Fellipe Bastos vive momento "mágico" (Foto: Diego Guichard)
Imagine passar por momentos de incerteza, indefinição e insegurança na carreira. Novo titular do Grêmio, Fellipe Bastos sabe bem o que é isso. Enfrentou fase complicada no Vasco nesta temporada, foi emprestado ao clube gaúcho, em negociação envolvendo Kleber Gladiador, e precisou esperar... A oportunidade veio com Luiz Felipe Scolari no clássico Gre-Nal 402. Desde então se tornou o homem de confiança de Felipão e ingressou em “momento mágico”, como ele mesmo define. Voltou a pensar em reviver fases de auge na carreira, ser protagonista em um clube e até sonhar com Seleção. Mas claro, tudo passa por boas atuações com a camisa azul, preta e branca.
Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Fellipe Bastos falou sobre o início complicado, as mudanças com a chegada de Luiz Felipe Scolari e já fez projeções sobre futuro. Identificado com o Grêmio, pensa em prolongar o vínculo com o clube gaúcho (está emprestado até o final do ano).
Basto poderia ser um exemplo de um típico jogador de futebol brasileiro. Criado na Penha, bairro humilde do Rio de Janeiro, viveu infância sem luxo. Ao lado do irmão (Danilo), cresceu jogando futebol. No início apostou no futsal, até passar em teste na escolinha do Botafogo. Com 17 anos, trocou o Brasil pelo Benfica, de Portugal. Retornou dois anos depois para o Vasco, passando por Ponte Preta, ano passado, até chegar ao Grêmio.
Hoje, reside em Porto Alegre com a esposa Rafaela e com os filhos Giovanna e Matheus. E, se depender dele, seguirá com a família em solo gaúcho por muito tempo.
GloboEsporte.com – Como foi a mudança do Vasco para o Grêmio até esse momento?
Fellipe Bastos – Era algo que eu queria, acho que já tinha dado tudo pelo Vasco. Não é que meu ciclo estava encerrando, mas já imaginava sair. A oportunidade no Grêmio apareceu e aceitei. Apostei que iria mudar muito na minha vida. O início foi meio difícil, complicado, mas sempre trabalhei para receber oportunidade. Ela chegou em um Gre-Nal, jogo importantíssimo. Pude jogar bem individualmente, mas não coletivamente, já que o time não saiu vencedor. Ontem (vitória contra o Criciúma), foi um jogo que eu pude demonstrar tudo que eu vinha fazendo nos treinamentos. Saí muito feliz pela vitória e minha atuação.
O sistema com três volantes armadores agrada?
Não é novidade para mim, atuei assim no Vasco, na Ponte Preta. Felipão optou pelo sistema para ter mais poder defensivo, mais marcação. No segundo gol, eu e o Riveros apertamos na marcação, pressionamos a saída. Somos obrigamos a chegar para ser maioria na área, ajudar na chegada.
Em um lance coletivo, quase marcou com chute de fora da área. O Felipão cobra muito para vocês arriscarem?.
Foi o chute que eu estava esperando (veja ao lado). Queria que fosse gol, seria a coroação de um belo jogo, mas desviou no zagueiro. Agora é esperar que o gol saia nos próximos jogos para quando precisarmos. Uma coisa que faço bem que é chutar a gol. Felipão pede bastante e eu tenho treinado. É uma arma minha, o chute e a finalização.
O que a chegada do Felipão significou para você?
Foi o treinador que me deu oportunidade, confiou no meu trabalho sem me conhecer pessoalmente. Espero corresponder dentro de campo toda essa expectativa que tem em mim, exercer o papel de líder. É um momento mágico.
O que tem a contribuir pelo Grêmio?
Tenho muito a dar pelo Grêmio, espero ficar aqui. Acho que me identifiquei muito rápido com o clube. Quero dar muita alegria ao torcedor e, consequentemente, a mim. Quero chegar a Seleção e isso significa me firmar em um grande clube como o Grêmio.
Fellipe Bastos e Luan acompanham treino do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
Qual o melhor momento na carreira?
Meu melhor momento foi no Vasco, na Libertadores e Carioca (em 2012). E agora aqui no Grêmio, as coisas aconteceram muito rápido. Apesar de eu ter ficado alguns jogos no banco, ter esperado um pouco. Eu estava com a esperança de ter uma oportunidade. Eu não costumo desperdiçar as oportunidades que recebo.
E os momentos ruins?
