
Rui Costa vai para sua terceira Libertadores à frente do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
Em meio a um feriadão de carnaval, o Grêmio vivenciou uma “odisseia” pela América do Sul. Esse foi o termo encontrado pelo diretor-executivo Rui Costa para explicar a viagem secreta, e tratada como extraordinária, para contratar o atacante Miller Bolãnos, principal reforço tricolor para a temporada. O negócio serve de exemplo para o momento atual do clube, mobilizado para acabar com o jejum de títulos importantes – que já dura 15 anos – e levar o tri da Libertadores.
Às vésperas da estreia na competição sul-americana, Rui Costa concedeu entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, no dia em que Bolaños foi apresentado como reforço gremista na Arena. Falou dos percalços da logística da viagem, em que precisou pedir um jato particular emprestado (pertencente ao empresário Celso Rigo), revelou detalhes de negociações e exibiu otimismo para o futuro tricolor.
– Recebo uma ligação que ele não iria para China, que ele tinha interesse em jogar no Brasil, especialmente no Grêmio. E que só tinha uma forma de contratar o Bolaños, se deslocar para o Equador. Se eu não fosse, alguém poderia ir. Não tínhamos voo no meio do carnaval. O que eu fiz? Liguei para o doutor Celso Rigo, o São Celso Rigo, que imediatamente colocou à disposição seu avião. Começou então a odisseia – explicou.
No quarto ano como diretor-executivo do Grêmio, Rui Costa encara sua terceira Libertadores, após duas quedas nas oitavas de final, em 2013 e 2014. Para este ano, projeta um final diferente: a obsessão por títulos é quase um "mantra" no grupo. Segundo o dirigente, nunca houve um sentimento tão positivo para encerrar de vez um ciclo sem conquistas. Por isso, é trabalhado na cabeça de cada um a importância de alçar o Tricolor ao maior posto possível, seja na Libertadores, Brasileirão ou Gauchão.
A partir da meia-noite de quarta para quinta-feira, o clube inicia uma nova odisseia, mas dentro de campo. Enfrenta o Toluca, em território inimigo, pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores. É o início da competição mais importante para o clube no ano, mas também o de um sonho: de fazer com que o torcedor gremista volte a cantar: “Nós somos campeões da América”.
Confira trechos da entrevista:
GloboEsporte.com – Como foi a contratações do Bolaños, um nome que não vinha sendo tão especulado e que acabou surpreendendo?
Rui Costa – É um jogador que está no nosso levantamento de jogadores monitorados. São 60 jogadores que estávamos monitorando no sentido de buscar o investimento certeiro. Temos quantidade de jogos, uma análise comportamental, número de gols feitos e como este jogador se comportaria no nosso modelo tático. Uma simulação que nós fazemos sempre para garantir ao Roger e a todos nós uma margem de acerto maior. Trazer um perfil, um padrão de comportamento tático, e não só um grande nome.
Existia uma proposta que estava sendo feita oficialmente da Inglaterra, além de outras. Não tínhamos voo, no meio do carnaval... o que eu fiz? Liguei para o doutor Celso Rigo, que imediatamente colocou à disposição seu avião. Começou a odisseia"
Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio
É um jogador que há quase quatro meses venho me aproximando, primeiro de uma forma, adotamos uma interlocução que não avançou. Quando foi anunciado para a China, recebi uma ligação à meia-noite, perguntando se de fato tínhamos marcado uma viagem para nos reunir com o presidente do Emelec, Nassib Neme. Tínhamos, sim. Seria segunda-feira às 7h e no domingo à tarde recebi a informação que ele tinha acertado com a China. Entrei em contato com o Romildo, Pacheco, houve frustração grande. Mas à meia-noite recebo uma ligação que ele não iria para China, que ele tinha interesse em jogar no Brasil, especialmente no Grêmio. Mas tinha uma série de propostas muito fortes. E que só tinha uma forma de contratar o Bolaños, se deslocar para o Equador. Se eu não fosse, alguém poderia ir.
