Vinicius Alexandre posa para foto ao chegar
ao Grêmio, em março (Foto: Divulgação)
Não é só no grupo principal que o Grêmio revive o passado. Além do retorno de Luiz Felipe Scolari ao comando do time profissional 18 anos depois, há um Ronaldinho vestindo azul, preto e branco. Passa longe de ser o meia ex-Atlético-MG, agora sem clube. É o apelido de um jovem que estava recém chegando ao mundo quando Felipão deixava o Olímpico em 1996. E quer deixar claro que tem nome e sobrenome próprios. Vinicius Alexandre ganhou a alcunha pela semelhança física com o antigo ídolo que hoje é desafeto tricolor. Tudo no que ele não quer se transformar, em sua trajetória ainda curta, porém promissora, pelo clube gaúcho. A ponto de ele tentar, aos poucos, deixar de lado a referência ao famoso camisa 10. Superação, experiência e polivalência para isso não lhe faltam.
Com 18 anos, Vinicius, que atua no meio-campo, chegou em março ao Grêmio, emprestado até janeiro. Seus direitos econômicos estão fixados e vinculados ao São Caetano. O contrato dá preferência ao Tricolor na renovação. É mais um exemplo do minucioso garimpo que o diretor Júnior Chavare e sua equipe realizam pelo país, com 3 mil talentos registrados no banco de dados e cerca de 350 monitorados ao mês.
Perto da seleção, cirurgia no joelho
Um dos grandes focos é o interior paulista. Chavare conhecia Vinicius desde a Ponte Preta, quando, aos 13 anos, o meia, natural de Campinas, ainda era uma criança e muito mais parecido com Ronaldinho do que hoje. Tanto que, à época, grudou-lhe como chiclete a chamativa alcunha de Vinicius Ronaldinho. É tão natural que se torna impossível detectar a real origem do apelido.
- Ronaldinho é uma inspiração, sim, mas tento evitar comparações. Quer ser o Vinicius Alexandre - avisa, com personalidade.
O apelido pegou tão bem quanto seu futebol. Na Ponte, mesmo nascido em 1996, jogava com a categoria de 1994. Chamou a atenção do Desportivo Brasil, clube gerido pela empresa Traffic. Na nova casa, em 2011, foi campeão da Copa Ouro e do Paulista sub-15. No ano seguinte, vestiu a camisa do Palmeiras. O sonho de uma vida se descortinava. Só não contava com o rompimento do ligamento cruzado do joelho direito. Ficou cerca de nove meses afastado da bola. Momento delicado que muitos atletas experientes jamais passaram.
A lesão surgiu na pior hora possível. Vinicius estava pré-convocado para a seleção brasileira, não conseguiu sequência, e o Verdão optou por não exercer o direito de compra dos direitos.
Alguns clubes o cobiçaram, entre eles o Grêmio. Uma chance de ouro, mas que esbarraria na doída saudade de sua Campinas, da mãe Fabiana e do pai Samuel, que o encorajou:
- Você quer encarar esse desafio? Então vá.
Polivalente: de volante a falso 9
Vinicius em 2011 no Desportivo e agora, no Grêmio (Foto: Divulgação)
E Vinicius foi. Aportou no Olímpico em março. Não viu o irmão Nicolas nascer. Vive no alojamento de Eldorado do Sul, cidade próxima a Porto Alegre. Tímido, ainda não tem muitos amigos e, no máximo, conhece os shoppings da capital. Gosta de samba, embora o único instrumento que toque seja o batuque na palma da mão. Ritmo que o ajuda a espantar sua grande dificuldade em terra estranha: o frio.
A outra barreira que encontrou no início foi a "pegada" do futebol gaúcho. Num dos primeiros treinos, recebeu uma entrada forte de um colega. Ainda rolando no chão, procurando se reerguer, ouviu o recado bem-humorado do técnico do sub-19 James de Freitas:
- Bem-vindo ao Sul.
