
Aranha, Grêmio X Santos - Arena Grêmio (Foto: Getty Images)
O goleiro Aranha voltou à Arena do Grêmio depois do episódio de injúria racial ocorrida durante partida da Copa do Brasil. Ele foi muito vaiado e xingado pela torcida gremista. Se não se repetiram os xingamentos raciais contra o arqueiro santista, a hostilidade foi visível. O Esporte Espetacular acompanhou de perto o retorno de Aranha a Porto Alegre e também conversou com o professor Ronaldo Helal, especialista em sociologia do futebol para entender melhor a implicância da audiência tricolor com o jogador do Peixe.
Um dos pioneiros nos estudos acadêmicos sobre sociologia do esporte no Brasil, o professor Ronaldo Helal é graduado em Ciências Sociais pela UFRJ e em Comunicação pela PUC-RJ. Fez mestrado e doutorado em sociologia na New York University. Ele foi convidado pelo Esporte Espetacular para responder se o torcedor que foi à Arena do Grêmio perdeu a chance de se manifestar contra o racismo ou mesmo fazer as pazes com o goleiro Aranha.
Certamente perdeu uma boa oportunidade porque acho que faltou uma compreensão de que o Grêmio foi punido justamente por uma questão grave, que foram as injúrias raciais ao goleiro Aranha. Mas por outro lado, a gente tem que entender que torcedores de futebol, não só os gremistas, costumam ter esse tipo de comportamento. São comportamentos muitas vezes irracionais, muitas vezes para desestabilizar o atleta adversário. Eu acho que não é uma coisa só da torcida do Grêmio. Acho que o comportamento da torcida gremista, apesar dela ter perdido a oportunidade de agir diferente, não é um comportamento fora do que acontece nos estádios de futebol.
Ela reagiu porque o Grêmio foi punido e ela jogou toda a conta no Aranha da punição ao Grêmio – explica Helal. E como lidar com esse problema se os xingamentos são constantes nas arquibancadas e cadeiras Brasil afora. Helal pondera que é preciso contextualizar cada coisa.
- Se a gente for punir tudo o que é dito em estádios de futebol nós não vamos ter cadeia pra tanta gente. A maior parte dos cânticos que a gente poderia chamar de homofóbicos, mas ninguém naquele momento está pensando na condição sexual do adversário. É simplesmente é uma questão do universo futebolístico – diz ele.
E dá o exemplo que acontece no Rio de Janeiro para explicar como um preconceito de classe social é visto de outra forma.
- No Rio de Janeiro os adversários gritam para a torcida do Flamengo “ela ela ela silêncio na favela” A torcida do Flamengo não se sente ofendida por isso. Ela responde com “Festa na favela”. Quer dizer a favela deixa de ser um insulto. A gente tem que contextualizar um pouco o que acontece nos universos dos estádios de futebol - pondera ele.
Mas afinal professor, o que está mudando para melhor e o que está mudando para pior?
- O preconceito racial é primo irmão da discriminação racial.
Não é exatamente a mesma coisa. Ninguém nasce preconceituoso, um bebê não nasce preconceituoso. Preconceito é uma coisa que você aprende, da mesma maneira que você aprende a ser preconceituoso você pode aprender a não ser preconceituoso. Já a discriminação racial é prima-irmã do preconceito. É quando você segrega por questões raciais e a discriminação racial você combate com leis, com leis severas. Que é o que está acontecendo agora. E isso mudou, ou seja, mudou porque você tem leis hoje que punem a discriminação racial. O que não mudou ainda é a questão da educação. É você ensinar as novas gerações a não terem preconceito e a não serem racistas. Já a lei, hoje em dia, pune a discriminação como já punia desde a promulgação da lei Afonso Arinos de 1951 – explica o sociólogo.
A Lei Afonso Arinos (lei 1390/51 de 3 de julho de 1951) é uma lei proposta por Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990) e promulgada por Getúlio Vargas em 3 de julho de 1951 que proíbe a discriminação racial no Brasil. É o primeiro código brasileiro a incluir entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça e cor da pele.
- Hoje são leis mais severas. A punição ao Grêmio foi uma punição exemplar. Você elimina da competição, aquilo deve servir de lição, mas aquilo não elimina o preconceito que as pessoas já tem isso você só elimina com educação. – encerra Helal.