Falei com o presidente, liguei para o empresário do jogador (José Chamorro), ele veio a Porto Alegre sigilosamente. Acertamos as bases do negócio e marcamos a viagem no dia seguinte. Reservamos os tíquetes e o empresário disse que era possível esperar. Existia uma proposta que estava sendo feita oficialmente da Inglaterra, além de outras duas superiores do Brasil. Não tínhamos voo no meio do carnaval. O que eu fiz? Liguei para o doutor Celso Rigo, o São Celso Rigo, que imediatamente colocou à disposição seu avião. Começou a odisseia. Anotei na agenda, foi uma odisseia. Foram 9h de viagem, com paradas para abastecer. Monitorávamos cada vez que pousávamos com o empresário. Tivemos que fazer uma viagem muito mais longa, ficar subindo e descendo no país, porque não tínhamos autorização para sobrevoar a Colômbia.

Miller Bolaños viaja para o Brasil
(Foto: Reprodução/Twitter)
Fomos direto para a casa do presidente do Emelec, onde teve mais três horas de reunião. Firmamos os contratos e depois fomos para o escritório do jogador, onde estava o Bolaños, por volta das 3h aqui do Brasil. Como tinha levado a camisa do Grêmio, como sempre levo, a ideia era que tirasse uma foto só para consumo interno. Mas os amigos começaram a postar no Twitter e ele é uma pessoa muito carismática no Equador. Aí meu telefone não parou de tocar mais. No momento estava tudo assinado, o José Chamorro começa a receber propostas mais interessantes para derrubar a proposta. Ele mostrava as mensagens. Tenho que ressaltar a postura do presidente do Emelec e do empresário, sei que às vezes o dinheiro pesa mais que a palavra. Mas foram incisivos. E continuam recebendo propostas. Ele disse para o pessoal, que agora tinham que ser enviadas ao Grêmio.
Como que descobriu o Bolaños?
Acompanhávamos ele há muito tempo, desde quando o Emelec enfrentou o Inter na Libertadores e eu acompanhei o treino dele aqui no CT Luiz Carvalho. Dava para ver como era diferenciado. Passamos a discutir com a comissão técnica. Desde a 1ª vez que falei com Roger, James e Roberto, ficaram encantados. No CDD (centro de análise de desempenho), faziam os vídeos e me mostravam, “olha como ele vai funcionar desta forma”. Havia um entusiasmo, mas uma cautela, porque imaginávamos que seria difícil a contratação do Bolaños. Tem sido um dos protagonistas do futebol sul-americano nos últimos dois anos. Tanto que o mercado europeu está enlouquecido por ele.
O Grêmio se mostra no caminho inverso em um momento no qual a China praticamente desmontou o time do Corinthians... Como vê a escolha do Bolaños?
Vejo como uma opção inteligente dele e de quem administra a carreira. Desde a primeira vez que conversei, mostrei como era o estádio do Grêmio, nosso projeto, que tínhamos uma comissão técnica de dois anos, um profissional (Roger) com história, vencedor, mas que não era isso que fazia dele um grande treinador, e sim sua preparação e estudo. Ele viu vários jogos do Grêmio. E sabe que o Grêmio vende para a Europa. Tenho certeza que o Bolaños que sairá do Grêmio será mais completo, pelo trabalho do Roger e da comissão. Se vale “X” hoje, amanhã valerá “X+Y+Z”, o que é bom para todo mundo. Foi feita uma análise técnica, desportiva, mas também de mercado. Tem 25 anos, é talvez o mais importante da seleção equatoriana e sensação do mercado sul-americano. Para nós, pode, em um espaço curto, ser uma rentabilização de um ativo impressionante. Temos 70% do jogador, e os outros 30% seguem com o Emelec, que também é uma parceria interessante. Eles formam muitos bons jogadores.

Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
E o Henrique Almeida, a contratação acabou sendo um pouco diferente por estar em negociação com o rival. Como ocorreu?
