Após a decisão da assembleia geral da CBF de não se opor à criação da Primeira Liga (com clubes de Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais), mas de exigir o cumprimento de normas e estatutos, agradou especialmente a uma pessoa: o presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, que vive um embate declarado com dois de seus filiados, Flamengo e Fluminense, integrantes da Liga. Lopes se diz aberto ao diálogo com Eduardo Bandeira de Mello e Peter Siemsen, mas avisa que para disputar a Liga, precisam da autorização da Ferj. E, para isso, precisarão dialogar.
Em entrevista exclusiva ao blog, Lopes afirma que não acredita que a competição seja realizada em 2016 e explica seus motivos. Também diz não crer que os clubes disputarão o Carioca com equipes alternativas. Afirma que não chamaria o presidente rubro-negro para sua casa, mas enquanto presidente da Ferj, acena com bandeira branca. Desde que respeitadas as condições impostas pelo estatuto da entidade. Ele dá razão ao secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que não escondeu a posição de dialogar somente com clubes e federações, tirando o diretor-executivo da Liga, Alexandre Kalil, das tratativas. E acrescenta que nem todos os clubes da Liga têm o mesmo comportamento.
Confira a entrevista de Rubens Lopes:
A CBF diz que não se opõe à Liga, mas por outro lado fez valer os seus argumentos de que tem de ser feito dentro dos estatutos e das normas. Como o senhor enxerga o resultado dessa assembleia?
- O que a gente era contra? São Paulo contra, eu contra... A ilegalidade da história. Querem fazer tudo a mano militar, não respeitam nada, querem fazer e acontecer, mas as coisas não são assim, senão vira uma bagunça. Aí, a partir do momento que os caras estão dentro da lei, e cumprirem todas as normas, não há porque dizer que a CBF não recepcione. Ou seja, eles são subordinados ao ordenamento jurídico desportivo do futebol mundial que é Fifa, Conmebol, CBF e federações, cada um com seus respectivos estatutos. Eles são subordinados a cumprir tudo isso. A partir do momento que cumprem, não há porque dizer que é contrário ou não. Aí a coisa passa para o cunho político, e não técnico e legal. A assembleia por unanimidade entendeu que a CBF não pode se opor a receber, homologar, a Liga, desde que essa Liga cumpra todos os dispositivos legais do futebol. Pronto.
Mas houve gente saindo da reunião, como o Delfim Peixoto, e dizendo que não acredita que em problema para realizar a competição já em 2016, que são somente necessários pequenos ajustes. O senhor concorda?
- Se ele tem de cumprir todos os estatutos, Fifa, Conmebol, CBF e Federação, não é essa simplicidade. Esbarra em calendário, critério de escolha do clube A ou B...
Mas já avisaram que o critério é o ranking da CBF...
- Não é assim, se a coisa passa pelas federações, não é por aí. Então, em 2016, imagino que não haja chance de acontecer. Para 2017, vamos estudar, conversar, analisar. Desde que eles saiam da ilegalidade, tudo é possível, não digo que aconteça, mas é possível. Eles só não podem ficar na ilegalidade, não respeitam nada, não respeitam ninguém, não vale nada, vale o que eu quero. Basicamente é isso.
Quando se consulta as pessoas da Liga, dizem que já acertaram com a associação de dopagem, com a associação da arbitragem...
- Não serve. A gente tem de começar acertando o que diz o estatuto da Federação. Primeiro: eles têm de ter autorização da Federação, como a CBF decidiu hoje. Segundo, têm de cumprir o que a CBF disse. Há de se cumprir o calendário nacional, que não comporta data para 2016. Exceto se colidir com datas de Libertadores, Estadual e pré-temporada dos atletas, que o sindicato já disse que não concorda. Por isso acho que, para 2016, não é essa simplicidade. Para 2017 pode ser que ajuste porque tem mais tempo para conversar, para acertar as coisas. Eles fizeram o caminho contrário. Quem sabe se lá anteriormente tivessem seguido os trâmites normais, o entendimento pudesse ter acontecido. Só que eles resolveram não falar com ninguém. A lei vai ser a minha. Não é assim que funciona, nesse país ainda tem lei.
Em relação ao racha declarado com Flamengo e Fluminense, existe possibilidade de a Ferj hoje autorizar a participação nessa competição? O que seria necessário para que isso acontecesse?
