Bom Senso foi a Brasília nesta semana (Foto: Reprodução/ Facebook)
Sem jogar desde o fim de 2013, sem desistir da carreira de jogador profissional e batalhando para se recuperar de uma incômoda lesão no joelho direito, o zagueiro/volante Gilberto Silva tem aproveitado o tempo para fortalecer a defesa dos ideais do Bom Senso F.C. Com o peso de ter sido campeão do mundo em 2002, o experiente jogador revela que o preço tem sido alto para a militância dentro de alguns clubes, porque há dirigentes descontentes com a proporção que o movimento tomou.
– Após a virada do ano, não sei se é o meu caso, porque tive que operar o joelho novamente, mas sei que alguns jogadores têm sofrido retaliações nos clubes em relação ao Bom Senso. Houve algum comentário dessa parte, não criticando, mas uma observação aos protestos que foram feitos – revelou Gilberto em entrevista ao LANCE!Net.
Segundo o jogador, um exemplo disso são os obstáculos criados para que ocorram as reuniões periódicas do grupo, para ir além da conversa através do Whatsapp.
– Temos feito algumas reuniões e sempre tem uma dificuldade para comparecer. Mesmo ela não sendo falada exteriormente, existe uma certa intolerância por parte de alguns dirigentes – ressaltou Gilberto.
Apesar dos obstáculos, um ponto que animou foi o desfecho favorável ao Bom Senso da investida feita em Brasília para tentar acrescentar pontos à Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que vai refinanciar a dívida dos clubes com a União, cuja votação foi remarcada para outubro.
– A não votação foi importante porque há coisas que entendemos que sejam necessárias para serem incluídas no projeto, alguns itens pertinentes. A aceitação foi bacana e positiva. Somos a favor do financiamento das dívidas. Dizer que somos contra não tem nada a ver, é mentira – garantiu.
CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:
Por que você vê essa retaliação dentro dos clubes?
Infelizmente, algumas pessoas entendem o movimento como um inimigo do clube ou federações e CBF. E não é nada disso. Nós queremos o bem que muita gente quer para o futebol. Nós mais do que ninguém, porque reflete totalmente em nós. Quem paga o preço alto é o jogador e quando o jogador fala é o errado, não tem direito a se posicionar. Ele tem que aceitar calado, ficar sem receber, apanhar de torcedor e ser boicotado dentro do clube? Mesmo não sendo externada, em uma ou outra situação acaba acontecendo. Uma pena que muita gente não conseguiu entender que queremos o bem para todo mundo.
Há um trabalho interno para mudar isso?
Em alguns casos, não começamos o trabalho nos clubes para chegar e conversar sobre isso. Mas acredito que vai chegar ao ponto, para mostrar que não estamos querendo o mal para o clube. Queremos que as coisas melhorem para os jogadores e os clubes. Se trabalharmos contrários aos clubes, vamos trabalhar contra nós mesmos. Falta esse raciocínio lógico. Queremos um clube bem financeiramente para ter os salários em dia, um campeonato bem disputado, que seja apreciado para quem paga o ingresso e compra o pay-per-view e até a televisão que transmite.
Ainda falta atuação de outros jogadores de peso?
É tudo o que precisava acontecer: jogadores de peso adotarem essa postura de realmente aderirem ao Bom Senso para abrir mais espaço para uma conversa mais aberta entre clubes, atletas e todos.Se o Bom Senso está tendo que ir a Brasília, é porque não houve uma conversa dentro da CBF.
O presidente do Coritiba disse que vocês foram a Brasília mesmo sabendo que a votação seria adiada...
Eu, pelo menos, não tinha a informação. Estava para ser votado e foi adiado. Se ele entende dessa forma, o Bom Senso não tem o poder dos clubes. Estamos tentando dar uma contribuição. Não existe nada de fazer lobby.
Está previso um dia para novo encontro sobre a Lei de Responsabilidade?
Temos que aguardar um posicionamento do governo em relação ao que foi levado, saber o posicionamento. Foi levado para que se chegue a um consenso. Uma audiência deve ser um próximo passo.
A Globo convocou os clubes para reuniões sobre os rumos do futebol brasileiro, abordando calendário, formação da base... Como vê isso?
