Como se preparam os goleiros do Grêmio para 2017

Enquanto os jogadores de linha do Grêmio treinam juntos diariamente e estão sofrendo nas mãos da preparação física neste início da Pré-Temporada Grêmio 4all, os goleiros seguem outra programação. Ainda que compartilhem avaliações e alguns treinamentos com os outros atletas, é nas mãos do preparador Rogério Godoy que Marcelo Grohe, Bruno Grassi, Léo e Dida treinam de olho na temporada 2017.

Desde o dia da apresentação dos jogadores, na última quinta-feira, foi possível observar os quatro arqueiros treinando no gramado. Não que eles não sejam submetidos às avaliações laboratoriais, fisiológicas e fisioterápicas. Os primeiros dias foram, também, de atenção à parte física, mas sempre com a bola inserida nos treinamentos. Aos 46 anos, trabalhando desde 2010 com o elenco principal, Rogerião é responsável por colocar os goleiros do Grêmio a suar desde o primeiro minuto da temporada. Para ele goleiro tem, sim, período de preparação para o ano. E pode ser até mais intenso.

“Goleiro tem pré-temporada tão dura quanto os outros atletas. Inclusive acho que até mais pesada, porque a gente começa trabalhando resistência, depois passa para força e potência e é um trabalho pesado. O goleiro é um ser forte, e essa pré-temporada é bem pesada. Claro que durante o ano a gente vai vendo o que precisa ser feito e vai atacando as valências, individualizando goleiro a goleiro”, detalha o preparador gremista.

Antes da apresentação dos atletas para a temporada, Rogério Godoy e o preparador físico Rogério Dias se reúnem e traçam os trabalhos que dizem questão aos goleiros. A preparação dos jogadores de linha é levada em consideração, uma vez que os goleiros precisam, segundo Rogerião, estarem prontos para quando começarem os trabalhos com bola. E é por conta disso que sua metodologia inclui a bola desde a primeira sessão de treinos.

“A gente tem reuniões, onde são discutidas maneiras de trabalho, como vamos atuar. Na pré-temporada, propriamente dita, conversei com o professor Rogério Dias, vi a melhor maneira possível de fazer a integração da parte dele com a preparação dos goleiros. Até porque, na hora que o pessoal de linha vai para o trabalho com bola, os goleiros têm que estar prontos. Então a gente começa um pouco antes, trabalhando com bola desde o início. Dá uma adaptação mais rápida, atingimos nossos índices de uma melhor maneira e o goleiro já fica bem adaptado para quando começar o início dos outros atletas com bola”, explica.

Se está desde 2010 no grupo principal, Rogério Godoy é, desde 2012, o treinador efetivo dos goleiros do Clube. Substituiu Francisco Cersósimo e já está em seu terceiro trabalho com Marcelo Grohe e Renato Portaluppi, por exemplo. Com tanto tempo de convivência, fica fácil para orientar, elogiar e chamar a atenção dos seus comandados - o que não falta quando há necessidade.

“Eu estou no Departamento Profissional desde 2012. Então de 2013 em diante comecei a trabalhar nas pré-temporadas. A gente conversa bastante, troca informações. Eu falo para eles que, quando tiver que falar as coisas boas, vou falar. Mas as coisas ruins, que às vezes passam despercebidas pelas demais pessoas, mas nós temos um olho afinado para ver algumas situações, nós falamos. Conversamos sobre tudo que aconteceu na temporada 2016, não foram só coisas boas. Algumas coisas, no meu entender, poderíamos ter feito melhor. Mas claro que enaltecemos a colaboração de todos, até por essa quebra dos 15 anos sem títulos. O Marcelo teve um ano de muita cobrança, e tem que ser cobrado. Um goleiro como o Marcelo, que em 2014 foi o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro, em 2015 e 2016 teve altos e baixos, mas na hora que o Clube mais precisou ele estava ali para colaborar. E todos nós sabemos como foi o final”, comemora.

Embora Bruno Grassi e Léo tenham tido desempenhos satisfatórios quando exigidos e Dida não tenha deixado a desejar nos treinamentos, é de Marcelo Grohe que a torcida lembra nos principais momentos do Grêmio nos últimos anos. Rogério Godoy conhece bem o dono da meta tricolor, que desde 2005 frequenta o time titular. Para ele, o goleiro tricolor representa mais do que um ídolo para os seus colegas: é um espelho no qual os colegas buscam reflexo.

“O Marcelo é um espelho para todos esses garotos, tanto dos profissionais quanto das categorias de base. Na hora em que precisou contra o San Lorenzo, na Argentina, o Marcelo fez uma partida espetacular. Contra a LDU fez outra partida espetacular. O Bruno Grassi, não por menos, veio de um clube do interior e teve uma evolução muito grande. Mostra trabalho e competência. E o Léo não está diferente disso. Na hora em que o Clube mais necessitou dele, se saiu muito bem. Eu acho que os três goleiros estão em um nível muito bom. O Dida fez um trabalho muito bom nas categorias de base e tenho certeza que vai crescer junto com o espelho que são esses três profissionais”, projeta.

Por fim, o preparador dos goleiros que vestem azul, preto e branco esmiúça o objetivo para 2017. Se o ano passado terminou com um título aguardado por tantos anos, esta temporada exigirá mais entrega e controle do desempenho.

“Os objetivos são bem claros: temos que manter a nossa regularidade. Como eu mesmo citei, era muito difícil fazer gol no Marcelo. Em 2016 não foi diferente. Houve jogos em que a gente poderia ter feito algo a mais. A torcida está acostumada com o Marcelo fazendo defesa difícil e salvando, e eu não mudo a minha maneira de pensar. A gente tem que estar sempre fazendo isso”, conclui Rogerião.


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