Torcedor Inglês Martin Fletcher com seu filho Edward Foto: Júlio Cordeiro / Agencia RBS
Estrangeiros que aportam em Porto Alegre custam a entender por que o vizinho de casa solta foguetes e rojões e sai à janela aos berros de euforia mesmo quando o seu time não está em campo. É difícil a um forasteiro compreender que a desgraça do arquirrival enseja uma felicidade de criança.
Mal sabem eles que um Gre-Nal como o deste domingo eleva a eletricidade local a níveis só vistos na lista das 20 maiores rivalidades do mundo. É com essa perplexidade que os estrangeiros moradores da capital gaúcha falam sobre o mundo Gre-Nal.
O estudante de Engenharia Civil australiano Matthew Vallis chegou a Porto Alegre em fevereiro de 2011 e custou a entender uma equação de início. Em 4 de maio daquele ano, seus vizinhos soltaram foguetes e explodiram em festa ao final do primeiro dos jogos daquela noite.
Só podia ser comemoração de vitória de um dos dois times da cidade, pensou Matthew, 40 anos. Na mesma noite, em um segundo jogo, uma outra parte dos vizinhos estourou tantos foguetes quanto os anteriores e pareciam fazer com que o quarteirão inteiro ouvisse a gritaria. Só podia ser gol do outro time da cidade, pensou de novo Matthew.
No outro dia, o australiano soube que o Inter havia perdido de 2 a 1 para o Peñarol e que estava eliminado da Libertadores em Porto Alegre. Soube também que o Grêmio fora derrotado em seguida por 1 a 0 pela Universidad Católica, no Chile, e também desclassificado da Libertadores. Instalou-se então uma confusão.
— Mas, então, de quem era aquela festa? — perguntou o engenheiro aos amigos na faculdade, tentando usar a lógica.
Foi quando descobriu que gremistas e colorados festejam a derrota do outro tanto quanto suas próprias vitórias, não havia lógica. Também o britânico Martin Fletcher chegou no início de 2011 da cidade de Bradford, perto de Leeds, na Inglaterra, sem entender a secação entre torcedores locais.
Vidrado em futebol, com o tempo passou a suspeitar dos gritos de gol que vinham estrondosos dos vizinhos. Aquilo não fazia parte do razoável nem para ele, torcedor do Bradford City, da terceira divisão inglesa, e por isso mesmo mais ligado à movimentação dos grandes de Londres, de Manchester e de Liverpool. Suas surpresas surgiram na chegada ao Salgado Filho. O taxista que o levou para casa passou o trajeto em uma doutrinação fundamentalista.
— Aqui temos dois times, mas, por favor, seja colorado, é a única escolha possível — repetia até o momento de retirar as malas do carro. — Nem pense em ser gremista.
Alessandro Andreini lia tudo sobre futebol e por isso sabia do clássico Gre-Nal onde morava na pequena cidade de Pescia, região da Toscana, na Itália. Torcedor da Inter de Milão, desembarcou em Porto Alegre em outubro de 2004 feliz por dois sólidos motivos: viria morar com a mulher Daniella Poli, uma gaúcha de Pelotas, e finalmente assistiria aos craques brasileiros que tanto venerava pela TV e jornais de seu país.
Uma das primeiras providências foi visitar o Estádio Olímpico. Antes de sair de casa, ouviu o alerta apavorado da mulher: "não vá à casa do Grêmio vestindo moleton vermelho." Alessandro estranhou. Não conhecia tal imposição nem mesmo entre Inter e Milan, um dos clássicos mais empedernidos do mundo.
— É maluca essa paixão que restringe até as cores das roupas, eu só queria visitar o estádio — diz o professor de italiano.
Foi difícil aceitar a norma local. Roma e Lazio, outra rivalidade feroz, acrescida de ingredientes políticos, ocupam o mesmo estádio de cadeiras azuis. Nem por isso os romanos que usam vinho colocam abaixo os acentos com a cor do Lazio.
— Imagina isso em Porto Alegre? Haveria uma revolução, o colorado não aceitaria — diz, já familiarizado com a alma do gaúcho.
