Felipão no Gre-Nal do título do "banguzinho", em 1995 (Foto: Guaracy Andrade / Agência RBS)
A história de Luiz Felipe Scolari no futebol se confunde com a narrativa vitoriosa do Grêmio na década de 90. O sucesso não se resume a os títulos da Copa do Brasil (1994), Libertadores (1995), Recopa (1996) e Brasileirão (1996), mas também à hegemonia regional. Em três anos, o treinador teve absoluto brilho em Gre-Nais.
- Gre-Nal é um jogo super importante que marca. Faz a diferença em uma temporada, mas são três pontos iguais. É importante ganhar? Claro que é. Mas eu troco vitória em Gre-Nal por título, se tivesse que escolher - conta, em entrevista coletiva às vésperas de mais um confronto entre Grêmio e Inter, marcado para domingo, no Beira-Rio.
Em 15 clássicos regionais, foram sete vitórias, cinco empates e somente três derrotas. Além disso, foram três Gauchões conquistados, em 1987, 1995 e 1996. Felipão teve vitórias significativas, como no Gre-Nal do "banguzinho", em 1995.
O próximo Gre-Nal, que marcará o reencontro entre Felipão e Abel Braga, será mais um duelo marcante. A partir de então, o GloboEsporte.com relembra clássicos históricos de Luiz Felipe Scolari.
Estreia com vitória
A boa fama de Felipão começou cedo. Para ser mais exato, logo no primeiro Gre-Nal. Em 14 de junho de 1987, o Grêmio de um ainda pouco conhecido Luiz Felipe Scolari aplicou 3 a 0 no coirmão, treinado por Ênio Andrade, no Estádio Olímpico.
- Incontestável. Essa foi a impressão de quem assistiu ou escutou o Gre-Nal de ontem, no Olímpico, quando o Grêmio arrasou o Internacional com uma goleada de 3 a 0 - publicou o jornal Zero Hora do dia seguinte.
Na partida, João Antônio foi soberano na marcação e conseguiu conter as ações de Balalo, o substituto de Luís Fernando, enquanto Valdo, que tinha status de jogador da Seleção, tornou-se o principal nome da partida. Todos os gols saíram na etapa final. Aos 16, Cristovão abriu o placar. Aos 29, Valdo passou por três marcadores e rolou para Lima ampliar. No final do confronto, Valdo serviu para Alfinete completar o marcador com um chute cruzado.
Primeiro título
Um minuto e vinte segundos. Esse foi o tempo que Lima precisou para abrir o marcador para o Grêmio no gol defendido por Taffarel e encaminhar o primeiro título de Felipão pelo Grêmio, em partida disputada em 19 de julho de 1987. O lance relâmpago desarrumava o time vermelho no Olímpico, e o Tricolor soube se aproveitar disso. Aos 16, Lima, novamente ele, ampliou o marcador, em posição duvidosa.
Mais uma vez, Valdo mostrava-se peça fundamental no meio-campo gremista. Incansável, atuava centralizado, mas também caía pelas pontas. Foram dos pés do meia que se originou a jogada para o gol de Veras, o terceiro da partida, logo aos 18 minutos.
O Inter bem que tentou a reação. Aos 20 minutos, o árbitro marcou penalidade de Astengo, que tocou com a mão na bola dentro da área. Luís Carlos cobrou e descontou. Já aos 18 do segundo tempo, Paulinho desviou na área e diminuiu o placar.
O Colorado atacou na base da garra, mas com pouca organização. Já o Grêmio valorizou a posse de bola, quando Valdo cresceu como grande nome em campo, e soube garantir a vitória. O final do confronto foi tenso. Após discussão, Lima e Laércio foram expulsos de campo.
- Avaliei os erros na hora certa e, com a ajuda de todos aqui no Grêmio, consegui conquistar um título importante na minha carreira - vibrou Felipão após a partida.
O confronto também fora marcado pela violência. O zagueiro Pinga precisou ser substituído por Nórton ao receber pisão no joelho esquerdo. Ao final da partida, os jogadores colorados prometeram "vingança".
Gre-Nal do "banguzinho"
O Grêmio disputava a decisão do Gauchão de 1995, em meio a uma semifinal de Libertadores. Por isso, Felipão escalou a equipe para a final – disputada em 13 de agosto – com seis titulares: Rivarola, Luciano, Roger, Dinho, Carlos Miguel e Paulo Nunes, ainda que o técnico tivesse anunciado que iria a campo com apenas três. Por ser equipe mista, acabou apelidada de "banguzinho".
- Eu gostaria de usar mais titulares, mas temos uma decisão na quarta-feira. Quero, ao menos, complicar a vida do Inter - disse Felipão antes do confronto.
