Marco Polo Del Nero comandava uma reunião com presidentes de federações em outubro quando precisou se ausentar. O encontro passou a ser conduzido por Fernando Sarney, um dos quatro vices da CBF. Foi a senha para outro vice-presidente, Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense, dizer a um de seus colegas que o filho de José Sarney será o substituto de Del Nero caso ele se licencie da presidência da confederação.
Delfim é o vice mais velho e assume o cargo se Del Nero renunciar. Porém, o presidente pode escolher quem fica interinamente no posto se pedir licença.
A suspeita de Delfin, opositor do atual presidente, aumentou cerca de um mês depois com a indicação de Sarney para o Comitê Executivo da Fifa, no lugar de Del Nero, que renunciou ao cargo.
A escolha, feita por Del Nero, foi a coroação da recente ascensão do filho do ex-presidente da República, depois de ficar desde 2004 como um vice-presidente apagado.
Ricardo Teixeira, então presidente da entidade, estreitou relações com Fernando acreditando principalmente que ele poderia ajudar em sua articulação contra as primeiras CPIs enfrentadas pela CBF no início dos anos 2000, no Senado e na Câmara. Quem acompanhou as comissões afirma que a ajuda dele foi pequena. Mesmo assim, ele ganhou o cargo e nele permaneceu sem ganhar grandes missões.
Mas desde que Del Nero assumiu e logo passou a ser pressionado pela CPI do Futebol no Senado, o representante do clã Sarney na cartolagem nacional voltou a ganhar espaço.
Tanto que passou a ocupar a sala que foi de Del Nero e que provavelmente seria de José Maria Marin, que responde a processo nos Estados Unidos em regime de prisão domiciliar.
Fernando agora participa ativamente das reuniões e se envolve em assuntos da Conmebol, além de controlar o departamento de Beach Soccer.
“Ele é um conciliador, sempre busca o entendimento e está sempre disposto a ouvir o que as federações têm a dizer”, diz Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana de Futebol.
Um dos atos conciliatórios de Fernando foi tentar fazer as pazes entre Delfim e Del Nero. Não deu certo.
Já o secretário-geral da CBF e ex-deputado federal, Walter Feldman, elogia a atuação política de Fernando. “Não o conhecia e fiquei impressionado com a habilidade política dele. Ele fez por merecer a indicação”, afirmou o dirigente.
Como no passado, o sobrenome Sarney parece ser visto pela CBF como uma palavra mágica para abrir portas em Brasília. A relatoria da CPI do Futebol está nas mãos do senador Romero Jucá (PMDB-RR), aliado político de José Sarney. E um dos integrantes que já bateu boca com Romário, presidente da comissão, é João Alberto (PMDB-MA), amigo de Fernando.
Porém, se na CPI a ligação com os Sarney fez Del Nero ganhar pontos, na CBF ele perdeu alguns. Pelo menos parte dos cartolas não digeriu bem a maneira como o maranhense foi indicado para o Comitê Executivo da Fifa.
“Não tenho nada contra o Fernando, mas fiquei surpreso com sua indicação porque o Marco Polo não consultou nenhum dos vice-presidentes. Não contesto a decisão dele, mas o certo seria ele ter consultado os vices e os presidentes de federação. Não vou procurar o presidente para falar nada, mas se ele me perguntar alguma coisa vou dizer o que penso. Não sou fantoche de ninguém”, declarou Gustavo Feijó, um dos quatro vices da entidade e prefeito de Boca da Mata (AL). Ele disse que não teria tempo para ocupar o posto na Fifa.
“Pessoalmente, não tenho nada contra o Fernando, mas achei um ato de covardia do Del Nero renunciar ao cargo, foi ridículo. Mas, já que decidiu renunciar, deveria ter escolhido alguém com serviços prestados ao futebol. Ele (Sarney) não é do ramo. O Marco Polo tinha mais 26 presidentes de federações que entendem de futebol para escolher. Digo 26, não 27, porque eu não aceitaria”, afirmou Delfim Peixoto. Ao deixar o cargo, Del Nero alegou excesso de funções.
