
Grêmio mantém técnico, perde poucos jogadores, aprimora elenco e tem ambiente para fazer boa campanha (Foto: Lucas Uebel / Grêmio)
Quando a torcida do Grêmio faz ecoar o cântico de “Vamos, Tricolor, queremos a Copa”, dá para sentir que o desejo vem da medula - que sai das entranhas. Mas a voz, de tanto pedir, está rouca: são duas décadas sem ganhar a Libertadores e 15 anos de carência de quaisquer títulos expressivos. É natural que isso crie uma primeira pele de descrença neste momento de estreia na principal competição do continente (à 0h desta quarta para quinta, contra o Toluca, no México). Mas há fatores menos perceptíveis, subcutâneos, que indicam o caminho contrário: o Grêmio tem elementos que o credenciam para ir longe na Libertadores.
Repare: ele é, dos cinco representantes brasileiros no torneio, aquele de quem menos se fala no começo de 2016. E é justificável: fala-se menos do Grêmio porque há menos a se falar do Grêmio – e isso não é necessariamente má notícia. Enquanto o Corinthians vive uma revolução no elenco, enquanto o Palmeiras padece em busca de um padrão de jogo aceitável, enquanto o São Paulo procura abandonar a bipolaridade do ano passado, enquanto o Atlético-MG lida com o impacto da chegada de Robinho, o Tricolor navega em ventos de normalidade. Pouco mudou: algumas saídas superáveis (Galhardo, Erazo), algumas chegadas pontuais (Wallace Oliveira, Fred, Kadu, Henrique Almeida e, a mais promissora, Bolaños). É o Grêmio terceiro colocado no último Brasileirão - com potencial de evolução.
E daí vem a pergunta: como acreditar que um time terceiro colocado em um campeonato nacional pode ser campeão em um campeonato continental? Acontece que a Libertadores tem uma lógica diferente do Brasileirão, e nela as qualidades do Grêmio podem ser infladas.

Possível escalação do Grêmio para o decorrer da Libertadores mostra um time sem estrelas, mas com base do ano passado acrescida das chegadas de jogadores como Wallace Oliveira, Fred, Bolaños e Henrique Almeida
O alerta que se costuma fazer é que o elenco tricolor, comparado a outros, é frágil para a Libertadores; que falta recheio em qualidade e quantidade. Faz sentido. O do Atlético-MG, por exemplo, é melhor. Mas a aptidão técnica é apenas uma das valências para se ganhar a competição. É uma falha que pode ser compensada por outros fatores.
Um deles, fundamental: coesão tática. Roger assumiu um Grêmio que ameaçava rebaixamento no ano passado e se tornou uma das melhores notícias da temporada no futebol brasileiro. De pronto, tornou a equipe competitiva, e depois criativa, e depois envolvente. O primeiro gol marcado contra o Atlético-MG no Mineirão, na 18ª rodada, foi a ilustração perfeita do que o treinador construiu em meses (recorde no vídeo abaixo). Um gol daqueles não sai sem o time estar muito bem treinado. E, embora Roger precise de mais temporadas de alto nível para se consolidar, é improvável que isso tenha se perdido – uma derrota como a contra o São José, sexta-feira passada, não tem poder suficiente para contestar isso.
E aí pensemos novamente nos brasileiros da Libertadores-2016: dois deles, Atlético e São Paulo, trocaram de treinador na virada do ano; outro, o Corinthians, manteve o técnico, mas perdeu metade da equipe; e outro, o Palmeiras, também permaneceu com seu comandante, mas jamais conseguiu ter uma formação que permitisse sequência (parece partir diariamente do zero). Nesse aspecto, o Grêmio está à frente: grupo e treinador se conhecem e sabem o que esperar um do outro.

Desde que conquistou o bi em 1995, Grêmio teve dez participações na Libertadores, sempre passando à fase eliminatória, mas com queda nas oitavas de final nas três últimas edições
Claro, isso não basta. Mas o clube gaúcho tem outros elementos interessantes. Por mais contraditório que soe, um deles está justamente no elenco. O grupo gremista tem uma combinação promissora de jovens talentosos (Luan, Walace e, um pouco mais velho, Giuliano) e atletas experientes que ainda buscam consagração na carreira (Maicon, Marcelo Oliveira, Geromel, até mesmo Douglas, até mesmo Marcelo Grohe). Disso, tende a sair um elenco que reme para o mesmo lado, um elenco para o qual conquistar uma Libertadores é mais do que importante: é decisivo. Um porém: o vestiário tricolor está recheado de lideranças de comando, mas não de lideranças técnicas. Falta ao Grêmio o jogador que magnetize a bola nos momentos mais complicados. Luan ainda não é esse cara; Giuliano, tampouco (foi campeão e goleador da Libertadores de 2010 pelo Inter, mas era coadjuvante).
