Felipão usa 20 atletas em dois jogos e evita "titulares absolutos" no Grêmio

Felipão concede entrevista coletiva na Arena (Foto: Diego Guichard)

Um Felipão de berros, ordens, treinos exaustivos e times aguerridos era o mínimo que podia se esperar do treinador em sua terceira passagem pelo Grêmio. Mas, agora, 18 anos depois, é possível ver uma faceta de Scolari mais aflorada. Desde que aportou no Olímpico e na Arena, o comandante tem se notabilizado pelos infindáveis testes. Em dois jogos, usou 20 atletas e já adiantou, após vencer o Criciúma, que vai seguir mudando.

Pode soar exagero, mas a máxima de Felipão é de que não existem "titulares absolutos" no seu novo Grêmio. Pela curta amostragem, realmente a prática se aproxima da teoria. Seis jogadores permaneceram titulares de um jogo para outro. São eles: Marcelo Grohe, Ramiro, Werley, Rhodolfo, Fellipe Bastos e Dudu. Mesmo assim, apenas o goleiro e o zagueiro mantiveram a disposição tática. Foram somente duas mudanças obrigatórias: Pará, suspenso, e Barcos, lesionado.

- Todos são importantes. Em determinados jogos, alguns são mais importantes do que outros. A gente vai ter que analisar, olhar o último jogo do Cruzeiro (vitória de 3 a0 sobre o Santos). Eu não quero definir titulares absolutos. Eu vou mesclando. Eu vou estudando os adversários e ver o que iremos usar.

Felipão também alterna muito os esquemas. No Gre-Nal, adotou um clássico 4-4-2, enquanto diante do Criciúma, mexeu profundamente, com um 4-3-3 composto por três volantes. Nos treinamentos da semana passada, em duas oportunidades trabalhou em 3-5-2. Para enfrentar o líder Cruzeiro na quinta-feira, no Mineirão, Felipão pode inovar ainda mais. Cogita levar a campo quatro volantes.

A precaução defensiva tinha apoio nos números. Antes do 2 a 0 sobre o Criciúma, o Grêmio havia levado sete gols em três partidas. Mesmo conseguindo estancar o problema, Felipão diz que o momento turbulento ainda não passou. Entende que estar em oitavo com 22 pontos não dá garantias, nem de estar livre da degola muito menos de chances de G-4.

- A gente vai moldando uma equipe para que a gente tenha uma equipe competitiva. Ainda não é o momento de ter tranquilidade. Contra o Cruzeiro, podemos ter até quatro volantes. É muito difícil, eles estão jogando muito bem. O torcedor pode me xingar, ficar bravo. Mas eu não quero tomar gol. Porque, se eu não levar, algum gol irei fazer - defende.

Laterais defensivos e jovens promissores



Nessa linha pragmática, pode sobrar para Matías Rodríguez. O lateral-direito jogou pela primeira vez como titular no domingo. Embora os elogios, Felipão deixou claro que o argentino conserva uma clara vocação ofensiva, que pode não ser interessante diante de uma partida na casa do líder do campeonato. Já Zé Roberto ganha pontos pela capacidade defensiva demonstrada. Alçado a lateral-esquerdo contra os catarinenses, foi um dos melhores em campo.

A busca por opções na base encerra as frentes desse trabalho de constantes mudanças de Felipão no Grêmio. Não raro, surge um garoto num treino. E mais: com chances nada remotas de atuar num jogo profissional. Casos do volante Walace, titular no Gre-Nal, e do centroavante Ronan, que entrou no segundo tempo no domingo - ambos têm 19 anos.

Na terça-feira, Felipão vai observar os garotos do sub-17 num coletivo com os profissionais. Mais uma chance de ele ver o futuro. E projetar ainda mais mudanças.



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