O Henrique estava no mercado. Quando se está no mercado, a concorrência é sempre muito dura. Quando renovamos com o Geromel, estava no mercado. O Maicon estava no mercado. Acham que eles não receberam ligações e propostas? De executivos ligando direto para eles. E quando o jogador está no mercado, sem vínculo com o clube, temos que trabalhar. O Grêmio vem interessado no Henrique há bastante tempo, talvez antes de outros clubes. À medida que surgiu a oportunidade, estávamos lá e tivemos sorte. O Grêmio não faz nada no improviso. Mesmo quando corremos riscos, os riscos estão calculados. O risco está calculado e autorizado pelo presidente Romildo Bolzan. O clube fez um trabalho jurídico muito competente, leu três vezes o processo.
Esse ano não há nada que possa substituir a conquista. O torcedor não pode adiar mais, é um mantra aqui. Se vamos conquistar todos, não tenho como dizer. Mas que vamos chegar em condições, não tenho sombra de dúvidas"
Rui Costa
Como está o grupo atual para a disputa da Libertadores?
O Grêmio soube, primeiro, assumir algo que foi dito no vestiário. Quando algo é falado no vestiário, tem que se cumprir. Tínhamos compromisso de manter o grupo que nos trouxe até aqui. De nada adiantaria pensar no Bolaños, Zelarayan, se não tivéssemos o Maicon, Geromel, Douglas. Se não tivesse mantido todos os jogadores. Perdemos o Erazo, contratamos dois zagueiros. Fomos rápidos na substituição, e o Grêmio, competente em manter os jogadores extraordinários. Quem não gostaria de ter o Maicon, o Pedro Geromel e o Douglas?
Os contratos no Grêmio são extensos. Acha que o clube tem time para quanto tempo?
Não estamos fazendo um time para esse ano. O Grêmio teve um time consolidado em 2015, terá em 2016 e também em 2017. Sempre, fazendo um levantamento, com 50%, 55%, 62% de jogadores da base nas pré-temporadas. Aos poucos, o projeto vai aparecendo. Só vai ser reconhecido 100% quando vier a taça.
O Grêmio está pronto para disputar o título da Libertadores?
O Grêmio já estava pronto antes do Bolaños. Cada vez mais, se aprimora na busca por conquistas. Deixei uma coisa clara. Anunciamos ao torcedor que temos que conquistar um título. Todas as competições que nos proporcionam tem que ser valorizadas. A ideia é ter um grupo cada vez mais preparado. Se não tivéssemos, como resistiríamos às perdas do Ramiro, Walace e Moisés? Serve ao grupo de transição o que implantamos. Os jogadores sabem como o Roger trabalha. Sabem que é um treinador que somente faz escolhas por opções técnicas. Conseguimos criar uma sintonia absoluta entre formação e profissional, inclusive no dia a dia, que nos permite substituir jogadores importantes.

Miller Bolaños e Rui Costa no CT Luiz Carvalho (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)
Você vê o mercado diferente neste ano?
O mercado que a gente se socorria, latino-americano, está extremamente valorizado. Todos olham para esse mercado. Com a moeda desvalorizada, tudo ficou muito mais difícil. E a China que chega e paga multa, não tem negociação. Óbvio que teremos saída, mas conseguimos iniciar o ano com o mesmo grupo. Claro que estamos abertos ao mercado, sempre que pudermos trazer jogadores ao nosso projeto de conquista de título. Se quisermos ser competitivos, precisamos de grupo. Esse ano não há nada que possa substituir a conquista. O torcedor não pode adiar mais, é um mantra aqui. Falamos todos os dias sobre isso, não tem como adiar. Se vamos conquistar todos, não tenho como dizer. Mas que vamos chegar em condições, não tenho sombra de dúvidas.
Como é para os jogadores a pressão para conquistas?
É um sentimento que parte deles. Todos os jogadores que renovaram me disseram que querem ficar aqui porque querem ser campeões pelo Grêmio. E todos sabemos que aqueles que estiverem presentes inegavelmente vão entrar para a história. Nós carregamos um peso de muitos anos sem título. Nós não conquistamos título regional há muitos anos. Temos que trabalhar para conquistar, para que o torcedor possa celebrar. Existe uma demanda muito reprimida do torcedor.
