Galatto defende o pênalti de Ademar nos Aflitos e cai para a história (Foto: Ricardo Duarte, Agência RBS)
Parece que o tempo parou. Há 10 anos, Galatto esticava a perna instintivamente na tentativa de impedir que o Grêmio permanecesse mais um ano na Série B e ficasse à beira da falência. A cobrança de pênalti de Ademar, o choque da bola na canela e os momentos que se seguiram estão eternizados não só na história do clube, mas também na vida do goleiro. A Batalha dos Aflitos tornou-se muito mais do que apenas uma ascensão para a primeira divisão na trajetória pessoal do atleta. Foi arma contra solidão de um torcedor que precisou controlar os ânimos para que não seguisse o rompante dos companheiros e prejudicasse o clube do coração.
A verdade é que o tempo não parou. Passados 10 anos, o jogo com o Náutico, válido pelo quadrangular final da Série B de 2005, segue vivíssimo na memória e na rotina de Galatto. Tão vivo que parece que ele entrou em campo, com 25 minutos de atraso e de um vestiário impregnado com cheiro de tinta, sempre que fala daquele duelo. Jogou em 10 clubes na carreira – além do Grêmio, Brasil de Pelotas, Atlético-PR, Litex Lovech-BUL, Málaga, Neuchatel Xamax-SUI, CRB, América-RN, Criciúma e Juventude, este último em 2015. Em todos eles, aquele pênalti histórico nos Aflitos era lembrado já na entrevista de apresentação.
– Para mim parece que foi mês passado. Quando eu encontro um gremista e ele me conta a história, para mim é como se fosse hoje. Fui numa loja e o cara disse "cara, naquele jogo eu fiz isso, isso e isso". Eu queria poder pegar o testemunho de todos os torcedores. Eu procuro na internet às vezes. Tem um vídeo no YouTube que uma família, acho que é de Novo Hamburgo, ele filma desde o pênalti até o gol… Eu fico emocionado só de ver, cara. Dez anos depois! – se impressiona Galatto.
A Batalha dos Aflitos foi o grande fato da vida futebolística de Galatto. E conversando mesmo que informalmente sobre aquele jogo, isso fica claro como gelo. O goleiro lembra como poucos dos detalhes do que ocorreu, desde a campanha cheia de percalços do time, passando pela ida para Recife em clima de guerra, até a construção da defesa que o colocou no posto de ídolo gremista.
Tão grande que vive apegado àquela vitória com sete jogadores contra 10 alvirrubros – Batata foi expulso logo após a perda do segundo pênalti. A rotina na Bulgária, por exemplo, só foi superada com a ajuda do DVD do duelo. Era o "amigo" do jogador e de sua esposa quando o frio de -15ºC assolava, o idioma dificultava a vida em Lovech e a saudade do Brasil batia forte. O feito com o Grêmio aquecia o coração do casal com orgulho e trazia o sentimento de pertencimento.
– O DVD era meu companheiro de viagens. Nos clubes, depois que saí do Grêmio, a primeira pergunta que a imprensa fazia era para me apresentar. E a segunda era sobre a Batalha dos Aflitos. O mundo todo sabe desse jogo. Fico muito feliz de ter participado. Joguei na Europa, eu e a minha esposa só, então eu me sentia muito sozinho. Eu e ela, sem amigos, sem nada, eu ia lá e botava o DVD do Grêmio – explicou o goleiro, em entrevista ao GloboEsporte.com .
MAIOR MOMENTO DA CARREIRA
A defesa de pênalti, por si só, não garantiu o título brasileiro da segunda divisão – 71 segundos separam o primeiro do segundo herói. Precisou Anderson arrancar pelo lado esquerdo do campo dos Aflitos, tranças esvoaçantes, para entrar na área "dibrando", como o próprio definiu, para dar a taça aos gremistas. Mas a verdade é que o goleiro construiu com sua calma, frieza e concentração os alicerces daquela conquista histórica, inesquecível.
Os companheiros enlouqueceram com a marcação do segundo pênalti a favor do Náutico, em lance duvidoso de toque de mão de Nunes anotado pelo árbitro Djalma Beltrami. Na confusão, Domingos, Nunes e Patrício foram expulsos – Escalona já levara o cartão vermelho durante a partida.
Nenhum voo espalmando finalizações no Lovech, ou nenhuma defesa vestindo a camisa do Málaga foi tão importante quanto aquela bola rebatendo em sua canela direita. Primeiro pelo grau de dificuldade: o pênalti foi batido com 20 minutos de atraso, sob uma pressão enorme nas costas do jovem de 22 anos.
E significou o retorno de um clube da grandeza do Grêmio para a primeira divisão quando se projetava um futuro negro em caso de uma segunda temporada na Série B.
