Time sub-17 campeão (Foto: Rodrigo Fatturi/Grêmio)
O que já era decantado como trunfo pela direção na campanha da eleição presidencial e vem ganhando respaldo com as escolhas de Felipão e por convocações de seleções agora está se transformando em taça no armário. Nos últimos meses, a base tricolor virou a menina dos olhos do clube. Não é para menos. Dezoito anos depois, o Grêmio volta a conquistar no mesmo ano os títulos estaduais das categorias sub-17 e sub-20.
O grupo mais novo não erguia a taça há cinco anos, enquanto o mais experiente havia tornado-se campeão pela última vez sete anos atrás. Foram longos períodos sem comemorações no Rio Grande do Sul, até que a primeira evolução do novo trabalho de formação de atletas apresentasse os resultados práticos dentro de campo. O GloboEsporte.com ouviu o coordenador da base Junior Chávare para esmiuçar os motivos que fizeram os jovens do Grêmio ressurgirem no cenário estadual. Alguns números apresentados por Chávare, além dessas conquistas, são relevantes: como o aumento de 70% em convocações desde 2012 (na gestão anterior) e o fato de que 50% de atletas do elenco principal foram da base. E a meta é elevar a quantidade para 70% em mais dois anos.
Foi em janeiro do ano passado que o profissional do interior de São Paulo, que tem 47 anos e atua no futebol desde 1990, chegou ao Grêmio. O objetivo era investir em uma integração maior entre base e profissional, utilizando o mesmo modelo de trabalho desde a categoria mais jovem até o grupo principal. Dentro de tudo isso, foi planejada uma estrutura que pudesse sustentar os projetos e fazê-los gerar resultados. Vieram, e antes do esperado, como conta o coordenador.
- Nosso planejamento era colher resultados desse tipo a partir do terceiro para o quarto ano de trabalho. Fizemos um planejamento de seis anos na evolução no departamento de formação. Estamos antecipando uma parte dessa colheita, e o ano sequer acabou - comemora Chávare, em entrevista ao GloboEsporte.com.
No fim de semana dos dias 11 e 12 de outubro, o Grêmio foi campeão estadual sub-17 batendo o Inter na final, no sábado, e o time sub-20 conquistou o Gaúcho da categoria no domingo, sobre o São José. Resultados que foram elogiados até pela oposição, durante a campanha da eleição presidencial, que acabou mantendo a situação no poder, com Romildo Bolzan Júnior. E mais: Felipão terminou o último jogo, no 0 a 0 com o Goiás, com cinco garotos no time e, ao final do confronto, afirmou será pelo talento deles a salvação das finanças tricolores.
Junior Chávare, coordenador da base do Grêmio (Foto: Tatiana Lopes/GloboEsporte.com)
> Confira os principais trechos da conversa:
NOVO PERFIL, GARIMPO E EDUCAÇÃO
Uma das principais mudanças citadas por Chávare foi no perfil de atleta buscado para reforçar os grupos de base.
- Ao longo dessas últimas décadas, o perfil de atleta e de jogo que o Grêmio propunha era muito de força física, de embate. Nos preocupamos em mudar o perfil. Não o espírito e a competitividade, mas sim o método, o estilo de jogar. Isso vai trazendo os resultados, que vieram antes do esperado.
De acordo com Chávare, ainda há preferência por atletas altos e de maior vigor físico para o gol e para a zaga. Nas demais posições, essa questão não é a de maior importância. O necessário é saber jogar.
- Quando trouxemos o Ramiro para a base, fui motivo de chacota, porque era um jogador que nunca iria jogar no Grêmio. E hoje, entra e sai técnico, o Ramiro joga. Ele não tem porte físico, mas sabe jogar. Qual perfil que o Grêmio precisa? O bom - justifica.
O setor de captação de atletas é o principal da base. Foi essa a experiência que Chávare adquiriu na trajetória profissional. Junto com ele, levou ao Grêmio um banco de dados com cerca de três mil atletas, dos quais foram selecionados cerca de 350 para que fossem monitorados.
Segundo o diretor, jogadores são observados em todas as séries do futebol brasileiro e em todos os estaduais e campeonatos gaúchos de todas as divisões de base.
- Dentro da mudança de perfil, 75% de jogadores que trouxemos para a base são do Sul do Brasil - aponta Chávare, destacando que as diferenças culturais também são observadas - Vem Luan de São Paulo, Everton de Fortaleza, mas a maioria é daqui.