O Grêmio está muito preparado para enfrentar adversidades e a Libertadores é a competição que mais se passa por dificuldades. Enfrentamentos, logísticas, ambiente hostil, de times que independe de tradição"
Rui Costa
Qual a importância de recuperar a hegemonia estadual, com a conquista do Gauchão?
Primeiro porque não se conquista há muito tempo. Segundo porque se escuta muito “é hexacampeão”. Claro que se o Inter for campeão, será uma conquista importante. Mas primeiro tem que se chegar à decisão, independentemente de contra quem for. Não é uma disputa entre Grêmio e Inter. Falar isso é desrespeitar os adversários. Hoje tem Juventude como uma terceira força. Primeiro, queremos vencer, segundo, tiraríamos uma marca do adversário, se de fato chegar a final.
Essa vai ser a sua terceira Libertadores à frente do Grêmio. O que pega de experiência para essa edição?
Nosso grupo hoje tem muita parceria, uma relação muito afetiva, mas de muita cobrança. E como amigos, eles sabem da importância de chegar a uma conquista. Temos uma comissão técnica que, se não for a melhor, é uma das melhores do Brasil, que tem o respeito dos jogadores. Tenho muito respeito pelos grupos pelo qual passei, cada um teve um protagonismo, fizemos uma última Libertadores de alto nível, saímos de uma fase de mata-mata (em 2014) em que fomos melhores do que o adversário (o São Lorenzo). O Grêmio está muito preparado para enfrentar adversidades e a Libertadores é a competição que mais se passa por dificuldades. Enfrentamentos, logísticas, ambiente hostil, de times que independem de tradição. Não tem barbada, e essa palavra é impossível de ser mencionada no grupo do Grêmio.
Talvez, de toda experiência de Libertadores, essa seja a mais em que os fatores estejam mais conectados para um ambiente vencedor.
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Em meio a um feriadão de carnaval, o Grêmio vivenciou uma “odisseia” pela América do Sul. Esse foi o termo encontrado pelo diretor-executivo Rui Costa para explicar a viagem secreta, e tratada como extraordinária, para contratar o atacante Miller Bolãnos, principal reforço tricolor para a temporada. O negócio serve de exemplo para o momento atual do clube, mobilizado para acabar com o jejum de títulos importantes – que já dura 15 anos – e levar o tri da Libertadores.
Às vésperas da estreia na competição sul-americana, Rui Costa concedeu entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, no dia em que Bolaños foi apresentado como reforço gremista na Arena. Falou dos percalços da logística da viagem, em que precisou pedir um jato particular emprestado (pertencente ao empresário Celso Rigo), revelou detalhes de negociações e exibiu otimismo para o futuro tricolor.
– Recebo uma ligação que ele não iria para China, que ele tinha interesse em jogar no Brasil, especialmente no Grêmio. E que só tinha uma forma de contratar o Bolaños, se deslocar para o Equador. Se eu não fosse, alguém poderia ir. Não tínhamos voo no meio do carnaval. O que eu fiz? Liguei para o doutor Celso Rigo, o São Celso Rigo, que imediatamente colocou à disposição seu avião. Começou então a odisseia – explicou.
No quarto ano como diretor-executivo do Grêmio, Rui Costa encara sua terceira Libertadores, após duas quedas nas oitavas de final, em 2013 e 2014. Para este ano, projeta um final diferente: a obsessão por títulos é quase um "mantra" no grupo. Segundo o dirigente, nunca houve um sentimento tão positivo para encerrar de vez um ciclo sem conquistas. Por isso, é trabalhado na cabeça de cada um a importância de alçar o Tricolor ao maior posto possível, seja na Libertadores, Brasileirão ou Gauchão.
A partir da meia-noite de quarta para quinta-feira, o clube inicia uma nova odisseia, mas dentro de campo. Enfrenta o Toluca, em território inimigo, pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores. É o início da competição mais importante para o clube no ano, mas também o de um sonho: de fazer com que o torcedor gremista volte a cantar: “Nós somos campeões da América”.