Também é importante observar que a formação desse elenco deriva de uma política responsável da diretoria. Ela não contrata jogadores consagrados por um motivo simples: não tem dinheiro para contratá-los. Ao montar um grupo de custos modestos, sem loucuras, pagando em dia, a direção passa aos atletas uma mensagem de confiança – e terá moral para cobrá-los quando for necessário. Foi muito simbólico que o clube tenha tratado como reforços aqueles jogadores que tiveram os contratos renovados – casos de Geromel e Maicon. Ao colocá-los na sala de imprensa e tratá-los como contratações (de fato, são), novamente os dirigentes fizeram um gesto que salientou a aposta que depositam nos comandados.
São ações que criam comprometimento. O elenco sente que o negócio é sério. E a torcida, idem. É um passo importante para se formar outro ponto central para quem quer ganhar uma Libertadores: atmosfera. E os gremistas sabem formar esse ambiente como poucos – a identificação cultural entre os gaúchos e outros povos sul-americanos, sobretudo uruguaios e argentinos, faz a Libertadores valer ainda mais. Em 2007, por exemplo, as arquibancadas foram fundamentais para o time chegar a uma inesperada decisão (a ponto de jogadores do Santos, nas semifinais, dizerem que não conseguiam se comunicar em campo, tamanho o barulho no Olímpico).
Esse cenário não torna o Grêmio favorito – longe disso. É improvável que ele ganhe a Libertadores – e o mesmo vale para qualquer outro participante na edição com mais campeões na história. Sua primeira fase (além do Toluca, enfrenta San Lorenzo e LDU, dois campeões da última década) é complicadíssima, a mais complicada entre os brasileiros, e o torcedor precisa estar preparado até para uma eliminação precoce. Mas sonhar alto, mesmo em tempos tão sofridos, não é uma utopia. O Grêmio não apenas quer a Copa: ele pode tê-la.
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Quando a torcida do Grêmio faz ecoar o cântico de “Vamos, Tricolor, queremos a Copa”, dá para sentir que o desejo vem da medula - que sai das entranhas. Mas a voz, de tanto pedir, está rouca: são duas décadas sem ganhar a Libertadores e 15 anos de carência de quaisquer títulos expressivos. É natural que isso crie uma primeira pele de descrença neste momento de estreia na principal competição do continente (à 0h desta quarta para quinta, contra o Toluca, no México). Mas há fatores menos perceptíveis, subcutâneos, que indicam o caminho contrário: o Grêmio tem elementos que o credenciam para ir longe na Libertadores.
Repare: ele é, dos cinco representantes brasileiros no torneio, aquele de quem menos se fala no começo de 2016. E é justificável: fala-se menos do Grêmio porque há menos a se falar do Grêmio – e isso não é necessariamente má notícia. Enquanto o Corinthians vive uma revolução no elenco, enquanto o Palmeiras padece em busca de um padrão de jogo aceitável, enquanto o São Paulo procura abandonar a bipolaridade do ano passado, enquanto o Atlético-MG lida com o impacto da chegada de Robinho, o Tricolor navega em ventos de normalidade. Pouco mudou: algumas saídas superáveis (Galhardo, Erazo), algumas chegadas pontuais (Wallace Oliveira, Fred, Kadu, Henrique Almeida e, a mais promissora, Bolaños). É o Grêmio terceiro colocado no último Brasileirão - com potencial de evolução.
E daí vem a pergunta: como acreditar que um time terceiro colocado em um campeonato nacional pode ser campeão em um campeonato continental? Acontece que a Libertadores tem uma lógica diferente do Brasileirão, e nela as qualidades do Grêmio podem ser infladas.

Possível escalação do Grêmio para o decorrer da Libertadores mostra um time sem estrelas, mas com base do ano passado acrescida das chegadas de jogadores como Wallace Oliveira, Fred, Bolaños e Henrique Almeida
O alerta que se costuma fazer é que o elenco tricolor, comparado a outros, é frágil para a Libertadores; que falta recheio em qualidade e quantidade. Faz sentido. O do Atlético-MG, por exemplo, é melhor. Mas a aptidão técnica é apenas uma das valências para se ganhar a competição. É uma falha que pode ser compensada por outros fatores.
