Homero Bellini, candidato a presidência do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
Uma parceria entre clube e torcida. É o que defende como prioridade Homero Bellini Júnior, candidato da oposição pela segunda vez à presidência do Grêmio, agora para o biênio 2015/16. Em conversa de 20 minutos com o GloboEsporte.com, concedida no escritório de advocacia onde trabalha em Porto Alegre, o advogado e jornalista de 48 anos colocou o aumento do quadro social para 200 mil torcedores como um dos caminhos para a solução financeira.
Durante a entrevista, Bellini criticou a falta de convicção da atual diretoria em termos de futebol. Na mesma linha, acha que o clube não evoluiu em termos de "profissionalismo" e lamentou a falta de vitórias em Gre-Nais (a última foi em 2012, ainda na gestão de Paulo Odone) e conquista de títulos. Por isso, defende a época de mudanças.
- É preciso ganhar Gre-Nal e depois ir atrás do resto. São 13 anos sem um título relevante. Precisamos começar a ganhar. Tenho convicção de que essa é a hora de se fazer uma mudança. É o momento de reforma, de renovação - frisa.
Sócio desde 1980, passou a ser conselheiro do Grêmio em 1995. Já foi diretor jurídico do clube em gestões anteriores. Homero é casado com Flávia e pai de Bárbara, de 15 anos, e Amanda, de 18, com quem costuma ir aos jogos. Concorre pela chapa 5, na qual tem Antônio Carlos Maineri como vice de futebol. As eleições ocorrem a partir das 9h de sábado no pátio da Arena.
Confira como foi a entrevista e conheça as ideias de Homero:
GloboEsporte.com – Como foi o processo para se tornar postulante à presidência do Grêmio pela segunda vez?
Homero Bellini – Eu diria que foi uma sequência natural. Você vai se tornando uma liderança e as coisas te conduzem para isso. Em 2004, tínhamos um grupo de amigos que chamávamos de G-8. Sempre juntos, éramos como irmãos que se reuniam naquela situação terrível do Grêmio caindo para a segunda divisão. Esse núcleo foi o embrião do surgimento do Movimento Grêmio Independente (MGI), que surgiu em outubro de 2004, já com um número maior de pessoas. Na época, lançamos Antônio Vicente Martins como candidato a presidente em 2004, em eleição com Paulo Odone e Adalberto Preis, mas não passamos na cláusula de barreira do conselho deliberativo. Ao longo do tempo, o MGI se consolidou e, hoje, temos a maior bancada com 73 conselheiros. Criei um espaço de liderança dentro do movimento e ganhei a confiança dos companheiros. A minha candidatura em 2012 me colocou na mídia e me deu espaço para colocar as ideias do grupo. Ao contarmos com candidato neste ano, virou uma circunstância natural que eu seria o indicado.
Por que deseja ser presidente do Grêmio para o biênio 2014/15?
Estou em um momento pessoal e profissional de maturidade. Estou preparado e tranquilo. Nós nos qualificamos muito. Estou amparado por três movimentos muito fortes, o Grêmio Menino Deus, que conta com juízes, promotores e desembargadores, o Nação Tricolor, que envolve pessoal do Interior e de outros estados, além do MGI, que já tem dez anos e terá candidato próprio pela quarta vez de forma independente, sem o apoio de nenhum cacique. Mais do que isso, tenho ao meu lado um projeto efetivo de gestão. Um plano factível, que não é mágico, mas que realmente estudou o Grêmio. Foram mais de 100 pessoas divididas em comissões. Já tínhamos um projeto em 2008, o melhoramos para 2012, e entramos de cabeça nisso deste então. Nos qualificamos, trouxemos pessoas, participamos de congresso. Não é uma aventura. Realmente estamos preparados.
Como você vivencia o Grêmio?
Sempre fui de ir a todos os jogos. O meu primeiro foi em 1975, vitória do Grêmio sobre o América-RJ. Minha vida ligada ao Grêmio é meio estranha. Nasci em uma época em que o clube só perdia. Na minha turma era de 30 alunos, com 27 colorados e três gremistas. Mesmo assim, eu era um gremista fanático. Comecei a ir ao futebol com primos. As pessoas perguntavam se eu iria nos jogos e eu respondia: “se chover, molha. Não precisa me perguntar isso porque vou a todos os jogos”. Claro que, quando se amadurece, você consegue controlar um pouco melhor alguns impulsos do fanatismo. Mas continuo sendo o mesmo gremista, aquele que chora quando o time ganha ou perde. É um envolvimento muito forte.
