Recentes casos de ofensa racial no Brasil terminaram com multas e raras prisões

Punição padrão em casos como o de Aranha na Arena do Grêmio trouxeram apenas prejuízos financeiros aos clubes


Fonte: IG

Recentes casos de ofensa racial no Brasil terminaram com multas e raras prisões
Roberto Vinícius/Agência Eleven/Gazeta Press
Aranha e Arouca avisam arbitragem sobre ofensas racistas da torcida do Grêmio na Arena

O artigo 140 do Código Penal Brasileiro é o que determina vítima de crime a pessoa ofendida por conta de cor, raça, religião ou origem. No futebol, como aconteceu com Aranha, goleiro do Santos, chamado de macaco por torcedores do Grêmio na noite de quarta-feira, em Porto Alegre, esse delito é chamado de injúria racial e a pena ao agressor pode chegar a oito anos de detenção, embora permita fiança - já o crime de racismo é cometido quando a ofensa atinge uma coletividade, e é inafiançavel. Fazer valer a lei, no entanto, tem sido a tônica desses casos recentemente no futebol brasileiro, com impunidade para os que usam a arquibancada para apregoar a intolerância.

Torcedora do Grêmio xinga Aranha de "macaco". Assista:



De árbitros a jogadores, 2014 já reúne uma série de casos de injúria racial, mas as punições têm atingido apenas os clubes, julgados pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva, com multas e perda de pontos. O próprio Grêmio já foi condenado a pagar R$ 80 mil, pelas ofensas destinadas ao zagueiro Paulão, do Internacional, em jogo pelo Campeonato Gaúcho, no fim de março. Porém, o torcedor que o xingou nunca foi identificado e preso para responder pelo ato - se for sócio do clube, ele poderia ser afastado e impedido de frequentar estádios por até 720 dias no âmbito esportivo, além do processo criminal.

Os incidentes com Aranha e Paulão, ambos sem torcedores detidos pela polícia ou seguranças particulares após a acusação de injúria racial, aconteceram na Arena do Grêmio, estádio inaugurado em dezembro de 2012 e que conta com aparato moderno de segurança, com 239 câmeras de TV monitorando áreas externas e internas. Emissoras como a ESPN Brasil exibiram uma mulher chamando o goleiro do Santos de "macaco", e outros espectadores imitando o animal quando o jogador reagiu às ofensas.

Relembre outros jogadores que já sofreram ofensas racistas em estádios:

No Rio Grande do Sul, outro caso este ano ganhou destaque por envolver um árbitro. Márcio Chagas ouviu ofensas racistas de torcedores do Esportivo de Bento Gonçalves, que atiraram bananas em seu carro, após partida contra o Veranópolis, pelo estadual. O clube perdeu nove pontos e acabou rebaixado, mas novamente ninguém foi detido.

Já o Santos teve outro jogador vítima de injúria racial em março: o volante Arouca, por torcedores do Mogi Mirim, em jogo pelo Campeonato Paulista. O clube do interior recebeu multa de R$ 50 mil. Ninguém foi identificado ou preso. A única detenção recente envolveu um jornalista de Londrina, Lourival Santos, denunciado após chamar de "macaco" o lateral Maicon, do time local, atual campeão paranaense.

Em outros países

A Europa costuma ter postura mais rígida em incidentes com torcedores, além de ações mais efetivas para identificar os culpados, até por apresentar casos de injúria com mais frequência. Na Itália, clubes como Juventus e Lazio tiveram de fazer partidas com portões fechados em punição a atos racistas.

A Inglaterra tem um dos procedimentos mais eficazes para identificar baderneiros. Em outubro de 2013, por exemplo, um torcedor do Tottenham atirou um sinalizador no gramado, que atingiu a cabeça de um dos assistentes de arbitragem na partida contra o Aston Villa, pelo Campeonato Inglês. Os responsáveis pela segurança do White Hart Lane, estádio do clube de Londres, acionaram as câmeras de TV, e quatro minutos após o incidente a pessoa foi encontrada e detida.

Em maio deste ano, o lateral brasileiro Daniel Alves viu um torcedor do Villarreal atirar uma banana em sua direção quando se posicionava para cobrar um escanteio. Sua reação à agressão foi comer a fruta. Identificado, David Campayo Leo perdeu o carnê de sócio e está proibido de ver jogos no estádio do clube espanhol. Ele chegou a ser preso, mas liberado após prestar depoimentos.

Na América do Sul, a pena comum tem sido a mesma em prática no Brasil. Também em 2014, jogando no Peru diante do Real Garcilaso, o volante Tinga foi alvo de cânticos racistas, caso que teve repercussão mundial, com direito a campanha anti-intolerância lançada pela presidente Dilma Rousseff, que recebeu o jogador do Cruzeiro em Brasília. A Conmebol multou o clube em US$ 12 mil, sem nenhum agressor identificado.

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