Confira trechos da entrevista:
GloboEsporte.com – Como foi a contratações do Bolaños, um nome que não vinha sendo tão especulado e que acabou surpreendendo?
Rui Costa – É um jogador que está no nosso levantamento de jogadores monitorados. São 60 jogadores que estávamos monitorando no sentido de buscar o investimento certeiro. Temos quantidade de jogos, uma análise comportamental, número de gols feitos e como este jogador se comportaria no nosso modelo tático. Uma simulação que nós fazemos sempre para garantir ao Roger e a todos nós uma margem de acerto maior. Trazer um perfil, um padrão de comportamento tático, e não só um grande nome.
Existia uma proposta que estava sendo feita oficialmente da Inglaterra, além de outras. Não tínhamos voo, no meio do carnaval... o que eu fiz? Liguei para o doutor Celso Rigo, que imediatamente colocou à disposição seu avião. Começou a odisseia"
Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio
É um jogador que há quase quatro meses venho me aproximando, primeiro de uma forma, adotamos uma interlocução que não avançou. Quando foi anunciado para a China, recebi uma ligação à meia-noite, perguntando se de fato tínhamos marcado uma viagem para nos reunir com o presidente do Emelec, Nassib Neme. Tínhamos, sim. Seria segunda-feira às 7h e no domingo à tarde recebi a informação que ele tinha acertado com a China. Entrei em contato com o Romildo, Pacheco, houve frustração grande. Mas à meia-noite recebo uma ligação que ele não iria para China, que ele tinha interesse em jogar no Brasil, especialmente no Grêmio. Mas tinha uma série de propostas muito fortes. E que só tinha uma forma de contratar o Bolaños, se deslocar para o Equador. Se eu não fosse, alguém poderia ir.
Falei com o presidente, liguei para o empresário do jogador (José Chamorro), ele veio a Porto Alegre sigilosamente. Acertamos as bases do negócio e marcamos a viagem no dia seguinte. Reservamos os tíquetes e o empresário disse que era possível esperar. Existia uma proposta que estava sendo feita oficialmente da Inglaterra, além de outras duas superiores do Brasil. Não tínhamos voo no meio do carnaval. O que eu fiz? Liguei para o doutor Celso Rigo, o São Celso Rigo, que imediatamente colocou à disposição seu avião. Começou a odisseia. Anotei na agenda, foi uma odisseia. Foram 9h de viagem, com paradas para abastecer. Monitorávamos cada vez que pousávamos com o empresário. Tivemos que fazer uma viagem muito mais longa, ficar subindo e descendo no país, porque não tínhamos autorização para sobrevoar a Colômbia.

Miller Bolaños viaja para o Brasil
(Foto: Reprodução/Twitter)
Fomos direto para a casa do presidente do Emelec, onde teve mais três horas de reunião. Firmamos os contratos e depois fomos para o escritório do jogador, onde estava o Bolaños, por volta das 3h aqui do Brasil. Como tinha levado a camisa do Grêmio, como sempre levo, a ideia era que tirasse uma foto só para consumo interno. Mas os amigos começaram a postar no Twitter e ele é uma pessoa muito carismática no Equador. Aí meu telefone não parou de tocar mais. No momento estava tudo assinado, o José Chamorro começa a receber propostas mais interessantes para derrubar a proposta. Ele mostrava as mensagens. Tenho que ressaltar a postura do presidente do Emelec e do empresário, sei que às vezes o dinheiro pesa mais que a palavra. Mas foram incisivos. E continuam recebendo propostas. Ele disse para o pessoal, que agora tinham que ser enviadas ao Grêmio.
Como que descobriu o Bolaños?
