
Romildo Bolzan Júnior, presidente do Grêmio, ainda em fevereiro deste ano adiantou que “talvez tivesse de cometer algumas extravagâncias, mas com arrojo”. O cartola falava sobre reforços depois que o meia Douglas rompeu os ligamentos e se afastou do futebol por seis meses. A oportunidade apareceu dias depois. O paraguaio Lucas Barrios rescindiu com o Palmeiras, reduziu sua pedida para um terço do que recebia e assinou com os gaúchos por um ano. A extravagância estava feita. Não que o dirigente tivesse condições de fazê-la. Longe disso. O retrospecto gremista mostra um clube cuja situação financeira se deteriora rapidamente.
A equipe tricolor bateu seu recorde de faturamento em 2016, sim, com R$ 330 milhões arrecadados. Mas há um asterisco importante nesse numerão. Do total, R$ 96 milhões correspondem às luvas pagas pela TV Globo pela assinatura antecipada de um contrato de direitos de transmissão que vai de 2019 a 2024. O problema é que essa receita não se repete. O Grêmio não vai contar com novas luvas tão cedo. Logo, seria lógico esperar que o dinheiro tivesse sido usado para aliviar as contas para as temporadas seguintes. Nada disso.
As dívidas tricolores aumentaram em 2016, apesar da receita recorde, e o perfil delas piorou. A dívida bancária – na qual incorrem juros cobrados por bancos, portanto um dos tipos mais perigosos de endividamento – se manteve praticamente inalterada nos R$ 84 milhões. A trabalhista, resultado de salários atrasados cujos funcionários foram à Justiça cobrá-los, aumentou para R$ 45 milhões. Essa dívida preocupa porque, à medida que o clube perde os processos, vê suas receitas serem penhoradas para pagar os credores.
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Mais grave ainda, num outro ângulo, é o prazo para o pagamento dessas dívidas. Façamos um cálculo simples para demonstrar o tamanho do problema. Se você assumisse a cadeira de Bolzan Júnior neste momento, como novo presidente gremista, teria receitas recorrentes (sem considerar luvas ou vendas de jogadores) na ordem de R$ 220 milhões. As despesas com salários e fins administrativos estão em R$ 250 milhões. A conta já não fecha. Há mais R$ 40 milhões em despesas financeiras, a maior parte disso juros sobre empréstimos. E piora. Entre as dívidas que o cartola lhe deixou, R$ 150 milhões vencem em curto prazo, no decorrer de 2017. Passe a régua. Ou você literalmente dobra seu faturamento de um ano para o outro, ou terá de empurrar as dívidas até seu sucessor chegar.
É o que o atual presidente tem feito. Há duas maneiras de sobreviver quando a conta não fecha. A primeira é vender jogadores, uma solução que desagrada ao torcedor e arrisca a performance em campo. O Grêmio não costuma se dar muito bem nessa linha. Em 2016, recebeu R$ 18 milhões com transferências, insuficientes para resolver o problema. O segundo modo é tomar novos empréstimos para pagar despesas e dívidas. Bolzan Júnior tomou esse caminho em seus dois anos à frente do clube. Em 2016, levantou R$ 64 milhões com bancos, quase o mesmo valor que já tinha tomado em 2015. Conforme mais dinheiro é devido a instituições financeiras, mais juros são cobrados, e o problema se agrava no ano seguinte.
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O quadro ainda guarda um último complicador: a Arena do Grêmio. O estádio foi construído pela OAS e tem recebido partidas, mas por trás dele há um imbróglio a ser resolvido com a construtora, falida depois que a Operação Lava Jato descobriu os atos ilícitos de seus executivos. O resumo da situação é que o estádio não gera dinheiro suficiente para se bancar, então demanda aportes constantes do clube. O prejuízo aparece de duas maneiras. Em primeiro lugar, o Grêmio não recebe nem um níquel dos ingressos vendidos em suas bilheterias. Tudo vai para o ralo do estádio. Só que isso não é suficiente. Então o time ainda envia mais uma grana, R$ 19 milhões em 2016, para compensar o caixa da arena pelos sócios que assistem às partidas sem pagar. E o que está ruim fica pior.