A resposta surgiu em campo. Vinicius se transformou num atleta útil no elenco. Mutação é sua palavra de ordem. Embora jovem, já passou por diversas transformações. Primeiro, a física. Cresceu rápido, ganhou corpo desde os tempos de Ponte. Assim, também melhorou seu rendimento em campo. De meia habilidoso e clássico camisa 10, soube angariar novas funções. Com 1m87cm, joga hoje preferencialmente como volante. Também é aproveitado como atacante e até um “falso 9”. Ou seja, capaz de defender e atacar com a mesma qualidade.
- A posição ideal para ele é segundo volante, como o Paulinho, chegando de elemento-surpresa - destaca Mineiro, um dos responsáveis por gerir sua carreira. - É muito técnico e forte fisicamente, características que fecham com o estilo do futebol gaúcho. Ele está muito feliz no Grêmio.
Apelido grudento e até no site
A última mudança de Vinicius foi simbólica. Parou de se autodenominar Vinicius Ronaldinho. Antes, usava o apelido nas suas contas nas redes sociais. Agora, opta pelo tradicional Vinicius Alexandre. O Grêmio tenta evitar chamá-lo pelo apelido no dia a dia, embora, no site oficial, é assim que o jogador surge identificado dentro do plantel sub-19. Entre os colegas, também só dá Ronaldinho.
- É difícil tirar o apelido. Todos sempre me chamaram de Ronaldinho. É "passa a bola, Ronaldinho", "como vai, Ronaldinho...". É algo me acompanha desde sempre - pondera o garoto.
- Ele parece, sim, com o Ronaldinho. Tem um jeitinho dele, o miolo do rosto... Mas a gente tenta dar uma abolida nesse nome, até para não criar uma sobrecarga no menino - explica o diretor das categorias de base Júnior Chavare.
Vinicius não é titular absoluto do time comandado por James Freitas, até porque, segundo Chavare, são sempre formados dois times da categoria, como testes para a Taça BH, grande objetivo do clube no segundo semestre, a iniciar em 17 de agosto.
Oportunidade para ver o volante, meia e atacante que também é versátil no número de nomes. Mas que, por ora, dispensa o apelido mais ilustre.
Entre outros clubes, Vinicius passou por Ponte Preta e Palmeiras (Foto: Editoria de Arte)
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ao Grêmio, em março (Foto: Divulgação)
Não é só no grupo principal que o Grêmio revive o passado. Além do retorno de Luiz Felipe Scolari ao comando do time profissional 18 anos depois, há um Ronaldinho vestindo azul, preto e branco. Passa longe de ser o meia ex-Atlético-MG, agora sem clube. É o apelido de um jovem que estava recém chegando ao mundo quando Felipão deixava o Olímpico em 1996. E quer deixar claro que tem nome e sobrenome próprios. Vinicius Alexandre ganhou a alcunha pela semelhança física com o antigo ídolo que hoje é desafeto tricolor. Tudo no que ele não quer se transformar, em sua trajetória ainda curta, porém promissora, pelo clube gaúcho. A ponto de ele tentar, aos poucos, deixar de lado a referência ao famoso camisa 10. Superação, experiência e polivalência para isso não lhe faltam.
Com 18 anos, Vinicius, que atua no meio-campo, chegou em março ao Grêmio, emprestado até janeiro. Seus direitos econômicos estão fixados e vinculados ao São Caetano. O contrato dá preferência ao Tricolor na renovação. É mais um exemplo do minucioso garimpo que o diretor Júnior Chavare e sua equipe realizam pelo país, com 3 mil talentos registrados no banco de dados e cerca de 350 monitorados ao mês.
Perto da seleção, cirurgia no joelho
Um dos grandes focos é o interior paulista. Chavare conhecia Vinicius desde a Ponte Preta, quando, aos 13 anos, o meia, natural de Campinas, ainda era uma criança e muito mais parecido com Ronaldinho do que hoje. Tanto que, à época, grudou-lhe como chiclete a chamativa alcunha de Vinicius Ronaldinho. É tão natural que se torna impossível detectar a real origem do apelido.
- Ronaldinho é uma inspiração, sim, mas tento evitar comparações. Quer ser o Vinicius Alexandre - avisa, com personalidade.
