Wianey Carlet: promotor do MP fala sobre combate à baderna no Gre-Nal


Fonte: Diário Gaúcho

Wianey Carlet: promotor do MP fala sobre combate à baderna no Gre-Nal
Ônibus foi depredado antes do clássico do último domingo
Foto: Alexandre Ernst / Agência RBS


Durante meia hora conversei com o dr. Márcio Bressani, da Promotoria do Torcedor, sobre os movimentos do Ministério Público, Brigada Militar e clubes contra os baderneiros do futebol. Sobre o Gre-Nal no Beira-Rio, ele fez algumas revelações:

A Geral do Grêmio chegou atrasada ao local de partida, a Secretaria de Segurança, e retardou o deslocamento do comboio de ônibus. Durante o deslocamento, câmeras postadas no interior dos ônibus foram cobertas para evitar identificação de atos de vandalismo. Todos os torcedores gremistas foram identificados pelo próprio Grêmio ao adquirirem seus bilhetes. Os do Inter passaram pelo mesmo processo.

Clubes e o Ministério Público agem com rigor para acabar com o anonimato nos estádios. O torcedor que quebrou uma cadeira no Beira-Rio foi identificado, conduzido ao Jecrim e acertou o pagamento do prejuízo. Enquanto não pagar a conta, estará proibido de ingressar no Beira-Rio.

Segundo Bressani, as direções da Dupla estão firmemente comprometidas a identificarem baderneiros e afastá-los da Arena e do Beira-Rio. Como a Popular, torcida colorada, está punida e não pode levar instrumentos, o clube organizou a sua charanga, identificou os seus integrantes e responsabilizou-se por eventuais excessos.

O promotor informou-me que os clubes visitantes – domingo foi o Grêmio – devolvem ingressos porque alguns torcedores negam-se a se identificar. Querem o anonimato. Pelo acordo firmado entre a Dupla e o MP, até os ingressos doados não prescindem da identificação dos torcedores. Segundo Bressiani, as reclamações têm como objetivo criar um cenário de vitimização.

Nos últimos dois Gre-Nais, não foram registrados confrontos significativos entre gremistas e colorados. A Promotoria do Torcedor festeja a torcida mista e o Caminho do Gol, que considera grandes conquistas do futebol gaúcho. As empresas de ônibus e a EPTC relutaram em fazer o deslocamento das torcidas. O problema foi resolvido com o compromisso de Grêmio e Inter dividirem os prejuízos decorrentes de atos de vandalismo.

Bressani, que acompanhou o embarque da torcida gremista na Secretaria de Segurança, afirmou também que nenhum torcedor passou mal por efeito do calor. Só um torcedor desmaiou por estar muito embriagado. O consumo de álcool continua muito alto. Alguns torcedores bebem antes e durante o deslocamento. Outra informação: o Inter decidiu que em 2016 fará o cadastramento biométrico de todas as torcidas organizadas. Estará inviabilizada a circulação de ingressos. Somente o dono do bilhete poderá ingressar no estádio, pois terá que se submeter à identificação biométrica.

Minha conversa com o promotor ofereceu-me a gratificante sensação que estamos irremediavelmente “condenados” a uma convivência civilizada entre as torcidas de Inter e Grêmio. Também fui “vacinado” contra manifestações sempre prematuras contra as medidas de segurança. Elas chegam sempre daqueles que gostariam de perpetuar a baderna. As direções de Inter e Grêmio também merecem elogios pelo comprometimento que assumiram de contribuir decisivamente para acabar com o vandalismo. E aplausos, finalmente, para o Ministério Público, Brigada Militar, EPTC e outras autoridades pelo esforço e bons resultados que estão obtendo neste confronto contra os vândalos do futebol.


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