– A Batalha dos Aflitos é o maior título que eu tenho. Poderia ser uma decisão de Série C, de Série D, de regional… Mas, do jeito que foi, e eu sendo gremista e podendo estar vestindo a camisa do Grêmio, eu não tenho palavras para dizer.
Momento que praticamente caiu no colo de Galatto. O jovem era a terceira opção para o gol gremista no início daquele ano. Eduardo começara 2005, mas sucumbiu às críticas e pediu para deixar o clube. Márcio também saiu e deixou três pratas da casa com a missão de defender a meta tricolor: além de Galatto, Marcelo Grohe – atual titular, então com 18 anos – e Cássio, campeão brasileiro com o Corinthians, também com 18 anos.
FAMÍLIA E OLÍMPICO NA CABEÇA
Em Recife, Grohe era o jogador no banco de reservas. E quase entrou no segundo tempo. Após uma trombada com Pereira, logo no início da partida, Galatto passou a sentir dores constantes na perna direita. No vestiário, estava quase desistindo de ficar em campo. Um alongamento do fisioterapeuta Henrique Valente resolveu a situação. Para felicidade de Grohe, que aos 18 anos não precisou enfrentar tal pressão. Aos risos, ambos lembraram o fato juntos, em entrevista ao GloboEsporte.com.
A permanência em campo permitiu que um torcedor participasse do principal momento na história recente gremista. Galatto antes de tudo era um gremista disposto a voar por todos os cantos, dividir com quem quer que fosse e evitar que a bola cruzasse sua linha. E esse sentimento não foi esquecido no momento da penalidade, quando o Olímpico lotado vira uma vitória sobre o Santa Cruz, principal rival na busca pelo título. Mas precisou ser domado internamente para que tivesse tranquilidade e condições psicológicas de fazer a defesa.
– Lembrei do pai, lembrei da mãe, dos parentes e amigos gremistas. Eles choravam. Minha mãe foi me dar um abraço no aeroporto e ela chorava e dizia "traga esse título". Me lembrava muito daquela imagem, ela dizendo "vai com Deus, vai dar tudo certo". E ela deixou escorrer uma lágrima. Eu tinha a obrigação, além de jogador de futebol, por ser gremista de coração mesmo. E eu, ali, tinha que dar um jeito de ajudar o Grêmio – concluiu.
– Olha, o Galatto tem um perfil de ser um cara muito tranquilo. Mostrou-se muito tranquilo todo o momento. Todos nós estávamos apreensivos, claro. Em nenhum momento ele foi para a confusão. Procurou se preservar – completou Marcelo Grohe em encontro com o ex-colega.
Galatto e Marcelo Grohe se reencontraram para lembrar o feito (Foto: Montagem sobre fotos de Eduardo Moura)
FÁBRICA DE GOLEIROS ENGRENOU
O pênalti foi cobrado por um batedor improvável. Por uma série de fatores internos do Náutico, caiu sobre os ombros de Ademar a responsabilidade de efetuar o disparo que colocaria o Náutico na primeira divisão. Os mais experientes acabaram por se ausentar no momento decisivo, casos de Kuki, Batata e Cleisson.
– Ele era canhoto, era capaz de ele conseguir virar o pé rápido. Então, saí no momento certo. Pensava "faça que nem tu faz nos treinamentos, saí no momento certo". Fiz uma oração também. Pedi a Deus. Embora eu com 22 anos teria muito mais pela frente, mas aquele momento já era decisivo na minha carreira – relembra.
A defesa histórica teve desdobramentos nas futuras gerações do clube. Em 2006, segundo Galatto, os comandantes das categorias de base procuraram o goleiro no estacionamento do Estádio Olímpico. Ali, agradeceram por ter estimulado e inspirado jovens a jogar na posição, sempre algo complicado com garotos que estão iniciando a caminhada no esporte. Mas, depois do milagreiro, havia abundância daqueles que são os primeiros a entrar no campo e os últimos a saírem.
A vitória sobre o Náutico, com apenas sete jogadores em campo, guarda muitas histórias ainda não contadas. Galatto sabe bem disso. Recebe o carinho de torcedores e ouve com atenção os relatos sobre as loucuras que fizeram naqueles 71 segundos de êxtase, choro e glória. O goleiro tem o desejo pessoal de reunir todas elas. Nunca irá conseguir, claro. Se contenta em ser o principal ícone para uma geração que viu o Grêmio cair, mas também assistiu – incrédulo – a um renascimento calcado em sofrimento e superação inéditos no futebol mundial.
Tudo isso há 10 anos. Hoje o goleiro segue sem clube. Decepcionou-se com o que encontrou no Juventude, a última camisa que defendeu, e procura um projeto sério. Não voltaria para a Bulgária e tem o Málaga como exemplo, um cenário ideal para a carreira. Sem esquecer nunca a Batalha que o eternizou como o principal soldado.
