[Grêmio Avalanche]: O conflito entre o Não da Lógica e o Sim da alma gremista

Pouco antes de mais uma decisão na Copa do Brasil tenho a companhia de uma velha conhecida que norteia minha vida de gremista há algum tempo. Seu nome é Lógica. Ela geralmente dá as caras em momentos decisivos do meu Tricolor. É lembrada por trazer à tona dados, estatísticas, resultados e desempenhos anteriores do meu Grêmio e de diversos adversários em momentos decisivos, principalmente nos últimos quinze anos.

Como era de se esperar, na última sexta-feira, a Lógica chegou a minha casa com o intuito de permanecer até meados desta semana, mais especificamente até esta quarta-feira. Em sua bagagem, minha hóspede trouxe a notícia de que meu time enfrentaria o forte e competitivo Palmeiras para decidir quem segue rumo às semifinais da Copa do Brasil. Admito que, tratando-se de Grêmio, não esperava facilidades. Esse meu time adora testar os nervos de seus torcedores trilhando os caminhos mais tortuosos possíveis.

Pois bem, a visitante em questão me envolveu com seus mais diversos argumentos sobre o rival paulista que estará na Arena nesta quarta. Explanou sobre o forte elenco que o Palmeiras possui, no qual até boa parte do banco de reservas conta com peças que resolveriam alguns problemas do meu próprio time. Ok, isso já seria justificativa suficiente para o fato de ele ser o líder do Campeonato Brasileiro há várias rodadas (inclusive a Lógica praticamente esfregou a tabela de classificação no meu rosto para eu ficar ainda mais ciente da posição do Palmeiras).

Porém, além do grupo qualificado e entrosado, a visitante ainda me lembrou do bom futebol executado pela equipe, até mesmo com jogadas trabalhadas que resultam em belos gols, como aconteceu no último final de semana diante do Coritiba. “Exatamente, diante do mesmo Coritiba que aplicou um 4 a 0 em vocês há alguns dias” ela fez questão de salientar. Após citar que a principal estrela do citado time é o valioso Gabriel Jesus, o qual já está vendido a preço de ouro, a Lógica voltou a um passado recente para reafirmar o favoritismo do grupo defendido por ela. Sim, ela me lembrou da nossa eliminação em 2012, aquela que considero uma das frustrações mais significativas dos últimos tempos. Na hora que veio à tona que o Palmeiras é o atual campeão do torneio em questão minha vontade foi de jogar ela para fora da minha casa de vez.

Como eu seria capaz de argumentar algo para discordar da Lógica? Dentro de mim, encontrei um verdadeiro misto de sentimentos e fatos para tentar formular algo para bater de frente com essa inconveniente visitante. Esse meu Grêmio já me fez passar por muitas situações complicadas e, por vezes, me surpreendeu. É claro que vivi os momentos decepcionantes da mesma forma, mas tentei focar nos casos bem-sucedidos, nem que para isso tivesse que voltar uns bons anos no tempo. Afinal de contas, em 1995, foram os caras de camisa tricolor que aplicaram um 5 a 0 no também poderoso Palmeiras daquela temporada. A competição era outra, o ritmo era outro, o grupo era outro, talvez até o espírito fosse outro. Mas, ainda assim, era o Grêmio.

O atual grupo gremista pode ser bastante diferente daquele que triunfou sobre os adversários de verde no passado. Entretanto, esse Grêmio que vai enfrentar o Palmeiras é o mesmo que há uma semana encarou incríveis dezesseis cobranças de pênaltis para continuar na competição tão adorada por sua torcida. Uma classificação, mesmo com falhas, desentendimento entre jogador e torcedor e um clima tenso vindo das arquibancas é um baita argumento para ir contra a Lógica. Além disso, era a estreia como técnico do novo/velho conhecido Tricolor, nosso Homem-Gol, que parece também ter tido importante participação no fato de nosso ataque voltar a marcar um gol no domingo, após um jejum que parecia interminável. Não custa acreditar que Renato exerça algo que vá além da técnica e tática para motivar nosso grupo no próximo desafio.

Ainda assim, a Lógica parece imbatível com seu arsenal de argumentos “pró-Palmeiras”. Ao longo dessa quarta-feira, esse contexto vai martelar na cabeça de muitos gremistas. Entretanto, em alguma parte remota do subconsciente destes mesmos gremistas virá um alento que o lembrará que seu time já venceu a Copa do Brasil por quatro vezes, que muitos irão à Arena apoiar seus jogadores e de certa forma ajudar na classificação para as semifinais, que uma hora coisas boas acontecerão para nós. Não adianta, a alma gremista insiste em mirar para o lado do “Sim, é possível”, mesmo com a minha conhecida lógica gritando “Não! Não tem jeito”. O que me resta é acompanhar meu Grêmio na primeira parte dessa peleia, em meio a um verdadeiro conflito de convicções e expectativas da Lógica contra o ímpeto de esperança do meu espírito Tricolor.


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