Bressan tem contrato até o fim de 2015 com o Grêmio (Foto: Diego Guichard)
De quase esquecido a uma opção de segurança para o time do Grêmio. Essa é a trajetória de Matheus Simonete Bressaneli, o Bressan, com a camisa tricolor na temporada. No final de agosto, o zagueiro de 21 anos teve a venda encaminhada para o Queens Park Rangers, da Inglaterra. O desfecho sem acerto das tratativas, que deveria se tornar motivo de lamentação, virou, na verdade, um promissor recomeço. Afinal, renasceu para o clube gaúcho ao ganhar a confiança de Luiz Felipe Scolari e receber sequência a partir da contusão de Rhodolfo. Contra o Vitória, neste sábado, iniciará a quinta partida consecutiva e tentará ampliar a boa fase da defesa, a menos vazada do Brasileirão.
O próprio Bressan brinca com o momento pessoal no clube. Em entrevista ao GloboEsporte.com (confira acima a trecho em vídeo), realizada em um café de Porto Alegre, comparou o seu renascimento na equipe à trajetória de Fênix, pássaro da mitologia grega que renascia das próprias cinzas. Faz sentido. Em 2014, viveu o pior e melhor momento pela equipe tricolor após ser contratado no final de 2012 junto com outras promessas do Juventude, de Caxias do Sul, de onde é natural - chegou ao Tricolor gaúcho ao lado de Alex Telles, hoje no Galatasaray, Ramiro, Paulinho e Follmann.
- Foi um ano divisor de águas. Meu amadurecimento nesta temporada foi muito grande. No futebol é assim, com altos e baixos. Quando o jogador não é aproveitado, precisa ter a cabeça mais forte para treinar e as oportunidades aparecerem - conta.
A boa fase já faz o garoto sonhar com voos mais altos. Longe do Grêmio? Pelo contrário. Almeja se firmar no clube gaúcho, ganhar sequência e chamar atenção do técnico Alexandre Gallo para quem sabe ser convocado para a seleção olímpica - faltam dois anos para os Jogos no Rio de Janeiro. Como meta após carreira, quer voltar a estudar. Chegou a iniciar faculdade de Administração de Empresas. Agora, quer cursar Direito para seguir a carreira da mãe Marilda e atuar na área do esporte.
- Tenho desejo de chegar a uma seleção olímpica, tenho idade para isso. A vitrine do Grêmio é muito forte pelo mundo. A tradição, incomparável - exalta.
No início do ano, o Grêmio negociou 50% dos direitos econômicos do zagueiro a um grupo de investidores, permanecendo com 20%. Os demais 30% pertencem ao atleta e ao empresário Marcelo Lipatin. Ainda tem os direitos federativos vinculados ao clube gaúcho até o final de 2015. Na temporada, conta com 24 jogos e um gol.
> Confira abaixo trechos da entrevista:
GloboEsporte.com – Você chegou perto de deixar o Grêmio nesta temporada e ser transferido para o Queens Park Rangers. Como foi?
Bressan – Foi bem perto mesmo. Nós ficamos sabendo do interesse do Queens Park Rangers pelo grupo que comprou meus direitos econômicos junto com o Ramiro. Representantes do clube entraram em contato com meu empresário Marcelo Lipatin e conversado com o Grêmio. Mandaram uma carta com a proposta. Eu e o Grêmio tínhamos aceitado. Mas aconteceram imprevistos. A negociação foi bem no final da janela de transferências, que fecharia na segunda, sendo que estávamos em uma sexta-feira. Não seria muito viável e optamos por permanecer. Meu irmão (Gabriel) também é jogador e acompanha muito o futebol inglês. Ele me disse que o clube estava na lanterna.
Seu irmão também é zagueiro? Será que vai repetir a sua trajetória e chegar ao Grêmio?
Atuar na base da dupla Gre-Nal é difícil, eles trazem muitos jogadores de fora. Ele atua no time sub-15 do Juventude. Tem 14 anos ainda e já tem 1m80cm de altura. Pode ser até que seja mais alto do que eu, que tenho 1m85cm. Tomara que não (risos).
Quando comunicaram você no Grêmio que voltaria a receber chances?
Logo quando o Felipão chegou, teve conversa comigo e disse que ficou feliz pela minha permanência, que as oportunidades iriam aparecer. Fiquei um pouco fora do time com o Enderson Moreira, já o Felipão me deu confiança e apostou em mim ao lado do Geromel.