Um deles, fundamental: coesão tática. Roger assumiu um Grêmio que ameaçava rebaixamento no ano passado e se tornou uma das melhores notícias da temporada no futebol brasileiro. De pronto, tornou a equipe competitiva, e depois criativa, e depois envolvente. O primeiro gol marcado contra o Atlético-MG no Mineirão, na 18ª rodada, foi a ilustração perfeita do que o treinador construiu em meses (recorde no vídeo abaixo). Um gol daqueles não sai sem o time estar muito bem treinado. E, embora Roger precise de mais temporadas de alto nível para se consolidar, é improvável que isso tenha se perdido – uma derrota como a contra o São José, sexta-feira passada, não tem poder suficiente para contestar isso.
E aí pensemos novamente nos brasileiros da Libertadores-2016: dois deles, Atlético e São Paulo, trocaram de treinador na virada do ano; outro, o Corinthians, manteve o técnico, mas perdeu metade da equipe; e outro, o Palmeiras, também permaneceu com seu comandante, mas jamais conseguiu ter uma formação que permitisse sequência (parece partir diariamente do zero). Nesse aspecto, o Grêmio está à frente: grupo e treinador se conhecem e sabem o que esperar um do outro.

Desde que conquistou o bi em 1995, Grêmio teve dez participações na Libertadores, sempre passando à fase eliminatória, mas com queda nas oitavas de final nas três últimas edições
Claro, isso não basta. Mas o clube gaúcho tem outros elementos interessantes. Por mais contraditório que soe, um deles está justamente no elenco. O grupo gremista tem uma combinação promissora de jovens talentosos (Luan, Walace e, um pouco mais velho, Giuliano) e atletas experientes que ainda buscam consagração na carreira (Maicon, Marcelo Oliveira, Geromel, até mesmo Douglas, até mesmo Marcelo Grohe). Disso, tende a sair um elenco que reme para o mesmo lado, um elenco para o qual conquistar uma Libertadores é mais do que importante: é decisivo. Um porém: o vestiário tricolor está recheado de lideranças de comando, mas não de lideranças técnicas. Falta ao Grêmio o jogador que magnetize a bola nos momentos mais complicados. Luan ainda não é esse cara; Giuliano, tampouco (foi campeão e goleador da Libertadores de 2010 pelo Inter, mas era coadjuvante).
Também é importante observar que a formação desse elenco deriva de uma política responsável da diretoria. Ela não contrata jogadores consagrados por um motivo simples: não tem dinheiro para contratá-los. Ao montar um grupo de custos modestos, sem loucuras, pagando em dia, a direção passa aos atletas uma mensagem de confiança – e terá moral para cobrá-los quando for necessário. Foi muito simbólico que o clube tenha tratado como reforços aqueles jogadores que tiveram os contratos renovados – casos de Geromel e Maicon. Ao colocá-los na sala de imprensa e tratá-los como contratações (de fato, são), novamente os dirigentes fizeram um gesto que salientou a aposta que depositam nos comandados.
São ações que criam comprometimento. O elenco sente que o negócio é sério. E a torcida, idem. É um passo importante para se formar outro ponto central para quem quer ganhar uma Libertadores: atmosfera. E os gremistas sabem formar esse ambiente como poucos – a identificação cultural entre os gaúchos e outros povos sul-americanos, sobretudo uruguaios e argentinos, faz a Libertadores valer ainda mais. Em 2007, por exemplo, as arquibancadas foram fundamentais para o time chegar a uma inesperada decisão (a ponto de jogadores do Santos, nas semifinais, dizerem que não conseguiam se comunicar em campo, tamanho o barulho no Olímpico).
Esse cenário não torna o Grêmio favorito – longe disso. É improvável que ele ganhe a Libertadores – e o mesmo vale para qualquer outro participante na edição com mais campeões na história. Sua primeira fase (além do Toluca, enfrenta San Lorenzo e LDU, dois campeões da última década) é complicadíssima, a mais complicada entre os brasileiros, e o torcedor precisa estar preparado até para uma eliminação precoce. Mas sonhar alto, mesmo em tempos tão sofridos, não é uma utopia. O Grêmio não apenas quer a Copa: ele pode tê-la.
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