Junto com a polêmica que causou, a ascensão de Fernando deu novo fôlego a um personagem misterioso na CBF e que que tinha perdido espaço nos últimos anos da gestão de Ricardo Teixeira. Ele atende pelo apelido de Bacará. Alguns o definem como amigo íntimo dos Sarney. Outros o identificam como assessor ou segurança de Fernando. Sua presença nas delegações da seleção brasileira se tornou comum na época de Teixeira, embora não tivesse cargo. Estava quase sempre perto da delegação. Agora, dizem presidentes de federações, está sempre na sede da CBF.
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A escolha, feita por Del Nero, foi a coroação da recente ascensão do filho do ex-presidente da República, depois de ficar desde 2004 como um vice-presidente apagado.
Ricardo Teixeira, então presidente da entidade, estreitou relações com Fernando acreditando principalmente que ele poderia ajudar em sua articulação contra as primeiras CPIs enfrentadas pela CBF no início dos anos 2000, no Senado e na Câmara. Quem acompanhou as comissões afirma que a ajuda dele foi pequena. Mesmo assim, ele ganhou o cargo e nele permaneceu sem ganhar grandes missões.
Mas desde que Del Nero assumiu e logo passou a ser pressionado pela CPI do Futebol no Senado, o representante do clã Sarney na cartolagem nacional voltou a ganhar espaço.
Tanto que passou a ocupar a sala que foi de Del Nero e que provavelmente seria de José Maria Marin, que responde a processo nos Estados Unidos em regime de prisão domiciliar.
Fernando agora participa ativamente das reuniões e se envolve em assuntos da Conmebol, além de controlar o departamento de Beach Soccer.
“Ele é um conciliador, sempre busca o entendimento e está sempre disposto a ouvir o que as federações têm a dizer”, diz Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana de Futebol.
Um dos atos conciliatórios de Fernando foi tentar fazer as pazes entre Delfim e Del Nero. Não deu certo.
Já o secretário-geral da CBF e ex-deputado federal, Walter Feldman, elogia a atuação política de Fernando. “Não o conhecia e fiquei impressionado com a habilidade política dele. Ele fez por merecer a indicação”, afirmou o dirigente.
Como no passado, o sobrenome Sarney parece ser visto pela CBF como uma palavra mágica para abrir portas em Brasília. A relatoria da CPI do Futebol está nas mãos do senador Romero Jucá (PMDB-RR), aliado político de José Sarney. E um dos integrantes que já bateu boca com Romário, presidente da comissão, é João Alberto (PMDB-MA), amigo de Fernando.
Porém, se na CPI a ligação com os Sarney fez Del Nero ganhar pontos, na CBF ele perdeu alguns. Pelo menos parte dos cartolas não digeriu bem a maneira como o maranhense foi indicado para o Comitê Executivo da Fifa.
“Não tenho nada contra o Fernando, mas fiquei surpreso com sua indicação porque o Marco Polo não consultou nenhum dos vice-presidentes. Não contesto a decisão dele, mas o certo seria ele ter consultado os vices e os presidentes de federação. Não vou procurar o presidente para falar nada, mas se ele me perguntar alguma coisa vou dizer o que penso. Não sou fantoche de ninguém”, declarou Gustavo Feijó, um dos quatro vices da entidade e prefeito de Boca da Mata (AL). Ele disse que não teria tempo para ocupar o posto na Fifa.
“Pessoalmente, não tenho nada contra o Fernando, mas achei um ato de covardia do Del Nero renunciar ao cargo, foi ridículo. Mas, já que decidiu renunciar, deveria ter escolhido alguém com serviços prestados ao futebol. Ele (Sarney) não é do ramo. O Marco Polo tinha mais 26 presidentes de federações que entendem de futebol para escolher. Digo 26, não 27, porque eu não aceitaria”, afirmou Delfim Peixoto. Ao deixar o cargo, Del Nero alegou excesso de funções.
Junto com a polêmica que causou, a ascensão de Fernando deu novo fôlego a um personagem misterioso na CBF e que que tinha perdido espaço nos últimos anos da gestão de Ricardo Teixeira. Ele atende pelo apelido de Bacará. Alguns o definem como amigo íntimo dos Sarney. Outros o identificam como assessor ou segurança de Fernando. Sua presença nas delegações da seleção brasileira se tornou comum na época de Teixeira, embora não tivesse cargo. Estava quase sempre perto da delegação. Agora, dizem presidentes de federações, está sempre na sede da CBF.
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