Foram muitos na minha carreira, mas que me fortaleceram. No início foi complicado aqui (no Grêmio, passei por dúvidas e incertezas. Continuei trabalhando, esperando oportunidade. No Vasco (em 2013) não estava sendo aproveitado (por Dorival Júnior) e acabei emprestado para a Ponte Preta. Para mim acabou sendo bom. Fiz um bom Brasileirão e chegamos até a final da Sul-Americana. O início da minha carreira no Benfica também foi difícil por eu ser muito novo. Queria jogar e não conseguia.
Talvez hoje eu não sairia tão cedo (com 17 anos) para o Benfica. Mas na época foi importante financeiramente. Tirei meus pais do lugar onde eu morava, hoje eles estão mais tranquilos, perto da praia. No clube, joguei grandes jogadores: Aimar, Di Maria, Nuno Gomes, Saviola, Ramires. Aprendi muito com eles.
Teve infância difícil?
Eu aproveitei muito, tive infância. As crianças de hoje não brincam de muitas coisas que eu brinquei, também muito pela segurança. Meus pais confiavam em mim e no meu irmão. Ele era meu protetor. Na época, eu não respeitava os mais velhos, brigava muito na rua. Agora, só em campo.
Hoje, continuo com muitos amigos de onde eu morava, na Penha. Quando estou no Rio vou sempre visitá-los. Temos um grupo no Whatsapp em que falamos sempre. Eles me mandaram parabéns pela atuação ontem. Quando eu jogo mal eu levo corneta, mas eles podem. Estão liberados para cornetear.
Quem te colocou no futebol?
Meu pai (Feliciano) sempre ensinou a tentar a bater com as duas pernas. Atuava com meu irmão (Danilo), que era goleiro. Já eu era o cara que chutava contra ele. Eu gostava de ser Romário ou Ronaldo.
Quem te colocou como volante?
Foi um treinador chamado Botinha, do Botafogo. Como tinha muito meia no time e eu sempre tinha essa característica de marcar, ele pediu para eu atuar de volante e gostou como ficou. A partir de então, passei a ser convocado como volante. Ele que abriu meus olhos.
Passou por uma fase artilheira na carreira, não?
Sim. Em 2012, acho que fiz 12 gols pelo Vasco, sendo a maioria de falta. Para um volante é muito gol.
Sendo um dos batedores de falta do Grêmio como recuperar esse melhor momento nas bolas paradas e como o Felipão pode ajudar?
Treinar mais o meu jeito de bater na bola. Por vezes, tento imitar o Cristiano Ronaldo e o Juninho Pernambucano. Tenho que me aperfeiçoar mais.
O Felipão e o Murtosa vêm cobrando bastante nos treinamentos para que eu aprimore, bata as faltas sempre da mesma maneira. De tanto tentar diferentes formas, vou adotar o estilo Fellipe Bastos.
Fellipe Bastos comemora gol pelo Vasco (Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do vasco)
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Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Fellipe Bastos falou sobre o início complicado, as mudanças com a chegada de Luiz Felipe Scolari e já fez projeções sobre futuro. Identificado com o Grêmio, pensa em prolongar o vínculo com o clube gaúcho (está emprestado até o final do ano).
Basto poderia ser um exemplo de um típico jogador de futebol brasileiro. Criado na Penha, bairro humilde do Rio de Janeiro, viveu infância sem luxo. Ao lado do irmão (Danilo), cresceu jogando futebol. No início apostou no futsal, até passar em teste na escolinha do Botafogo. Com 17 anos, trocou o Brasil pelo Benfica, de Portugal. Retornou dois anos depois para o Vasco, passando por Ponte Preta, ano passado, até chegar ao Grêmio.
Hoje, reside em Porto Alegre com a esposa Rafaela e com os filhos Giovanna e Matheus. E, se depender dele, seguirá com a família em solo gaúcho por muito tempo.
GloboEsporte.com – Como foi a mudança do Vasco para o Grêmio até esse momento?
Fellipe Bastos – Era algo que eu queria, acho que já tinha dado tudo pelo Vasco. Não é que meu ciclo estava encerrando, mas já imaginava sair. A oportunidade no Grêmio apareceu e aceitei. Apostei que iria mudar muito na minha vida. O início foi meio difícil, complicado, mas sempre trabalhei para receber oportunidade. Ela chegou em um Gre-Nal, jogo importantíssimo. Pude jogar bem individualmente, mas não coletivamente, já que o time não saiu vencedor. Ontem (vitória contra o Criciúma), foi um jogo que eu pude demonstrar tudo que eu vinha fazendo nos treinamentos. Saí muito feliz pela vitória e minha atuação.
O sistema com três volantes armadores agrada?
