Emoção e Façanhas Épicas nos Estaduais: Clássicos Aquecidos no Calendário do Futebol


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Emoção e Façanhas Épicas nos Estaduais: Clássicos Aquecidos no Calendário do Futebol

“Tu não tem noção de como está o Rio Grande do Sul. Virou Lula x Bolsonaro, tanto na imprensa quanto na torcida. E não é por morar aqui que falo isso, mas é porque é assim aqui. O medo de dar merda está gigante aqui.” Um amigo e fonte da “Aldeia” me escreveu, até com certa dose de espanto e preocupação, sobre os Grenais 445 e 446, mais uma final de Campeonato Gaúcho entre o Colorado e o Imortal, mas não só mais uma decisão. O Grêmio pode ser octacampeão estadual, coisa que o Internacional conseguiu entre 1969 e 1976. Isso dá um peso anormal para a decisão deste ano em Porto Alegre. O Colorado não ganha nada desde 2016 e, pior, desde 2018 quem ri por último no Rio Grande do Sul é o arquirrival.

Se o tricolor vencer de novo neste ano, além de alcançar o octa recorde, irá ficar a apenas um título estadual atrás do velho inimigo (seria 45 a 44 em taças do Gauchão, o que já coloca em risco a histórica hegemonia colorada no seu Estadual) e abrirá a possibilidade real para um inédito enea e um sonhado decacampeonato. Comecei pela mais quente decisão estadual deste 2025 reco de ondas de calor. Sei bem que teremos no resto do calendário várias disputas mais relevantes e desejadas, mas neste ano em especial as marcas dos Estaduais podem deixar cicatrizes profundas e feitos realmente históricos. O Internacional espera sim vencer o Brasileirão que não conquista desde 1979,mas superar o Grêmio no Gauchão agora virou questão de honra. Pode parecer clichê, mas é um Estadual com cara de final de Copa do Mundo , de Superclásico na decisão da CONMEBOL Libertadores.

Até porque nada garante que o Inter será tri da América em 2025 ou que o Grêmio vencerá a Copa do Brasil pela sexta vez, virando de novo o maior campeão da copa nacional. Quem ganhar o Gauchão nos próximos dias vai ter história para contar e motivo para gozar o rival por décadas, ainda mais com a decisão sendo no Beira-Rio, que pode ser o palco do incrível octacampeonato gremista. Em São Paulo, teremos uma semifinal com os quatro grandes pela primeira vez desde 2019, e o Palmeiras tem a chance de ser o primeiro tetracampeão genuíno na era profissional do mais difícil Estadual do país (apenas o imortal Paulistano, entre 1916 e 1919, conseguiu tal façanha).

Não há dúvida de que o vitorioso Abel Ferreira quer entrar para a história como o treinador desse tetra épico. Ele tem a vantagem de jogar no Allianz Parque na semifinal contra o São Paulo, o que aumenta a perspectiva de fazer uma final contra o arquirrival Corinthians (em 2020, o Verdão impediu o tetra do alvinegro do Parque São Jorge) ou contra o Santos (fortalecido agora em campo e na mídia com a volta de Neymar). Vencer o Campeonato Paulista deste ano tem mais peso histórico certamente do que ganhar uma final contra o Água Santa. O Corinthians, abalado pela fatídica derrota de 3 a 0 para o Barcelona-EQU na Libertadores, joga ainda mais fichas no Estadual, que não conquista desde 2019. O Santos então não vence nada desde 2016.

O título estadual tiraria os dois gigantes da fila sim, embora não resolvessem alguns dos problemas e das carências momentâneas de ambos os clubes. Qual é a chance real de Corinthians e Santos ganharem uma taça nacional ou mesmo internacional neste ano? Não creio que seja algo provável, mas estou certo de que é mais fácil para a dupla festejar um título de novo no Estadual. O São Paulo, que venceu apenas um Paulista de 2005 para cá, tem o orgulho de eliminar sistematicamente o Palmeiras das mais diversas competições (tirou em 2019 o Verdão nos pênaltis no Allianz Parque também na semifinal do Paulistão) e a fome de voltar a ser campeão em cima do arquirrival Corinthians (o que não ocorre desde 1998), ainda mais com a chance de fazer a festa em Itaquera, um velho fantasma para o Tricolor.

Seja qual for a decisão paulista e seja quem for o campeão, haverá grande festa por parte da torcida vencedora. Acho que até o amigo e craque Vitor Birner, que chama o Estadual de “taça de gelo”, vai dar mais atenção e valor para os torneios regionais nesta temporada, afinal ele coloca os grandes clássicos acima dessas disputas locais e teremos uma sequência decisiva deles. No Rio de Janeiro, onde o Flamengo e o Filipismo levam grande favoritismo na semifinal contra o Vasco, tudo aponta para um Fla-Flu na decisão, o que é bem mais legal obviamente do que um Fla x Nova Iguaçu, como foi no ano passado.

O Clássico dos Milhões que tem muito mais dinheiro para um lado do que para outro, dá até a vantagem para o mais forte de perder por um gol de diferença, afinal o rubro-negro venceu no Tapetinho por 1 a 0 o jogo de ida. Nos últimos 31 jogos entre os dois grandes rivais, só duas vitórias vascaínas. Imagine então o tamanho que teria um triunfo do Gigante da Colina seguido de classificação sobre o Flamengo agora. Não acredito nisso, mas é futebol, como sempre lembra alguém.

