Olímpico ainda sobrevive a mais um aniversário antes da implosão (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
O Olímpico resolveu encarnar o espírito imortal que embala o Grêmio desde que Lupicínio Rodrigues cunhou o adjetivo na letra do hino, elaborado enquanto o estádio era construído em 1953. Nesta sexta-feira, o Velho Casarão, como é conhecido, completa 60 anos desde sua inauguração, em 19 de setembro de 1954. Um aniversário que nem era para existir, celebrado de maneira discreta pelo clube, ofuscado pela ocupação da Arena e, mais recentemente, pelo caso Aranha. Enfim, deve ser o último. O palco começa a perder parte de seus atores e cenário, numa mudança definitiva para a o novo estádio. O que não significará ainda a automática extinção.
O adeus oficial do Olímpico se deu em 2 de dezembro de 2012, no Gre-Nal empatado sem gols pela última rodada do Brasileiro. Havia a expectativa de implosão do estádio já em março do ano seguinte. Mas o palco receberia mais quatro partidas oficiais do Gauchão e até hoje sedia a maioria dos treinos da equipe principal. Ainda foi reformado para receber treinos da Copa, o que acabou não ocorrendo - os gastos chegaram R$ 250 mil.
A demora tem relação com a troca da gestão. O presidente Paulo Odone foi responsável por costurar a parceria com a empreiteira OAS. O sucessor Fábio Koff passou a renegociar o contrato. A oficialização da assinatura do aditivo que modificou o acordo só saiu em junho deste ano, após longas negociações e crises de relacionamento entre as duas partes.
Relação com parceira melhora
Agora, a situação é outra. O Grêmio conseguiu reduzir o custo de migração dos associados de R$ 43 para R$ 12 milhões e, entre outras novidades, passou a ter mais protagonismo para fazer promoções de ingressos. A mudança de gestão da Arena Porto-Alegrense também ajuda. O presidente atual é Geraldo Correa, gremista e gaúcho, o que, na avaliação do clube, foi fundamental para hoje se ter uma verdadeira parceria. Mesmo assim, Fábio Koff espera definir até o final do ano se conseguirá deixar a administração do novo estádio completamente a cargo do Grêmio.
O novo aditivo ainda fez a OAS desembolsar R$ 10 milhões a mais para o Grêmio. Assim, o clube pôde finalizar o CT Hélio Dourado, a ser inaugurado oficialmente no fim de junho, e cobrir os custos da mudança física do Olímpico para a Arena, que começou efetivamente na última segunda-feira, com a transferência da sede do Quadro Social e a inauguração da nova área administrativa. Há também as obras no CT de Eldorado do Sul, com 24 hectares, para abrigar a base, remodelação que é bancada pelo Grêmio.
- O Olímpico está num processo de esvaziamento. O prazo contratual para a desocupação é 31 de dezembro, mas isso ocorrerá muito antes - garante o vice-presidente Marcos Hermann.
Desoneração da Arena: entrave para implosão
Setor em que ficava a geral e os camarotes foi demolido (Foto: Marcio Neves/Grêmio Divulgação)
A demolição do Olímpico parou em meio a essas negociações. As máquinas da empresa Ramos Andrade não fazem mais ruídos. Antes, porém, em 2013, houve tempo para o desmanche de metade da estrutura externa, o que é possível perceber por quem passa pelas ruas Cascatinha e Gastão Mazeron. Uma rampa de acesso e a torre que ia até os camarotes também foram abaixo
Embora Fábio Koff queira esvaziar o Olímpico por completo até o fim de novembro, a mudança não irá significar, automaticamente, o reinício da demolição mecânica, que ficou estagnada em 60% - é o processo que antecede a implosão. Como reza no novo aditivo, o Grêmio ainda espera receber da OAS uma Arena liberada da alienação aos bancos que liberaram o empréstimo de R$ 275 milhões para a sua construção. Sem a Arena desonerada, o Olímpico pode ainda se manter em pé por mais tempo, mesmo vazio.