Walace estreou em Gre-Nal e costuma ser titular com Felipão (Foto: Lucas Uebel/Grêmio, Divulgação)
Além do que os garotos podem apresentar dentro de campo, há também o cuidado com o desempenho fora dele. Todos os atletas são acompanhados na escola e, dentro do clube, vivenciam uma estrutura que conta com especialistas desde psicólogos a nutricionistas para alcançarem a formação como jogador e como cidadão.
Os jovens têm contato, por exemplo, com palestras sobre gestão financeira, uma segunda língua, doenças sexualmente transmissíveis. Também são instigados a conhecer jogos pedagógicos e lúdicos sugeridos para cada posição exercida no campo, o que ajuda, segundo Chávare, a exercitar o que é mais importante para cada atleta. As ações extracampo também mostram resultado.
- Fechamos 2012 com 45% de repetência escolar, e em 2013 fechamos com 5%. Isso passa pela mudança - afirma.
INTEGRAÇÃO COM PROFISSIONAL E SELEÇÃO
Soma-se a isso a integração da base com o profissional. Um trabalho "mais vertical", como define o diretor. As conversas e trocas de informações com a direção executiva e a comissão técnica, até com o presidente, são frequentes. Sempre que algum garoto chama atenção do técnico Luiz Felipe Scolari, sobe para o grupo profissional para um período de transição. Já passaram por ele, recentemente, nomes como Ronan, Erik, Nicolas Careca e Walace - este último um constante titular, como fora diante do Goiás. Todo o trabalho desenvolvido, como frisa Chávare, permite que os jovens cheguem ao profissional muito mais perto do que se deseja.
As últimas três convocações para seleções de base ocorreram na categoria sub-15, com três atletas. Sub-17 e Sub-20 também têm jogadores chamados com frequência. Luan, que já é do grupo profissional do Grêmio, é um dos destaques do técnico Alexandre Gallo na seleção sub-21. Tem sete jogos e sete gols. Convocações que se estenderam, neste ano, ao elenco principal do Brasil, com o goleiro Marcelo Grohe - formado no clube tricolor.
- Devemos estar com algo em torno de 70% mais convocações nestes dois anos, em relação aos dois últimos, em todas as categorias. Não é pejorativo à gestão passada, ao ano anterior, nada disso. Aqui não tem esse conceito de menosprezar o que passou. A gente quer é melhorar, e isso mostra a evolução - argumenta Chávare. - Temos convocados em todas as categorias da seleção, e a sub-20 tem uma média de três a quatro jogadores chamados. Mas mais do que meramente a convocação do atleta, é o reconhecimento do trabalho que está sendo feito.
Se o aproveitamento de convocações para as seleções de base é bom, o Grêmio ainda trabalha para evoluir no cenário das competições nacionais. Ficou com o vice no Brasileiro e na Copa do Brasil Sub-17, disputa a Copa do Brasil e ainda jogará o Brasileiro Sub-20.
Conforme Chávare, é nos campeonatos nacionais que se encontram as principais dificuldades. Ele explica o motivo.
- Talvez seja onde mais tenhamos o risco. Aproveito muito os nacionais, os mais fortes, para dar experiência aos atletas. Aí me perguntam: mas não é melhor ganhar nacional do que estadual? A preocupação é formar. Os nacional são em épocas atípicas, a Taça BH é no meio do ano, a Copa São Paulo é no início. No início, em vez de levarmos o time cheio, a maior parte está com o grupo principal na pré-temporada, disponível para iniciar o Gaúcho com o profissional. A BH é a mesma coisa, sempre temos vários campeonatos em disputa no meio do ano, e precisamos servir ao profissional. Nossa política nos nacionais é mandar as equipes mais novas possíveis.
Luan comemora gol do Brasil contra o Estados Unidos na seleção sub-21 (Foto: Jorge William / Agência O Globo)
E o coordenador admite que, assim, fica mesmo mais complicado conquistar títulos. Mas a ideia, segundo ele, é essa. É um projeto a médio e longo prazo.
- Fica mais difícil de ganhar título, mas também temos convicção que, ao longo do tempo, as categorias mais novas vão chegar ao nível de suprir. Por isso eu falo da linha de produção. Nossa sub-18 do ano que vem é uma equipe que joga junto desde a sub-15, então (os jogadores) já vão estar três anos juntos - justifica.
Com o fim do ano se aproximando, o departamento de formação já avalia, junto com o profissional, quais atletas poderão integrar o grupo principal na pré-temporada de 2015. Ainda não há um número definido de jogadores que poderão subir e participar do período de treinamentos.
