Lance de pênalti não marcado em Goiás x Fla também é polêmico (Foto: Reprodução/TV Globo)
A nova orientação transmitida pela CBF aos árbitros e auxiliares para ajudá-los nos lances duvidosos em que a bola bate na mão ou no braço do jogador vem gerando polêmica desde que foi colocada em prática. Na rodada do último fim de semana, por exemplo, o pênalti cometido pelo zagueiro Antônio Carlos, do São Paulo, na partida contra o Corinthians, provocou bastante discussão. Para muitos, o atleta do Tricolor paulista não teve qualquer intenção de pôr a mão na bola. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira, contudo, seguiu a nova determinação e marcou penalidade para o Timão.
A diretriz acerca da "mão na bola" foi publicada no site da CBF, e a Comissão Nacional de Arbitragem disponibiliza instrutores para esclarecer as dúvidas dos clubes sobre esse assunto e outras questões. A recomendação "une a mão intencional com o toque teoricamente não proposital e intensifica as marcações de infrações, mas levando em consideração fatores como a distância entre o atleta que tocou na bola e aquele que chutou". Desta forma, extingue-se a interpretação dos árbitros baseada apenas na intenção do jogador em tocar ou não a bola com a mão. A análise passa também a envolver o movimento do atleta. Se o jogador se beneficia da utilização do braço para interceptar ataques adversários, a recomendação é de que a infração seja marcada. A exceção fica por conta dos lances em que o braço está colado ao corpo ou quando o atleta, em movimento natural, não consegue impedir o toque por conta da velocidade ou proximidade da jogada.
Segundo o instrutor e diretor adjunto do pilar técnico da Escola Nacional de Arbitragem da CBF, Manoel Serapião, a Fifa já vinha trabalhando este tema há muito tempo, e mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Na sua opinião, a definição do "movimento antinatural" está um pouco ultrapassada, pois o jogador pode fazer um movimento natural e ainda assim cometer a infração.
- É preciso deixar bem claro que ainda existe a bola na mão que não é faltosa. O critério de interpretação saiu do campo meramente objetivo, quando o árbitro apenas analisava a intenção do jogador ao tocar a bola com a mão para a discussão se o atleta expande a massa física do seu corpo com os braços para impedir a passagem da bola, adquirindo uma vantagem sobre o adversário. No entanto, é possível o jogador estar com o braço aberto e não cometer a infração se num lance muito rápido a bola vier de um ponto bem próximo ao seu, de modo que seja quase impossível para ele evitar o contato da bola com a sua mão ou braço.
Para os defensores desta nova diretriz, a vantagem é poder adotar o mesmo critério para a bola que bate no braço do atacante ou do defensor. Antes, quando a bola batia no braço do atacante, o árbitro normalmente já marcava falta quase que automaticamente. Já quando a bola batia no braço do zagueiro o juiz costumava analisar o aspecto da intenção. Segundo Serapião, como não existe a lei "bateu na mão é falta", o árbitro sempre terá que fazer uso da sua interpretação, o que poderá gerar polêmica, dependendo da sua decisão e da dificuldade do lance. Daí a importância de o juiz ter sensibilidade para conhecer a essência do futebol e assim perceber se o atleta joga deliberadamente a bola no braço do adversário para receber o beneficio da infração.
- Uma coisa é a diretriz que é passada. Outra, completamente diferente, é o árbitro estar em campo tendo que analisar vários outros aspectos e ter que tomar uma decisão numa pequena fração de segundos - disse Serapião.
Entre os dias 25 de agosto e 2 de setembro, foi realizado na Granja Comary, em Teresópolis, um seminário com 70 árbitros e assistentes do quadro nacional de arbitragem. O simpósio foi ministrado pelo instrutor e membro da Comissão de Arbitragem da Fifa, Jorge Larrionda, que abordou vários temas como posicionamento; impedimento; interpretação de jogadas temerárias ou com uso de força excessiva; as chamadas faltas táticas, infrações leves que impedem o ataque da equipe adversária ou uma chance clara de gol; e, sobretudo, a questão envolvendo jogadas nas quais a mão ou o braço é usado de forma deliberada.
Antes da orientação entrar em vigor, foram cometidos 37 pênaltis na Série A do Brasileiro até a 20ª rodada, o que dá uma média de 1,85 por rodada. Já nas últimas três rodadas foram registradas 11 penalidades, com média de 3,7. Segundo Serapião, assim que os jogadores absorverem toda essa nova filosofia, praticarão seus movimentos com mais cuidado, diminuindo o número de lances duvidosos e as controvérsias no futebol.
- Como geralmente acontece com toda inovação, o público e os jogadores, tanto no Brasil como na Europa, ainda não absorveram por completo esta nova orientação. Os próprios árbitros estão enfrentando dificuldades com a nova instrução, pois as informações só são devidamente assimiladas com o passar do tempo e a sequência de jogos.
A orientação não é uma mudança de regra, mas sim uma nova forma de interpretação. Caso fosse uma alteração, Serapião garante que não seria colocada em prática neste momento, com o Campeonato Brasileiro já em andamento. Segundo o diretor adjunto, se a medida não fosse adotada agora, os clubes brasileiros e as seleções de todas as categorias poderiam ser prejudicados ao disputar partidas com arbitragem internacional, que já adota esse tipo de postura.
- A implantação não traz prejuízo para os clubes, pois passou a ser aplicada em todos os jogos e vale para todas as equipes. Claro que erros podem ocorrer, mas todos estão sujeitos a este risco da mesma maneira, sem distinção. Além disso, o árbitro, se não aplicasse na prática desde agora a orientação que recebeu, poderia ficar na dúvida como proceder, ou seja, se com a antiga recomendação ou com a nova postura.