Há pessoas ligadas ao clube que, no entanto, acreditam na retomada do processo de demolição ainda em dezembro, para a implosão acontecer em janeiro. O certo é que o concreto virará pó num domingo, dia de menos trânsito e que facilite o isolamento da área. A OAS já tem as licenças ambientais necessárias para a operação que promete ser histórica em Porto Alegre. Haverá bloqueio do espaço aéreo e cadastro até de animais de estimação.
O assunto, no entanto, ainda é tratado com reservas. O Grêmio não se manifesta oficialmente e a empresa responsável pela implosão, a Ramos Andrade, afirma não ter autorização para comentar o processo. Está prevista a construção de um condomínio residencial no local. O próprio 60º aniversário do Olímpico é celebrado de maneira discreta. Com isso, procura-se valorizar o presente, ou seja, a Arena. A ação mais vistosa para a data foi feita pelo departamento de marketing, que colocará à venda pedaços da grama do estádio aos torcedores.
Interior do estádio tem sinais do desmanche suspenso e a mudança está em franco processo no memorial (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
O que vai do Olímpico para a Arena
Se as partes evitam falar sobre o fim do Olímpico, a mudança do clube para a Arena já é uma realidade irreversível. E mexe com a rotina de funcionários que há muito tempo dedicam suas vidas ao Grêmio. E que agora se desdobram em dois. Com João Basílio é assim. Gerente da loja Grêmio Mania, Basílio tem quase 30 anos de clube e se divide na supervisão do estabelecimento no Olímpico e na preparação para a inauguração da loja na Arena.
Hoje, a Grêmio Mania abre de forma provisória no novo estádio apenas em dias de jogos. A expectativa é de inaugurar a versão “express” na próxima semana. Ela funcionaria simultaneamente com a loja do Olímpico, que só fecharia por completo com a chegada da Megastore na Arena, o que deve ocorrer no fim de outubro.
- O fluxo de público no Olímpico já diminuiu bastante. Está mesmo na hora de virar a página. Vamos para um lugar melhor. Atualmente, trabalhamos com 20 funcionários e vamos manter o quadro até avaliar a nova demanda - avalia Basílio.
Faísca, dono de um bar em frente ao estádio, lamenta adeus do Olímpico (Foto: Reprodução SporTV)
O otimismo é mais contido por Edenilso Davi, 40 anos, ou Faísca, que ainda resiste com seu tradicional "Preliminar", bem em frente ao pórtico que homenageia o lateral campeão do mundo Everaldo. Desde que o Olímpico vem saindo de cena, o bar de Faísca foi um dos poucos estabelecimentos vinculados a futebol que sobreviveu. Ele abriu uma filial no Humaitá, mas afirma que nunca será a mesma coisa. Por isso, segue com a matriz no bairro Azenha, de "teimoso".
- Lá, o aluguel é muito barato. Tenho amigos que alugaram uma casa e eles fazem a própria concentração para o jogo. Sem contar as pessoas que vendem bebidas muito mais barato por não ter que arcar com as despesas que um bar precisa. Mantenho o bar também no Olímpico, estou aqui de teimoso. Minha esperança é de que o desmanche do estádio traga trabalhadores para consumir, vai dar movimento. Aposto nisso - defendeu o comerciante, que tem o Olímpico como vista desde 2004.
Quem fica, quem vai: a emoção dos funcionários
A prioridade da transição do clube está centrada nessa preocupação em levar o fluxo de torcedores para a convivência diária na Arena. Por isso, Quadro Social e loja se movimentam primeiro. O museu vai esperar um pouco mais. Embora esteja fechado desde o fim de 2012 no Olímpico, o Memorial Hermínio Bittencourt ainda não tem data para se mudar de vez para a Arena - embora tenha tido uma inauguração simbólica em 2012, nunca entrou em funcionamento. A esmagadora dos 2,9 mil troféus, por exemplo, ainda está no Olímpico.