- Eles não vão porque não querem. Eles têm direito a assento, voz e voto. E a Federação não pode impedir que eles exerçam esse direito. É uma opção de cada um. Eles têm de cumprir as suas obrigações de filiados. Indo para o diálogo, acho que podem encontrar um caminho de convergência. A Federação está aberta a isso, sempre esteve.
Mas houve um diálogo que saiu um pouco de controle, o Bandeira deixou uma reunião dizendo que foi xingado... Como ficou essa relação dali em diante?
- Ele que saiu dizendo isso. Naturalmente não disse o que ele fez para que talvez pudesse possivelmente ter motivado alguma coisa que ele alega.
Mas o que ele fez?
- Tem de perguntar a ele. Se o Bandeira trai, traiu, os seus pares, os que o colocaram na presidência do Flamengo, você acha que ele não vai criar problema para outro?
O senhor foi procurado em algum momento por Flamengo e Fluminense, ou pretende procurá-los para abrir esse diálogo?
- Não. Não fui procurado por ninguém. Eles se ausentaram porque acham que não devem satisfação a ninguém. E o que ficou muito claro na decisão da assembleia na CBF é que eles são obrigados a cumprir os deveres que têm com as respectivas federações e confederações.
Ou seja, são obrigados a ter autorização da Federação...
- Claro, claro.
E o que a Ferj quer para conceder a autorização? Especificamente, o que é necessário para autorizar isso?
- Não é simples, me dá uma autorização e pronto. Depende de uma série de entendimentos, uma série de ajustes. Não pode, em benefício de um, prejudicar a maioria. Como funciona o regime democrático? A maioria decide, a minoria acata. Eles querem subverter essa ordem, implantar a ditadura da minoria. Isso não é democracia.
Mas eles alegam que os clubes de menor porte, que são maioria, não votam contra a Federação por medo.
- Isso é o que eles dizem. Como eles dizem tanta bobagem, mais uma se perde no meio de tantas outras. Eu não quero impor nada. Primeiro é obediência às normas. Precisa conciliar os interesses comuns. Você acompanha. O que não pode é você se insurgir contra o ordenamento que existe, contra as normas, as leis, fazer no peito. Depreciar o produto em prejuízo claro a todos os demais, jogar com infantil, juvenil, uma série de coisas. E achar que tem razão. Querem fazer valer somente as suas vontades, o que não for da vontade deles, não serve. A qualquer custo. Não é assim que funciona.
O contrato de transmissão do Carioca se encerra em 2016 e logicamente será negociada uma renovação. É um ponto chave essa questão de jogar com time principal ou não?
- Eles vão jogar. Sabe por quê? Porque não tem alternativa. Como eles vão explicar para o torcedor, para o associado, que eles propositalmente colocaram a vaidade, prepotência, arrogância, acima da marca do clube? Como vão explicar que expuseram ao clube a uma situação vexatória, talvez? Como explicar colocar um time que possa acumular derrotas e não conquistar títulos? Eles vão jogar. Até porque a torcida vai cobrar. E a televisão também vai cobrar. Ela paga para que a equipe apresente os seus melhores astros. Isso não vai acontecer porque acho que ninguém vai ser imprudente a ponto de expor a marca de um clube importante a situações que não condizem com a história de cada um. São clubes vencedores, não podem ser clubes perdedores.
Supondo que se encontre datas para fazer a competição. A CBF poderia alterar o calendário que ela já divulgou?
- Acho difícil. No meu entendimento, acho que é um risco. Porque fere o Estatuto do Torcedor. Inúmeras federações já fizeram seus regulamentos e calendários em função do que divulgou a CBF. Isso acarretaria uma desorganização tal e o descumprimento do que é pregado pelo Estatuto do Torcedor. Por outro lado, não sei porque do açodamento de realizar a competição em um momento tão conturbado. Isso pode ser amadurecido, conversado. Não vejo nenhum prejuízo nisso.
Conversei com o seu vice jurídico, o Cláudio Mansur, e ele afirmou que se essa posição de fazer o torneio de qualquer forma for mantida, a Ferj pode buscar a Justiça ou a Fifa para barrar. Pode de fato chegar a esse ponto se eles insistirem?
