Zagueiro Pablo (à esquerda) comemora vitória do Bordeaux no Campeonato Francês
Imagine-se jogando em um país de língua totalmente diferente da sua e querendo se alimentar fora de casa. Como você faria? Pablo Nascimento Castro resolveu apelar para a tecnologia.
O zagueiro, de apenas 24 anos, saiu badalado da Ponte Preta após belos campeonatos Paulista e Brasileiro em 2015. Nascido na cidade de São Luis-MA, mas revelado pelo time do Quixadá-CE e com passagens por Ceará-CE, Tiradentes-CE, Grêmio-RS e Avaí-SC, ele hoje é titular da defesa do Bordeaux, que disputa atualmente a primeira divisão da França e a Liga Europa.
Sua primeira empreitada no futebol do Velho Continente não foi fácil no começo. Ele se diz bem adaptado à cidade, mas teve muitas dificuldades para comer e precisou usar a cabeça - e o celular - para não 'passar fome' no país.
"Quando vou a um restaurante, toda vez eu peço um prato e vem outro (risos). Eu peço carne e o cara me traz um peixe. É dureza porque pode vir algo que você não gosta e como vai fazer? Uma letrinha que você troca ou esquece e já era, chega um 'troço' completamente diferente (risos). Daí eu arrumei uma solução: aprendi umas poucas frases em francês e explico ao garçom que sou estrangeiro. Daí, escrevo o nome do prato que eu quero em português e coloco no Google Tradutor. 'Quero comer um arroz com feijão ou bife mal passado', daí aparece o nome em francês e mostro a tela do meu celular para ele. Não tem erro (risos)", gargalhou, em entrevista ao ESPN.com.br.
"Imagina se fosse há uns 10 anos, quando não tinha nenhuma dessas tecnologias, o que ia fazer?", completou.
Seu primeiro jogo pelo Bordeaux foi logo contra o líder, atual campeão e melhor time disparado no Campeonato Francês: Paris Saint-Germain. Contra os comandados de Laurent Blanc o jogo terminou 2 a 2 e com boa atuação de Pablo.
"O jogo foi muito 'massa'. Eu cheguei e teve uns 12 dias de intervalo, deu para me preparar e estava muito confiante. Eu acho que me saí bem nesse jogo. Tinha o Cavani e o Di Maria [em campo], mas o Ibra foi poupado", lembrou.
E engana-se quem pensa que por ser sua estreia, o zagueirão deixou a malandragem de lado.
"Nesse jogo eu cheguei firme nos caras. Sempre tem um 'arranca rabo', às vezes escapa um braço de alguém, mas não teve nada demais (risos). O Thiago Motta estava bravo comigo, mas foi coisa de jogo", comentou.
Para se adaptar bem a cada dia, ele tem a ajuda de um companheiro de clube. E apesar das situações pelas quais passa na cidade, ele não se abala.
"A casa que moro com a minha esposa aluguei do Wendell, volante do Sport. O meu tradutor aqui é o Jussiê, ex-Cruzeiro, que me ajuda com o idioma (risos). Ele me orienta nas coisas que tem da França. Mas o que me complica bastante ainda é a língua, porque me limita conversar com as pessoas e me expressar. Todo dia passo por uma situação complicada por isso (risos)", esclareceu.
O que muitos não sabem, entretanto, é que o Bordeaux não foi o primeiro time a se interessar pelo futebol de Pablo. Antes dele, quatro clubes brasileiros fizeram ofertas à Ponte Preta.
"Eu recebi algumas propostas esse ano: a primeira foi do Atlético-PR, no Campeonato Paulista. A gente estava com um projeto bom na Ponte e resolvemos permanecer. Apareceu uma possibilidade de ir para Corinthians, Cruzeiro e até mesmo o Internacional. Eles queriam fazer um pré-contrato comigo para o próximo ano, mas foi tudo bem rápido. O Bourdeaux chegou antes de todos os clubes com uma proposta oficial e como os outros times não tinham, na semana em que íamos falar com o Inter, os franceses acabaram saindo na frente. Então nós gostamos e fechamos o contrato", revelou.
Saída do Grêmio, jogo contra o Flamengo
Após se destacar pelo Ceará, Pablo chamou atenção e foi contratado pelo Grêmio. Foi na equipe gaúcha que o jogador, então com 21 anos, sentiu pela primeira vez a pressão em um time grande.
"Nos times menores, a principal diferença é na estrutura. Você não tem as mesmas coisas que em uma grande equipe. Foi uma diferença muito grande. Tudo era duplicado, responsabilidade enorme, muita imprensa e a cobrança era gigante", comentou.
Apesar de ter feito apenas uma partida com a camisa tricolor, Pablo não se abate e transforma o que poderia ser uma decepção em um aprendizado para a vida.
"Eu ia bastante para o banco, ainda estava aprendendo. Evolui muito principalmente na preparação para os jogos e no conhecimento", disse, orgulhoso.
A evolução ficou clara em jogos importantes da Série A do Brasileiro, contra o Flamengo. Já pela Ponte Preta, neste ano, o zagueiro foi o autor do único gol que deu a vitória à equipe campineira no Moisés Lucarelli, acabando com um jejum de sete jogos sem triunfos.
"Foi o jogo mais marcante pra mim. O cara mais complicado [de marcar] foi o Paolo Guerrero neste jogo. Impressionante como ele dá trabalho para gente. Você não pode se descuidar um minuto que ele já marca o dele", disse.
