libertadores, contra a LDU, na altitude de Quito. Marcelo Grohe entrou e, em poucos minutos, levou o gol — depois de duas defesas de extrema dificuldade. Marcelo seguiu na equipe para o jogo de volta, a primeira decisão da nova Arena.
Nos pênaltis, após o Grêmio devolver o placar de 1 x 0, Grohe defendeu a cobrança de Morante e, por 5 x 4, levou o Tricolor à fase de grupos. E voltou para a reserva.
“O Dida não teve culpa de nada. Foi contratado, é referência na posição. Aprendi muito com ele. Era minha vez, mas precisei esperar mais um pouco”, diz o novo goleiro da seleção de Dunga, chamado por muitos gremistas de Milagrohe. “É claro que fiquei chateado na época, afinal, minha hora estava chegando. Mas nunca me senti desesperado, nunca tive vontade de sair, apesar de ter sido sondado pelo Vasco. É claro que se estivesse na reserva em 2014 de novo, aí, sim, precisaria repensar as coisas”, conta o camisa 1 tricolor.
Grohe e Dida ficaram amigos, e o gremista agradece ao hoje colorado o período de convívio diário: “Dida é um dos maiores goleiros da história. Um cara que, mesmo já consagrado, chegava para treinar duas horas antes do horário marcado. Comecei a fazer o mesmo. Tive um grande aprendizado com Dida”.
Rogério Godoy, treinador de goleiros do Grêmio há três temporadas, lembra a decepção de Marcelo com a chegada da grife Dida. Mas se impressiona com a perseverança do jogador. Marcelo ficou muito chateado, com razão. Dida foi contratado depois que o Marcelo havia sido o goleiro menos vazado de 2012, ao lado do Diego Cavalieri. Mas vida de goleiro é assim mesmo. Dida chegou e ainda hoje é uma referência na posição. Marcelo esperou a vez.
Foi inteligente para aprender com Dida. O resultado está aí”, afirma. Segundo o treinador de goleiros, o diferencial de Marcelo Grohe está no posicionamento: “Ele sabe se colocar e é muito arrojado ao sair do gol. E isso passa uma confiança muito grande para toda a defesa”.
No Grêmio ele virou titular incontestável depois de nove meses no banco | Crédito: Matthew Stockman/Getty Images
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Marcelo, ainda guri em Campo Bom, cidade distante cerca de 60 quilômetros de Porto Alegre, começou a acompanhar futebol em 1994. Tinha 7 anos e dois fatos chamaram a atenção do menino comprido e magrinho: a Copa do Mundo e a Copa do Brasil. No Mundial, Marcelo viu de perto a comoção dos familiares, vizinhos e amigos com o tetra – uma obsessão nacional desde 1970. E o goleiro loiro, de camisa verde, gaúcho como ele, o encantou defendendo pênaltis: Cláudio André Taffarel. Na sequência do ano, em agosto, Marcelo veria Danrlei erguer a Copa do Brasil.
Iniciava ali a Era de Ouro do Grêmio de Felipão. Taffarel e Danrlei forjaram a personalidade do jovem goleiro. “Meus ídolos de infância foram Taffarel e Danrlei. Sempre admirei o estilo deles. Em 2003, aos 16 anos, tive a chance de treinar com Danrlei. Tentava me espelhar nele. Sempre foi um ídolo pelos títulos que conquistou”, diz.
E foi um de seus ídolos de infância que ajudou a proporcionar a realização de um de seus sonhos: chegar à seleção. Taffarel, treinador de goleiros do Galatasaray e homem de confiança de Dunga, já vinha observando as atuações de Marcelo Grohe no Brasileirão. O recorde de 803 minutos sem sofrer gol contribuiu para ele ingressar na listinha da nova seleção. “Sempre falei do Marcelo, mas a decisão foi do Dunga. Gosto muito da tranquilidade do Marcelo. É um goleiro frio. Por não ter muita estatura, tem velocidade, é ágil”, elogia Taffarel. “Temos semelhanças. Assim como o Marcelo, eu também não tinha muita estatura, não era um gigante [Taffarel tem 1,82 metro de altura; Grohe, 1,88]. Mas usava muito a explosão, tinha um físico forte”, completa o goleiro do tetra.