- Acho que não é nem a Federação que vai cobrar isso. Se violar a legalidade, é muito grave. Isso é pregar o descumprimento das leis. Tem sanção, e a sanção é extremamente severa. Jogar no peito eu garanto que não vai. A coragem dos presidentes inconsequentes não vai a ponto de jogar o clube no abismo, de perder todos os seus atletas federados. Isso pode acontecer. A coragem de um presidente, mesmo que haja uma inconsequência, não chega ao ponto de jogar o clube no abismo. A torcida vai cobrar isso.
Mas se a Liga tomar essa posição, a Ferj notificará a Fifa?
- Se acontecer, é uma possibilidade. Mas não acredito que venha a acontecer. É uma hipótese extremamente remota, porque ninguém é louco suficiente para tomar uma atitude dessa. A própria CBF vai ser obrigada a tomar uma decisão. Se ela determina a obrigatoriedade de a competição só poder acontecer cumprindo a lei, se descumprir, ela será obrigada a tomar uma posição. Não preciso nem me posicionar.
Como é a relação institucional hoje com a CBF e a sua com o Marco Polo del Nero?
- Evidente que é uma situação que não é confortável para ninguém. Garanto que os clubes insurgentes também não se sentem em posição confortável, nós também institucionalmente não nos sentimos em posição confortável, e a CBF naturalmente gostaria que tivesse um final feliz. A minha relação com ela é boa, mas a CBF respeita a autonomia que a lei me confere, à Federação. Se ela preza para que seu estatuto seja respeitado, ela não pode tomar nenhuma atitude para que o do outro não seja.
O Del Nero externou alguma preocupação em relação a isso?
- Sempre. E a vontade, de todo mundo, a minha também, de que essas coisas se solucionem. O futebol do Rio de Janeiro sempre foi pacificado, uma divergência aqui, outra lá... Qual pai e mãe que não quer que os filhos se entendam? Então a CBF quer que os filiados se entendam. Reputo como bravata essa história de "vou jogar de qualquer maneira", "para mim a CBF não existe", isso é um desafio, uma postura de confronto direto, e tenho certeza que a CBF vai reagir. Se isso acontecer, ela vai reagir.
O resultado da assembleia na CBF foi uma vitória da Ferj?
- Acho que de todo mundo, ganhou o futebol. Foi uma vitória da Federação do Rio, mas como foi por unanimidade, acho que foi uma vitória do país inteiro. É uma coisa muito fácil de ser entendida, ou a lei existe e se cumpre, ou rasga e não se cumpre nada. Vamos para o velho oeste, para a anarquia. Não foi difícil esse convencimento. Esses clubes todos também devem ter se sentido satisfeitos. Não são todos os clubes que estão nessa Liga que têm o mesmo comportamento.
Aquela reunião entre Kalil e CBF acirrou muito essa questão na semana passada. Como o senhor enxergou essa questão? Ele chegou a citar que o senhor estava escondido em outra sala...
- Isso só pode ser fruto de um delírio. Até porque não tenho porque me esconder. Não conheço o senhor Kalil, e não tenho medo dele. Encontro com ele, converso com ele em qualquer lugar que ele queira. É só marcar que eu vou. Não tenho nada com a decisão do presidente da CBF. E, ao que me consta, o presidente da CBF nunca disse que aprovaria. Disse que era simpático à ideia, mas que se entendessem nas respectivas federações primeiro. Mas o que aconteceu lá eu não sei porque não estava lá.
O Feldman deixou muito claro que não pretende dialogar com o Kalil, somente com clubes e federações. A Ferj já foi chamada para conversar?
- Se for chamada para conversar, nós vamos. Quanto ao fato de não conversar com o Kalil, é uma decisão da CBF que deve ter lá o seus motivos, quem sabe justos, pelo menos pelo que se leu que o cidadão falou, acho que possivelmente deva ter razão. Assim como digo que, na Ferj, nesse nível, não teria nem o que conversar.
E com o Bandeira e o Peter, o senhor conversaria para chegar a esse consenso?
- Sempre dissemos isso, a qualquer hora. Não convido o presidente Bandeira para ir na minha casa, não quero ele perto, certamente ele não me chama para almoçar, agora, a obrigação que tenho como presidente da Federação é de que a qualquer momento atender, conversar, dialogar, mantido o comportamento normal. Estou aberto ao diálogo, sempre. E esperamos que a gente consiga pelo bem do futebol do Estado. Nessa assembleia não teve perdedor, só teve vencedor. A bandeira branca está no topo do mastro.