A verba conseguida com o aditivo no contrato com a OAS está ajudando a finalizar a obra do museu no novo estádio, que promete alta tecnologia e muita interatividade. Além disso, foi feita toda a revisão histórica dos 111 anos do Grêmio, o que demandou tempo e trabalho. Trabalho, aliás, foi o que não faltou a uma das funcionárias mais simbólicas da Era Olímpico.
Dona Ema Coelho tem 74 anos e uma boa fama de pé-quente. Em 1981, viu o Grêmio vencer o São Paulo e o Brasileirão no Morumbi, numa caravana de 20 ônibus, regada a sanduíches e refrigerantes. Caberia a ela não só fazer parte da história como ajudar a preservá-la. Entrou no clube em 1983, ano das conquistas da Libertadores e do Mundial.
Dona Ema observa pátio que, em 1983, estava lotado por festa do Mundial (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
A parceria com Fábio Koff começou ali, quando passou a cuidar do acervo do clube. O memorial foi inaugurado em 1984, com 1,5 mil troféus e, até seu fechamento no fim de 2012, contava com quase o dobro. O espaço passou por diversas reformas e ampliações. Em meio a tudo isso, em 1996, Dona Ema deu mais um passo pioneiro em mais uma gestão de Koff, ao encabeçar a realização da Calçada da Fama, homenagem jamais vista num clube de futebol.
- Não sou publicitária, mas tenho as minhas ideias (risos). E sempre fui gremista. Então no que eu podia ajudar, eu ajudei. Nunca vou me desligar do Grêmio - conta, emocionada.
Com 30 anos de serviços prestados ao Grêmio, Dona Ema colocou como última missão a organização do acervo para a mudança à Arena. Concluído o processo, deixou o clube neste ano. Algumas imagens, no entanto, não estão alojadas em nenhum painel. Ficam na memória, como o dia em que a torcida gremista tomou conta do pátio para receber os campeões do mundo, em 1983. Dona Ema, em seu primeiro ano de clube, conseguia ver da janela de sua sala uma festa inesquecível.
Quando o Grêmio aninhou o planeta no colo, Antônio Carlos Verardi já tinha muitos anos de de casa. A data de seu começo no clube está gravada na mente: 1º de agosto de 1965. Já passou por todos os departamentos possíveis, é dirigente histórico e querido por todos. Hoje superintendente de futebol, Verardi afirma que viu “o Olímpico crescer”.
Ao contrário de Dona Ema, Verardi irá se mudar para a Arena. A sua sala, que dá acesso direto ao setor da social do Olímpico começa a ficar no passado. Enquanto a demolição estava a pleno vapor, o dirigente trabalhava ouvindo as marretas e guindastes destruindo parte de sua própria história. Máquina alguma, no entanto, podia tisnar seu passatempo preferido. Apreciar o pôr do sol que se desenhava no horizonte do estádio, a “visão mais lindo do mundo”. Com o mesmo sorriso que contempla o passado, Verardi projeta o futuro. O bom humor não sai da pauta. Embora admita aflição por uma implosão que, mesmo que tenha data incerta, está cada vez mais próxima.
- Você mora a vida inteira numa casa. Sabe onde as portas abrem… Estamos saindo de uma casa querida. Não tem como imaginar Porto Alegre sem Olímpico, me dizem os torcedores. O pessoal da (bairro) Azenha está todo enlouquecido. Eu estou me preparando. Estamos saindo de uma casa infelizmente superada para um palacete. Eu sei que não tem um estádio tão bonito quanto a Arena no Brasil. O problema é que moro aqui na Azenha. Venho de carro. Vou gastar muita mais gasolina - diverte-se o fraterno amigo de Felipão.