A Globo é grande interessada em um produto final bom, porque ela banca grande parte da receita dos clubes. Só acho que a formação de atletas é um assunto inerente aos clubes. Mas acho que todos podem contribuir. É importante que todos se conscientizem que algo precisa melhorar. Não vou dizer que está tudo errado, mas é preciso melhorar. Sobre a formação, é preciso melhorar a formação dos treinadores e então formar melhores atletas. Se não há boas condições, vai haver dificuldades no produto final.
Jogadores que atuaram com você pegam informações sobre o Bom Senso?
Todos ficam um pouco assustados pelo fato de ter chegado a esse ponto. Mas todos veem como positiva a forma com que os jogadores resolveram agir. Se melhorarem as poucas coisas que o Bom Senso pediu, já vai melhorar muita coisa.
Estão acompanhando a situação do Botafogo? Ano passado, com caso do Náutico, houve ameaça de greve...
Estamos acompanhando e é lamentável acontecer uma situação como essa. Acho que é importante que essa situação se resolva, para o bem de todos, o quanto antes. Penso que a greve não é a melhor solução. Para chegar a greve, é preciso esgotar todas as possibilidades. Até porque, algumas questões estão em curso.
Como viu a escolha de Dunga na Seleção?
Pelo que se falava até então, fiquei surpreso pela escolha dele. Mas, levando em consideração do que ele fez no período na seleção, os números são favoráveis. Mesmo enfrentando dificuldades, ele fez um bom trabalho, mas a conquista da Copa acabou faltando. Dizer se a escolha é certa? O trabalho vai dizer. Mas acho que ele pode contribuir para o futebol brasileiro. Pelo tempo de convivência, ele foi uma pessoa séria com todos ali dentro da Seleção.
O que você acha que é preciso fazer após o 7 a 1?
Se todo mundo começar, igual a 2010, começar do zero, como aconteceu, vamos cair no mesmo erro. Depois da Copa-2010, ficamos dois anos e meio sem ter um time formado. Fiquei esse tempo sem saber escalar a Seleção Brasileira. Posso estar sendo radical, mas é a visão que eu tenho. Se achar que foi tudo errado, que ninguém precisa ser aproveitado, é complicado. Não é por aí. O que faltou foi um melhor aproveitamento do que ocorreu em 2010. E eu acredito que o Dunga vai usar a base que foi deixada, mesmo com a eliminação sendo da forma que foi. Achar que tudo foi feito de forma errada é exagerado.
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Sem jogar desde o fim de 2013, sem desistir da carreira de jogador profissional e batalhando para se recuperar de uma incômoda lesão no joelho direito, o zagueiro/volante Gilberto Silva tem aproveitado o tempo para fortalecer a defesa dos ideais do Bom Senso F.C. Com o peso de ter sido campeão do mundo em 2002, o experiente jogador revela que o preço tem sido alto para a militância dentro de alguns clubes, porque há dirigentes descontentes com a proporção que o movimento tomou.
– Após a virada do ano, não sei se é o meu caso, porque tive que operar o joelho novamente, mas sei que alguns jogadores têm sofrido retaliações nos clubes em relação ao Bom Senso. Houve algum comentário dessa parte, não criticando, mas uma observação aos protestos que foram feitos – revelou Gilberto em entrevista ao LANCE!Net.
Segundo o jogador, um exemplo disso são os obstáculos criados para que ocorram as reuniões periódicas do grupo, para ir além da conversa através do Whatsapp.
– Temos feito algumas reuniões e sempre tem uma dificuldade para comparecer. Mesmo ela não sendo falada exteriormente, existe uma certa intolerância por parte de alguns dirigentes – ressaltou Gilberto.
Apesar dos obstáculos, um ponto que animou foi o desfecho favorável ao Bom Senso da investida feita em Brasília para tentar acrescentar pontos à Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que vai refinanciar a dívida dos clubes com a União, cuja votação foi remarcada para outubro.
– A não votação foi importante porque há coisas que entendemos que sejam necessárias para serem incluídas no projeto, alguns itens pertinentes. A aceitação foi bacana e positiva. Somos a favor do financiamento das dívidas. Dizer que somos contra não tem nada a ver, é mentira – garantiu.
CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:
Por que você vê essa retaliação dentro dos clubes?
Infelizmente, algumas pessoas entendem o movimento como um inimigo do clube ou federações e CBF. E não é nada disso. Nós queremos o bem que muita gente quer para o futebol. Nós mais do que ninguém, porque reflete totalmente em nós. Quem paga o preço alto é o jogador e quando o jogador fala é o errado, não tem direito a se posicionar. Ele tem que aceitar calado, ficar sem receber, apanhar de torcedor e ser boicotado dentro do clube? Mesmo não sendo externada, em uma ou outra situação acaba acontecendo. Uma pena que muita gente não conseguiu entender que queremos o bem para todo mundo.