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A nova orientação transmitida pela CBF aos árbitros e auxiliares para ajudá-los nos lances duvidosos em que a bola bate na mão ou no braço do jogador vem gerando polêmica desde que foi colocada em prática. Na rodada do último fim de semana, por exemplo, o pênalti cometido pelo zagueiro Antônio Carlos, do São Paulo, na partida contra o Corinthians, provocou bastante discussão. Para muitos, o atleta do Tricolor paulista não teve qualquer intenção de pôr a mão na bola. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira, contudo, seguiu a nova determinação e marcou penalidade para o Timão.
A diretriz acerca da "mão na bola" foi publicada no site da CBF, e a Comissão Nacional de Arbitragem disponibiliza instrutores para esclarecer as dúvidas dos clubes sobre esse assunto e outras questões. A recomendação "une a mão intencional com o toque teoricamente não proposital e intensifica as marcações de infrações, mas levando em consideração fatores como a distância entre o atleta que tocou na bola e aquele que chutou". Desta forma, extingue-se a interpretação dos árbitros baseada apenas na intenção do jogador em tocar ou não a bola com a mão. A análise passa também a envolver o movimento do atleta. Se o jogador se beneficia da utilização do braço para interceptar ataques adversários, a recomendação é de que a infração seja marcada. A exceção fica por conta dos lances em que o braço está colado ao corpo ou quando o atleta, em movimento natural, não consegue impedir o toque por conta da velocidade ou proximidade da jogada.
Segundo o instrutor e diretor adjunto do pilar técnico da Escola Nacional de Arbitragem da CBF, Manoel Serapião, a Fifa já vinha trabalhando este tema há muito tempo, e mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Na sua opinião, a definição do "movimento antinatural" está um pouco ultrapassada, pois o jogador pode fazer um movimento natural e ainda assim cometer a infração.
- É preciso deixar bem claro que ainda existe a bola na mão que não é faltosa. O critério de interpretação saiu do campo meramente objetivo, quando o árbitro apenas analisava a intenção do jogador ao tocar a bola com a mão para a discussão se o atleta expande a massa física do seu corpo com os braços para impedir a passagem da bola, adquirindo uma vantagem sobre o adversário. No entanto, é possível o jogador estar com o braço aberto e não cometer a infração se num lance muito rápido a bola vier de um ponto bem próximo ao seu, de modo que seja quase impossível para ele evitar o contato da bola com a sua mão ou braço.
Para os defensores desta nova diretriz, a vantagem é poder adotar o mesmo critério para a bola que bate no braço do atacante ou do defensor. Antes, quando a bola batia no braço do atacante, o árbitro normalmente já marcava falta quase que automaticamente. Já quando a bola batia no braço do zagueiro o juiz costumava analisar o aspecto da intenção. Segundo Serapião, como não existe a lei "bateu na mão é falta", o árbitro sempre terá que fazer uso da sua interpretação, o que poderá gerar polêmica, dependendo da sua decisão e da dificuldade do lance. Daí a importância de o juiz ter sensibilidade para conhecer a essência do futebol e assim perceber se o atleta joga deliberadamente a bola no braço do adversário para receber o beneficio da infração.
- Uma coisa é a diretriz que é passada. Outra, completamente diferente, é o árbitro estar em campo tendo que analisar vários outros aspectos e ter que tomar uma decisão numa pequena fração de segundos - disse Serapião.
Entre os dias 25 de agosto e 2 de setembro, foi realizado na Granja Comary, em Teresópolis, um seminário com 70 árbitros e assistentes do quadro nacional de arbitragem. O simpósio foi ministrado pelo instrutor e membro da Comissão de Arbitragem da Fifa, Jorge Larrionda, que abordou vários temas como posicionamento; impedimento; interpretação de jogadas temerárias ou com uso de força excessiva; as chamadas faltas táticas, infrações leves que impedem o ataque da equipe adversária ou uma chance clara de gol; e, sobretudo, a questão envolvendo jogadas nas quais a mão ou o braço é usado de forma deliberada.
Antes da orientação entrar em vigor, foram cometidos 37 pênaltis na Série A do Brasileiro até a 20ª rodada, o que dá uma média de 1,85 por rodada. Já nas últimas três rodadas foram registradas 11 penalidades, com média de 3,7. Segundo Serapião, assim que os jogadores absorverem toda essa nova filosofia, praticarão seus movimentos com mais cuidado, diminuindo o número de lances duvidosos e as controvérsias no futebol.
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A orientação não é uma mudança de regra, mas sim uma nova forma de interpretação. Caso fosse uma alteração, Serapião garante que não seria colocada em prática neste momento, com o Campeonato Brasileiro já em andamento. Segundo o diretor adjunto, se a medida não fosse adotada agora, os clubes brasileiros e as seleções de todas as categorias poderiam ser prejudicados ao disputar partidas com arbitragem internacional, que já adota esse tipo de postura.
- A implantação não traz prejuízo para os clubes, pois passou a ser aplicada em todos os jogos e vale para todas as equipes. Claro que erros podem ocorrer, mas todos estão sujeitos a este risco da mesma maneira, sem distinção. Além disso, o árbitro, se não aplicasse na prática desde agora a orientação que recebeu, poderia ficar na dúvida como proceder, ou seja, se com a antiga recomendação ou com a nova postura.
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