As angústias e indefinições sobre o futuro do Olímpico podem começar a ser dissipadas após o anúncio que Fábio Koff pretende fazer até o final do ano, sobre a obtenção da administração total da Arena por parte do clube. Até lá, ficam a expectativa, as memórias e muito trabalho. Há uma mudança a pleno vapor, pois, como diz o hino de Lupicínio Rodrigues, é preciso ir onde estiver o Grêmio. O endereço aponta para o bairro Humaitá, de uma vez por todas. O resto é história.
Verardi em sua sala no Olímpico antes da despedida (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
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O adeus oficial do Olímpico se deu em 2 de dezembro de 2012, no Gre-Nal empatado sem gols pela última rodada do Brasileiro. Havia a expectativa de implosão do estádio já em março do ano seguinte. Mas o palco receberia mais quatro partidas oficiais do Gauchão e até hoje sedia a maioria dos treinos da equipe principal. Ainda foi reformado para receber treinos da Copa, o que acabou não ocorrendo - os gastos chegaram R$ 250 mil.
A demora tem relação com a troca da gestão. O presidente Paulo Odone foi responsável por costurar a parceria com a empreiteira OAS. O sucessor Fábio Koff passou a renegociar o contrato. A oficialização da assinatura do aditivo que modificou o acordo só saiu em junho deste ano, após longas negociações e crises de relacionamento entre as duas partes.
Relação com parceira melhora
Agora, a situação é outra. O Grêmio conseguiu reduzir o custo de migração dos associados de R$ 43 para R$ 12 milhões e, entre outras novidades, passou a ter mais protagonismo para fazer promoções de ingressos. A mudança de gestão da Arena Porto-Alegrense também ajuda. O presidente atual é Geraldo Correa, gremista e gaúcho, o que, na avaliação do clube, foi fundamental para hoje se ter uma verdadeira parceria. Mesmo assim, Fábio Koff espera definir até o final do ano se conseguirá deixar a administração do novo estádio completamente a cargo do Grêmio.
O novo aditivo ainda fez a OAS desembolsar R$ 10 milhões a mais para o Grêmio. Assim, o clube pôde finalizar o CT Hélio Dourado, a ser inaugurado oficialmente no fim de junho, e cobrir os custos da mudança física do Olímpico para a Arena, que começou efetivamente na última segunda-feira, com a transferência da sede do Quadro Social e a inauguração da nova área administrativa. Há também as obras no CT de Eldorado do Sul, com 24 hectares, para abrigar a base, remodelação que é bancada pelo Grêmio.
- O Olímpico está num processo de esvaziamento. O prazo contratual para a desocupação é 31 de dezembro, mas isso ocorrerá muito antes - garante o vice-presidente Marcos Hermann.
Desoneração da Arena: entrave para implosão
Setor em que ficava a geral e os camarotes foi demolido (Foto: Marcio Neves/Grêmio Divulgação)
A demolição do Olímpico parou em meio a essas negociações. As máquinas da empresa Ramos Andrade não fazem mais ruídos. Antes, porém, em 2013, houve tempo para o desmanche de metade da estrutura externa, o que é possível perceber por quem passa pelas ruas Cascatinha e Gastão Mazeron. Uma rampa de acesso e a torre que ia até os camarotes também foram abaixo
Embora Fábio Koff queira esvaziar o Olímpico por completo até o fim de novembro, a mudança não irá significar, automaticamente, o reinício da demolição mecânica, que ficou estagnada em 60% - é o processo que antecede a implosão. Como reza no novo aditivo, o Grêmio ainda espera receber da OAS uma Arena liberada da alienação aos bancos que liberaram o empréstimo de R$ 275 milhões para a sua construção. Sem a Arena desonerada, o Olímpico pode ainda se manter em pé por mais tempo, mesmo vazio.
Há pessoas ligadas ao clube que, no entanto, acreditam na retomada do processo de demolição ainda em dezembro, para a implosão acontecer em janeiro. O certo é que o concreto virará pó num domingo, dia de menos trânsito e que facilite o isolamento da área. A OAS já tem as licenças ambientais necessárias para a operação que promete ser histórica em Porto Alegre. Haverá bloqueio do espaço aéreo e cadastro até de animais de estimação.