Tamanho fundamentalismo só é maior entre os minúsculos times das pequenas cidades da Toscana. Em localidades vizinhas, de 30 quilômetros de distância, a antipatia remonta as diferenças da época da Idade Média, quando os povoados eram independentes e cada um vivia o seu mundo.
— Pisa e Lucchese é um dos jogos mais perigosos porque a história da região vem antes do futebol, como acontece com Fiorentina, Livorno e Siena — explica Alessandro.
A polonesa Agnieszka Cruz e o grego Dimitrius Samios
"O conflito aqui é mais latino”, diz britânico
Quando chegou como diretor da Aliança Francesa, Patrice Pauck sabia que encontraria em Porto Alegre uma tradição de clássicos como os da Europa. Dois meses depois, confessa a perplexidade. Sua maior experiência de confrontos históricos era entre o seu Olympique de Marselha e o Paris Saint-Germain, que até jogam neste domingo. Nada comparável com que tem visto nos últimos dias.
Por precaução, na condição de diretor de uma instituição cultural, pela primeira vez em suas andanças pelo mundo não revelará sua simpatia por Grêmio ou Inter.
— Estou em casa, só não falo sobre Inter e Grêmio, me preservo — diz Patrice, 37 anos.
Antes de aportar em Porto Alegre para um doutorado em Literatura na UFRGS, o britânico Martin Fletcher consultou o correspondente da BBC Tim Vickery no Rio sobre o futebol gaúcho. Ouviu do inglês relato da grandiosidade da Dupla e elogios à rivalidade. Martin imaginou algo como Tottenham e Arsenal ou Liverpool e Everton. Enganou-se.
— Aqui o conflito é mais dramático, bem latino. Me falaram que o Gre-Nal reproduz uma antiga richa entre grupos políticos maragatos e chimangos, talvez isso explique muito — analisa.
Tão latino como o argentino Juan Ignacio. Desde 2011 o professor de espanhol na Capital ainda se surpreende com o cruel deboche de uma torcida que vai para a rua festejar a derrocada da outra.
A Avenida Goethe, local de comemorações de dois títulos do Mundial de Clubes, quatro Libertadores, cinco Brasileirões, cinco Copas do Brasil, uma Sul-Americana, Recopas, vitórias históricas e apertadas e Campeonatos Gaúchos, pois a avenida sagrada também serve de passarela de escárnio pela derrota alheia.
Natural da província de Santa Fé, apaixonado pelo Independiente, de dois Mundiais de Clubes e sete Libertadores, aos 36 anos Juan é marcado pelo gostinho da rivalidade com o Racing no clássico de Avellaneda mas jamais soube de hincha que escarnecesse com tanta intensidade na derrota do arquirrival.
Há 50 anos em Porto Alegre, embora volte todos os anos à terra, a professora espanhola Glória Serrrano Lopes, compara a rivalidade pampeana ao confronto entre catalães do Barcelona e castelhanos do Real Madrid. E isso é um sinal de que o Gre-Nal é muito, é confronto de grandes. Os estrangeiros se rendem fácil à tentação de Inter e Grêmio.
No caso do francês Paul Barascut, 30 anos, desde o final de 2008 em Porto Alegre, sua escolha pelo Grêmio fez parte do “pacote de casamento” com a gaúcha Nídia, em 2012. Não chegou a ser uma opção imposta pela namorada porque, afinal, já torcia pelo azul do Montpellier, o mesmo time do conterrâneo Patrice Pauck. Que aqui não adotou clube do coração, apesar das insistências.
— As pessoas me cobram uma posição como se fosse obrigação — diz Patrice.
Quase isso. Professora de línguas, a polonesa Agnieszka Cruz, 29 anos, adotou o Grêmio por causa do marido, mesmo que veja como "um exagero" o fanatismo das pessoas com o Gre-Nal. O grego Dimitrius Samios, 63 anos, há 30 chegou de sua ilha ao norte de Atenas casado com Eva, de Pelotas, uma colorada. O que fez o grego torcer pelo Inter foi o mesmo vermelho do Olympiakos. E o mesmo estigma de clube do povo.
— Olympiakos é popular, Panathinaikos é mais elite, como é aqui, não? — define Dimitrius, professor de química e física na UFRGS.