Caso você vença a eleição, qual será a prioridade?
Diria que é necessário alavancar receita. Isso não é possível sem a parceria do torcedor ao lado. O primeiro projeto é buscar a parceria com o torcedor, de verdade. Acarinhar o torcedor, fazer planos de sócios que gerem benefícios. Ele quer ajudar o clube, é um apaixonado. Se souber que tem benefício de qualquer natureza, a tendência de se associar naturalmente é muito maior.
O número que eu sonharia é 200 mil sócios pata o Grêmio. É extremamente ambicioso. Para alcançar, precisaríamos de ao menos quatro anos de gestão. Mas somente é possível alavancar sócios com um binômio entre benefícios e vitórias.
Como melhorar o retrospecto dentro de campo a ponto de fazer o clube voltar a ter vitórias e conquistar títulos?
Com convicção em futebol. Essa gestão teve quatro treinadores e nenhum deles têm nada a ver com o outro. O modo de eles enxergarem futebol não tem nenhuma identidade. Para mim, denota falta de convicção. Tenho convicção de que o treinador é o fulano. É com ele que eu vou montar a estrutura de time. Vou buscar o plantel em cima das características de jogadores que eu quero. Não vou trazer o cara porque ele está sobrando no mercado e fazer depósito de jogador. As contratações precisam ser em cima do perfil com cara de Grêmio. Que tenha qualidade, entrega, garra e noção do que significa perder Gre-Nal, o quanto dói para a torcida. Não se pode perder um Gre-Nal por 4 a 1 (Gauchão deste ano) e sair trocando a camiseta com o time adversário. Aqui não é assim que funciona. Quero um time qualificado, extremamente competitivo, que tenha um plantel em cima do que a gente busca. Um grupo que tenha jogadores tops de linha, muitos oriundos da base, além de outros tantos garimpados nos mais variados mercados. Queremos jogadores que busquem algo a mais, como aquele Grêmio de 1995, que trouxe jogadores que desejavam conquistas.
Como trabalhar com Felipão para que ele esteja ao lado da campanha de vocês?
O Felipão é um profissional, um cara ganhador. Já passou por tudo, tem vivência no Exterior. Duvido que seja um cara vinculado a gestões. Não se trata de um treinador de determinada diretoria, é o treinador da instituição Grêmio. Ele vai trabalhar conosco com a maior tranquilidade, tenho certeza disso. É um comandante que coloca no time dele a cara do Grêmio. Todos os times que foram campeões tinham essa identidade aguerrida, com qualidade e indignação com a derrota. O Felipão consegue isso.
O que pensa em termos de futebol, já projeta plantel para a próxima temporada?
Claro que a gente pensa em plantel, mas não vamos falar de plantel. É uma questão de respeito com quem está lá. Ganhando a eleição, vou entrar no vestiário no dia 2 e janeiro e encontrarei esse grupo. Não há nenhum sentido, como fez a atual gestão, falar que o Grêmio precisa contratar cinco jogadores. Acho um equívoco projetar isso.
O que é preciso mudar da gestão atual?
Acho que há muita coisa a mudar. Eu diria que o melhor resultado dessa gestão é em cima das categorias de base. Acho que nos últimos oito meses o trabalho com os garotos tem sido muito bem feito. Está oferecendo jogadores de qualidade ao grupo profissional e está conseguindo títulos. Isso é elogiável. Não fazemos política de que tudo é ruim. Todo trabalho bem feito terá seguimento. No mais, vejo muitos problemas administrativos. Acho que é uma gestão que involuiu no profissionalismo. Comprou o software SAP, que é uma ferramenta muito boa, mas de nada adianta se não tiver pessoas competentes o suficiente para instalar e saber manusear o programa. O futebol foi muito mal. Foram sete competições sem ganhar nada. Não ganhamos um Gre-Nal sequer. Gastamos cerca de R$ 250 milhões no futebol em 20 meses sem ganhar nada. É óbvio que vejo muitos equívocos. Acho que o marketing fez muito pouco para uma torcida apaixonada. O Grêmio não se comunica e não valoriza o torcedor. Teremos muito trabalho.