O assunto, no entanto, ainda é tratado com reservas. O Grêmio não se manifesta oficialmente e a empresa responsável pela implosão, a Ramos Andrade, afirma não ter autorização para comentar o processo. Está prevista a construção de um condomínio residencial no local. O próprio 60º aniversário do Olímpico é celebrado de maneira discreta. Com isso, procura-se valorizar o presente, ou seja, a Arena. A ação mais vistosa para a data foi feita pelo departamento de marketing, que colocará à venda pedaços da grama do estádio aos torcedores.
Interior do estádio tem sinais do desmanche suspenso e a mudança está em franco processo no memorial (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
O que vai do Olímpico para a Arena
Se as partes evitam falar sobre o fim do Olímpico, a mudança do clube para a Arena já é uma realidade irreversível. E mexe com a rotina de funcionários que há muito tempo dedicam suas vidas ao Grêmio. E que agora se desdobram em dois. Com João Basílio é assim. Gerente da loja Grêmio Mania, Basílio tem quase 30 anos de clube e se divide na supervisão do estabelecimento no Olímpico e na preparação para a inauguração da loja na Arena.
Hoje, a Grêmio Mania abre de forma provisória no novo estádio apenas em dias de jogos. A expectativa é de inaugurar a versão “express” na próxima semana. Ela funcionaria simultaneamente com a loja do Olímpico, que só fecharia por completo com a chegada da Megastore na Arena, o que deve ocorrer no fim de outubro.
- O fluxo de público no Olímpico já diminuiu bastante. Está mesmo na hora de virar a página. Vamos para um lugar melhor. Atualmente, trabalhamos com 20 funcionários e vamos manter o quadro até avaliar a nova demanda - avalia Basílio.
Faísca, dono de um bar em frente ao estádio, lamenta adeus do Olímpico (Foto: Reprodução SporTV)
O otimismo é mais contido por Edenilso Davi, 40 anos, ou Faísca, que ainda resiste com seu tradicional "Preliminar", bem em frente ao pórtico que homenageia o lateral campeão do mundo Everaldo. Desde que o Olímpico vem saindo de cena, o bar de Faísca foi um dos poucos estabelecimentos vinculados a futebol que sobreviveu. Ele abriu uma filial no Humaitá, mas afirma que nunca será a mesma coisa. Por isso, segue com a matriz no bairro Azenha, de "teimoso".
- Lá, o aluguel é muito barato. Tenho amigos que alugaram uma casa e eles fazem a própria concentração para o jogo. Sem contar as pessoas que vendem bebidas muito mais barato por não ter que arcar com as despesas que um bar precisa. Mantenho o bar também no Olímpico, estou aqui de teimoso. Minha esperança é de que o desmanche do estádio traga trabalhadores para consumir, vai dar movimento. Aposto nisso - defendeu o comerciante, que tem o Olímpico como vista desde 2004.
Quem fica, quem vai: a emoção dos funcionários
A prioridade da transição do clube está centrada nessa preocupação em levar o fluxo de torcedores para a convivência diária na Arena. Por isso, Quadro Social e loja se movimentam primeiro. O museu vai esperar um pouco mais. Embora esteja fechado desde o fim de 2012 no Olímpico, o Memorial Hermínio Bittencourt ainda não tem data para se mudar de vez para a Arena - embora tenha tido uma inauguração simbólica em 2012, nunca entrou em funcionamento. A esmagadora dos 2,9 mil troféus, por exemplo, ainda está no Olímpico.
A verba conseguida com o aditivo no contrato com a OAS está ajudando a finalizar a obra do museu no novo estádio, que promete alta tecnologia e muita interatividade. Além disso, foi feita toda a revisão histórica dos 111 anos do Grêmio, o que demandou tempo e trabalho. Trabalho, aliás, foi o que não faltou a uma das funcionárias mais simbólicas da Era Olímpico.