VEJA TAMBÉM
- Renato mudar time do Grêmio contra o Criciúma
- Dodi valoriza empate do Grêmio e prevê jogo de volta com apoio da torcida
- Tricolor escalado para o jogo contra o Operário-PR
Em entrevista exclusiva ao blog, Lopes afirma que não acredita que a competição seja realizada em 2016 e explica seus motivos. Também diz não crer que os clubes disputarão o Carioca com equipes alternativas. Afirma que não chamaria o presidente rubro-negro para sua casa, mas enquanto presidente da Ferj, acena com bandeira branca. Desde que respeitadas as condições impostas pelo estatuto da entidade. Ele dá razão ao secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que não escondeu a posição de dialogar somente com clubes e federações, tirando o diretor-executivo da Liga, Alexandre Kalil, das tratativas. E acrescenta que nem todos os clubes da Liga têm o mesmo comportamento.
Confira a entrevista de Rubens Lopes:
A CBF diz que não se opõe à Liga, mas por outro lado fez valer os seus argumentos de que tem de ser feito dentro dos estatutos e das normas. Como o senhor enxerga o resultado dessa assembleia?
- O que a gente era contra? São Paulo contra, eu contra... A ilegalidade da história. Querem fazer tudo a mano militar, não respeitam nada, querem fazer e acontecer, mas as coisas não são assim, senão vira uma bagunça. Aí, a partir do momento que os caras estão dentro da lei, e cumprirem todas as normas, não há porque dizer que a CBF não recepcione. Ou seja, eles são subordinados ao ordenamento jurídico desportivo do futebol mundial que é Fifa, Conmebol, CBF e federações, cada um com seus respectivos estatutos. Eles são subordinados a cumprir tudo isso. A partir do momento que cumprem, não há porque dizer que é contrário ou não. Aí a coisa passa para o cunho político, e não técnico e legal. A assembleia por unanimidade entendeu que a CBF não pode se opor a receber, homologar, a Liga, desde que essa Liga cumpra todos os dispositivos legais do futebol. Pronto.
Mas houve gente saindo da reunião, como o Delfim Peixoto, e dizendo que não acredita que em problema para realizar a competição já em 2016, que são somente necessários pequenos ajustes. O senhor concorda?
- Se ele tem de cumprir todos os estatutos, Fifa, Conmebol, CBF e Federação, não é essa simplicidade. Esbarra em calendário, critério de escolha do clube A ou B...
Mas já avisaram que o critério é o ranking da CBF...
- Não é assim, se a coisa passa pelas federações, não é por aí. Então, em 2016, imagino que não haja chance de acontecer. Para 2017, vamos estudar, conversar, analisar. Desde que eles saiam da ilegalidade, tudo é possível, não digo que aconteça, mas é possível. Eles só não podem ficar na ilegalidade, não respeitam nada, não respeitam ninguém, não vale nada, vale o que eu quero. Basicamente é isso.
Quando se consulta as pessoas da Liga, dizem que já acertaram com a associação de dopagem, com a associação da arbitragem...
- Não serve. A gente tem de começar acertando o que diz o estatuto da Federação. Primeiro: eles têm de ter autorização da Federação, como a CBF decidiu hoje. Segundo, têm de cumprir o que a CBF disse. Há de se cumprir o calendário nacional, que não comporta data para 2016. Exceto se colidir com datas de Libertadores, Estadual e pré-temporada dos atletas, que o sindicato já disse que não concorda. Por isso acho que, para 2016, não é essa simplicidade. Para 2017 pode ser que ajuste porque tem mais tempo para conversar, para acertar as coisas. Eles fizeram o caminho contrário. Quem sabe se lá anteriormente tivessem seguido os trâmites normais, o entendimento pudesse ter acontecido. Só que eles resolveram não falar com ninguém. A lei vai ser a minha. Não é assim que funciona, nesse país ainda tem lei.
Em relação ao racha declarado com Flamengo e Fluminense, existe possibilidade de a Ferj hoje autorizar a participação nessa competição? O que seria necessário para que isso acontecesse?