Homero Bellini reuniu sócios e torcedores na Arena na quarta-feira (Foto: Júlia Resende / DVG)
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Uma parceria entre clube e torcida. É o que defende como prioridade Homero Bellini Júnior, candidato da oposição pela segunda vez à presidência do Grêmio, agora para o biênio 2015/16. Em conversa de 20 minutos com o GloboEsporte.com, concedida no escritório de advocacia onde trabalha em Porto Alegre, o advogado e jornalista de 48 anos colocou o aumento do quadro social para 200 mil torcedores como um dos caminhos para a solução financeira.
Durante a entrevista, Bellini criticou a falta de convicção da atual diretoria em termos de futebol. Na mesma linha, acha que o clube não evoluiu em termos de "profissionalismo" e lamentou a falta de vitórias em Gre-Nais (a última foi em 2012, ainda na gestão de Paulo Odone) e conquista de títulos. Por isso, defende a época de mudanças.
- É preciso ganhar Gre-Nal e depois ir atrás do resto. São 13 anos sem um título relevante. Precisamos começar a ganhar. Tenho convicção de que essa é a hora de se fazer uma mudança. É o momento de reforma, de renovação - frisa.
Sócio desde 1980, passou a ser conselheiro do Grêmio em 1995. Já foi diretor jurídico do clube em gestões anteriores. Homero é casado com Flávia e pai de Bárbara, de 15 anos, e Amanda, de 18, com quem costuma ir aos jogos. Concorre pela chapa 5, na qual tem Antônio Carlos Maineri como vice de futebol. As eleições ocorrem a partir das 9h de sábado no pátio da Arena.
Confira como foi a entrevista e conheça as ideias de Homero:
GloboEsporte.com – Como foi o processo para se tornar postulante à presidência do Grêmio pela segunda vez?
Homero Bellini – Eu diria que foi uma sequência natural. Você vai se tornando uma liderança e as coisas te conduzem para isso. Em 2004, tínhamos um grupo de amigos que chamávamos de G-8. Sempre juntos, éramos como irmãos que se reuniam naquela situação terrível do Grêmio caindo para a segunda divisão. Esse núcleo foi o embrião do surgimento do Movimento Grêmio Independente (MGI), que surgiu em outubro de 2004, já com um número maior de pessoas. Na época, lançamos Antônio Vicente Martins como candidato a presidente em 2004, em eleição com Paulo Odone e Adalberto Preis, mas não passamos na cláusula de barreira do conselho deliberativo. Ao longo do tempo, o MGI se consolidou e, hoje, temos a maior bancada com 73 conselheiros. Criei um espaço de liderança dentro do movimento e ganhei a confiança dos companheiros. A minha candidatura em 2012 me colocou na mídia e me deu espaço para colocar as ideias do grupo. Ao contarmos com candidato neste ano, virou uma circunstância natural que eu seria o indicado.
Por que deseja ser presidente do Grêmio para o biênio 2014/15?
Estou em um momento pessoal e profissional de maturidade. Estou preparado e tranquilo. Nós nos qualificamos muito. Estou amparado por três movimentos muito fortes, o Grêmio Menino Deus, que conta com juízes, promotores e desembargadores, o Nação Tricolor, que envolve pessoal do Interior e de outros estados, além do MGI, que já tem dez anos e terá candidato próprio pela quarta vez de forma independente, sem o apoio de nenhum cacique. Mais do que isso, tenho ao meu lado um projeto efetivo de gestão. Um plano factível, que não é mágico, mas que realmente estudou o Grêmio. Foram mais de 100 pessoas divididas em comissões. Já tínhamos um projeto em 2008, o melhoramos para 2012, e entramos de cabeça nisso deste então. Nos qualificamos, trouxemos pessoas, participamos de congresso. Não é uma aventura. Realmente estamos preparados.
Como você vivencia o Grêmio?
Sempre fui de ir a todos os jogos. O meu primeiro foi em 1975, vitória do Grêmio sobre o América-RJ. Minha vida ligada ao Grêmio é meio estranha. Nasci em uma época em que o clube só perdia. Na minha turma era de 30 alunos, com 27 colorados e três gremistas. Mesmo assim, eu era um gremista fanático. Comecei a ir ao futebol com primos. As pessoas perguntavam se eu iria nos jogos e eu respondia: “se chover, molha. Não precisa me perguntar isso porque vou a todos os jogos”. Claro que, quando se amadurece, você consegue controlar um pouco melhor alguns impulsos do fanatismo. Mas continuo sendo o mesmo gremista, aquele que chora quando o time ganha ou perde. É um envolvimento muito forte.