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O goleiro Aranha voltou à Arena do Grêmio depois do episódio de injúria racial ocorrida durante partida da Copa do Brasil. Ele foi muito vaiado e xingado pela torcida gremista. Se não se repetiram os xingamentos raciais contra o arqueiro santista, a hostilidade foi visível. O Esporte Espetacular acompanhou de perto o retorno de Aranha a Porto Alegre e também conversou com o professor Ronaldo Helal, especialista em sociologia do futebol para entender melhor a implicância da audiência tricolor com o jogador do Peixe.
Um dos pioneiros nos estudos acadêmicos sobre sociologia do esporte no Brasil, o professor Ronaldo Helal é graduado em Ciências Sociais pela UFRJ e em Comunicação pela PUC-RJ. Fez mestrado e doutorado em sociologia na New York University. Ele foi convidado pelo Esporte Espetacular para responder se o torcedor que foi à Arena do Grêmio perdeu a chance de se manifestar contra o racismo ou mesmo fazer as pazes com o goleiro Aranha.
Certamente perdeu uma boa oportunidade porque acho que faltou uma compreensão de que o Grêmio foi punido justamente por uma questão grave, que foram as injúrias raciais ao goleiro Aranha. Mas por outro lado, a gente tem que entender que torcedores de futebol, não só os gremistas, costumam ter esse tipo de comportamento. São comportamentos muitas vezes irracionais, muitas vezes para desestabilizar o atleta adversário. Eu acho que não é uma coisa só da torcida do Grêmio. Acho que o comportamento da torcida gremista, apesar dela ter perdido a oportunidade de agir diferente, não é um comportamento fora do que acontece nos estádios de futebol.
Ela reagiu porque o Grêmio foi punido e ela jogou toda a conta no Aranha da punição ao Grêmio – explica Helal. E como lidar com esse problema se os xingamentos são constantes nas arquibancadas e cadeiras Brasil afora. Helal pondera que é preciso contextualizar cada coisa.
- Se a gente for punir tudo o que é dito em estádios de futebol nós não vamos ter cadeia pra tanta gente. A maior parte dos cânticos que a gente poderia chamar de homofóbicos, mas ninguém naquele momento está pensando na condição sexual do adversário. É simplesmente é uma questão do universo futebolístico – diz ele.
E dá o exemplo que acontece no Rio de Janeiro para explicar como um preconceito de classe social é visto de outra forma.
- No Rio de Janeiro os adversários gritam para a torcida do Flamengo “ela ela ela silêncio na favela” A torcida do Flamengo não se sente ofendida por isso. Ela responde com “Festa na favela”. Quer dizer a favela deixa de ser um insulto. A gente tem que contextualizar um pouco o que acontece nos universos dos estádios de futebol - pondera ele.
Mas afinal professor, o que está mudando para melhor e o que está mudando para pior?
- O preconceito racial é primo irmão da discriminação racial.
Não é exatamente a mesma coisa. Ninguém nasce preconceituoso, um bebê não nasce preconceituoso. Preconceito é uma coisa que você aprende, da mesma maneira que você aprende a ser preconceituoso você pode aprender a não ser preconceituoso. Já a discriminação racial é prima-irmã do preconceito. É quando você segrega por questões raciais e a discriminação racial você combate com leis, com leis severas. Que é o que está acontecendo agora. E isso mudou, ou seja, mudou porque você tem leis hoje que punem a discriminação racial. O que não mudou ainda é a questão da educação. É você ensinar as novas gerações a não terem preconceito e a não serem racistas. Já a lei, hoje em dia, pune a discriminação como já punia desde a promulgação da lei Afonso Arinos de 1951 – explica o sociólogo.
A Lei Afonso Arinos (lei 1390/51 de 3 de julho de 1951) é uma lei proposta por Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990) e promulgada por Getúlio Vargas em 3 de julho de 1951 que proíbe a discriminação racial no Brasil. É o primeiro código brasileiro a incluir entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça e cor da pele.
- Hoje são leis mais severas. A punição ao Grêmio foi uma punição exemplar. Você elimina da competição, aquilo deve servir de lição, mas aquilo não elimina o preconceito que as pessoas já tem isso você só elimina com educação. – encerra Helal.
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