Não é novidade para mim, atuei assim no Vasco, na Ponte Preta. Felipão optou pelo sistema para ter mais poder defensivo, mais marcação. No segundo gol, eu e o Riveros apertamos na marcação, pressionamos a saída. Somos obrigamos a chegar para ser maioria na área, ajudar na chegada.
Em um lance coletivo, quase marcou com chute de fora da área. O Felipão cobra muito para vocês arriscarem?.
Foi o chute que eu estava esperando (veja ao lado). Queria que fosse gol, seria a coroação de um belo jogo, mas desviou no zagueiro. Agora é esperar que o gol saia nos próximos jogos para quando precisarmos. Uma coisa que faço bem que é chutar a gol. Felipão pede bastante e eu tenho treinado. É uma arma minha, o chute e a finalização.
O que a chegada do Felipão significou para você?
Foi o treinador que me deu oportunidade, confiou no meu trabalho sem me conhecer pessoalmente. Espero corresponder dentro de campo toda essa expectativa que tem em mim, exercer o papel de líder. É um momento mágico.
O que tem a contribuir pelo Grêmio?
Tenho muito a dar pelo Grêmio, espero ficar aqui. Acho que me identifiquei muito rápido com o clube. Quero dar muita alegria ao torcedor e, consequentemente, a mim. Quero chegar a Seleção e isso significa me firmar em um grande clube como o Grêmio.
Fellipe Bastos e Luan acompanham treino do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
Qual o melhor momento na carreira?
Meu melhor momento foi no Vasco, na Libertadores e Carioca (em 2012). E agora aqui no Grêmio, as coisas aconteceram muito rápido. Apesar de eu ter ficado alguns jogos no banco, ter esperado um pouco. Eu estava com a esperança de ter uma oportunidade. Eu não costumo desperdiçar as oportunidades que recebo.
E os momentos ruins?
Foram muitos na minha carreira, mas que me fortaleceram. No início foi complicado aqui (no Grêmio, passei por dúvidas e incertezas. Continuei trabalhando, esperando oportunidade. No Vasco (em 2013) não estava sendo aproveitado (por Dorival Júnior) e acabei emprestado para a Ponte Preta. Para mim acabou sendo bom. Fiz um bom Brasileirão e chegamos até a final da Sul-Americana. O início da minha carreira no Benfica também foi difícil por eu ser muito novo. Queria jogar e não conseguia.
Talvez hoje eu não sairia tão cedo (com 17 anos) para o Benfica. Mas na época foi importante financeiramente. Tirei meus pais do lugar onde eu morava, hoje eles estão mais tranquilos, perto da praia. No clube, joguei grandes jogadores: Aimar, Di Maria, Nuno Gomes, Saviola, Ramires. Aprendi muito com eles.
Teve infância difícil?
Eu aproveitei muito, tive infância. As crianças de hoje não brincam de muitas coisas que eu brinquei, também muito pela segurança. Meus pais confiavam em mim e no meu irmão. Ele era meu protetor. Na época, eu não respeitava os mais velhos, brigava muito na rua. Agora, só em campo.
Hoje, continuo com muitos amigos de onde eu morava, na Penha. Quando estou no Rio vou sempre visitá-los. Temos um grupo no Whatsapp em que falamos sempre. Eles me mandaram parabéns pela atuação ontem. Quando eu jogo mal eu levo corneta, mas eles podem. Estão liberados para cornetear.
Quem te colocou no futebol?
Meu pai (Feliciano) sempre ensinou a tentar a bater com as duas pernas. Atuava com meu irmão (Danilo), que era goleiro. Já eu era o cara que chutava contra ele. Eu gostava de ser Romário ou Ronaldo.
Quem te colocou como volante?
Foi um treinador chamado Botinha, do Botafogo. Como tinha muito meia no time e eu sempre tinha essa característica de marcar, ele pediu para eu atuar de volante e gostou como ficou. A partir de então, passei a ser convocado como volante. Ele que abriu meus olhos.
Passou por uma fase artilheira na carreira, não?
Sim. Em 2012, acho que fiz 12 gols pelo Vasco, sendo a maioria de falta. Para um volante é muito gol.
Sendo um dos batedores de falta do Grêmio como recuperar esse melhor momento nas bolas paradas e como o Felipão pode ajudar?
Treinar mais o meu jeito de bater na bola. Por vezes, tento imitar o Cristiano Ronaldo e o Juninho Pernambucano. Tenho que me aperfeiçoar mais.
O Felipão e o Murtosa vêm cobrando bastante nos treinamentos para que eu aprimore, bata as faltas sempre da mesma maneira. De tanto tentar diferentes formas, vou adotar o estilo Fellipe Bastos.
Fellipe Bastos comemora gol pelo Vasco (Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do vasco)
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