Como está sendo trabalhar com o Felipão?
É uma experiência muito bacana, um sonho trabalhar com o Felipão. Ele vem de um lugar (Passo Fundo) parecido com o meu (Caxias do Sul). Tenho como exemplo um cara que saiu do interior gaúcho e conseguiu conquistar uma Copa do Mundo. Conseguir uma carreira sólida como ele é difícil. É uma experiência única treinar com ele, tem muito a ensinar. Ele, o Murtosa e também o Ivo Wortmann (auxiliares de Felipão), que também teve duas passagens importantes no Juventude (2004/2005 e 2008).
O Felipão dá muita bronca em vocês?
Ele tem um jeito bem parecido com o pessoal lá de Caxias, de gringo. Eu também sou assim. Mas é bacana, o jogador de futebol precisa disso, de um cara que cobre bastante, mas que também saiba passar a mão na cabeça. O futebol tem linguagem diferente. E essa é uma das virtudes do Felipão, conhecer bem essa linguagem. Desde os 12 anos, um atleta se acostuma a escutar cobranças mais incisivas. O Felipão deixa o ambiente leve e bom de trabalhar. Se ele aparenta ser um pouco mais bravo, também tem esse jeito que deixa todos à vontade. Todos os atletas gostam dele. É um cara bem acessível, não é a toa que conquistou tudo.
Bressan aproveita momentos de folga com a namorada Luciana, com os pais (Dorivaldo e Marilda) e irmão Gabriel, que também sonha em ser zagueiro (Fotos: Arquivo Pessoal)
Como está sendo seu renascimento no time do Grêmio?
Fênix (risos)? Fiquei bem feliz. Eu queria ficar e poder trabalhar com o Felipão, já tinha me adaptado bem a Porto Alegre, minha mãe trabalha aqui. Veio para o bem permanecer e ganhar sequência de jogos. Estou bem satisfeito no Grêmio pelo segundo ano. Trabalho bastante para estar aqui.
É possível dizer que esse ano no Grêmio você passou pelo pior e melhor momento no clube?
Sim, Foi um ano divisor de águas. Meu amadurecimento nesta temporada foi muito grande. No futebol é assim, com altos e baixos. Quando o jogador não é aproveitado, precisa ter a cabeça mais forte para treinar e as oportunidades aparecerem. Se o jogador continuar focado, a chance vai surgir em algum momento. Era isso que eu tinha em mente. Tenho muita sorte também de ter apoio da família, amigos e namorada (Luciana).
O que faz nas horas vagas?
Gosto de assistir aos jogos do meu irmão. Tento aproveitar minha família e namorada. Em Porto Alegre, fico muito com minha mãe. E também têm os churrascos, em que o Ramiro comanda a carne, o Follmann toca violão e eu fico só dando palpite (risos). Estou sempre presente.
Mantém contato com o Alex Telles?
Sim, direto. Até no jogo em que ele ficou fora contra o Fenerbahce (em 18 de outubro pelo campeonato turco). Ele estava na arquibancada e ficamos conversando sobre a partida, que eu estava assistindo, pelo Whatsapp (aplicativo de celular). Eu o conheço desde os seis anos, mantemos uma amizade forte de 15 anos.
Por que essa safra do Juventude deu tão certo no Grêmio?
Precisamos valorizar o trabalho realizado na base do Juventude e especialmente do Jonas Rosa, o coordenador da base que trabalha há mais de 20 anos. Ele coordena até o sub-14. É um cara que entende muito de futebol e se preocupa em formar cidadãos. As coisas acontecem muito rápido no futebol e ele sempre bateu nessa tecla para nos tornarmos mais responsáveis. Sabemos que as dificuldades fazem parte da profissão. A base do clube segue muito forte.
Bressan em treino do Grêmio no Olímpico (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
Um jogador de 21 anos, como é o seu caso, precisa ser muito maduro para se tornar um atleta profissional. Quem o ajudou nessa caminhada?
