Eder Braga é o quarto da esquerda para a direita (Foto: Reprodução/ESPN Brasil)
Eder Braga disse ter ficado surpreso quando um amigo avisou que o vira nas imagens que rodaram o Brasil após o jogo entre Grêmio e Santos, na quinta-feira, pela Copa do Brasil. Apesar de estar próximo a torcedores que proferiram injúrias raciais contra Aranha, o homem de 31 anos nega ter participado da ação ofensiva ao jogador.
Morador da Região Metropolitana de Porto Alegre, o gremista falou ao GloboEsporte.com que realmente xingou o goleiro santista, mas com palavrões "normais", uma vez que o camisa 1 rival estava retardando o reinício da partida no segundo tempo. Negro, Eder diz que seria "impensável" ele ofender alguém dessa maneira.
- Eu geralmente, quando vou, fico ali atrás do gol. Xinguei ele de tudo que é jeito, mas com palavrões normais de jogo. Chamei de filho da p..., entre outros. Mas nunca com atos racistas. Eu vou xingar alguém por ser negro? O pessoal vê a imagem, não tem noção e tira uma ideia completamente errada do que aconteceu - defende-se.
Eder confirma que, no momento dos xingamentos a Aranha, avistou torcedores imitando sons, como "uh, uh, uh", de conotação racista, em alusão a macacos. Segundo ele, assim que viu, tentou se afastar.
- Eu vi mesmo. Estavam ali bem perto. E também vi que alguns torcedores chegaram para tentar impedir que eles seguissem com as ofensas. Pediram para eles parar - conta.
O torcedor lamenta que tais episódios sejam comuns:
- Isso aí é um negócio triste. E não acontece só nos estádios, está na sociedade.
As imagens já fizeram Eder tomar uma atitude extrema, de excluir sua conta no Facebook, diante de alguns comentários ofensivos. Sobre continuar indo a jogos? Pretende seguir a rotina de acompanhar o clube do coração.
Não há confirmação de que Eder possa estar entre os cinco identificados pelo Grêmio, que enviou relatório a Polícia Civil neste final de semana. De acordo com ele, não foi procurado por ninguém. Caso seja intimidado a depor, promete se apresentar normalmente.
- Vou, claro, sem problema nenhum. Mas, claro, não tem como não ficar preocupado com toda essa situação - finalizou.
Entenda o caso
O incidente na quinta aconteceu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.
A jovem mostrada na ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. O goleiro Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre na sexta-feira.
Diante da repercussão, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Pedras foram jogadas em direção a sua casa na noite de sexta-feira. O GloboEsporte.com visitou a região na tarde de sábado e ouviu os vizinhos. Amigos negros da menina de 23 anos garantem que ela não é racista.
Jogo de volta suspenso
As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro Aranha tiveram mais um desdobramento. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acatou pedido da Procuradoria de Justiça Desportiva e suspendeu o jogo de volta entre as duas equipes, na próxima quarta-feira, até que o caso seja julgado. No primeiro duelo das oitavas da Copa do Brasil, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0.
O julgamento ocorrerá na próxima quarta-feira. O Grêmio responderá por ato de discriminação racial por parte de torcedores, além do arremesso de papel higiênico no gramado e atraso. O clube corre risco de exclusão na Copa do Brasil e multa de até R$ 200 mil. A denúncia se apoia no artigo 243-G (discriminação racial) e no 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD. O clube responde ainda ao artigo 191 por descumprir o regulamento e entrar em campo três minutos após o horário previsto.
Aranha reclama de insultos para a arbitragem na quinta-feira na Arena (Foto: Roberto Vinicius/ELEVEN/Agência Estado)
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Morador da Região Metropolitana de Porto Alegre, o gremista falou ao GloboEsporte.com que realmente xingou o goleiro santista, mas com palavrões "normais", uma vez que o camisa 1 rival estava retardando o reinício da partida no segundo tempo. Negro, Eder diz que seria "impensável" ele ofender alguém dessa maneira.
- Eu geralmente, quando vou, fico ali atrás do gol. Xinguei ele de tudo que é jeito, mas com palavrões normais de jogo. Chamei de filho da p..., entre outros. Mas nunca com atos racistas. Eu vou xingar alguém por ser negro? O pessoal vê a imagem, não tem noção e tira uma ideia completamente errada do que aconteceu - defende-se.
Eder confirma que, no momento dos xingamentos a Aranha, avistou torcedores imitando sons, como "uh, uh, uh", de conotação racista, em alusão a macacos. Segundo ele, assim que viu, tentou se afastar.
- Eu vi mesmo. Estavam ali bem perto. E também vi que alguns torcedores chegaram para tentar impedir que eles seguissem com as ofensas. Pediram para eles parar - conta.
O torcedor lamenta que tais episódios sejam comuns:
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Não há confirmação de que Eder possa estar entre os cinco identificados pelo Grêmio, que enviou relatório a Polícia Civil neste final de semana. De acordo com ele, não foi procurado por ninguém. Caso seja intimidado a depor, promete se apresentar normalmente.
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A jovem mostrada na ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. O goleiro Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre na sexta-feira.
Diante da repercussão, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Pedras foram jogadas em direção a sua casa na noite de sexta-feira. O GloboEsporte.com visitou a região na tarde de sábado e ouviu os vizinhos. Amigos negros da menina de 23 anos garantem que ela não é racista.
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O julgamento ocorrerá na próxima quarta-feira. O Grêmio responderá por ato de discriminação racial por parte de torcedores, além do arremesso de papel higiênico no gramado e atraso. O clube corre risco de exclusão na Copa do Brasil e multa de até R$ 200 mil. A denúncia se apoia no artigo 243-G (discriminação racial) e no 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD. O clube responde ainda ao artigo 191 por descumprir o regulamento e entrar em campo três minutos após o horário previsto.
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