Joia 2016: goleador, meia se espelha em Kaká para surpreender no Grêmio

Tontini se inspira em arrancadas de Kaká (Foto: Rodrigo Fatturi/Grêmio)

Olhar compenetrado no objetivo, quase não olha para a bola. A arrancada só tem um objetivo, colocar a bola na rede. Seja com o domínio ou entrando na área para finalizar, a cena poderia muito bem ser protagonizada pelo meia Kaká. Mas a descrição também cabe para Tontini, meia gremista que subirá para o elenco profissional em 2016 e tem o melhor do mundo em 2007 como inspiração ao estilo. Resolveu que seguirá este caminho, após uma lesão no joelho o fazer passar por um momento de reflexão profunda.

INSPIRAÇÃO
Como Kaká, é meia e atua pelo centro - em outros tempos, seria a ponta ofensiva do losango, como fora o brasileiro no Milan campeão da Champions League em 2006/2007. Com 1,83m, também tem na bola aérea uma de suas qualidades. Ouviu muito o pedido de Roger de “pisar na área” e passou a tomar gosto por marcar gols, algo que o acompanha desde as categorias de base.

- Falando do Kaká, é meu maior ídolo do futebol, me espelho. Desde pequeno falam que me pareço, fisicamente e jogando. Sempre busquei inspiração. Gosto de pegar a bola e arrancar. Chamou bastante atenção que estou pisando na área, e a bola está sobrando. Eu gosto de vir de trás. Eu acho que é importante para um jogador que joga atrás, gostar de fazer gols - comentou o jovem, de férias em Foz do Iguaçu, sua cidade natal.

Férias, por sinal, que serão de descanso, mas também de um pouco de trabalho. Tontini promete que estará focado mesmo na folga até a reapresentação, dia 6 de janeiro. Com alguns treinamentos, quer se apresentar bem fisicamente. Sair na frente em um momento importante na carreira, podendo integrar a lista do Tricolor e jogar uma Libertadores. Após o período de cerca de um mês de trabalho com o elenco do técnico Roger em 2015 - foi relacionado para três partidas, inclusive, sem sair do banco -, quer cavar mais espaço em 2016.

- Muitos falam que é difícil chegar. Mas o mais difícil é se manter. Muitos passam e não ficam - completou.

LESÃO PARA PENSAR

Era agosto de 2013. Tontini marcara na vitória do Grêmio sobre o Santos nas oitavas de final da Taça BH - acabou aquela competição como artilheiro gremista, com quatro gols. Mas a carreira reservou um pequeno percalço para o jovem. Um rompimento do ligamento cruzado anterior que o tirou sete meses de ação. Tempo reservado pelo meia para uma reflexão profunda na carreira. Valeria a pena todo o sacrífico que estava fazendo? Queria, de fato, ser jogador? As duas respostas foram afirmativas. E mantiveram Tontini na busca pessoal por sucesso no Grêmio.
- Usei o momento para trabalhar bastante minha cabeça, ver o que eu queria no futebol. Talvez tenha sido o momento mais difícil da minha vida, mas ajudou muito a voltar mais forte. Tenho certeza que voltei muito mais forte - diz.

Em 2013, Tontini estava há dois anos no Grêmio. Chegou ao clube gaúcho em novembro de 2011, depois de se destacar no Guarani justamente em uma Taça BH, que traria o momento mais complicado de sua vida. Vestiu a camisa verde da equipe de Campinas por dois anos, até se transferir ao Tricolor.

O começo de carreira ocorreu em Foz do Iguaçu, em escolinhas da região. Uma delas o Escouto Esporte Clube. Foi onde se destacou em uma competição em Colorado, no Paraná, com 14 anos. Dali, foi levado ao Guarani para sua primeira experiência em um clube de maior expressão.

APOIO DA FAMÍLIA


Irmão Alexandre hoje mora em Porto Alegre com Tontini para o apoiar (Foto: Arquivo Pessoal)

A vida de Tontini nunca foi de dificuldades. O meia sempre foi amparado pelo pai Agnaldo e pela mãe Ivete, que deixaram claro desde muito cedo que, fosse esta a decisão de Felipe Tontini da Silveira, 20 anos, não haveria um pingo de objeções.

- É o que você quer? Então vamos te apoiar - disse o pai, carregado no sotaque paranaense.

O amparo segue até hoje, quando Alexandre, 24 anos, largou a carreira de engenheiro agrônomo para se dedicar ao irmão. Mora em Porto Alegre para dar um toque mais familiar na capital gaúcha, justamente em um momento mais decisivo da carreira.
No último ano de júnior, Tontini passou a se destacar nas categorias de base após o retorno da lesão. Contabilizou gols, boas atuações e arrancadas. Mudou-se dos alojamentos sob as arquibancadas do Estádio Olímpico - antes ocupara às do Brinco de Ouro da Princesa -, para o aconchego de um lar.

Hoje, vive a expectativa de aparecer em uma lista da Libertadores em 2016. A pré-temporada é encarada como o grande teste para Tontini.

O objetivo está ali, claro. O meia não vai tirar os olhos dele. Como Kaká faria, em uma arrancada pela América.

COMO ESTÁ A JOIA 2015

Lincoln ainda não deslanchou pela equipe principal, mas segue como uma das principais promessas gremistas. Afinal, é precoce com apenas 17 anos. Alçado ao grupo principal por Luiz Felipe Scolari, teve boas chances no Gauchão, quando chegou a anotar o único gol que fez pela equipe tricolor. Com Roger, viu as oportunidades minguarem, com a ascensão de Douglas. Deve ganhar mais chance na próxima temporada.

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