- Eles não vão porque não querem. Eles têm direito a assento, voz e voto. E a Federação não pode impedir que eles exerçam esse direito. É uma opção de cada um. Eles têm de cumprir as suas obrigações de filiados. Indo para o diálogo, acho que podem encontrar um caminho de convergência. A Federação está aberta a isso, sempre esteve.
Mas houve um diálogo que saiu um pouco de controle, o Bandeira deixou uma reunião dizendo que foi xingado... Como ficou essa relação dali em diante?
- Ele que saiu dizendo isso. Naturalmente não disse o que ele fez para que talvez pudesse possivelmente ter motivado alguma coisa que ele alega.
Mas o que ele fez?
- Tem de perguntar a ele. Se o Bandeira trai, traiu, os seus pares, os que o colocaram na presidência do Flamengo, você acha que ele não vai criar problema para outro?
O senhor foi procurado em algum momento por Flamengo e Fluminense, ou pretende procurá-los para abrir esse diálogo?
- Não. Não fui procurado por ninguém. Eles se ausentaram porque acham que não devem satisfação a ninguém. E o que ficou muito claro na decisão da assembleia na CBF é que eles são obrigados a cumprir os deveres que têm com as respectivas federações e confederações.
Ou seja, são obrigados a ter autorização da Federação...
- Claro, claro.
E o que a Ferj quer para conceder a autorização? Especificamente, o que é necessário para autorizar isso?
- Não é simples, me dá uma autorização e pronto. Depende de uma série de entendimentos, uma série de ajustes. Não pode, em benefício de um, prejudicar a maioria. Como funciona o regime democrático? A maioria decide, a minoria acata. Eles querem subverter essa ordem, implantar a ditadura da minoria. Isso não é democracia.
Mas eles alegam que os clubes de menor porte, que são maioria, não votam contra a Federação por medo.
- Isso é o que eles dizem. Como eles dizem tanta bobagem, mais uma se perde no meio de tantas outras. Eu não quero impor nada. Primeiro é obediência às normas. Precisa conciliar os interesses comuns. Você acompanha. O que não pode é você se insurgir contra o ordenamento que existe, contra as normas, as leis, fazer no peito. Depreciar o produto em prejuízo claro a todos os demais, jogar com infantil, juvenil, uma série de coisas. E achar que tem razão. Querem fazer valer somente as suas vontades, o que não for da vontade deles, não serve. A qualquer custo. Não é assim que funciona.
O contrato de transmissão do Carioca se encerra em 2016 e logicamente será negociada uma renovação. É um ponto chave essa questão de jogar com time principal ou não?
- Eles vão jogar. Sabe por quê? Porque não tem alternativa. Como eles vão explicar para o torcedor, para o associado, que eles propositalmente colocaram a vaidade, prepotência, arrogância, acima da marca do clube? Como vão explicar que expuseram ao clube a uma situação vexatória, talvez? Como explicar colocar um time que possa acumular derrotas e não conquistar títulos? Eles vão jogar. Até porque a torcida vai cobrar. E a televisão também vai cobrar. Ela paga para que a equipe apresente os seus melhores astros. Isso não vai acontecer porque acho que ninguém vai ser imprudente a ponto de expor a marca de um clube importante a situações que não condizem com a história de cada um. São clubes vencedores, não podem ser clubes perdedores.
Supondo que se encontre datas para fazer a competição. A CBF poderia alterar o calendário que ela já divulgou?
- Acho difícil. No meu entendimento, acho que é um risco. Porque fere o Estatuto do Torcedor. Inúmeras federações já fizeram seus regulamentos e calendários em função do que divulgou a CBF. Isso acarretaria uma desorganização tal e o descumprimento do que é pregado pelo Estatuto do Torcedor. Por outro lado, não sei porque do açodamento de realizar a competição em um momento tão conturbado. Isso pode ser amadurecido, conversado. Não vejo nenhum prejuízo nisso.
Conversei com o seu vice jurídico, o Cláudio Mansur, e ele afirmou que se essa posição de fazer o torneio de qualquer forma for mantida, a Ferj pode buscar a Justiça ou a Fifa para barrar. Pode de fato chegar a esse ponto se eles insistirem?
- Acho que não é nem a Federação que vai cobrar isso. Se violar a legalidade, é muito grave. Isso é pregar o descumprimento das leis. Tem sanção, e a sanção é extremamente severa. Jogar no peito eu garanto que não vai. A coragem dos presidentes inconsequentes não vai a ponto de jogar o clube no abismo, de perder todos os seus atletas federados. Isso pode acontecer. A coragem de um presidente, mesmo que haja uma inconsequência, não chega ao ponto de jogar o clube no abismo. A torcida vai cobrar isso.
