Ponteiro do seleção sub-22 explica "duelo Gre-Nal" na escolha do nome

Renan Santos, do Mogi, torce pelo Grêmio e por pouco não teve nome de ídolo (Foto: Cairo Barros)

Ele começou cedo a carreira no vôlei, atualmente joga pelo time de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, e está com a seleção brasileira sub-22 da modalidade, mas passou perto de carregar no nome uma homenagem a um ídolo de outro esporte. Gremista por influência da mãe e do irmão, Renan Pereira dos Santos, que estreou com vitória no Sul-Americano sub-22 pelo Brasil nesta quarta-feira, seria “Renato” em referência a um dos maiores ídolos da história do Grêmio, o que não aconteceu por pouco.

- Minha mãe queria um nome que começasse com a letra “R”. Meu irmão sugeriu Renato por causa do Renato Gaúcho. Mas meu pai, que torcia para o Internacional, não deixou. Aí fiquei como Renan mesmo – disse o atleta do Mogi, sorrindo ao relembrar do “impasse” na época de seu nascimento.

A decisão do nome seria apenas o primeiro de muitos capítulos que marcariam a vida do ponteiro do Mogi, que confessa a preferência pelo futebol na infância, principalmente porque não esperava um dia alcançar os atuais 2,03m. Mas Renan começou a ver a vida de cima antes de chegar a essa altura. Mesmo sem ter completado 18 anos, o jovem deixou o Rio Grande do Sul e pegou um voo para São Paulo, onde defendeu o Sesi-SP por dois anos.

PERDA

Antes disso, um duro golpe. Aos 15 anos, Renan perdeu o pai, vítima de enfisema pulmonar. Na época ele jogava pela Sogipa, clube de Porto Alegre onde começou a sua carreira e pelo qual disputou as primeiras competições da vida. O ocorrido fez com que Renan repensasse a ainda precoce carreira de atleta.

- Passou pela minha cabeça parar e me apegar aos estudos, porque com o vôlei não tinha muito tempo de ficar com a minha mãe. Mesmo assim eu segui treinando, sempre com isso na cabeça. Mas eu olhava para os meus amigos que jogavam comigo e não conseguia parar. Ainda mais porque naquela época eu era um jogador importante para o time, então segui em frente – comentou.

CARREIRA EM MOGI DAS CRUZES

Aos poucos Renan colhe os frutos dessa decisão de ter continuado nas quadras. O jovem ponteiro de 20 anos chegou a Mogi das Cruzes no início deste ano como reforço da equipe sub-21 da cidade e de lá até aqui já conseguiu importantes resultados. O principal deles foi o título dos Jogos Regionais de Caraguatatuba, onde Mogi conseguiu vitórias contra times que disputarão a Superliga, como São José dos Campos e Taubaté. A equipe ainda foi vice-campeã da Copa São Paulo da categoria, derrotada pelo Sesi-SP na final.

Deitado no canto direito, Renan comemora título dos Regionais de 2014 sobre Taubaté (Foto: Reprodução/Facebook)

- No ano passado o time já foi muito bem, e neste ano está ainda melhor. Essa nossa boa fase se deve aos treinos e à organização, que melhorou muito. O Nilson (Amaro, coordenador da equipe) e o Éder (Sousa, técnico) sempre se preocupam em melhorar nossas condições de trabalho. O Éder é um cara que dentro de quadra exige muito, mas fora é um amigo para nós – disse o atleta.

Renan ainda comentou sobre a possibilidade de Mogi contar com um time profissional. Por enquanto, essa é apenas uma ideia futura cultivada pelos principais responsáveis pelo projeto. Mesmo assim, ele se mostra otimista.

- Acredito muito que um dia podemos ter um time adulto em Mogi. Técnico bom nós temos. Vontade também não falta. Se acontecer de a equipe profissional ser formada, eu aceitaria numa boa ficar aqui em Mogi das Cruzes para defender a cidade – falou.


Nas horas vagas, Renan se diverte com os jogos em frente ao computador (Foto: Cairo Barros)

A milhares de quilômetros de Porto Alegre, Renan mora em um alojamento ao lado dos demais jogadores do time mogiano no bairro da Vila Natal, em Mogi. A saudade da família, especialmente da mãe, Nilza, da qual admite ainda sentir muita falta, ele tenta amenizar através dos jogos de computador, que são um hobby do “gigante” de 2,03m, e também da conversa com os amigos.

- É difícil. Essa semana toda eu passei com muita saudade da minha mãe. Eu tento me apegar às outras pessoas, como meus amigos. Tento sempre estar junto com eles, pedindo apoio. É dessa forma que tento amenizar essa distância. Espero logo ter uma folga para visitá-la – comentou.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Renan Santos vôlei Mogi das Cruzes Sesi-SP (Foto: Cauê Maldonado)

Porém, esse tempo livre para viajar para sua cidade-natal Renan não tem há um bom tempo. Isso porque o jogador do Mogi foi convocado para a seleção brasileira sub-22, que desde setembro realizou uma série de treinamentos visando à disputa do Campeonato Sul-Americano, iniciado nesta quarta-feira. A notícia da convocação pegou Renan de surpresa, mesmo com seu bom desempenho em Mogi das Cruzes.

- Fiquei sabendo quando tinha acabado de chegar do treino. Não tinha treinado muito bem, então estava de cabeça baixa, conversando com a minha namorada pelo celular. Aí recebi uma mensagem do meu procurador me parabenizando pela convocação. Não esperava. Logo já liguei para minha mãe, avisei minha namorada, meus companheiros de time – relembrou o jogador.

Essa é a terceira convocação do atleta para a seleção brasileira de base. Defendendo a amarelinha pela equipe sub-20, Renan chegou a ser campeão sul-americano. Com a nova oportunidade, o jogador pretende não só crescer individualmente, mas também trazer um pouco dessa experiência para o time do técnico Éder Sousa.

À esquerda com a camisa 13, Renan foi campeão Sul-Americano com a seleção (Foto: Arquivo Pessoal / Renan Santos)

- Tudo o que os técnicos falam eu busco assimilar. Vou absorver tudo o que puder. Só quero crescer. É uma grande oportunidade para eu melhorar meu jogo e ajudar meus companheiros aqui em Mogi na volta a ganhar o título paulista – afirmou o ponteiro.

Títulos com Mogi das Cruzes, convocações para a seleção brasileira, reconhecimento profissional. Tudo isso, sem dúvida, faz parte dos planos do jovem jogador. Mas, ao ser perguntado sobre o seu maior sonho, Renan não pensa duas vezes. A exemplo do que aconteceu em vários momentos da entrevista, ele se lembra da mãe, que pode até ter perdido a "batalha" ao escolher o nome do filho, mas que tem no jovem ponteiro do Mogi um grande amigo.

- Como pessoa, meu sonho é sempre ajudar minha mãe. É o que está lá no topo dos meus ideais. Quero sempre retribuir tudo o que ela me deu até agora.

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