- Estamos agora vislumbrando jogadores que podem integrar a pré-temporada profissional. Não tem um número, isso vai da comissão técnica, mas fica na base de 10 a 15 disponíveis por ano.
META: 70% DO GRUPO SER DA BASE
O setor de captação continua o trabalho de observação de novos atletas. No momento, não há nenhuma negociação com um grande nome, segundo Chávare. Mas houve aquisições recentes, como o jovem Ty, um meia sul-africano que já passou pelo São Paulo
- Recém trouxemos dois jogadores, o Dener, meia do Coritiba, e o Ty, sul-africano. Temos um monitoramento muito agressivo - salienta.
Além deles, o Grêmio recentemente avaliou o volante Warian Santos, conhecido como Ameixa, do Remo. A contratação estava perto de ser fechada, até a publicação desta reportagem. O jovem, de 18 anos, foi um dos destaques da Copa Norte Sub-20. O clube do Pará até tentou renovar com o atleta, mas ele preferiu o Tricolor gaúcho.
Com a aposta na base, que vem recebendo maior atenção, Chávare acredita que o planejamento de ampliar o número de atletas formados no clube no grupo profissional será alcançado. O presidente Fábio Koff, após assumir a presidência para o mandato do biênio 2013/2014, projetou para 2016 até 70% do elenco com essa característica.
- Em 2012, 15% do elenco era de jogadores da base, atualmente estamos com 50% de jogadores da base ou trazidos pela base com idade de base, e isso é importante. Estamos trazendo jogadores novos. Quanto mais os jogadores subirem do próprio Grêmio, mais eles vão entender o que é o Grêmio.
Chávare avalia, em seu último ano de vínculo com o clube, que o trabalho tem sido satisfatório. O contrato com o Grêmio se encerra em dezembro.
- Temos que deixar um legado para o clube. Nós vamos passar, e vai ficar o método, o modelo, para que possa ter sequência - disse. - Os resultados são muito satisfatórios. A gente percebeu que todo mundo entendeu a ideia, então a gente fica seguro em fazer o trabalho.
Ty foi escolhido o melhor jogador de uma competição no São Paulo (Foto: Divulgação/saopaulofc.net)
VEJA TAMBÉM
- Lesão detectada e reforços apresentados: atualizações do Grêmio no futebol.
- Fluminense demonstra interesse em destaque do Grêmio para temporada de 2025
- Gurias gremistas se preparam para clássico decisivo no Gauchão Feminino
O que já era decantado como trunfo pela direção na campanha da eleição presidencial e vem ganhando respaldo com as escolhas de Felipão e por convocações de seleções agora está se transformando em taça no armário. Nos últimos meses, a base tricolor virou a menina dos olhos do clube. Não é para menos. Dezoito anos depois, o Grêmio volta a conquistar no mesmo ano os títulos estaduais das categorias sub-17 e sub-20.
O grupo mais novo não erguia a taça há cinco anos, enquanto o mais experiente havia tornado-se campeão pela última vez sete anos atrás. Foram longos períodos sem comemorações no Rio Grande do Sul, até que a primeira evolução do novo trabalho de formação de atletas apresentasse os resultados práticos dentro de campo. O GloboEsporte.com ouviu o coordenador da base Junior Chávare para esmiuçar os motivos que fizeram os jovens do Grêmio ressurgirem no cenário estadual. Alguns números apresentados por Chávare, além dessas conquistas, são relevantes: como o aumento de 70% em convocações desde 2012 (na gestão anterior) e o fato de que 50% de atletas do elenco principal foram da base. E a meta é elevar a quantidade para 70% em mais dois anos.
Foi em janeiro do ano passado que o profissional do interior de São Paulo, que tem 47 anos e atua no futebol desde 1990, chegou ao Grêmio. O objetivo era investir em uma integração maior entre base e profissional, utilizando o mesmo modelo de trabalho desde a categoria mais jovem até o grupo principal. Dentro de tudo isso, foi planejada uma estrutura que pudesse sustentar os projetos e fazê-los gerar resultados. Vieram, e antes do esperado, como conta o coordenador.
- Nosso planejamento era colher resultados desse tipo a partir do terceiro para o quarto ano de trabalho. Fizemos um planejamento de seis anos na evolução no departamento de formação. Estamos antecipando uma parte dessa colheita, e o ano sequer acabou - comemora Chávare, em entrevista ao GloboEsporte.com.