Mas se a Liga tomar essa posição, a Ferj notificará a Fifa?
- Se acontecer, é uma possibilidade. Mas não acredito que venha a acontecer. É uma hipótese extremamente remota, porque ninguém é louco suficiente para tomar uma atitude dessa. A própria CBF vai ser obrigada a tomar uma decisão. Se ela determina a obrigatoriedade de a competição só poder acontecer cumprindo a lei, se descumprir, ela será obrigada a tomar uma posição. Não preciso nem me posicionar.
Como é a relação institucional hoje com a CBF e a sua com o Marco Polo del Nero?
- Evidente que é uma situação que não é confortável para ninguém. Garanto que os clubes insurgentes também não se sentem em posição confortável, nós também institucionalmente não nos sentimos em posição confortável, e a CBF naturalmente gostaria que tivesse um final feliz. A minha relação com ela é boa, mas a CBF respeita a autonomia que a lei me confere, à Federação. Se ela preza para que seu estatuto seja respeitado, ela não pode tomar nenhuma atitude para que o do outro não seja.
O Del Nero externou alguma preocupação em relação a isso?
- Sempre. E a vontade, de todo mundo, a minha também, de que essas coisas se solucionem. O futebol do Rio de Janeiro sempre foi pacificado, uma divergência aqui, outra lá... Qual pai e mãe que não quer que os filhos se entendam? Então a CBF quer que os filiados se entendam. Reputo como bravata essa história de "vou jogar de qualquer maneira", "para mim a CBF não existe", isso é um desafio, uma postura de confronto direto, e tenho certeza que a CBF vai reagir. Se isso acontecer, ela vai reagir.
O resultado da assembleia na CBF foi uma vitória da Ferj?
- Acho que de todo mundo, ganhou o futebol. Foi uma vitória da Federação do Rio, mas como foi por unanimidade, acho que foi uma vitória do país inteiro. É uma coisa muito fácil de ser entendida, ou a lei existe e se cumpre, ou rasga e não se cumpre nada. Vamos para o velho oeste, para a anarquia. Não foi difícil esse convencimento. Esses clubes todos também devem ter se sentido satisfeitos. Não são todos os clubes que estão nessa Liga que têm o mesmo comportamento.
Aquela reunião entre Kalil e CBF acirrou muito essa questão na semana passada. Como o senhor enxergou essa questão? Ele chegou a citar que o senhor estava escondido em outra sala...
- Isso só pode ser fruto de um delírio. Até porque não tenho porque me esconder. Não conheço o senhor Kalil, e não tenho medo dele. Encontro com ele, converso com ele em qualquer lugar que ele queira. É só marcar que eu vou. Não tenho nada com a decisão do presidente da CBF. E, ao que me consta, o presidente da CBF nunca disse que aprovaria. Disse que era simpático à ideia, mas que se entendessem nas respectivas federações primeiro. Mas o que aconteceu lá eu não sei porque não estava lá.
O Feldman deixou muito claro que não pretende dialogar com o Kalil, somente com clubes e federações. A Ferj já foi chamada para conversar?
- Se for chamada para conversar, nós vamos. Quanto ao fato de não conversar com o Kalil, é uma decisão da CBF que deve ter lá o seus motivos, quem sabe justos, pelo menos pelo que se leu que o cidadão falou, acho que possivelmente deva ter razão. Assim como digo que, na Ferj, nesse nível, não teria nem o que conversar.
E com o Bandeira e o Peter, o senhor conversaria para chegar a esse consenso?
- Sempre dissemos isso, a qualquer hora. Não convido o presidente Bandeira para ir na minha casa, não quero ele perto, certamente ele não me chama para almoçar, agora, a obrigação que tenho como presidente da Federação é de que a qualquer momento atender, conversar, dialogar, mantido o comportamento normal. Estou aberto ao diálogo, sempre. E esperamos que a gente consiga pelo bem do futebol do Estado. Nessa assembleia não teve perdedor, só teve vencedor. A bandeira branca está no topo do mastro.
