Gols empolgam e Ramiro espera mais comemorações ao estilo The Voice

Homem de confiança de Felipão, volante balança as redes em dois jogos seguidos. Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, ele fala sobre esse momento inédito


Fonte: Globoesporte.com

Gols empolgam e Ramiro espera mais comemorações ao estilo The Voice
Ramiro vive melhor fase no Grêmio (Foto: Diego Guichard)

Dois gols nos últimos dois jogos. O aproveitamento poderia ser de centroavante, mas é de alguém que não costuma balançar as redes com a camisa do Grêmio. Esse é o momento inédito vivido pelo volante Ramiro Moschen Benetti, de 21 anos. Ao mesmo tempo, a fase harmoniosa do atleta serve como exemplo para o presente do Tricolor: o time de Luiz Felipe Scolari encontrou equilíbrio entre defesa e ataque na reta final do Brasileirão.

Ramiro marcou nos 4 a 1 em cima do Inter e 3 a 0 no Criciúma, respectivamente, e em lances semelhantes. Recebeu lançamentos rasteiros e surgiu como homem surpresa na área adversária. As jogadas são fruto da maior liberdade que Felipão dá ao meio-campista. Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, concedida no campo suplementar do Olímpico, o volante falou sobre a boa fase, digna de orgulhar o pai e empresário Gilnei Benetti.

– E como é que ficará triste? Não tem como... Vencendo, que é o mais importante, e fazendo gols, não tem como ficar triste – vibra.

O momento é tão positivo que abriu leques para a criatividade. Após o gol contra o Criciúma, Ramiro, Fellipe Bastos e Luan foram os "jurados" para o "cantor" Pará. A comemoração foi uma simulação do programa musical The Voice, exibido pela Rede Globo nas noites de quinta-feira. Em alto-astral, o volante projeta outras inovações.

– Esperamos que se repita até o final da competição – projeta.

Contratado no início de 2013 do Juventude - em "pacotão" que ainda incluiu o zagueiro Bressan, o lateral-esquerdo Alex Telles, o goleiro Follmann e o atacante Paulinho -, o volante se tornou exemplo de modelo de negócios que deu certo no Tricolor. Foi trazido por um preço considerado baixo e já rendeu lucros ao clube com a venda de 50% dos direitos econômicos para um grupo investidor. Ou seja, a produção do atleta rende nos gramados e financeiramente.

Natural da cidade de Gramado, na serra gaúcha, o volante cresceu cheio de ambições voltadas para o esporte. Por pouco, não foi levado pela carreira de tenista. Mas aos 12 anos saiu de casa e mudou-se para Caxias do Sul, onde trabalhou na base do Juventude e fez do futebol sua profissão. Em relação ao futuro, prefere falar apenas sobre o presente. Está focado no Grêmio.

Confira como foi o bate-papo

GloboEsporte.com – Gol em dois jogos seguidos. Essa é uma fase nova para você, não? Como está sendo?
Ramiro – Estou jogando com maior liberdade, de forma mais avançada. As chances de gol aumentaram, de fato. Já tive chances de marcar em algumas partidas antes do Gre-Nal, agora tive a felicidade de converter nos dois últimos jogos. São três volantes sem a bola, já que eu faço a recomposição por dentro. Com a posse de bola, tenho a liberdade para atuar como meia ou atacante. Caso o Barcos saia da área, posso fazer essa infiltração. O Felipão pede para não guardarmos posição e se movimentar bastante.

Te agrada esse novo estilo Felipão de atuar?
Me agrada jogar, estar no projeto e poder ajudar. A formação e posição que vou jogar é o de menos. Não tenho muita preferência, me sinto bem como volante mais recuado e também com liberdade. Acho que são as duas posições que gosto de executar. Quando atuo de primeiro volante fico mais preso e não tem problema. Mas acho que me adapto melhor com um pouco mais de liberdade.

Como é marcar em clássico Gre-Nal?
(suspiro) Eu nunca tinha feito em Gre-Nal. Aliás, só tinha marcado pelo Grêmio no início do ano pela Libertadores e não tinha feito mais. Mas a sensação de marcar em clássico é diferente. Não tem nem muito o que falar. Eu não tive reação da forma como ia comemorar. Marcar em um clássico era o que eu menos esperava. É uma emoção muito grande fazer gol em casa e em momento no qual o Grêmio precisava muito. Ganhar Gre-Nal é bom, ainda mais com goleada, da forma como nos portamos na partida. Dá confiança para o grupo.

É um final de campeonato interessante. Embora o Grêmio esteja conquistando os resultados, os adversários diretos também estão conseguindo. Como vocês encaram isso?
Nós até estávamos conversando sobre isso no vestiário. As projeções de pontos podem não se cumprir, já que o pessoal da frente tem vencido todas as partidas. Quem derrapar pode ficar para trás. É procurar encarar todo jogo como uma decisão e procurar somar o maior número de pontos nesses 12 que o Grêmio vai disputar. Precisamos pensar em vencer os quatro jogos e errar o menos possível. Precisamos focar 110% e minimizar erros.