O torcedor certamente terminou a temporada satisfeito com o título da Copa do Brasil. É para isso que um time de futebol existe: ser campeão. Mas a taça tem o seu preço. O balanço financeiro gremista mostra que, em 2016, Bolzan Júnior adquiriu jogadores pelo valor total de R$ 61 milhões – um gasto que vai ser amortizado no decorrer das temporadas seguintes. É o dobro do que ele mesmo empenhou em 2015, provavelmente motivado pela pressão que sofre da torcida e da imprensa por reforços e, também, por ter arrecadado alto com as luvas da TV. Foi a sua extravagância da temporada. Agora, no início de 2017, cometeu sua nova extravagância ao contratar Barrios, que lhe custou luvas e um salário acima da média. Até o dia em que o Grêmio não puder mais cometer extravagância alguma.
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As dívidas tricolores aumentaram em 2016, apesar da receita recorde, e o perfil delas piorou. A dívida bancária – na qual incorrem juros cobrados por bancos, portanto um dos tipos mais perigosos de endividamento – se manteve praticamente inalterada nos R$ 84 milhões. A trabalhista, resultado de salários atrasados cujos funcionários foram à Justiça cobrá-los, aumentou para R$ 45 milhões. Essa dívida preocupa porque, à medida que o clube perde os processos, vê suas receitas serem penhoradas para pagar os credores.
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Mais grave ainda, num outro ângulo, é o prazo para o pagamento dessas dívidas. Façamos um cálculo simples para demonstrar o tamanho do problema. Se você assumisse a cadeira de Bolzan Júnior neste momento, como novo presidente gremista, teria receitas recorrentes (sem considerar luvas ou vendas de jogadores) na ordem de R$ 220 milhões. As despesas com salários e fins administrativos estão em R$ 250 milhões. A conta já não fecha. Há mais R$ 40 milhões em despesas financeiras, a maior parte disso juros sobre empréstimos. E piora. Entre as dívidas que o cartola lhe deixou, R$ 150 milhões vencem em curto prazo, no decorrer de 2017. Passe a régua. Ou você literalmente dobra seu faturamento de um ano para o outro, ou terá de empurrar as dívidas até seu sucessor chegar.
É o que o atual presidente tem feito. Há duas maneiras de sobreviver quando a conta não fecha. A primeira é vender jogadores, uma solução que desagrada ao torcedor e arrisca a performance em campo. O Grêmio não costuma se dar muito bem nessa linha. Em 2016, recebeu R$ 18 milhões com transferências, insuficientes para resolver o problema. O segundo modo é tomar novos empréstimos para pagar despesas e dívidas. Bolzan Júnior tomou esse caminho em seus dois anos à frente do clube. Em 2016, levantou R$ 64 milhões com bancos, quase o mesmo valor que já tinha tomado em 2015. Conforme mais dinheiro é devido a instituições financeiras, mais juros são cobrados, e o problema se agrava no ano seguinte.
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O torcedor certamente terminou a temporada satisfeito com o título da Copa do Brasil. É para isso que um time de futebol existe: ser campeão. Mas a taça tem o seu preço. O balanço financeiro gremista mostra que, em 2016, Bolzan Júnior adquiriu jogadores pelo valor total de R$ 61 milhões – um gasto que vai ser amortizado no decorrer das temporadas seguintes. É o dobro do que ele mesmo empenhou em 2015, provavelmente motivado pela pressão que sofre da torcida e da imprensa por reforços e, também, por ter arrecadado alto com as luvas da TV. Foi a sua extravagância da temporada. Agora, no início de 2017, cometeu sua nova extravagância ao contratar Barrios, que lhe custou luvas e um salário acima da média. Até o dia em que o Grêmio não puder mais cometer extravagância alguma.
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Comentários
Comentários (2)
Essa é a realidade de TODOS os clubes brasileiros. Não é um caso isolado. A situação financeira do Grêmio é delicada, mas, por incrível que pareça, perto dos demais clubes da elite, ainda tem salvação. O que dirão os vermelhos, que além de não contarem com boa parte da verba dos clubes de elite, também não possuem estádio próprio e têm menos sócios torcedores? Flamengo, Corinthians, São Paulo e outros gigantes estão em situação muito pior. O único clube em momento confortável é o Palmeiras que tem um patrocinador forte e um presidente bilionário.
A situação é grave. A venda de Luan é nossa única alternativa, infelizmente.
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