Chamado para os amistosos contra Argentina e Japão, Grohe deverá ter uma sequência na seleção. Até porque se encaixa no perfil de jogador que agrada a Dunga: bom moço, família, cara limpa. “O goleiro é muito observado nos treinamentos. O Dunga faz muito isso. Marcelo ainda é jovem, não é um goleiro de 32 anos, não será sua última convocação, tem muito futuro na seleção. E eu estarei lá para ajudá-lo”, assegura Taffarel.
Na seleção com Jefferson e Victor | Crédito: Rafael Ribeiro/CBF
Religioso, mas sem excessos, Marcelo conta que se apegou à família e, sobretudo, à esposa, Paula, sua companheira há quase oito anos, para se manter zen e esperar a vez. No Grêmio e na seleção. “Trabalhei desde o começo do ano para aproveitar a oportunidade de ser titular. Me dediquei e foquei muito no trabalho na pré-temporada para começar o ano bem. Consegui ter boas atuações. Este momento é o reflexo do que fiz ao longo do ano. Agora, não posso achar que já está bom. Preciso fazer ainda mais”, diz o camisa 1 tricolor.
Talvez a grande homenagem a Grohe tenha vindo de seu ídolo gremista, Danrlei. Deputado federal reeleito e espécie de divindade tricolor, ele aponta o “pirralho” como o futuro camisa 1 do Brasil: “Conheci o Marcelo ainda guri. Ele foi o último goleiro da base que chamei para treinar no profissional enquanto joguei no Grêmio. É o melhor jogador do clube no momento e tem tudo para ser o goleiro do Brasil na Copa da Rússia. Marcelo parece congelar um lance. Na velocidade em que o futebol é jogado hoje, não sei como ele faz aquelas defesas. Se tenho 1% de contribuição nisso, já me sinto realizado. Além disso, Marcelo tem mais uma coisa que admiro muito: a dignidade que teve para esperar a vez. Eu não teria essa paciência toda”.
Com um jeitão meio tímido, Marcelo conta que a chegada de Felipão renovou as esperanças de o clube retomar as grandes conquistas. Grohe cresceu vendo a máquina de Luiz Felipe Scolari arrematar títulos, de Gauchão, passando por Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores, quando o tricolor mandou nos anos 90. Agora, trabalhando com o midas gremista, Grohe aposta na retomada dos títulos. “Quero ser campeão com o Grêmio. Na infância, torci muito pelo Felipão. Hoje, estou com ele no vestiário. É um treinador que dá muita abertura para os jogadores. E sinto que logo, logo voltaremos a vencer grandes competições.” Após uma sequência de 803 minutos sem sofrer gols, Marcelo se tornou o quinto goleiro da história do Campeonato Brasileiro a se manter invicto durante mais tempo. O bom desempenho o alçou à liderança da Bola de Prata da PLACAR. Mas até mesmo o fim da invencibilidade foi marcante: de pênalti, marcado pelo padroeiro dos goleiros brasileiros, o são-paulino Rogério Ceni. “Chegava a ser engraçado, todos me perguntavam: ‘E aí, quando vais tomar um gol?’”, diverte-se Grohe.
A convocação de Marcelo Grohe para a seleção brasileira foi comemorada intensamente pela torcida do Grêmio. Um alento em tempos de recuperação de imagem do clube, que vai bem sob o comando de Felipão. Talvez por essas demonstrações de carinho o goleiro afirme que não pensa em jogar na Europa. Na verdade, não pensa em deixar a equipe – para ele, um início, meio e fim na carreira. “Serei uma pessoa realizada se o único clube da minha vida for o Grêmio.”
O ÚLTIMO DA FILA
2005
Eduardo | Crédito: Revista Placar
Andrey | Crédito: Revista Placar
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Galatto | Crédito: Revista Placar
2005/2006
Cássio | Crédito: Revista Placar
Cria da base gremista, o hoje corintiano revezou com Grohe o banco de Galatto por dois anos.
2007
Saja | Crédito: Revista Placar
Contratado por empréstimo do San Lorenzo-ARG para alibertadores.
2008/2012
Victor | Crédito: Revista Placar
O goleiro campeão da Copa do Brasil como paulista veio para substituir Saja. Quando saiu, parecia que a chance de Grohe havia chegado...
2013
Dida | Crédito: Revista Placar
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