O sofrido torcedor do Vasco teria assim uma rara alegria monumental neste século, e o flamenguista viveria sim um desgosto profundo no Estadual que tanto tem dominado. O Fluminense, que goleou o Volta Redonda e já espera o maior rival na final, é quem tem endurecido os confrontos contra o time do ótimo Filipe Luís. A única derrota dele foi para o Tricolor no Brasileiro e, neste ano no Campeonato Carioca , Mano Menezes conseguiu travar a máquina rubro-negra, segurando um 0 a 0 que lhe ajudou a classificar às semifinais. Ganhar Fla-Flu é normal, dizem os tricolores, mas alguns Fla-Flus são mais gostosos de ganhar do que outros. Quando o rival está sendo endeusado e tem um grande favoritismo, fica mais saboroso ainda destroná-lo.

O Botafogo ficou fora da decisão mais uma vez e tenta se reerguer para a disputa do Mundial e para as defesas dos títulos da Libertadores e do Brasileiro. Tudo tarefa complicada, bem mais difícil do que vencer o Estadual. Sorte de quem sair com o troféu do Cariocão, pois esse levará menos pressão para o resto da temporada.

Em Minas, não teremos a esperada final entre Atlético-MG e Cruzeiro, mas tem clássico também na final. O valoroso América-MG chega animado e confiante para a decisão, tanto que seu presidente, Alencar da Silveira Júnior, garantiu o título do Coelho. “Que venha o Atlético agora com muita tranquilidade e vamos fazer o que a gente fez em 2016, nós vamos ser campeões do Mineiro este ano de novo. Nós fizemos isso, nós vivemos isso em 2016. O time está focado, o time quer”, alertou o dirigente americano.

Naquele Campeonato Mineiro de 2016, o clube passou exatamente pelo Cruzeiro na semifinal e saiu com a taça após final contra o Galo. Fica claro que o favorito mais uma vez é o Atlético, que tenta um hexa genuíno que só veio com o histórico time de Reinaldo (entre 1978 e 1983). O América tem como grande orgulho o decacampeonato estadual entre 1916 e 1925 e seria bom bater o alvinegro este ano para não permitir ao rival sonhar com essa marca incrível de uma dezena de títulos consecutivos.

Com Hulk esmagando neste início de 2025 e a volta de Cuca ao clube da Massa, seria uma surpresa ainda maior o fim da hegemonia atleticana em Minas Gerais. O Galo tem ainda um dos mais fortes elencos do país e deve brigar por títulos grandes, mas a base para uma temporada vencedora passa logo de cara pela conquista caseira, algo quase que obrigatório para o Atlético neste momento. No Nordeste, os Estaduais diminuíram ainda mais sua importância com o sucesso da “Lampions League”, a bacana copa regional. Mas vai perder um Ba-Vi na decisão estadual para você ver como o Carnaval fica prejudicado. O Vitória surpreendeu no ano passado o Bahia do Grupo City e do técnico Rogério Ceni.

Neste ano, pode ser bicampeão na Boa Terra, o que não consegue desde 2017. Se o forte time baiano que está invicto na Libertadores conseguir se recuperar na semifinal contra o Jacuipense, pode tentar dar o troco naquele que os tricolores chamam pejorativamente de “Vicetória”. Só que o rubro-negro não sabe o que é perder nesta temporada e vem com fome de título, que é mais acessível, claro, no Estadual. Em Pernambuco, o Náutico já rodou, o que dá uma grande chance para o vencedor de Sport x Santa Cruz ficar com o título. O Clássico das Multidões acontece agora na semifinal, e o Tricolor tenta voltar a ganhar o Estadual, o que não acontece desde 2016.

Seria o 30º título estadual do Santinha, que tenta impedir o tricampeonato rubro-negro. O que dizer do Cearense? Ceará e Fortaleza estão empatados com 46 títulos estaduais cada um e devem mais uma vez fazer a final. No ano passado, o Vozão levou a melhor, o que tem sido comum nesta era vitoriosa do Fortaleza do técnico Vojvoda. Vale o reinado no Clássico Rei o Estadual deste ano, o que não é pouca coisa não. No Paranaense, o Atletiba pode pintar na semifinal. Neste ano em que o Furacão está na Série B, assim como o Coxa, o Paranaense parece uma disputa ainda mais aberta. Nos dois últimos anos, deu Athletico-PR.

O Coritiba , ainda o maior campeão estadual com folga, tem a chance de impedir o tri do rival e chegar ao 40º título do Paranaense, número redondo e doutrinador. Em Santa Catarina, o Avaí já deixou o Figueirense para trás em uma disputa de pênaltis e pode se isolar como maior campeão estadual (ambos têm 18 conquistas estaduais). No Goianão, temos o grande clássico na semifinal. O Goiás , que não ganha o Estadual desde 2018, encara o Vila Nova , que não vence a disputa local desde 2005.

Quem passar, deve pegar na final o Atlético-GO , atual tricampeão goiano e vencedor de cinco dos últimos seis campeonatos no Estado. No Pará, se tiver mesmo um Re-Pa na decisão, essa vai acontecer ainda bem mais para a frente, mas a expectativa já cresce, ainda mais agora que o Paraense tem mais transmissão e visibilidade. Sugiro que sejamos felizes hoje e que possamos curtir cada alegria que pintar, mesmo que essa seja pequena, afinal a vida passa muito rápido, como já ensinou o lendário ídolo Ferris Bueller. Não sabemos no futuro breve se seremos campeões mundiais, continentais ou nacionais, mas o Estadual está logo aqui, bem mais ao alcance e com um sabor todo especial, aquele tempero de rivalidade que independe de fase ou disputa e aquela chance de fazer história e estória. Boa reta final de Estadual para todos!



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