Caso você vença a eleição, qual será a prioridade?
Diria que é necessário alavancar receita. Isso não é possível sem a parceria do torcedor ao lado. O primeiro projeto é buscar a parceria com o torcedor, de verdade. Acarinhar o torcedor, fazer planos de sócios que gerem benefícios. Ele quer ajudar o clube, é um apaixonado. Se souber que tem benefício de qualquer natureza, a tendência de se associar naturalmente é muito maior.
O número que eu sonharia é 200 mil sócios pata o Grêmio. É extremamente ambicioso. Para alcançar, precisaríamos de ao menos quatro anos de gestão. Mas somente é possível alavancar sócios com um binômio entre benefícios e vitórias.
Como melhorar o retrospecto dentro de campo a ponto de fazer o clube voltar a ter vitórias e conquistar títulos?
Com convicção em futebol. Essa gestão teve quatro treinadores e nenhum deles têm nada a ver com o outro. O modo de eles enxergarem futebol não tem nenhuma identidade. Para mim, denota falta de convicção. Tenho convicção de que o treinador é o fulano. É com ele que eu vou montar a estrutura de time. Vou buscar o plantel em cima das características de jogadores que eu quero. Não vou trazer o cara porque ele está sobrando no mercado e fazer depósito de jogador. As contratações precisam ser em cima do perfil com cara de Grêmio. Que tenha qualidade, entrega, garra e noção do que significa perder Gre-Nal, o quanto dói para a torcida. Não se pode perder um Gre-Nal por 4 a 1 (Gauchão deste ano) e sair trocando a camiseta com o time adversário. Aqui não é assim que funciona. Quero um time qualificado, extremamente competitivo, que tenha um plantel em cima do que a gente busca. Um grupo que tenha jogadores tops de linha, muitos oriundos da base, além de outros tantos garimpados nos mais variados mercados. Queremos jogadores que busquem algo a mais, como aquele Grêmio de 1995, que trouxe jogadores que desejavam conquistas.
Como trabalhar com Felipão para que ele esteja ao lado da campanha de vocês?
O Felipão é um profissional, um cara ganhador. Já passou por tudo, tem vivência no Exterior. Duvido que seja um cara vinculado a gestões. Não se trata de um treinador de determinada diretoria, é o treinador da instituição Grêmio. Ele vai trabalhar conosco com a maior tranquilidade, tenho certeza disso. É um comandante que coloca no time dele a cara do Grêmio. Todos os times que foram campeões tinham essa identidade aguerrida, com qualidade e indignação com a derrota. O Felipão consegue isso.
O que pensa em termos de futebol, já projeta plantel para a próxima temporada?
Claro que a gente pensa em plantel, mas não vamos falar de plantel. É uma questão de respeito com quem está lá. Ganhando a eleição, vou entrar no vestiário no dia 2 e janeiro e encontrarei esse grupo. Não há nenhum sentido, como fez a atual gestão, falar que o Grêmio precisa contratar cinco jogadores. Acho um equívoco projetar isso.
O que é preciso mudar da gestão atual?
Acho que há muita coisa a mudar. Eu diria que o melhor resultado dessa gestão é em cima das categorias de base. Acho que nos últimos oito meses o trabalho com os garotos tem sido muito bem feito. Está oferecendo jogadores de qualidade ao grupo profissional e está conseguindo títulos. Isso é elogiável. Não fazemos política de que tudo é ruim. Todo trabalho bem feito terá seguimento. No mais, vejo muitos problemas administrativos. Acho que é uma gestão que involuiu no profissionalismo. Comprou o software SAP, que é uma ferramenta muito boa, mas de nada adianta se não tiver pessoas competentes o suficiente para instalar e saber manusear o programa. O futebol foi muito mal. Foram sete competições sem ganhar nada. Não ganhamos um Gre-Nal sequer. Gastamos cerca de R$ 250 milhões no futebol em 20 meses sem ganhar nada. É óbvio que vejo muitos equívocos. Acho que o marketing fez muito pouco para uma torcida apaixonada. O Grêmio não se comunica e não valoriza o torcedor. Teremos muito trabalho.
Homero Bellini reuniu sócios e torcedores na Arena na quarta-feira (Foto: Júlia Resende / DVG)
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