Lembram de Alessandro, o italiano da Toscana? Pré-adolescente, em 1987, mandou carta à CBF solicitando endereços dos clubes brasileiros. Foi atendido. Como idolatrava Zico, do Flamengo, era flamenguista e apaixonado pelo futebol brasileiro, escreveu às equipes pedindo camisetas, revistas, flâmulas, o que fosse possível. Coisa de guri.
Só um time respondeu: o Grêmio, que lhe enviou postais, adesivos e fotos da conquista da Libertadores de 1983. É claro, Alessandro é gremista doente.
O japonês Fábio Keiiti Ueno e o nigeriano Yusuf Idris
Olímpico impressionou camaronês logo de cara
Também o japonês Fábio Keiti Ueno, 44 anos, ganhou camiseta do Inter e acabou trabalhando de intérprete durante a conquista do Mundial de Clubes em Tóquio. A história do camaronês Jean De Dieu, 47 anos, é prosaica. Ele foi morar no bairro Azenha assim que chegou em 1989. Ficou maravilhado com o "gigantismo" do Olímpico e se sobressaltou com uma conclusão.
— Devia ser o único estádio da cidade. Era muito grande — conta Jean, o que explica hoje o seu gremismo.
O que o assombra é a violência física em torno do estádio.
— Camarões é mais pobre, mas menos violento em dias de jogos — arrisca a dizer o doutorando em Engenharia de Materiais da Ufrgs.
Também a comunidade de africanos que estuda na UFRGS e PUCRS está assustada com a violência em Porto Alegre, não só em dias de jogos. Na quinta-feira, o nigeriano Yusuf Idris, 29 anos, nove em Porto Alegre, foi assaltado. Perdeu celular e carteira de estudante de Engenharia Elétrica da PUCRS. Por que ele se tornou gremista? Porque chegou pouco depois da Batalha dos Aflitos e da fuga da Segunda Divisão.
— Sei lá, aquilo de vencer com apenas sete jogadores em campo me conquistou de imediato — explica.
Edward Fletcher, filho do professor de inglês Martin, ficou maravilhado quando soube que viria para Porto Alegre no mesmo tempo em que Ronaldinho negociava a volta ao Grêmio, na virada de 2010 e 2011. Ele falava sozinho:
— Vou ver Ronaldinho Gaúcho de perto, é um sonho!
Ronaldinho foi parar no Flamengo, e Edward virou colorado.
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Mal sabem eles que um Gre-Nal como o deste domingo eleva a eletricidade local a níveis só vistos na lista das 20 maiores rivalidades do mundo. É com essa perplexidade que os estrangeiros moradores da capital gaúcha falam sobre o mundo Gre-Nal.
O estudante de Engenharia Civil australiano Matthew Vallis chegou a Porto Alegre em fevereiro de 2011 e custou a entender uma equação de início. Em 4 de maio daquele ano, seus vizinhos soltaram foguetes e explodiram em festa ao final do primeiro dos jogos daquela noite.
Só podia ser comemoração de vitória de um dos dois times da cidade, pensou Matthew, 40 anos. Na mesma noite, em um segundo jogo, uma outra parte dos vizinhos estourou tantos foguetes quanto os anteriores e pareciam fazer com que o quarteirão inteiro ouvisse a gritaria. Só podia ser gol do outro time da cidade, pensou de novo Matthew.
No outro dia, o australiano soube que o Inter havia perdido de 2 a 1 para o Peñarol e que estava eliminado da Libertadores em Porto Alegre. Soube também que o Grêmio fora derrotado em seguida por 1 a 0 pela Universidad Católica, no Chile, e também desclassificado da Libertadores. Instalou-se então uma confusão.
— Mas, então, de quem era aquela festa? — perguntou o engenheiro aos amigos na faculdade, tentando usar a lógica.
Foi quando descobriu que gremistas e colorados festejam a derrota do outro tanto quanto suas próprias vitórias, não havia lógica. Também o britânico Martin Fletcher chegou no início de 2011 da cidade de Bradford, perto de Leeds, na Inglaterra, sem entender a secação entre torcedores locais.