Mesmo com a equipe desfalcada, o Grêmio conseguiu dominar o meio-campo e venceu o time de Abel Braga no Olímpico por 2 a 1. Carlos Miguel já havia acertado chute no poste, quando Nildo, aos sete minutos, aproveitou rebote para chutar com perfeição e vencer Goycochea. Pouco depois, foi a vez do meia Gelson acertar o poste colorado. Aos sete do segundo tempo, Zé Alcino deixou tudo igual e deu a impressão de que o Inter iniciava a reação. Mas a ilusão durou 40 segundos, quando Carlos Miguel recolocou o lado tricolor na frente.
Com ânimos acirrados, o final da partida terminou em confusão, com Nildo e Márcio expulsos. Irritado, o meio-campo do Inter agrediu o companheiro Caíco.
Último Gre-Nal
Assim como Felipão começou, encerrou os clássicos Gre-Nais: com vitória. Em 22 de setembro de 1996, a equipe comandada pelo treinador superou o Inter no Beira-Rio por 2 a 1. Mas tratou-se de uma vitória suada...
Felipão somente garantiria a vitória graças ao goleiro Danrlei, o melhor em campo. O time vermelho teve maior volume de jogo, dominou a partida, mas enfrentou um verdadeiro paredão pela frente.
A partida contou com um golaço, daqueles para ficar na memória. Aos cinco minutos, Arce cobrou escanteio e a bola sobrou para Paulo Nunes. Porém, um detalhe. Como estava de costas para o lance, emendou de bicicleta e balançou as redes. Na comemoração, imitou um saci, mascoe do Inter, em provocação ao riva.
Com o revés no placar, Nelsinho Batista resolveu mudar logo aos 20 minutos. O Inter iria melhorar com a saída de Enciso, um dos três volantes, para a entrada de Luís Gustavo. Aos sete do segundo tempo, André deu um balão para a frente, de Luís Gustavo cabeceou e a bola se apresentou para Murilo empatar.
O Grêmio parecia adormecido, entregue no Beira-Rio. Era um engano. Aos 20 minutos, Arce ajeitou a bola na intermediária para cobrança de falta. Exímio batedor, o paraguaio ficou parado e viu Dinho surgir para emendar com força. A bola entrou no canto direito de André. Mesmo inferior, o Tricolor soube garantir a vitória.
- O Grêmio ganhou porque fez dois gols contra um, mas o Inter foi melhor - admitiu Felipão após a partida.
VEJA TAMBÉM
- Arthur recebe propostas para retornar ao futebol brasileiro
- Bruxos de Renato jogam dois pontos fora: Reinaldo e Rodrigo Caio não podem jogar no Grêmio
- Erro de Reinaldo, reação de Braithwaite e sinceridade de Monsalve no vestiário gremista
A história de Luiz Felipe Scolari no futebol se confunde com a narrativa vitoriosa do Grêmio na década de 90. O sucesso não se resume a os títulos da Copa do Brasil (1994), Libertadores (1995), Recopa (1996) e Brasileirão (1996), mas também à hegemonia regional. Em três anos, o treinador teve absoluto brilho em Gre-Nais.
- Gre-Nal é um jogo super importante que marca. Faz a diferença em uma temporada, mas são três pontos iguais. É importante ganhar? Claro que é. Mas eu troco vitória em Gre-Nal por título, se tivesse que escolher - conta, em entrevista coletiva às vésperas de mais um confronto entre Grêmio e Inter, marcado para domingo, no Beira-Rio.
Em 15 clássicos regionais, foram sete vitórias, cinco empates e somente três derrotas. Além disso, foram três Gauchões conquistados, em 1987, 1995 e 1996. Felipão teve vitórias significativas, como no Gre-Nal do "banguzinho", em 1995.
O próximo Gre-Nal, que marcará o reencontro entre Felipão e Abel Braga, será mais um duelo marcante. A partir de então, o GloboEsporte.com relembra clássicos históricos de Luiz Felipe Scolari.
Estreia com vitória
A boa fama de Felipão começou cedo. Para ser mais exato, logo no primeiro Gre-Nal. Em 14 de junho de 1987, o Grêmio de um ainda pouco conhecido Luiz Felipe Scolari aplicou 3 a 0 no coirmão, treinado por Ênio Andrade, no Estádio Olímpico.
- Incontestável. Essa foi a impressão de quem assistiu ou escutou o Gre-Nal de ontem, no Olímpico, quando o Grêmio arrasou o Internacional com uma goleada de 3 a 0 - publicou o jornal Zero Hora do dia seguinte.
Na partida, João Antônio foi soberano na marcação e conseguiu conter as ações de Balalo, o substituto de Luís Fernando, enquanto Valdo, que tinha status de jogador da Seleção, tornou-se o principal nome da partida. Todos os gols saíram na etapa final. Aos 16, Cristovão abriu o placar. Aos 29, Valdo passou por três marcadores e rolou para Lima ampliar. No final do confronto, Valdo serviu para Alfinete completar o marcador com um chute cruzado.
