Filha de Everaldo, Denise posa com a bandeira do Grêmio no Olímpico (Foto: Reprodução/RBS TV)
Há quem não saiba, mas a estrela dourada da bandeira e da camisa do Grêmio faz homenagem a Everaldo Marques da Silva, ex-jogador que atuava na lateral esquerda do clube e também passou pela seleção brasileira, na qual conquistou o tricampeonato mundial, em 1970. Ídolo tricolor, ele, que era negro, superou preconceito e adversários dentro de campo, mas foi derrotado pelo trânsito. Na noite de 27 de outubro de 1974, com apenas 30 anos, não resistiu à colisão de seu carro contra um caminhão carregado de arroz, na BR-290. Estavam no veículo e também morreram mais dois familiares.
Perto da data que marca os 40 anos da despedida de Everaldo, o RBS Esporte, da RBS TV, relembra um pouco da história do homem que deixou seu nome marcado na história do futebol do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo (assista à reportagem completa no vídeo acima). E também faz uma revelação. Quem abre o jogo é a filha Denise, que sobreviveu ao acidente. Tinha apenas seis anos.
- Ele era colorado. Toda a história conta que ele era colorado - afirma Denise, que também é torcedora do Inter. - Mas a gente sempre pega amor a quem nos dá carinho, e quem deu carinho para ele foi o Grêmio,
- Quando eu era bem novo, a gente torcia pelo Inter - acrescenta o irmão de Everaldo, Ariovaldo da Silva, relembrando os velhos tempos.
Familiares e também amigos se lembram de Everaldo como uma pessoa simples, que gostava de fazer churrasco e se reunir em casa ou no sítio, onde também aproveitava para andar a cavalo. Por ser negro, sofria preconceito. Mas, como conta Denise, levantava a cabeça e não dava importância.
- Tenho a lembrança de um pai maravilhoso - afirma. - Para entrar em algum clube de sociedade, ele sempre entrou de cabeça erguida (...) Eu não posso jamais me rebaixar para nada. Eu sou filha do Everaldo - ressalta.
Everaldo vestiu uma jaqueta cheia de franjas no desfile com um simulacro da taça de campeão do mundo com o Brasil em 1970 (Foto: Reprodução/RBS TV)
Foi assim que Everaldo conquistou espaço. Como também lembra a filha, o jogador costumava vestir as roupas que bem entendia, sem se importar com o que as pessoas pensariam dele. Após conquistar o título do tri mundial com o Brasil, no México, na Copa do Mundo de 70, desfilou em carro de bombeiros com uma jaqueta cheia de franjas. Até hoje ela guarda as peças.
- Nem parece que foi campeão do mundo. A simplicidade dele quando chegou a Porto Alegre eu lembro como se fosse hoje - recorda o amigo Loivo, ex-jogador.
A personalidade tranquila e serena ficou abalada em um episódio. Durante jogo do Grêmio contra o Cruzeiro, em 1972, Everaldo não aceitou a marcação de um pênalti e foi para cima do árbitro José Favilli Neto. Com um soco, o derrubou. Pela atitude, pegou um ano de suspensão. Ali se iniciava o fim da carreira de jogador de futebol. Ele começava a dar adeus para, dois anos depois, virar estrela.
- Aquela bandeira representa o meu pai, vejo muito dele ali - diz Denise.
- A primeira vez que eu vi aquela estrela na bandeira comecei a chorar de alegria. Foi como um obrigado ao Grêmio - conta Ariovaldo.
Irmão de Everaldo com a neta dele, filha de Denise, que é muito parecida com o ex-jogador (Foto: Reprodução/RBS TV)
Morte em acidente de carro
Foi em um acidente de trânsito, na noite de 27 de outubro de 1974, que Everaldo morreu junto com mais dois familiares, sua esposa e uma filha. O carro dele bateu em um caminhão carregado de arroz na saída de um posto de combustíveis na BR-290, em Arroio dos Ratos, quando voltava de Cachoeira do Sul. Naquela cidade, havia disputado uma partida amistosa com veteranos do Grêmio contra uma equipe amadora local.
Loivo era amigo muito próximo de Everaldo. Ele guarda diversas fotos do ex-jogador (Foto: Reprodução/RBS TV)
O amigo Loivo foi o primeiro a ver o carro acidentado, e Everaldo com ferimentos dentro do veículo. Antes, eles conversaram no posto.
- Parei no posto, ele estacionou no meu lado e disse para eu ir que ele iria colocar gasolina no carro. Foi a última vez que nos falamos - lembra. - A primeira coisa que eu vi foi uma carteira fora do carro, e vi que ele bateu a cabeça. A esposa dele já tinha falecido na hora, a outra filha também morreu, e ele morreu depois.
Denise, que na época tinha seis anos de idade, recorda de alguns momentos. Por um tempo, após o acidente, ela achava que o pai, a irmã mais nova, de três anos, e a mãe estavam viajando e, um dia, retornariam.
- Fiquei presa nas ferragens e só acordei no outro dia. Levei muito tempo para saber que meu pai tinha morrido. Todo mundo me contava que eles tinham ido viajar para uma viagem muito longa. Fiquei sabendo pouco depois de um mês.