O apelido pegou tão bem quanto seu futebol. Na Ponte, mesmo nascido em 1996, jogava com a categoria de 1994. Chamou a atenção do Desportivo Brasil, clube gerido pela empresa Traffic. Na nova casa, em 2011, foi campeão da Copa Ouro e do Paulista sub-15. No ano seguinte, vestiu a camisa do Palmeiras. O sonho de uma vida se descortinava. Só não contava com o rompimento do ligamento cruzado do joelho direito. Ficou cerca de nove meses afastado da bola. Momento delicado que muitos atletas experientes jamais passaram.
A lesão surgiu na pior hora possível. Vinicius estava pré-convocado para a seleção brasileira, não conseguiu sequência, e o Verdão optou por não exercer o direito de compra dos direitos.
Alguns clubes o cobiçaram, entre eles o Grêmio. Uma chance de ouro, mas que esbarraria na doída saudade de sua Campinas, da mãe Fabiana e do pai Samuel, que o encorajou:
- Você quer encarar esse desafio? Então vá.
Polivalente: de volante a falso 9
Vinicius em 2011 no Desportivo e agora, no Grêmio (Foto: Divulgação)
E Vinicius foi. Aportou no Olímpico em março. Não viu o irmão Nicolas nascer. Vive no alojamento de Eldorado do Sul, cidade próxima a Porto Alegre. Tímido, ainda não tem muitos amigos e, no máximo, conhece os shoppings da capital. Gosta de samba, embora o único instrumento que toque seja o batuque na palma da mão. Ritmo que o ajuda a espantar sua grande dificuldade em terra estranha: o frio.
A outra barreira que encontrou no início foi a "pegada" do futebol gaúcho. Num dos primeiros treinos, recebeu uma entrada forte de um colega. Ainda rolando no chão, procurando se reerguer, ouviu o recado bem-humorado do técnico do sub-19 James de Freitas:
- Bem-vindo ao Sul.
A resposta surgiu em campo. Vinicius se transformou num atleta útil no elenco. Mutação é sua palavra de ordem. Embora jovem, já passou por diversas transformações. Primeiro, a física. Cresceu rápido, ganhou corpo desde os tempos de Ponte. Assim, também melhorou seu rendimento em campo. De meia habilidoso e clássico camisa 10, soube angariar novas funções. Com 1m87cm, joga hoje preferencialmente como volante. Também é aproveitado como atacante e até um “falso 9”. Ou seja, capaz de defender e atacar com a mesma qualidade.
- A posição ideal para ele é segundo volante, como o Paulinho, chegando de elemento-surpresa - destaca Mineiro, um dos responsáveis por gerir sua carreira. - É muito técnico e forte fisicamente, características que fecham com o estilo do futebol gaúcho. Ele está muito feliz no Grêmio.
Apelido grudento e até no site
A última mudança de Vinicius foi simbólica. Parou de se autodenominar Vinicius Ronaldinho. Antes, usava o apelido nas suas contas nas redes sociais. Agora, opta pelo tradicional Vinicius Alexandre. O Grêmio tenta evitar chamá-lo pelo apelido no dia a dia, embora, no site oficial, é assim que o jogador surge identificado dentro do plantel sub-19. Entre os colegas, também só dá Ronaldinho.
- É difícil tirar o apelido. Todos sempre me chamaram de Ronaldinho. É "passa a bola, Ronaldinho", "como vai, Ronaldinho...". É algo me acompanha desde sempre - pondera o garoto.
- Ele parece, sim, com o Ronaldinho. Tem um jeitinho dele, o miolo do rosto... Mas a gente tenta dar uma abolida nesse nome, até para não criar uma sobrecarga no menino - explica o diretor das categorias de base Júnior Chavare.
Vinicius não é titular absoluto do time comandado por James Freitas, até porque, segundo Chavare, são sempre formados dois times da categoria, como testes para a Taça BH, grande objetivo do clube no segundo semestre, a iniciar em 17 de agosto.
Oportunidade para ver o volante, meia e atacante que também é versátil no número de nomes. Mas que, por ora, dispensa o apelido mais ilustre.
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