Os sete motivos para o torcedor apoiar o Grêmio na Arena contra a LDU

Foto: André Ávila / Agencia RBS

A Libertadores recém começou, mas o Grêmio encontra sua primeira encruzilhada. A partir das 21h45min desta quarta-feira, recebe a LDU em jogo com matizes de decisão. Um tropeço na Arena compromete a caminhada rumo ao tri da América. Uma vitória, por sua vez, mais do que afirmar o time na disputa resgata a autoestima, abalada pelo futebol opaco e de resultados modestos neste início de 2016. Esse cenário deixa Roger Machado sob pressão pela primeira vez nestes oito meses de Grêmio. Mas com uma carta para lançar à mesa. Trata-se de Miller Bolaños. O equatoriano trazido a peso de ouro está pronto para estrear. A presença da nova estrela no time e o teor decisivo do jogo aquecem a noite na Arena. Se na Zona Sul há os Rolling Stones, o Grêmio aposta em Bolaños e na força da sua torcida para fazer seu show particular na Zona Norte.

1 — Bolaños

Bolaños custou R$ 20 milhões e foi buscado na calorenta Guayaquil de jatinho em meio ao Carnaval. Chegou com o status de terceiro melhor jogador da América em 2015 na eleição do jornal uruguaio El País e com a perspectiva azul de ser o acréscimo de qualidade capaz de elevar o patamar do time. Por tudo isso, sua estreia nesta noite de decisão ganha ainda mais vulto.

Mas há uma questão que martela nas cabeças gremistas — e talvez até mesmo na de Roger Machado: Quando usar o equatoriano contra os equatorianos hoje? Desde o início, para que esquente com o jogo? Ou como alternativa para dar mais pode de fogo ao ataque no segundo tempo?

Há argumentos de sobra para defender qualquer um desses pontos de vista. Lançar Bolaños como titular justifica o investimento pesado feito nele. Parece sem sentido buscar um craque e deixá-lo para depois. Por outro lado, o equatoriano fez um ou dois treinos com os titulares. Precisará se entrosar na base da conversa — e até isso é obstáculo, pela língua.

Os jogadores reconhecem o valor do novo companheiro. Tanto que tratam de abraçá-lo e integrá-lo o mais rápido possível. Grohe, referência do grupo, jogador de Seleção Brasileira, encosta com frequência para conversas em portunhol com ele. Giuliano entregou em entrevista no início da semana como os companheiros quebraram o gelo com a nova estrela. Foi ao melhor estilo de boleiro. Uma foto da dupla carioca de funk melody Pepê e Neném foi disseminada no grupo de WhatsApp dos jogadores. Bolaños achou graça — mesmo sem nem imaginar de quem se tratavam as duas. Entrou na onda e aceitou a brincadeira. Até porque, se olhar com calma, ele e a Neném até que passariam por irmãos pela semelhança.

Em Porto Alegre desde 7 de fevereiro, Bolaños passou por uma pré-temporada particular. Ainda não jogou em 2016. Só foi integrado aos trabalhos com o grupo quando a delegação voltou do México. Na semana passada é que entrou na rotina dos demais. A preparação física garante fôlego para o equatoriano correr por uma hora. Tempo suficiente para desviar também para a Zona Norte as atenções em que os Rolling Stones estarão na Zona Sul

2 — Jogo de decisão

A LDU mostrou poder de fogo na altitude de 2,8 mil metros de Quito. Venceu o San Lorenzo, vice-líder do Argentino e talvez o melhor time do grupo no momento. A tendência é de que faça 100% em casa. O que torna o jogo desta noite uma encruzilhada na caminhada rumo ao tri. Um empate obrigará o Grêmio a buscar pontos fora — e o calendário prevê San Lorenzo no Nuevo Gasômetro e LDU em Quito.

3 — Para a zaga se firmar

Pedro Geromel caiu de rendimento em relação a 2015. Talvez afetado pela falta de um parceiro definitivo. Fred entrou contra o Toluca, teve vacilos, mas usa o Gauchão para encorpar-se. Fez gol e já se mostra mais seguro. Ainda assim, a dupla de zaga carece de afinação. Nesta noite, terá pela frente Tenório. Veterano, 36 anos e corpanzil de lutador peso-pesado, o equatoriano passou pelo Vasco, rodou pela Bolívia e se mostra um centroavante tarimbado, que sabe se mover na área.

4 — Para Roger voltar a ser Roger

O começo da temporada emoldura uma situação nova para Roger como técnico do Grêmio. Pela primeira vez, ele se vê pressionado a dar uma resposta imediata. A vitória sobre o Glória foi um tranquilizante no estado de tensão instalado na Arena. Mas um tranquilizante leve. Alguns problemas do time se repetiram no sábado. Marcelo Grohe precisou trabalhar forte para evitar o terceiro gol. Os laterais ainda estão abaixo e o meio-campo perde muito com a ausência de Walace.

5 — Ofensivo no banco de reservas

Roger relacionou 20 jogadores. Afora os titulares, são cinco alternativas ofensivas: o jogador que sobrar entre Bolaños e Everton, mais Lincoln. Bobô, Henrique Almeida e Fernandinho. Para a defesa, Roger concentrou Bruno Grassi, Marcelo Hermes, Bressan e Kaio. Como a Libertadores permite apenas sete jogadores no banco de reservas, dois nomes serão cortados.

6 — A força da torcida

Os gremistas precisarão de toda a paciência nesta noite. A LDU tem média de idade de 29 anos. Há remanescentes do time campeão da América de 2008 e da Sul-Americana de 2009, como o zagueiro Norberto Araujo e o volante paraguaio Vera. No ataque, Tenorio, 36 anos, é matreiro. Dominguez, o goleiro, é da seleção líder das Eliminatórias. Portanto, a LDU é rodada o suficiente para administrar a pressão de um estádio cheio. Os gremistas precisarão apoiar sem perder a calma.

7 — Para Luan voltar a voar

Neste início de ano de vacilações do Grêmio, Luan mantém uma boa média de atuações. Mas trata-se do craque do time e, de alguém com desse quilate, sempre se espera mais. Contra o Glória, ele fez um gol de quem sabe o que faz com a bola. O temperamento frio que tanto incomoda a torcida ajudou-o a superar o inexplicável protesto da véspera do jogo, com pipocas atiradas no parabrisa do seu carro. Luan tem talento para desequilibrar um jogo que promete ser encrespado. É isso que Roger, a direção e todo o mundo gremista esperam dele.


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