VEJA TAMBÉM
- Renato mudar time do Grêmio contra o Criciúma
- Dodi valoriza empate do Grêmio e prevê jogo de volta com apoio da torcida
- Tricolor escalado para o jogo contra o Operário-PR
Comentários
Enviar Comentário
Aplicativo Gremio Avalanche
Leia também
Grêmio adia jogo festivo de despedida para ex-atletas devido às chuvas no RS
CBF adia jogos do Brasileirão devido a chuvas no Sul.
CBF altera calendário do Brasileirão devido às chuvas no Rio Grande do Sul
CbF adia partida entre Grêmio e Criciúma no Brasileirão.
Situação dos 8 Jogadores Lesionados do Grêmio: Atualizações e Previsões de Retorno.
Grêmio adia evento festivo para lançamento de nova camisa.
Grêmio: Renato pode preservar 6 jogadores em próxima partida decisiva
Grêmio Receberá Doações Para Vítimas de Enchentes no RS
Grêmio abre postos de arrecadação para ajudar vítimas das chuvas no RS.
Problema com Zagueiro Preocupa no Grêmio: Renato Descarta Jogador Titular.
Reforços são convocados para equipe sub-20 do Grêmio.
Presidente da CBF Reconhece Erros de Arbitragem em Bahia x Grêmio
Renovação iminente: Gustavo Martins perto de acordo com o Grêmio
Renato promoverá alterações no time do Grêmio para duelo contra o Criciúma.
Gurias gremistas tropeçam contra a Ferroviária no Brasileiro Feminino
Avaliação de Gustavo Martins preocupa Grêmio. Entenda a situação!
Torcida do Grêmio critica elenco após empate na Copa do Brasil
Ex-dirigente do Grêmio critica Alberto Guerra após empate na Copa do Brasil
Emocionante foto de Renato inspira Grêmio em empate pela Copa do Brasil
Salário de Everton Galdino no Grêmio se destaca após jogo contra Operário/PR.
Diretor jurídico do Grêmio detalha ação no STJD contra Jailson Macedo Freitas
Volta de Gabigol ao Flamengo é celebrada após decisão sobre doping
Alexis Sanchez decide futuro e informa Grêmio e Corinthians sobre destino.
Di Maria pode reforçar time sul-americano no meio do ano.
Top jogadores com mais partidas pelo Grêmio em 2024: destaque no time.
Noite de Grêmio: Horário, Ingressos e Transmissão do Evento de Futebol.
Bahia Decidirá Punir Torcedor Por Cantos Homofóbicos Contra o Grêmio.
Opinião de Renato Portaluppi sobre empate do Grêmio contra o Operário-PR
Renato descarta jogador e Grêmio fica sem opção para substituir peça-chave
Avaliação necessária para confirmar lesão muscular de Gustavo Martins no Grêmio.
Copa do Brasil: Algoz do Grêmio vence próximo adversário no Brasileirão.
Destaque na Estreia do Grêmio na Copa do Brasil: Salário de Galdino Revelado
Grêmio pode ter desfalque de Gustavo Martins devido a lesão muscular.
Grêmio e Renato se solidarizam com o povo gaúcho por chuvas.
Renato mudar time do Grêmio contra o Criciúma
Requisitos Para Classificação do Grêmio às Oitavas da Copa do Brasil
Zagueiro do Grêmio deve ser novidade entre relacionados na mira do Chelsea
Quatro jogadores mais desgastados no plantel do Grêmio: lista atualizada
Renato explica rodízio de goleiros no Grêmio e titularidade indefinida.
Renato Dispara Contra Torcedores do Grêmio Após Provocação: "Veste camisa vermelha
Grêmio é Citado por Paulo Nunes e Carlos Alberto durante Viralização no Rio de Janeiro.
Elenco do Grêmio lamenta empate e desperdício de oportunidades na Copa do Brasil.
Renato Admite Ausência de Belo Futebol Após Empate do Grêmio pela Copa do Brasil
Grêmio enfrenta sequência de jogos na Arena e pode ter semana livre em maio
Ferroviária x Grêmio: Transmissão, horário e escalações no Brasileirão Feminino.
Desgaste intenso prejudica Grêmio em empate na Copa do Brasil
Grêmio enfrenta desafio de sobrevivência na Copa do Brasil após empate
Renato ironiza ausência de Jailson Macedo: "Hoje, ele não estava no jogo"