Nós precisamos ter sacrifício. Claro que alguém com 21 anos gosta de aproveitar a vida fora do trabalho. Mas eu aproveito, tenho tempo com meus pais ou amigos. Se não tiver isso, dificilmente vai conquistar os objetivos. Meus pais sempre me colocaram nos trilhos, mostraram o que era certo ou errado. Tomei muito na cara por tomar escolhas erradas no passado. Com o tempo, se acaba amadurecendo. Claro que no futebol é difícil ter suporte familiar. Em geral, o jogador vem de famílias mais humildes. Por vezes, quem sustenta a casa é um guri de 15 ou 16 anos. Além de não passar por isso, não tive essa responsabilidade de ser o futuro da família. Mas, claro, tinha essa pressão interna de cobrança por resultado. Minha mãe queria que eu estudasse também. Fiz três meses de Administração, enquanto eu estava no profissional do Juventude. Tenho sonho de me formar quando acabar a carreira. Quero cursar Direito e atuar em área ligada ao esporte. Acho que minha mãe, que é formada em Direito, ficaria bem feliz também. Até hoje ela me incomoda (para estudar). Por exemplo, ela me cobra muito para estudar inglês.
Pretende atuar no futebol europeu?
Todo jogador sonha em atuar lá fora, saber como é. Meu objetivo sempre foi ser atleta profissional. Se precisar ficar no Grêmio até os 40 será como todo prazer. É difícil chegar num patamar assim e se manter. O Grêmio apostou em mim, me trouxe de Caxias do Sul para Porto Alegre. Escutamos muita coisa quando disseram que o clube trouxe um pacotão do Juventude. É difícil falar se a gente sairia ou não. Se for bom para o Grêmio, eu vou pensar. Mas meu desejo é ficar. Sou gaúcho e sei da responsabilidade.
Quais suas próximas metas?
Quero me firmar no Grêmio, poder construir uma carreira aqui dentro. É cada vez mais difícil permanecer anos em um clube de futebol. Tenho desejo de chegar a uma seleção olímpica, tenho idade para isso. A vitrine do Grêmio é muito forte pelo mundo. A tradição, incomparável.
Com Rhodolfo no departamento médico, você tem chance de atuar em outro Gre-Nal. Como é disputar um clássico gaúcho?
A rivalidade é muito forte. Já tenho no currículo uns quatro ou cinco clássicos. Já marquei o Leandro Damião e o Rafael Moura. É diferente jogar um clássico. Quem vence um Gre-Nal fica feliz durante meses. E o outro time precisa contentar em ouvir. Fico feliz em vestir a camisa do Grêmio e representar essa torcida, poder fazer parte dessa história. Eu acompanhava clássicos pelo rádio quando criança, aos domingos, quando voltava de carro com a família para Caxias do Sul. Anos depois, estar ali dentro é muito bacana.
Onde o Grêmio pode chegar no Brasileirão?
Nosso objetivo é entrar no G-4. Estamos ali perto, no bolo. O que vale mesmo é estar no G-4 na 38º rodada. Sabemos o quanto muda para o clube em disputar a Libertadores. O Grêmio precisa estar dentro da Libertadores. Faremos de tudo para colocar o time no lugar que merece.
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O próprio Bressan brinca com o momento pessoal no clube. Em entrevista ao GloboEsporte.com (confira acima a trecho em vídeo), realizada em um café de Porto Alegre, comparou o seu renascimento na equipe à trajetória de Fênix, pássaro da mitologia grega que renascia das próprias cinzas. Faz sentido. Em 2014, viveu o pior e melhor momento pela equipe tricolor após ser contratado no final de 2012 junto com outras promessas do Juventude, de Caxias do Sul, de onde é natural - chegou ao Tricolor gaúcho ao lado de Alex Telles, hoje no Galatasaray, Ramiro, Paulinho e Follmann.
- Foi um ano divisor de águas. Meu amadurecimento nesta temporada foi muito grande. No futebol é assim, com altos e baixos. Quando o jogador não é aproveitado, precisa ter a cabeça mais forte para treinar e as oportunidades aparecerem - conta.
A boa fase já faz o garoto sonhar com voos mais altos. Longe do Grêmio? Pelo contrário. Almeja se firmar no clube gaúcho, ganhar sequência e chamar atenção do técnico Alexandre Gallo para quem sabe ser convocado para a seleção olímpica - faltam dois anos para os Jogos no Rio de Janeiro. Como meta após carreira, quer voltar a estudar. Chegou a iniciar faculdade de Administração de Empresas. Agora, quer cursar Direito para seguir a carreira da mãe Marilda e atuar na área do esporte.