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Parece que o tempo parou. Há 10 anos, Galatto esticava a perna instintivamente na tentativa de impedir que o Grêmio permanecesse mais um ano na Série B e ficasse à beira da falência. A cobrança de pênalti de Ademar, o choque da bola na canela e os momentos que se seguiram estão eternizados não só na história do clube, mas também na vida do goleiro. A Batalha dos Aflitos tornou-se muito mais do que apenas uma ascensão para a primeira divisão na trajetória pessoal do atleta. Foi arma contra solidão de um torcedor que precisou controlar os ânimos para que não seguisse o rompante dos companheiros e prejudicasse o clube do coração.
A verdade é que o tempo não parou. Passados 10 anos, o jogo com o Náutico, válido pelo quadrangular final da Série B de 2005, segue vivíssimo na memória e na rotina de Galatto. Tão vivo que parece que ele entrou em campo, com 25 minutos de atraso e de um vestiário impregnado com cheiro de tinta, sempre que fala daquele duelo. Jogou em 10 clubes na carreira – além do Grêmio, Brasil de Pelotas, Atlético-PR, Litex Lovech-BUL, Málaga, Neuchatel Xamax-SUI, CRB, América-RN, Criciúma e Juventude, este último em 2015. Em todos eles, aquele pênalti histórico nos Aflitos era lembrado já na entrevista de apresentação.
– Para mim parece que foi mês passado. Quando eu encontro um gremista e ele me conta a história, para mim é como se fosse hoje. Fui numa loja e o cara disse "cara, naquele jogo eu fiz isso, isso e isso". Eu queria poder pegar o testemunho de todos os torcedores. Eu procuro na internet às vezes. Tem um vídeo no YouTube que uma família, acho que é de Novo Hamburgo, ele filma desde o pênalti até o gol… Eu fico emocionado só de ver, cara. Dez anos depois! – se impressiona Galatto.
A Batalha dos Aflitos foi o grande fato da vida futebolística de Galatto. E conversando mesmo que informalmente sobre aquele jogo, isso fica claro como gelo. O goleiro lembra como poucos dos detalhes do que ocorreu, desde a campanha cheia de percalços do time, passando pela ida para Recife em clima de guerra, até a construção da defesa que o colocou no posto de ídolo gremista.
Tão grande que vive apegado àquela vitória com sete jogadores contra 10 alvirrubros – Batata foi expulso logo após a perda do segundo pênalti. A rotina na Bulgária, por exemplo, só foi superada com a ajuda do DVD do duelo. Era o "amigo" do jogador e de sua esposa quando o frio de -15ºC assolava, o idioma dificultava a vida em Lovech e a saudade do Brasil batia forte. O feito com o Grêmio aquecia o coração do casal com orgulho e trazia o sentimento de pertencimento.
– O DVD era meu companheiro de viagens. Nos clubes, depois que saí do Grêmio, a primeira pergunta que a imprensa fazia era para me apresentar. E a segunda era sobre a Batalha dos Aflitos. O mundo todo sabe desse jogo. Fico muito feliz de ter participado. Joguei na Europa, eu e a minha esposa só, então eu me sentia muito sozinho. Eu e ela, sem amigos, sem nada, eu ia lá e botava o DVD do Grêmio – explicou o goleiro, em entrevista ao GloboEsporte.com .
MAIOR MOMENTO DA CARREIRA
A defesa de pênalti, por si só, não garantiu o título brasileiro da segunda divisão – 71 segundos separam o primeiro do segundo herói. Precisou Anderson arrancar pelo lado esquerdo do campo dos Aflitos, tranças esvoaçantes, para entrar na área "dibrando", como o próprio definiu, para dar a taça aos gremistas. Mas a verdade é que o goleiro construiu com sua calma, frieza e concentração os alicerces daquela conquista histórica, inesquecível.
Os companheiros enlouqueceram com a marcação do segundo pênalti a favor do Náutico, em lance duvidoso de toque de mão de Nunes anotado pelo árbitro Djalma Beltrami. Na confusão, Domingos, Nunes e Patrício foram expulsos – Escalona já levara o cartão vermelho durante a partida.
Nenhum voo espalmando finalizações no Lovech, ou nenhuma defesa vestindo a camisa do Málaga foi tão importante quanto aquela bola rebatendo em sua canela direita. Primeiro pelo grau de dificuldade: o pênalti foi batido com 20 minutos de atraso, sob uma pressão enorme nas costas do jovem de 22 anos.
E significou o retorno de um clube da grandeza do Grêmio para a primeira divisão quando se projetava um futuro negro em caso de uma segunda temporada na Série B.