Dona Ema Coelho tem 74 anos e uma boa fama de pé-quente. Em 1981, viu o Grêmio vencer o São Paulo e o Brasileirão no Morumbi, numa caravana de 20 ônibus, regada a sanduíches e refrigerantes. Caberia a ela não só fazer parte da história como ajudar a preservá-la. Entrou no clube em 1983, ano das conquistas da Libertadores e do Mundial.
Dona Ema observa pátio que, em 1983, estava lotado por festa do Mundial (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
A parceria com Fábio Koff começou ali, quando passou a cuidar do acervo do clube. O memorial foi inaugurado em 1984, com 1,5 mil troféus e, até seu fechamento no fim de 2012, contava com quase o dobro. O espaço passou por diversas reformas e ampliações. Em meio a tudo isso, em 1996, Dona Ema deu mais um passo pioneiro em mais uma gestão de Koff, ao encabeçar a realização da Calçada da Fama, homenagem jamais vista num clube de futebol.
- Não sou publicitária, mas tenho as minhas ideias (risos). E sempre fui gremista. Então no que eu podia ajudar, eu ajudei. Nunca vou me desligar do Grêmio - conta, emocionada.
Com 30 anos de serviços prestados ao Grêmio, Dona Ema colocou como última missão a organização do acervo para a mudança à Arena. Concluído o processo, deixou o clube neste ano. Algumas imagens, no entanto, não estão alojadas em nenhum painel. Ficam na memória, como o dia em que a torcida gremista tomou conta do pátio para receber os campeões do mundo, em 1983. Dona Ema, em seu primeiro ano de clube, conseguia ver da janela de sua sala uma festa inesquecível.
Quando o Grêmio aninhou o planeta no colo, Antônio Carlos Verardi já tinha muitos anos de de casa. A data de seu começo no clube está gravada na mente: 1º de agosto de 1965. Já passou por todos os departamentos possíveis, é dirigente histórico e querido por todos. Hoje superintendente de futebol, Verardi afirma que viu “o Olímpico crescer”.
Ao contrário de Dona Ema, Verardi irá se mudar para a Arena. A sua sala, que dá acesso direto ao setor da social do Olímpico começa a ficar no passado. Enquanto a demolição estava a pleno vapor, o dirigente trabalhava ouvindo as marretas e guindastes destruindo parte de sua própria história. Máquina alguma, no entanto, podia tisnar seu passatempo preferido. Apreciar o pôr do sol que se desenhava no horizonte do estádio, a “visão mais lindo do mundo”. Com o mesmo sorriso que contempla o passado, Verardi projeta o futuro. O bom humor não sai da pauta. Embora admita aflição por uma implosão que, mesmo que tenha data incerta, está cada vez mais próxima.
- Você mora a vida inteira numa casa. Sabe onde as portas abrem… Estamos saindo de uma casa querida. Não tem como imaginar Porto Alegre sem Olímpico, me dizem os torcedores. O pessoal da (bairro) Azenha está todo enlouquecido. Eu estou me preparando. Estamos saindo de uma casa infelizmente superada para um palacete. Eu sei que não tem um estádio tão bonito quanto a Arena no Brasil. O problema é que moro aqui na Azenha. Venho de carro. Vou gastar muita mais gasolina - diverte-se o fraterno amigo de Felipão.
As angústias e indefinições sobre o futuro do Olímpico podem começar a ser dissipadas após o anúncio que Fábio Koff pretende fazer até o final do ano, sobre a obtenção da administração total da Arena por parte do clube. Até lá, ficam a expectativa, as memórias e muito trabalho. Há uma mudança a pleno vapor, pois, como diz o hino de Lupicínio Rodrigues, é preciso ir onde estiver o Grêmio. O endereço aponta para o bairro Humaitá, de uma vez por todas. O resto é história.
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