Acompanhávamos ele há muito tempo, desde quando o Emelec enfrentou o Inter na Libertadores e eu acompanhei o treino dele aqui no CT Luiz Carvalho. Dava para ver como era diferenciado. Passamos a discutir com a comissão técnica. Desde a 1ª vez que falei com Roger, James e Roberto, ficaram encantados. No CDD (centro de análise de desempenho), faziam os vídeos e me mostravam, “olha como ele vai funcionar desta forma”. Havia um entusiasmo, mas uma cautela, porque imaginávamos que seria difícil a contratação do Bolaños. Tem sido um dos protagonistas do futebol sul-americano nos últimos dois anos. Tanto que o mercado europeu está enlouquecido por ele.
O Grêmio se mostra no caminho inverso em um momento no qual a China praticamente desmontou o time do Corinthians... Como vê a escolha do Bolaños?
Vejo como uma opção inteligente dele e de quem administra a carreira. Desde a primeira vez que conversei, mostrei como era o estádio do Grêmio, nosso projeto, que tínhamos uma comissão técnica de dois anos, um profissional (Roger) com história, vencedor, mas que não era isso que fazia dele um grande treinador, e sim sua preparação e estudo. Ele viu vários jogos do Grêmio. E sabe que o Grêmio vende para a Europa. Tenho certeza que o Bolaños que sairá do Grêmio será mais completo, pelo trabalho do Roger e da comissão. Se vale “X” hoje, amanhã valerá “X+Y+Z”, o que é bom para todo mundo. Foi feita uma análise técnica, desportiva, mas também de mercado. Tem 25 anos, é talvez o mais importante da seleção equatoriana e sensação do mercado sul-americano. Para nós, pode, em um espaço curto, ser uma rentabilização de um ativo impressionante. Temos 70% do jogador, e os outros 30% seguem com o Emelec, que também é uma parceria interessante. Eles formam muitos bons jogadores.

Rui Costa, diretor-executivo do Grêmio (Foto: Diego Guichard)
E o Henrique Almeida, a contratação acabou sendo um pouco diferente por estar em negociação com o rival. Como ocorreu?
O Henrique estava no mercado. Quando se está no mercado, a concorrência é sempre muito dura. Quando renovamos com o Geromel, estava no mercado. O Maicon estava no mercado. Acham que eles não receberam ligações e propostas? De executivos ligando direto para eles. E quando o jogador está no mercado, sem vínculo com o clube, temos que trabalhar. O Grêmio vem interessado no Henrique há bastante tempo, talvez antes de outros clubes. À medida que surgiu a oportunidade, estávamos lá e tivemos sorte. O Grêmio não faz nada no improviso. Mesmo quando corremos riscos, os riscos estão calculados. O risco está calculado e autorizado pelo presidente Romildo Bolzan. O clube fez um trabalho jurídico muito competente, leu três vezes o processo.
Esse ano não há nada que possa substituir a conquista. O torcedor não pode adiar mais, é um mantra aqui. Se vamos conquistar todos, não tenho como dizer. Mas que vamos chegar em condições, não tenho sombra de dúvidas"
Rui Costa
Como está o grupo atual para a disputa da Libertadores?
O Grêmio soube, primeiro, assumir algo que foi dito no vestiário. Quando algo é falado no vestiário, tem que se cumprir. Tínhamos compromisso de manter o grupo que nos trouxe até aqui. De nada adiantaria pensar no Bolaños, Zelarayan, se não tivéssemos o Maicon, Geromel, Douglas. Se não tivesse mantido todos os jogadores. Perdemos o Erazo, contratamos dois zagueiros. Fomos rápidos na substituição, e o Grêmio, competente em manter os jogadores extraordinários. Quem não gostaria de ter o Maicon, o Pedro Geromel e o Douglas?
Os contratos no Grêmio são extensos. Acha que o clube tem time para quanto tempo?
Não estamos fazendo um time para esse ano. O Grêmio teve um time consolidado em 2015, terá em 2016 e também em 2017. Sempre, fazendo um levantamento, com 50%, 55%, 62% de jogadores da base nas pré-temporadas. Aos poucos, o projeto vai aparecendo. Só vai ser reconhecido 100% quando vier a taça.
O Grêmio está pronto para disputar o título da Libertadores?