Primeiro título
Um minuto e vinte segundos. Esse foi o tempo que Lima precisou para abrir o marcador para o Grêmio no gol defendido por Taffarel e encaminhar o primeiro título de Felipão pelo Grêmio, em partida disputada em 19 de julho de 1987. O lance relâmpago desarrumava o time vermelho no Olímpico, e o Tricolor soube se aproveitar disso. Aos 16, Lima, novamente ele, ampliou o marcador, em posição duvidosa.
Mais uma vez, Valdo mostrava-se peça fundamental no meio-campo gremista. Incansável, atuava centralizado, mas também caía pelas pontas. Foram dos pés do meia que se originou a jogada para o gol de Veras, o terceiro da partida, logo aos 18 minutos.
O Inter bem que tentou a reação. Aos 20 minutos, o árbitro marcou penalidade de Astengo, que tocou com a mão na bola dentro da área. Luís Carlos cobrou e descontou. Já aos 18 do segundo tempo, Paulinho desviou na área e diminuiu o placar.
O Colorado atacou na base da garra, mas com pouca organização. Já o Grêmio valorizou a posse de bola, quando Valdo cresceu como grande nome em campo, e soube garantir a vitória. O final do confronto foi tenso. Após discussão, Lima e Laércio foram expulsos de campo.
- Avaliei os erros na hora certa e, com a ajuda de todos aqui no Grêmio, consegui conquistar um título importante na minha carreira - vibrou Felipão após a partida.
O confronto também fora marcado pela violência. O zagueiro Pinga precisou ser substituído por Nórton ao receber pisão no joelho esquerdo. Ao final da partida, os jogadores colorados prometeram "vingança".
Gre-Nal do "banguzinho"
O Grêmio disputava a decisão do Gauchão de 1995, em meio a uma semifinal de Libertadores. Por isso, Felipão escalou a equipe para a final – disputada em 13 de agosto – com seis titulares: Rivarola, Luciano, Roger, Dinho, Carlos Miguel e Paulo Nunes, ainda que o técnico tivesse anunciado que iria a campo com apenas três. Por ser equipe mista, acabou apelidada de "banguzinho".
- Eu gostaria de usar mais titulares, mas temos uma decisão na quarta-feira. Quero, ao menos, complicar a vida do Inter - disse Felipão antes do confronto.
Mesmo com a equipe desfalcada, o Grêmio conseguiu dominar o meio-campo e venceu o time de Abel Braga no Olímpico por 2 a 1. Carlos Miguel já havia acertado chute no poste, quando Nildo, aos sete minutos, aproveitou rebote para chutar com perfeição e vencer Goycochea. Pouco depois, foi a vez do meia Gelson acertar o poste colorado. Aos sete do segundo tempo, Zé Alcino deixou tudo igual e deu a impressão de que o Inter iniciava a reação. Mas a ilusão durou 40 segundos, quando Carlos Miguel recolocou o lado tricolor na frente.
Com ânimos acirrados, o final da partida terminou em confusão, com Nildo e Márcio expulsos. Irritado, o meio-campo do Inter agrediu o companheiro Caíco.
Último Gre-Nal
Assim como Felipão começou, encerrou os clássicos Gre-Nais: com vitória. Em 22 de setembro de 1996, a equipe comandada pelo treinador superou o Inter no Beira-Rio por 2 a 1. Mas tratou-se de uma vitória suada...
Felipão somente garantiria a vitória graças ao goleiro Danrlei, o melhor em campo. O time vermelho teve maior volume de jogo, dominou a partida, mas enfrentou um verdadeiro paredão pela frente.
A partida contou com um golaço, daqueles para ficar na memória. Aos cinco minutos, Arce cobrou escanteio e a bola sobrou para Paulo Nunes. Porém, um detalhe. Como estava de costas para o lance, emendou de bicicleta e balançou as redes. Na comemoração, imitou um saci, mascoe do Inter, em provocação ao riva.
Com o revés no placar, Nelsinho Batista resolveu mudar logo aos 20 minutos. O Inter iria melhorar com a saída de Enciso, um dos três volantes, para a entrada de Luís Gustavo. Aos sete do segundo tempo, André deu um balão para a frente, de Luís Gustavo cabeceou e a bola se apresentou para Murilo empatar.
O Grêmio parecia adormecido, entregue no Beira-Rio. Era um engano. Aos 20 minutos, Arce ajeitou a bola na intermediária para cobrança de falta. Exímio batedor, o paraguaio ficou parado e viu Dinho surgir para emendar com força. A bola entrou no canto direito de André. Mesmo inferior, o Tricolor soube garantir a vitória.
- O Grêmio ganhou porque fez dois gols contra um, mas o Inter foi melhor - admitiu Felipão após a partida.
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