"Esse jogo ajudou a me projetar ainda mais, porque é um time de muita expressão e camisa como Flamengo", concluiu.
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O zagueiro, de apenas 24 anos, saiu badalado da Ponte Preta após belos campeonatos Paulista e Brasileiro em 2015. Nascido na cidade de São Luis-MA, mas revelado pelo time do Quixadá-CE e com passagens por Ceará-CE, Tiradentes-CE, Grêmio-RS e Avaí-SC, ele hoje é titular da defesa do Bordeaux, que disputa atualmente a primeira divisão da França e a Liga Europa.
Sua primeira empreitada no futebol do Velho Continente não foi fácil no começo. Ele se diz bem adaptado à cidade, mas teve muitas dificuldades para comer e precisou usar a cabeça - e o celular - para não 'passar fome' no país.
"Quando vou a um restaurante, toda vez eu peço um prato e vem outro (risos). Eu peço carne e o cara me traz um peixe. É dureza porque pode vir algo que você não gosta e como vai fazer? Uma letrinha que você troca ou esquece e já era, chega um 'troço' completamente diferente (risos). Daí eu arrumei uma solução: aprendi umas poucas frases em francês e explico ao garçom que sou estrangeiro. Daí, escrevo o nome do prato que eu quero em português e coloco no Google Tradutor. 'Quero comer um arroz com feijão ou bife mal passado', daí aparece o nome em francês e mostro a tela do meu celular para ele. Não tem erro (risos)", gargalhou, em entrevista ao ESPN.com.br.
"Imagina se fosse há uns 10 anos, quando não tinha nenhuma dessas tecnologias, o que ia fazer?", completou.
Seu primeiro jogo pelo Bordeaux foi logo contra o líder, atual campeão e melhor time disparado no Campeonato Francês: Paris Saint-Germain. Contra os comandados de Laurent Blanc o jogo terminou 2 a 2 e com boa atuação de Pablo.
"O jogo foi muito 'massa'. Eu cheguei e teve uns 12 dias de intervalo, deu para me preparar e estava muito confiante. Eu acho que me saí bem nesse jogo. Tinha o Cavani e o Di Maria [em campo], mas o Ibra foi poupado", lembrou.
E engana-se quem pensa que por ser sua estreia, o zagueirão deixou a malandragem de lado.
"Nesse jogo eu cheguei firme nos caras. Sempre tem um 'arranca rabo', às vezes escapa um braço de alguém, mas não teve nada demais (risos). O Thiago Motta estava bravo comigo, mas foi coisa de jogo", comentou.
Para se adaptar bem a cada dia, ele tem a ajuda de um companheiro de clube. E apesar das situações pelas quais passa na cidade, ele não se abala.
"A casa que moro com a minha esposa aluguei do Wendell, volante do Sport. O meu tradutor aqui é o Jussiê, ex-Cruzeiro, que me ajuda com o idioma (risos). Ele me orienta nas coisas que tem da França. Mas o que me complica bastante ainda é a língua, porque me limita conversar com as pessoas e me expressar. Todo dia passo por uma situação complicada por isso (risos)", esclareceu.
O que muitos não sabem, entretanto, é que o Bordeaux não foi o primeiro time a se interessar pelo futebol de Pablo. Antes dele, quatro clubes brasileiros fizeram ofertas à Ponte Preta.
"Eu recebi algumas propostas esse ano: a primeira foi do Atlético-PR, no Campeonato Paulista. A gente estava com um projeto bom na Ponte e resolvemos permanecer. Apareceu uma possibilidade de ir para Corinthians, Cruzeiro e até mesmo o Internacional. Eles queriam fazer um pré-contrato comigo para o próximo ano, mas foi tudo bem rápido. O Bourdeaux chegou antes de todos os clubes com uma proposta oficial e como os outros times não tinham, na semana em que íamos falar com o Inter, os franceses acabaram saindo na frente. Então nós gostamos e fechamos o contrato", revelou.
Saída do Grêmio, jogo contra o Flamengo
Após se destacar pelo Ceará, Pablo chamou atenção e foi contratado pelo Grêmio. Foi na equipe gaúcha que o jogador, então com 21 anos, sentiu pela primeira vez a pressão em um time grande.
"Nos times menores, a principal diferença é na estrutura. Você não tem as mesmas coisas que em uma grande equipe. Foi uma diferença muito grande. Tudo era duplicado, responsabilidade enorme, muita imprensa e a cobrança era gigante", comentou.
Apesar de ter feito apenas uma partida com a camisa tricolor, Pablo não se abate e transforma o que poderia ser uma decepção em um aprendizado para a vida.
"Eu ia bastante para o banco, ainda estava aprendendo. Evolui muito principalmente na preparação para os jogos e no conhecimento", disse, orgulhoso.
A evolução ficou clara em jogos importantes da Série A do Brasileiro, contra o Flamengo. Já pela Ponte Preta, neste ano, o zagueiro foi o autor do único gol que deu a vitória à equipe campineira no Moisés Lucarelli, acabando com um jejum de sete jogos sem triunfos.
"Foi o jogo mais marcante pra mim. O cara mais complicado [de marcar] foi o Paolo Guerrero neste jogo. Impressionante como ele dá trabalho para gente. Você não pode se descuidar um minuto que ele já marca o dele", disse.
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