Vidrado em futebol, com o tempo passou a suspeitar dos gritos de gol que vinham estrondosos dos vizinhos. Aquilo não fazia parte do razoável nem para ele, torcedor do Bradford City, da terceira divisão inglesa, e por isso mesmo mais ligado à movimentação dos grandes de Londres, de Manchester e de Liverpool. Suas surpresas surgiram na chegada ao Salgado Filho. O taxista que o levou para casa passou o trajeto em uma doutrinação fundamentalista.
— Aqui temos dois times, mas, por favor, seja colorado, é a única escolha possível — repetia até o momento de retirar as malas do carro. — Nem pense em ser gremista.
Alessandro Andreini lia tudo sobre futebol e por isso sabia do clássico Gre-Nal onde morava na pequena cidade de Pescia, região da Toscana, na Itália. Torcedor da Inter de Milão, desembarcou em Porto Alegre em outubro de 2004 feliz por dois sólidos motivos: viria morar com a mulher Daniella Poli, uma gaúcha de Pelotas, e finalmente assistiria aos craques brasileiros que tanto venerava pela TV e jornais de seu país.
Uma das primeiras providências foi visitar o Estádio Olímpico. Antes de sair de casa, ouviu o alerta apavorado da mulher: "não vá à casa do Grêmio vestindo moleton vermelho." Alessandro estranhou. Não conhecia tal imposição nem mesmo entre Inter e Milan, um dos clássicos mais empedernidos do mundo.
— É maluca essa paixão que restringe até as cores das roupas, eu só queria visitar o estádio — diz o professor de italiano.
Foi difícil aceitar a norma local. Roma e Lazio, outra rivalidade feroz, acrescida de ingredientes políticos, ocupam o mesmo estádio de cadeiras azuis. Nem por isso os romanos que usam vinho colocam abaixo os acentos com a cor do Lazio.
— Imagina isso em Porto Alegre? Haveria uma revolução, o colorado não aceitaria — diz, já familiarizado com a alma do gaúcho.
Tamanho fundamentalismo só é maior entre os minúsculos times das pequenas cidades da Toscana. Em localidades vizinhas, de 30 quilômetros de distância, a antipatia remonta as diferenças da época da Idade Média, quando os povoados eram independentes e cada um vivia o seu mundo.
— Pisa e Lucchese é um dos jogos mais perigosos porque a história da região vem antes do futebol, como acontece com Fiorentina, Livorno e Siena — explica Alessandro.
A polonesa Agnieszka Cruz e o grego Dimitrius Samios
"O conflito aqui é mais latino”, diz britânico
Quando chegou como diretor da Aliança Francesa, Patrice Pauck sabia que encontraria em Porto Alegre uma tradição de clássicos como os da Europa. Dois meses depois, confessa a perplexidade. Sua maior experiência de confrontos históricos era entre o seu Olympique de Marselha e o Paris Saint-Germain, que até jogam neste domingo. Nada comparável com que tem visto nos últimos dias.
Por precaução, na condição de diretor de uma instituição cultural, pela primeira vez em suas andanças pelo mundo não revelará sua simpatia por Grêmio ou Inter.
— Estou em casa, só não falo sobre Inter e Grêmio, me preservo — diz Patrice, 37 anos.
Antes de aportar em Porto Alegre para um doutorado em Literatura na UFRGS, o britânico Martin Fletcher consultou o correspondente da BBC Tim Vickery no Rio sobre o futebol gaúcho. Ouviu do inglês relato da grandiosidade da Dupla e elogios à rivalidade. Martin imaginou algo como Tottenham e Arsenal ou Liverpool e Everton. Enganou-se.
— Aqui o conflito é mais dramático, bem latino. Me falaram que o Gre-Nal reproduz uma antiga richa entre grupos políticos maragatos e chimangos, talvez isso explique muito — analisa.
Tão latino como o argentino Juan Ignacio. Desde 2011 o professor de espanhol na Capital ainda se surpreende com o cruel deboche de uma torcida que vai para a rua festejar a derrocada da outra.
A Avenida Goethe, local de comemorações de dois títulos do Mundial de Clubes, quatro Libertadores, cinco Brasileirões, cinco Copas do Brasil, uma Sul-Americana, Recopas, vitórias históricas e apertadas e Campeonatos Gaúchos, pois a avenida sagrada também serve de passarela de escárnio pela derrota alheia.