Ramiro é um dos homens de confiança de Felipão
(Foto: Diego Guichard)


O time do Grêmio não era equilibrado antes, tinha a defesa forte, mas o ataque fazia poucos gols. Como a equipe encaixou nessa reta final?
Não sei a explicação para isso. Acho que estamos há tempo buscando um padrão de jogo. Essa vitória no Gre-Nal nos deu confiança, acho que foi bem importante. Contra o Criciúma tivemos bela partida também, tanto taticamente quanto tecnicamente. Nós vivemos um momento bom e precisamos procurar manter esse espírito até o final do campeonato.

Como é o dia a dia com Felipão? Ele conversa com vocês, entende o vocabulário dos atletas?
Eu sou suspeito para falar, tenho uma relação muito boa. O Felipão é tido como um paizão. O pessoal tem imagem que ele é uma pessoa arrogante, meio grossa, mas é alguém extremamente correto com os jogadores. Não fala pelas costas, somente olho no olho. Não deixa recado se precisar falar.

Do grupo atual, você é um dos jogadores que mais atuou com o Felipão. O quanto é importante para um jogador ter a confiança do treinador?
Confiança é tudo. Um jogador de futebol vive de fase. A partir do momento que o treinador confia e você dá o respaldo dentro de campo, isso satisfaz os dois lados. É preciso comprovar a cada jogo que merece estar em campo.


Ramiro marca um dos gols no Gre-Nal (Foto: Jefferson Bernardes/ Agência Preview)

Você já tem quase dois anos de Grêmio e passou por vários treinadores (Vanderlei Luxemburgo, Renato, Enderson Moreira e Felipão). Como está o Ramiro hoje?
Cheguei para o grupo sub-20, no qual atuei um semestre. Sempre tive em mente o que desejava no clube. Já tinha atuado por dois anos no profissional (pelo Juventude). Sabia que precisava aproveitar a chance. Teria que agarrá-la. Aproveitei e fui pregando meu nome com muito trabalho. Com essas mudanças de técnico é preciso toda hora iniciar do zero. Então, precisei mostrar todos os motivos que me faziam estar no Grêmio.

Há um sentimento entre os jogadores de que se o Grêmio tivesse deslanchado antes estaria brigando pelo título?
Não podemos pensar muito no que passou. Talvez tivesse ou não acontecido, mas temos o objetivo claro de conquistar vaga na Libertadores. O que passou ficou para trás e serve como aprendizado.

Chegou a preocupar o grupo o fato de ser um time que marcava poucos gols?
Fazia poucos gols, mas também quase não sofria. Nós até comentávamos que precisávamos marcar mais, mas nossa defesa era forte. Vencer de 5 a 0 ou de 1 a 0 rende os mesmos três pontos. A diferença só é no saldo depois, em caso de desempate.

Gilnei Benetti acompanha Ramiro em viagens e jogos (Foto: Diego Guichard)

Com é o relacionamento com teu pai e empresário Gilnei? Continua acompanhando todos os jogos?
Estava lá em Criciúma. Sempre tive uma relação muito forte com meu pai, ele sempre esteve ao meu lado. Ele gosta muito do esporte e entende um pouco. É um cara que me apoia muito. Não conversamos tanto de futebol porque já brigamos muito em função disso por causa de opiniões opostas. Ele já pediu para eu executar algumas coisas em campo eu bati ao contrário, disse que faria o que o treinador pedia. Hoje, conversamos pouco sobre futebol, falamos de coisas extras, curtimos o momento.

O que teu pai já sugeriu em termos de futebol?
Nós discutimos há muito tempo. O pai tem muito essa questão de querer que o filho faça isso ou aquilo na beira do campo. Chegou um ponto em que dei uma bronca nele. Disse que eu faria o que era bom para o grupo e não para mim. Ele já pediu para eu bater falta, para eu atacar mais, bater pênalti.

Então ele deve estar mais feliz nessa fase atual...
E como é que ficará triste? Não tem como... Vencendo, que é o mais importante, e fazendo gols, não tem como ficar triste.


Luan, Ramiro e Fellipe Bastos viam "jurados" em comemoração estilo The Voice (Foto: Reprodução)

Quem organizou a comemoração com o Pará ao estilo The Voice?
Nós organizamos, ensaiamos na concentração. Nosso grupo é muito animado. Gostamos muito de escutar música e o Pará está sempre cantando. Pensamos em fazer um The Voice para o Pará. Ensaiamos na concentração, saiu o gol e fizemos na hora. O Edinho também tinha ensaiado, mas não pode fazer porque não estava no campo. A galera toda assiste ao programa, acho que eu assisti uma vez. Eu vou ser jurado e deixo o Pará cantar.

Haverá outras comemorações criativas?
Se continuar ganhando e fazendo gol assim, esperamos que sim. Tomara que se repitam até o final da competição.

Você tem os direitos econômicos vinculados a um grupo de empresários. Já pensa na próxima temporada? Planeja seguir no Grêmio no próximo ano?
Estou com a cabeça focada no Grêmio, até agora não houve situação para sair. Vou continuar fazendo meu trabalho, me dedicando 100% ao clube. Se for bom para mim e para o Grêmio, vamos chegar a um acordo. O grupo comprou 50% dos meus direitos econômicos. Mas quem tem meu direito federativo é o Grêmio.


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