Grêmio se protege em contrato e vê risco baixo por Henrique: 'Vale a pena'

Henrique Almeida conhece a Arena do Grêmio (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

O espanto causado pelo anúncio repentino de Henrique Almeida, em chapéu aplicado no maior rival, contrasta com a cautela com que o Grêmio conduziu as tratativas para contar com o atacante em 2016. O negócio esteve na pauta dos dirigentes gremistas há ao menos sete dias. Veio à tona já com a oficialização, logo após o Inter anunciar a desistência pelo atleta, diante da "complexidade" de sua situação jurídica. Um panorama ao qual o Tricolor garantiu ter segurança ao selar sua contratação, apesar de admitir que exista "risco baixo" pelo novo reforço.

Um temor que "vale a pena correr". Até porque o departamento jurídico construiu um contrato que prevê mecanismos que protegem o clube, seja com possibilidade de rescisão ou de ressarcimento ao Tricolor - o Grêmio pagará cerca de R$ 4 milhões, diluídos em luvas durante os quatro anos de vínculo.

O sinal verde para oficializar as tratativas, conduzidas diretamente com o empresário do atleta, Júlio Taran, surgiu com o amparo na Lei Pelé. Henrique Almeida obteve sua rescisão contratual com o Botafogo em liminar na Justiça, por contar com 20 meses de salários atrasados - a legislação garante o desligamento do vínculo com apenas três meses de atraso. Assim, o atacante ficou livre no mercado para selar contrato com uma nova equipe.

- Em primeiríssimo lugar, respeito o departamento jurídico do Inter. É um dos melhores do país, mas são pontos de vista distintos. O Grêmio entende que o risco é baixo, porque a Lei Pelé é clara, de que a mora salarial maior de três meses gera rescisão. Ele estava há mais de 20 meses sem receber parcelas de natureza salarial. O Grêmio não nota que o imbróglio judicial vai ser problema. Seria surpreendente, analisando o caso, mas o Grêmio criou mecanismos para suspender o contrato do jogador, ou forma de ressarcimento - afirma o advogado do clube Gabriel Vieira ao GloboEsporte.com.


Henrique conversa com Roger após assinar com o Grêmio (Foto: Reprodução/Grêmio TV)

No parecer gremista, nem mesmo a dívida de R$ 1,5 milhão do Botafogo com o São Paulo pela compra do atleta são empecilhos para o negócio. Isso, mesmo que os cariocas dividam os direitos econômicos com os paulistas - 35% pertencem ao Fogão e 65% ao Tricolor paulista.

- No momento em que o jogador está livre, ele não tem direitos econômicos, então tecnicamente o clube não é obrigado a contatar outro clube. A dívida é uma questão de outros clubes. Se há contrato de natureza civil entre Botafogo e São Paulo, os responsáveis são as partes signatárias. É o Botafogo que tem que indenizar o São Paulo - ressalta Vieira.

Henrique Almeida chega ao Tricolor com boa vitrine, diante de seu desempenho no Brasileirão de 2015, pelo Coritiba - anotou 14 gols em 20 jogos. Em 2011, o atacante de 24 anos foi o grande nome da Seleção campeão do Mundial sub-20. Naquela edição, dividiu a artilharia com o espanhol Álvaro Vázquez e com o francês Alexandre Lacazette e foi escolhido o melhor jogador da competição.

Depois, teve passagens apagadas por Vitória, Granada-ESP, Sport, Botafogo e Bahia, até sair do São Paulo, clube que o formou. No meio desta situação, quase parou no Real Madrid B, em 2013. Por um problema de inscrição, acabou retornando ao Botafogo. Com quatro anos de contrato, chega para enfrentar concorrência de Luan, Everton, Bobô, Pedro Rocha, Fernandinho, Lucas Coelho e Braian Rodríguez, sendo estes últimos três com futuro ainda incerto no Grêmio.

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