- Tenho desejo de chegar a uma seleção olímpica, tenho idade para isso. A vitrine do Grêmio é muito forte pelo mundo. A tradição, incomparável - exalta.
No início do ano, o Grêmio negociou 50% dos direitos econômicos do zagueiro a um grupo de investidores, permanecendo com 20%. Os demais 30% pertencem ao atleta e ao empresário Marcelo Lipatin. Ainda tem os direitos federativos vinculados ao clube gaúcho até o final de 2015. Na temporada, conta com 24 jogos e um gol.
> Confira abaixo trechos da entrevista:
GloboEsporte.com – Você chegou perto de deixar o Grêmio nesta temporada e ser transferido para o Queens Park Rangers. Como foi?
Bressan – Foi bem perto mesmo. Nós ficamos sabendo do interesse do Queens Park Rangers pelo grupo que comprou meus direitos econômicos junto com o Ramiro. Representantes do clube entraram em contato com meu empresário Marcelo Lipatin e conversado com o Grêmio. Mandaram uma carta com a proposta. Eu e o Grêmio tínhamos aceitado. Mas aconteceram imprevistos. A negociação foi bem no final da janela de transferências, que fecharia na segunda, sendo que estávamos em uma sexta-feira. Não seria muito viável e optamos por permanecer. Meu irmão (Gabriel) também é jogador e acompanha muito o futebol inglês. Ele me disse que o clube estava na lanterna.
Seu irmão também é zagueiro? Será que vai repetir a sua trajetória e chegar ao Grêmio?
Atuar na base da dupla Gre-Nal é difícil, eles trazem muitos jogadores de fora. Ele atua no time sub-15 do Juventude. Tem 14 anos ainda e já tem 1m80cm de altura. Pode ser até que seja mais alto do que eu, que tenho 1m85cm. Tomara que não (risos).
Quando comunicaram você no Grêmio que voltaria a receber chances?
Logo quando o Felipão chegou, teve conversa comigo e disse que ficou feliz pela minha permanência, que as oportunidades iriam aparecer. Fiquei um pouco fora do time com o Enderson Moreira, já o Felipão me deu confiança e apostou em mim ao lado do Geromel.
Como está sendo trabalhar com o Felipão?
É uma experiência muito bacana, um sonho trabalhar com o Felipão. Ele vem de um lugar (Passo Fundo) parecido com o meu (Caxias do Sul). Tenho como exemplo um cara que saiu do interior gaúcho e conseguiu conquistar uma Copa do Mundo. Conseguir uma carreira sólida como ele é difícil. É uma experiência única treinar com ele, tem muito a ensinar. Ele, o Murtosa e também o Ivo Wortmann (auxiliares de Felipão), que também teve duas passagens importantes no Juventude (2004/2005 e 2008).
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Bressan aproveita momentos de folga com a namorada Luciana, com os pais (Dorivaldo e Marilda) e irmão Gabriel, que também sonha em ser zagueiro (Fotos: Arquivo Pessoal)
Como está sendo seu renascimento no time do Grêmio?
Fênix (risos)? Fiquei bem feliz. Eu queria ficar e poder trabalhar com o Felipão, já tinha me adaptado bem a Porto Alegre, minha mãe trabalha aqui. Veio para o bem permanecer e ganhar sequência de jogos. Estou bem satisfeito no Grêmio pelo segundo ano. Trabalho bastante para estar aqui.
É possível dizer que esse ano no Grêmio você passou pelo pior e melhor momento no clube?
Sim, Foi um ano divisor de águas. Meu amadurecimento nesta temporada foi muito grande. No futebol é assim, com altos e baixos. Quando o jogador não é aproveitado, precisa ter a cabeça mais forte para treinar e as oportunidades aparecerem. Se o jogador continuar focado, a chance vai surgir em algum momento. Era isso que eu tinha em mente. Tenho muita sorte também de ter apoio da família, amigos e namorada (Luciana).
O que faz nas horas vagas?
Gosto de assistir aos jogos do meu irmão. Tento aproveitar minha família e namorada. Em Porto Alegre, fico muito com minha mãe. E também têm os churrascos, em que o Ramiro comanda a carne, o Follmann toca violão e eu fico só dando palpite (risos). Estou sempre presente.