Há um trabalho interno para mudar isso?
Em alguns casos, não começamos o trabalho nos clubes para chegar e conversar sobre isso. Mas acredito que vai chegar ao ponto, para mostrar que não estamos querendo o mal para o clube. Queremos que as coisas melhorem para os jogadores e os clubes. Se trabalharmos contrários aos clubes, vamos trabalhar contra nós mesmos. Falta esse raciocínio lógico. Queremos um clube bem financeiramente para ter os salários em dia, um campeonato bem disputado, que seja apreciado para quem paga o ingresso e compra o pay-per-view e até a televisão que transmite.
Ainda falta atuação de outros jogadores de peso?
É tudo o que precisava acontecer: jogadores de peso adotarem essa postura de realmente aderirem ao Bom Senso para abrir mais espaço para uma conversa mais aberta entre clubes, atletas e todos.Se o Bom Senso está tendo que ir a Brasília, é porque não houve uma conversa dentro da CBF.
O presidente do Coritiba disse que vocês foram a Brasília mesmo sabendo que a votação seria adiada...
Eu, pelo menos, não tinha a informação. Estava para ser votado e foi adiado. Se ele entende dessa forma, o Bom Senso não tem o poder dos clubes. Estamos tentando dar uma contribuição. Não existe nada de fazer lobby.
Está previso um dia para novo encontro sobre a Lei de Responsabilidade?
Temos que aguardar um posicionamento do governo em relação ao que foi levado, saber o posicionamento. Foi levado para que se chegue a um consenso. Uma audiência deve ser um próximo passo.
A Globo convocou os clubes para reuniões sobre os rumos do futebol brasileiro, abordando calendário, formação da base... Como vê isso?
A Globo é grande interessada em um produto final bom, porque ela banca grande parte da receita dos clubes. Só acho que a formação de atletas é um assunto inerente aos clubes. Mas acho que todos podem contribuir. É importante que todos se conscientizem que algo precisa melhorar. Não vou dizer que está tudo errado, mas é preciso melhorar. Sobre a formação, é preciso melhorar a formação dos treinadores e então formar melhores atletas. Se não há boas condições, vai haver dificuldades no produto final.
Jogadores que atuaram com você pegam informações sobre o Bom Senso?
Todos ficam um pouco assustados pelo fato de ter chegado a esse ponto. Mas todos veem como positiva a forma com que os jogadores resolveram agir. Se melhorarem as poucas coisas que o Bom Senso pediu, já vai melhorar muita coisa.
Estão acompanhando a situação do Botafogo? Ano passado, com caso do Náutico, houve ameaça de greve...
Estamos acompanhando e é lamentável acontecer uma situação como essa. Acho que é importante que essa situação se resolva, para o bem de todos, o quanto antes. Penso que a greve não é a melhor solução. Para chegar a greve, é preciso esgotar todas as possibilidades. Até porque, algumas questões estão em curso.
Como viu a escolha de Dunga na Seleção?
Pelo que se falava até então, fiquei surpreso pela escolha dele. Mas, levando em consideração do que ele fez no período na seleção, os números são favoráveis. Mesmo enfrentando dificuldades, ele fez um bom trabalho, mas a conquista da Copa acabou faltando. Dizer se a escolha é certa? O trabalho vai dizer. Mas acho que ele pode contribuir para o futebol brasileiro. Pelo tempo de convivência, ele foi uma pessoa séria com todos ali dentro da Seleção.
O que você acha que é preciso fazer após o 7 a 1?
Se todo mundo começar, igual a 2010, começar do zero, como aconteceu, vamos cair no mesmo erro. Depois da Copa-2010, ficamos dois anos e meio sem ter um time formado. Fiquei esse tempo sem saber escalar a Seleção Brasileira. Posso estar sendo radical, mas é a visão que eu tenho. Se achar que foi tudo errado, que ninguém precisa ser aproveitado, é complicado. Não é por aí. O que faltou foi um melhor aproveitamento do que ocorreu em 2010. E eu acredito que o Dunga vai usar a base que foi deixada, mesmo com a eliminação sendo da forma que foi. Achar que tudo foi feito de forma errada é exagerado.
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