Natural da província de Santa Fé, apaixonado pelo Independiente, de dois Mundiais de Clubes e sete Libertadores, aos 36 anos Juan é marcado pelo gostinho da rivalidade com o Racing no clássico de Avellaneda mas jamais soube de hincha que escarnecesse com tanta intensidade na derrota do arquirrival.
Há 50 anos em Porto Alegre, embora volte todos os anos à terra, a professora espanhola Glória Serrrano Lopes, compara a rivalidade pampeana ao confronto entre catalães do Barcelona e castelhanos do Real Madrid. E isso é um sinal de que o Gre-Nal é muito, é confronto de grandes. Os estrangeiros se rendem fácil à tentação de Inter e Grêmio.
No caso do francês Paul Barascut, 30 anos, desde o final de 2008 em Porto Alegre, sua escolha pelo Grêmio fez parte do “pacote de casamento” com a gaúcha Nídia, em 2012. Não chegou a ser uma opção imposta pela namorada porque, afinal, já torcia pelo azul do Montpellier, o mesmo time do conterrâneo Patrice Pauck. Que aqui não adotou clube do coração, apesar das insistências.
— As pessoas me cobram uma posição como se fosse obrigação — diz Patrice.
Quase isso. Professora de línguas, a polonesa Agnieszka Cruz, 29 anos, adotou o Grêmio por causa do marido, mesmo que veja como "um exagero" o fanatismo das pessoas com o Gre-Nal. O grego Dimitrius Samios, 63 anos, há 30 chegou de sua ilha ao norte de Atenas casado com Eva, de Pelotas, uma colorada. O que fez o grego torcer pelo Inter foi o mesmo vermelho do Olympiakos. E o mesmo estigma de clube do povo.
— Olympiakos é popular, Panathinaikos é mais elite, como é aqui, não? — define Dimitrius, professor de química e física na UFRGS.
Lembram de Alessandro, o italiano da Toscana? Pré-adolescente, em 1987, mandou carta à CBF solicitando endereços dos clubes brasileiros. Foi atendido. Como idolatrava Zico, do Flamengo, era flamenguista e apaixonado pelo futebol brasileiro, escreveu às equipes pedindo camisetas, revistas, flâmulas, o que fosse possível. Coisa de guri.
Só um time respondeu: o Grêmio, que lhe enviou postais, adesivos e fotos da conquista da Libertadores de 1983. É claro, Alessandro é gremista doente.
O japonês Fábio Keiiti Ueno e o nigeriano Yusuf Idris
Olímpico impressionou camaronês logo de cara
Também o japonês Fábio Keiti Ueno, 44 anos, ganhou camiseta do Inter e acabou trabalhando de intérprete durante a conquista do Mundial de Clubes em Tóquio. A história do camaronês Jean De Dieu, 47 anos, é prosaica. Ele foi morar no bairro Azenha assim que chegou em 1989. Ficou maravilhado com o "gigantismo" do Olímpico e se sobressaltou com uma conclusão.
— Devia ser o único estádio da cidade. Era muito grande — conta Jean, o que explica hoje o seu gremismo.
O que o assombra é a violência física em torno do estádio.
— Camarões é mais pobre, mas menos violento em dias de jogos — arrisca a dizer o doutorando em Engenharia de Materiais da Ufrgs.
Também a comunidade de africanos que estuda na UFRGS e PUCRS está assustada com a violência em Porto Alegre, não só em dias de jogos. Na quinta-feira, o nigeriano Yusuf Idris, 29 anos, nove em Porto Alegre, foi assaltado. Perdeu celular e carteira de estudante de Engenharia Elétrica da PUCRS. Por que ele se tornou gremista? Porque chegou pouco depois da Batalha dos Aflitos e da fuga da Segunda Divisão.
— Sei lá, aquilo de vencer com apenas sete jogadores em campo me conquistou de imediato — explica.
Edward Fletcher, filho do professor de inglês Martin, ficou maravilhado quando soube que viria para Porto Alegre no mesmo tempo em que Ronaldinho negociava a volta ao Grêmio, na virada de 2010 e 2011. Ele falava sozinho:
— Vou ver Ronaldinho Gaúcho de perto, é um sonho!
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