O Grêmio já estava pronto antes do Bolaños. Cada vez mais, se aprimora na busca por conquistas. Deixei uma coisa clara. Anunciamos ao torcedor que temos que conquistar um título. Todas as competições que nos proporcionam tem que ser valorizadas. A ideia é ter um grupo cada vez mais preparado. Se não tivéssemos, como resistiríamos às perdas do Ramiro, Walace e Moisés? Serve ao grupo de transição o que implantamos. Os jogadores sabem como o Roger trabalha. Sabem que é um treinador que somente faz escolhas por opções técnicas. Conseguimos criar uma sintonia absoluta entre formação e profissional, inclusive no dia a dia, que nos permite substituir jogadores importantes.

Miller Bolaños e Rui Costa no CT Luiz Carvalho (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)
Você vê o mercado diferente neste ano?
O mercado que a gente se socorria, latino-americano, está extremamente valorizado. Todos olham para esse mercado. Com a moeda desvalorizada, tudo ficou muito mais difícil. E a China que chega e paga multa, não tem negociação. Óbvio que teremos saída, mas conseguimos iniciar o ano com o mesmo grupo. Claro que estamos abertos ao mercado, sempre que pudermos trazer jogadores ao nosso projeto de conquista de título. Se quisermos ser competitivos, precisamos de grupo. Esse ano não há nada que possa substituir a conquista. O torcedor não pode adiar mais, é um mantra aqui. Falamos todos os dias sobre isso, não tem como adiar. Se vamos conquistar todos, não tenho como dizer. Mas que vamos chegar em condições, não tenho sombra de dúvidas.
Como é para os jogadores a pressão para conquistas?
É um sentimento que parte deles. Todos os jogadores que renovaram me disseram que querem ficar aqui porque querem ser campeões pelo Grêmio. E todos sabemos que aqueles que estiverem presentes inegavelmente vão entrar para a história. Nós carregamos um peso de muitos anos sem título. Nós não conquistamos título regional há muitos anos. Temos que trabalhar para conquistar, para que o torcedor possa celebrar. Existe uma demanda muito reprimida do torcedor.
O Grêmio está muito preparado para enfrentar adversidades e a Libertadores é a competição que mais se passa por dificuldades. Enfrentamentos, logísticas, ambiente hostil, de times que independe de tradição"
Rui Costa
Qual a importância de recuperar a hegemonia estadual, com a conquista do Gauchão?
Primeiro porque não se conquista há muito tempo. Segundo porque se escuta muito “é hexacampeão”. Claro que se o Inter for campeão, será uma conquista importante. Mas primeiro tem que se chegar à decisão, independentemente de contra quem for. Não é uma disputa entre Grêmio e Inter. Falar isso é desrespeitar os adversários. Hoje tem Juventude como uma terceira força. Primeiro, queremos vencer, segundo, tiraríamos uma marca do adversário, se de fato chegar a final.
Essa vai ser a sua terceira Libertadores à frente do Grêmio. O que pega de experiência para essa edição?
Nosso grupo hoje tem muita parceria, uma relação muito afetiva, mas de muita cobrança. E como amigos, eles sabem da importância de chegar a uma conquista. Temos uma comissão técnica que, se não for a melhor, é uma das melhores do Brasil, que tem o respeito dos jogadores. Tenho muito respeito pelos grupos pelo qual passei, cada um teve um protagonismo, fizemos uma última Libertadores de alto nível, saímos de uma fase de mata-mata (em 2014) em que fomos melhores do que o adversário (o São Lorenzo). O Grêmio está muito preparado para enfrentar adversidades e a Libertadores é a competição que mais se passa por dificuldades. Enfrentamentos, logísticas, ambiente hostil, de times que independem de tradição. Não tem barbada, e essa palavra é impossível de ser mencionada no grupo do Grêmio.
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Disputa entre dois jogadores do Grêmio pela titularidade no time principal
Grêmio enfrenta São José na decisão da Recopa Gaúcha na Arena.
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Grêmio investe R$ 13 milhões em reforma do CT Luiz Carvalho
Grêmio x São José-RS: transmissão ao vivo, horário e escalações no futebol.