No fim de semana dos dias 11 e 12 de outubro, o Grêmio foi campeão estadual sub-17 batendo o Inter na final, no sábado, e o time sub-20 conquistou o Gaúcho da categoria no domingo, sobre o São José. Resultados que foram elogiados até pela oposição, durante a campanha da eleição presidencial, que acabou mantendo a situação no poder, com Romildo Bolzan Júnior. E mais: Felipão terminou o último jogo, no 0 a 0 com o Goiás, com cinco garotos no time e, ao final do confronto, afirmou será pelo talento deles a salvação das finanças tricolores.
Junior Chávare, coordenador da base do Grêmio (Foto: Tatiana Lopes/GloboEsporte.com)
> Confira os principais trechos da conversa:
NOVO PERFIL, GARIMPO E EDUCAÇÃO
Uma das principais mudanças citadas por Chávare foi no perfil de atleta buscado para reforçar os grupos de base.
- Ao longo dessas últimas décadas, o perfil de atleta e de jogo que o Grêmio propunha era muito de força física, de embate. Nos preocupamos em mudar o perfil. Não o espírito e a competitividade, mas sim o método, o estilo de jogar. Isso vai trazendo os resultados, que vieram antes do esperado.
De acordo com Chávare, ainda há preferência por atletas altos e de maior vigor físico para o gol e para a zaga. Nas demais posições, essa questão não é a de maior importância. O necessário é saber jogar.
- Quando trouxemos o Ramiro para a base, fui motivo de chacota, porque era um jogador que nunca iria jogar no Grêmio. E hoje, entra e sai técnico, o Ramiro joga. Ele não tem porte físico, mas sabe jogar. Qual perfil que o Grêmio precisa? O bom - justifica.
O setor de captação de atletas é o principal da base. Foi essa a experiência que Chávare adquiriu na trajetória profissional. Junto com ele, levou ao Grêmio um banco de dados com cerca de três mil atletas, dos quais foram selecionados cerca de 350 para que fossem monitorados.
Segundo o diretor, jogadores são observados em todas as séries do futebol brasileiro e em todos os estaduais e campeonatos gaúchos de todas as divisões de base.
- Dentro da mudança de perfil, 75% de jogadores que trouxemos para a base são do Sul do Brasil - aponta Chávare, destacando que as diferenças culturais também são observadas - Vem Luan de São Paulo, Everton de Fortaleza, mas a maioria é daqui.
Walace estreou em Gre-Nal e costuma ser titular com Felipão (Foto: Lucas Uebel/Grêmio, Divulgação)
Além do que os garotos podem apresentar dentro de campo, há também o cuidado com o desempenho fora dele. Todos os atletas são acompanhados na escola e, dentro do clube, vivenciam uma estrutura que conta com especialistas desde psicólogos a nutricionistas para alcançarem a formação como jogador e como cidadão.
Os jovens têm contato, por exemplo, com palestras sobre gestão financeira, uma segunda língua, doenças sexualmente transmissíveis. Também são instigados a conhecer jogos pedagógicos e lúdicos sugeridos para cada posição exercida no campo, o que ajuda, segundo Chávare, a exercitar o que é mais importante para cada atleta. As ações extracampo também mostram resultado.
- Fechamos 2012 com 45% de repetência escolar, e em 2013 fechamos com 5%. Isso passa pela mudança - afirma.
INTEGRAÇÃO COM PROFISSIONAL E SELEÇÃO
Soma-se a isso a integração da base com o profissional. Um trabalho "mais vertical", como define o diretor. As conversas e trocas de informações com a direção executiva e a comissão técnica, até com o presidente, são frequentes. Sempre que algum garoto chama atenção do técnico Luiz Felipe Scolari, sobe para o grupo profissional para um período de transição. Já passaram por ele, recentemente, nomes como Ronan, Erik, Nicolas Careca e Walace - este último um constante titular, como fora diante do Goiás. Todo o trabalho desenvolvido, como frisa Chávare, permite que os jovens cheguem ao profissional muito mais perto do que se deseja.
As últimas três convocações para seleções de base ocorreram na categoria sub-15, com três atletas. Sub-17 e Sub-20 também têm jogadores chamados com frequência. Luan, que já é do grupo profissional do Grêmio, é um dos destaques do técnico Alexandre Gallo na seleção sub-21. Tem sete jogos e sete gols. Convocações que se estenderam, neste ano, ao elenco principal do Brasil, com o goleiro Marcelo Grohe - formado no clube tricolor.