Mantém contato com o Alex Telles?
Sim, direto. Até no jogo em que ele ficou fora contra o Fenerbahce (em 18 de outubro pelo campeonato turco). Ele estava na arquibancada e ficamos conversando sobre a partida, que eu estava assistindo, pelo Whatsapp (aplicativo de celular). Eu o conheço desde os seis anos, mantemos uma amizade forte de 15 anos.
Por que essa safra do Juventude deu tão certo no Grêmio?
Precisamos valorizar o trabalho realizado na base do Juventude e especialmente do Jonas Rosa, o coordenador da base que trabalha há mais de 20 anos. Ele coordena até o sub-14. É um cara que entende muito de futebol e se preocupa em formar cidadãos. As coisas acontecem muito rápido no futebol e ele sempre bateu nessa tecla para nos tornarmos mais responsáveis. Sabemos que as dificuldades fazem parte da profissão. A base do clube segue muito forte.
Bressan em treino do Grêmio no Olímpico (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
Um jogador de 21 anos, como é o seu caso, precisa ser muito maduro para se tornar um atleta profissional. Quem o ajudou nessa caminhada?
Nós precisamos ter sacrifício. Claro que alguém com 21 anos gosta de aproveitar a vida fora do trabalho. Mas eu aproveito, tenho tempo com meus pais ou amigos. Se não tiver isso, dificilmente vai conquistar os objetivos. Meus pais sempre me colocaram nos trilhos, mostraram o que era certo ou errado. Tomei muito na cara por tomar escolhas erradas no passado. Com o tempo, se acaba amadurecendo. Claro que no futebol é difícil ter suporte familiar. Em geral, o jogador vem de famílias mais humildes. Por vezes, quem sustenta a casa é um guri de 15 ou 16 anos. Além de não passar por isso, não tive essa responsabilidade de ser o futuro da família. Mas, claro, tinha essa pressão interna de cobrança por resultado. Minha mãe queria que eu estudasse também. Fiz três meses de Administração, enquanto eu estava no profissional do Juventude. Tenho sonho de me formar quando acabar a carreira. Quero cursar Direito e atuar em área ligada ao esporte. Acho que minha mãe, que é formada em Direito, ficaria bem feliz também. Até hoje ela me incomoda (para estudar). Por exemplo, ela me cobra muito para estudar inglês.
Pretende atuar no futebol europeu?
Todo jogador sonha em atuar lá fora, saber como é. Meu objetivo sempre foi ser atleta profissional. Se precisar ficar no Grêmio até os 40 será como todo prazer. É difícil chegar num patamar assim e se manter. O Grêmio apostou em mim, me trouxe de Caxias do Sul para Porto Alegre. Escutamos muita coisa quando disseram que o clube trouxe um pacotão do Juventude. É difícil falar se a gente sairia ou não. Se for bom para o Grêmio, eu vou pensar. Mas meu desejo é ficar. Sou gaúcho e sei da responsabilidade.
Quais suas próximas metas?
Quero me firmar no Grêmio, poder construir uma carreira aqui dentro. É cada vez mais difícil permanecer anos em um clube de futebol. Tenho desejo de chegar a uma seleção olímpica, tenho idade para isso. A vitrine do Grêmio é muito forte pelo mundo. A tradição, incomparável.
Com Rhodolfo no departamento médico, você tem chance de atuar em outro Gre-Nal. Como é disputar um clássico gaúcho?
A rivalidade é muito forte. Já tenho no currículo uns quatro ou cinco clássicos. Já marquei o Leandro Damião e o Rafael Moura. É diferente jogar um clássico. Quem vence um Gre-Nal fica feliz durante meses. E o outro time precisa contentar em ouvir. Fico feliz em vestir a camisa do Grêmio e representar essa torcida, poder fazer parte dessa história. Eu acompanhava clássicos pelo rádio quando criança, aos domingos, quando voltava de carro com a família para Caxias do Sul. Anos depois, estar ali dentro é muito bacana.
Onde o Grêmio pode chegar no Brasileirão?
Nosso objetivo é entrar no G-4. Estamos ali perto, no bolo. O que vale mesmo é estar no G-4 na 38º rodada. Sabemos o quanto muda para o clube em disputar a Libertadores. O Grêmio precisa estar dentro da Libertadores. Faremos de tudo para colocar o time no lugar que merece.
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