– A Batalha dos Aflitos é o maior título que eu tenho. Poderia ser uma decisão de Série C, de Série D, de regional… Mas, do jeito que foi, e eu sendo gremista e podendo estar vestindo a camisa do Grêmio, eu não tenho palavras para dizer.
Momento que praticamente caiu no colo de Galatto. O jovem era a terceira opção para o gol gremista no início daquele ano. Eduardo começara 2005, mas sucumbiu às críticas e pediu para deixar o clube. Márcio também saiu e deixou três pratas da casa com a missão de defender a meta tricolor: além de Galatto, Marcelo Grohe – atual titular, então com 18 anos – e Cássio, campeão brasileiro com o Corinthians, também com 18 anos.
FAMÍLIA E OLÍMPICO NA CABEÇA
Em Recife, Grohe era o jogador no banco de reservas. E quase entrou no segundo tempo. Após uma trombada com Pereira, logo no início da partida, Galatto passou a sentir dores constantes na perna direita. No vestiário, estava quase desistindo de ficar em campo. Um alongamento do fisioterapeuta Henrique Valente resolveu a situação. Para felicidade de Grohe, que aos 18 anos não precisou enfrentar tal pressão. Aos risos, ambos lembraram o fato juntos, em entrevista ao GloboEsporte.com.
A permanência em campo permitiu que um torcedor participasse do principal momento na história recente gremista. Galatto antes de tudo era um gremista disposto a voar por todos os cantos, dividir com quem quer que fosse e evitar que a bola cruzasse sua linha. E esse sentimento não foi esquecido no momento da penalidade, quando o Olímpico lotado vira uma vitória sobre o Santa Cruz, principal rival na busca pelo título. Mas precisou ser domado internamente para que tivesse tranquilidade e condições psicológicas de fazer a defesa.
– Lembrei do pai, lembrei da mãe, dos parentes e amigos gremistas. Eles choravam. Minha mãe foi me dar um abraço no aeroporto e ela chorava e dizia "traga esse título". Me lembrava muito daquela imagem, ela dizendo "vai com Deus, vai dar tudo certo". E ela deixou escorrer uma lágrima. Eu tinha a obrigação, além de jogador de futebol, por ser gremista de coração mesmo. E eu, ali, tinha que dar um jeito de ajudar o Grêmio – concluiu.
– Olha, o Galatto tem um perfil de ser um cara muito tranquilo. Mostrou-se muito tranquilo todo o momento. Todos nós estávamos apreensivos, claro. Em nenhum momento ele foi para a confusão. Procurou se preservar – completou Marcelo Grohe em encontro com o ex-colega.
Galatto e Marcelo Grohe se reencontraram para lembrar o feito (Foto: Montagem sobre fotos de Eduardo Moura)
FÁBRICA DE GOLEIROS ENGRENOU
O pênalti foi cobrado por um batedor improvável. Por uma série de fatores internos do Náutico, caiu sobre os ombros de Ademar a responsabilidade de efetuar o disparo que colocaria o Náutico na primeira divisão. Os mais experientes acabaram por se ausentar no momento decisivo, casos de Kuki, Batata e Cleisson.
– Ele era canhoto, era capaz de ele conseguir virar o pé rápido. Então, saí no momento certo. Pensava "faça que nem tu faz nos treinamentos, saí no momento certo". Fiz uma oração também. Pedi a Deus. Embora eu com 22 anos teria muito mais pela frente, mas aquele momento já era decisivo na minha carreira – relembra.
A defesa histórica teve desdobramentos nas futuras gerações do clube. Em 2006, segundo Galatto, os comandantes das categorias de base procuraram o goleiro no estacionamento do Estádio Olímpico. Ali, agradeceram por ter estimulado e inspirado jovens a jogar na posição, sempre algo complicado com garotos que estão iniciando a caminhada no esporte. Mas, depois do milagreiro, havia abundância daqueles que são os primeiros a entrar no campo e os últimos a saírem.
A vitória sobre o Náutico, com apenas sete jogadores em campo, guarda muitas histórias ainda não contadas. Galatto sabe bem disso. Recebe o carinho de torcedores e ouve com atenção os relatos sobre as loucuras que fizeram naqueles 71 segundos de êxtase, choro e glória. O goleiro tem o desejo pessoal de reunir todas elas. Nunca irá conseguir, claro. Se contenta em ser o principal ícone para uma geração que viu o Grêmio cair, mas também assistiu – incrédulo – a um renascimento calcado em sofrimento e superação inéditos no futebol mundial.
Tudo isso há 10 anos. Hoje o goleiro segue sem clube. Decepcionou-se com o que encontrou no Juventude, a última camisa que defendeu, e procura um projeto sério. Não voltaria para a Bulgária e tem o Málaga como exemplo, um cenário ideal para a carreira. Sem esquecer nunca a Batalha que o eternizou como o principal soldado.
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