- Devemos estar com algo em torno de 70% mais convocações nestes dois anos, em relação aos dois últimos, em todas as categorias. Não é pejorativo à gestão passada, ao ano anterior, nada disso. Aqui não tem esse conceito de menosprezar o que passou. A gente quer é melhorar, e isso mostra a evolução - argumenta Chávare. - Temos convocados em todas as categorias da seleção, e a sub-20 tem uma média de três a quatro jogadores chamados. Mas mais do que meramente a convocação do atleta, é o reconhecimento do trabalho que está sendo feito.
Se o aproveitamento de convocações para as seleções de base é bom, o Grêmio ainda trabalha para evoluir no cenário das competições nacionais. Ficou com o vice no Brasileiro e na Copa do Brasil Sub-17, disputa a Copa do Brasil e ainda jogará o Brasileiro Sub-20.
Conforme Chávare, é nos campeonatos nacionais que se encontram as principais dificuldades. Ele explica o motivo.
- Talvez seja onde mais tenhamos o risco. Aproveito muito os nacionais, os mais fortes, para dar experiência aos atletas. Aí me perguntam: mas não é melhor ganhar nacional do que estadual? A preocupação é formar. Os nacional são em épocas atípicas, a Taça BH é no meio do ano, a Copa São Paulo é no início. No início, em vez de levarmos o time cheio, a maior parte está com o grupo principal na pré-temporada, disponível para iniciar o Gaúcho com o profissional. A BH é a mesma coisa, sempre temos vários campeonatos em disputa no meio do ano, e precisamos servir ao profissional. Nossa política nos nacionais é mandar as equipes mais novas possíveis.
Luan comemora gol do Brasil contra o Estados Unidos na seleção sub-21 (Foto: Jorge William / Agência O Globo)
E o coordenador admite que, assim, fica mesmo mais complicado conquistar títulos. Mas a ideia, segundo ele, é essa. É um projeto a médio e longo prazo.
- Fica mais difícil de ganhar título, mas também temos convicção que, ao longo do tempo, as categorias mais novas vão chegar ao nível de suprir. Por isso eu falo da linha de produção. Nossa sub-18 do ano que vem é uma equipe que joga junto desde a sub-15, então (os jogadores) já vão estar três anos juntos - justifica.
Com o fim do ano se aproximando, o departamento de formação já avalia, junto com o profissional, quais atletas poderão integrar o grupo principal na pré-temporada de 2015. Ainda não há um número definido de jogadores que poderão subir e participar do período de treinamentos.
- Estamos agora vislumbrando jogadores que podem integrar a pré-temporada profissional. Não tem um número, isso vai da comissão técnica, mas fica na base de 10 a 15 disponíveis por ano.
META: 70% DO GRUPO SER DA BASE
O setor de captação continua o trabalho de observação de novos atletas. No momento, não há nenhuma negociação com um grande nome, segundo Chávare. Mas houve aquisições recentes, como o jovem Ty, um meia sul-africano que já passou pelo São Paulo
- Recém trouxemos dois jogadores, o Dener, meia do Coritiba, e o Ty, sul-africano. Temos um monitoramento muito agressivo - salienta.
Além deles, o Grêmio recentemente avaliou o volante Warian Santos, conhecido como Ameixa, do Remo. A contratação estava perto de ser fechada, até a publicação desta reportagem. O jovem, de 18 anos, foi um dos destaques da Copa Norte Sub-20. O clube do Pará até tentou renovar com o atleta, mas ele preferiu o Tricolor gaúcho.
Com a aposta na base, que vem recebendo maior atenção, Chávare acredita que o planejamento de ampliar o número de atletas formados no clube no grupo profissional será alcançado. O presidente Fábio Koff, após assumir a presidência para o mandato do biênio 2013/2014, projetou para 2016 até 70% do elenco com essa característica.
- Em 2012, 15% do elenco era de jogadores da base, atualmente estamos com 50% de jogadores da base ou trazidos pela base com idade de base, e isso é importante. Estamos trazendo jogadores novos. Quanto mais os jogadores subirem do próprio Grêmio, mais eles vão entender o que é o Grêmio.
Chávare avalia, em seu último ano de vínculo com o clube, que o trabalho tem sido satisfatório. O contrato com o Grêmio se encerra em dezembro.
- Temos que deixar um legado para o clube. Nós vamos passar, e vai ficar o método, o modelo, para que possa ter sequência - disse. - Os resultados são muito satisfatórios. A gente percebeu que todo mundo entendeu a ideia, então a gente fica seguro em fazer o trabalho.
Ty foi escolhido o melhor jogador de uma competição no São Paulo (Foto: Divulgação/saopaulofc.net)
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