Passados quase 40 anos do acidente, Loivo diz que gostaria de ver homenagem maior a Everaldo, apesar de se dizer feliz com a estrela dourada.
- Ele deveria ter até uma estátua pelo que ele fez pelo Grêmio.
O Pórtico dos Campeões, na entrada do Olímpico, também é uma das homenagens a Everaldo, criada pelo Grêmio após o título da Copa do Mundo no México. Nada mais justo.
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Há quem não saiba, mas a estrela dourada da bandeira e da camisa do Grêmio faz homenagem a Everaldo Marques da Silva, ex-jogador que atuava na lateral esquerda do clube e também passou pela seleção brasileira, na qual conquistou o tricampeonato mundial, em 1970. Ídolo tricolor, ele, que era negro, superou preconceito e adversários dentro de campo, mas foi derrotado pelo trânsito. Na noite de 27 de outubro de 1974, com apenas 30 anos, não resistiu à colisão de seu carro contra um caminhão carregado de arroz, na BR-290. Estavam no veículo e também morreram mais dois familiares.
Perto da data que marca os 40 anos da despedida de Everaldo, o RBS Esporte, da RBS TV, relembra um pouco da história do homem que deixou seu nome marcado na história do futebol do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo (assista à reportagem completa no vídeo acima). E também faz uma revelação. Quem abre o jogo é a filha Denise, que sobreviveu ao acidente. Tinha apenas seis anos.
- Ele era colorado. Toda a história conta que ele era colorado - afirma Denise, que também é torcedora do Inter. - Mas a gente sempre pega amor a quem nos dá carinho, e quem deu carinho para ele foi o Grêmio,
- Quando eu era bem novo, a gente torcia pelo Inter - acrescenta o irmão de Everaldo, Ariovaldo da Silva, relembrando os velhos tempos.
Familiares e também amigos se lembram de Everaldo como uma pessoa simples, que gostava de fazer churrasco e se reunir em casa ou no sítio, onde também aproveitava para andar a cavalo. Por ser negro, sofria preconceito. Mas, como conta Denise, levantava a cabeça e não dava importância.
- Tenho a lembrança de um pai maravilhoso - afirma. - Para entrar em algum clube de sociedade, ele sempre entrou de cabeça erguida (...) Eu não posso jamais me rebaixar para nada. Eu sou filha do Everaldo - ressalta.
Everaldo vestiu uma jaqueta cheia de franjas no desfile com um simulacro da taça de campeão do mundo com o Brasil em 1970 (Foto: Reprodução/RBS TV)
Foi assim que Everaldo conquistou espaço. Como também lembra a filha, o jogador costumava vestir as roupas que bem entendia, sem se importar com o que as pessoas pensariam dele. Após conquistar o título do tri mundial com o Brasil, no México, na Copa do Mundo de 70, desfilou em carro de bombeiros com uma jaqueta cheia de franjas. Até hoje ela guarda as peças.
- Nem parece que foi campeão do mundo. A simplicidade dele quando chegou a Porto Alegre eu lembro como se fosse hoje - recorda o amigo Loivo, ex-jogador.
A personalidade tranquila e serena ficou abalada em um episódio. Durante jogo do Grêmio contra o Cruzeiro, em 1972, Everaldo não aceitou a marcação de um pênalti e foi para cima do árbitro José Favilli Neto. Com um soco, o derrubou. Pela atitude, pegou um ano de suspensão. Ali se iniciava o fim da carreira de jogador de futebol. Ele começava a dar adeus para, dois anos depois, virar estrela.
- Aquela bandeira representa o meu pai, vejo muito dele ali - diz Denise.
- A primeira vez que eu vi aquela estrela na bandeira comecei a chorar de alegria. Foi como um obrigado ao Grêmio - conta Ariovaldo.
Irmão de Everaldo com a neta dele, filha de Denise, que é muito parecida com o ex-jogador (Foto: Reprodução/RBS TV)
Morte em acidente de carro
Foi em um acidente de trânsito, na noite de 27 de outubro de 1974, que Everaldo morreu junto com mais dois familiares, sua esposa e uma filha. O carro dele bateu em um caminhão carregado de arroz na saída de um posto de combustíveis na BR-290, em Arroio dos Ratos, quando voltava de Cachoeira do Sul. Naquela cidade, havia disputado uma partida amistosa com veteranos do Grêmio contra uma equipe amadora local.
Loivo era amigo muito próximo de Everaldo. Ele guarda diversas fotos do ex-jogador (Foto: Reprodução/RBS TV)
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Denise, que na época tinha seis anos de idade, recorda de alguns momentos. Por um tempo, após o acidente, ela achava que o pai, a irmã mais nova, de três anos, e a mãe estavam viajando e, um dia, retornariam.
- Fiquei presa nas ferragens e só acordei no outro dia. Levei muito tempo para saber que meu pai tinha morrido. Todo mundo me contava que eles tinham ido viajar para uma viagem muito longa. Fiquei sabendo pouco depois de um mês.
Passados quase 40 anos do acidente, Loivo diz que gostaria de ver homenagem maior a Everaldo, apesar de se dizer feliz com a estrela dourada.
- Ele deveria ter até uma estátua pelo que ele fez pelo Grêmio.
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