Pará diz lidar bem com as críticas e busca aperfeiçoar os fundamentos
Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS
As experiências que Enderson Moreira têm feito na escalação do Grêmio passam longe da lateral direita. Ali, como ocorre desde 2012, época da chegada ao clube por indicação de Vanderlei Luxemburgo, Pará segue soberano.
Neste domingo, contra o Coritiba, o jogador que se define como nota 7 fará sua 148ª apresentação. Sem riscos de perder a posição. Tanto que o argentino Matías Rodriguez tem treinado como lateral-esquerdo.
Trata-se de um feito digno de registro, se levadas em conta as inúmeras vezes em que o torcedor ficou de cara amarrada com cruzamentos ou passes errados e soltou a vaia. Protestos que em nada abalaram a convicção de Luxemburgo, Renato Portaluppi e agora Enderson, os treinadores com quem o lateral trabalhou no clube. Todos eles valorizaram, primeiro, sua obediência tática e doação ao coletivo.
— Não tenho tempo de ficar brabo com as críticas. Tem jogo toda quarta e domingo, nem dá para remoer. Cada pancada é um incentivo a mais para corresponder à altura no próximo jogo — afirma Pará.
Ele também não se diz convencido de que seja generalizada a rejeição da torcida. Fala dos aplausos que ouve quando pisa o gramado da Arena e das palavras de incentivo de gremistas com quem cruza em shoppings centers e restaurantes. Nessas horas, mostra paciência para tirar fotos ou assinar autógrafos. E garante ouvir relatos de que tem a cara do Grêmio.
Tatuagens são marca registrada do lateral
Foto: Mauro Vieira
— Dizem que eu não posso sair daqui — conta.
O segredo parece ser a persistência. Pará lembra do duro início da carreira, com 14 anos, etapa em que chegou a passar fome e dormir na guarita de um segurança de uma escolinha de futebol em São Paulo. Conta que essa parte da vida sempre passa em sua cabeça, "como um filme", quando as coisas não querem dar certo dentro de campo. Aí, se dá conta de não ter motivos para reclamar. E trata de tentar fazer melhor as coisas.
— Se nem Jesus conseguiu agradar a todos, não sou eu que vou agradar — resume.
Isso não lhe tira a autocrítica. Pará diz tentar compensar as deficiências com empenho. Não escolhe posição para jogar. No Santos, sob o comando de Vagner Mancini, foi até zagueiro, apesar dos minguados 1m73cm.
No Grêmio, começou na lateral esquerda, enquanto Gabriel e Mário Fernandes se revezavam na direita. Algumas vezes, entrou como volante. Em algumas partidas, corre tanto que chega a ficar deitado por alguns minutos no vestiário depois do final, tamanho o cansaço.
— Não sou nota 10, nem 5. Me considero um 7, regularzinho, um jogador regular — avalia.
Amigo de Neymar, que viu subir da base a profissional do Santos e com quem troca frequentes mensagens pelo WhatsApp, Pará não pretende sair tão cedo do Grêmio. Com contrato até dezembro de 2015, diz que renovaria agora mesmo por mais 10 anos, "sem nem sequer olhar o valor".
Mesmo que Pâmela, a mulher, e as filhas Gabriela, nove anos, e Raíssa, cinco, sofram com o frio gaúcho e sintam-se mais à vontade no calor de São João do Araguaia, interior do Pará, onde o lateral nasceu, há 28 anos.
Fé do jogador estampada no braço
Foto: Mauro Vieira
De Pará a Parazinho
O apelido Pará nasceu em 1999. Marcos Rogério Lopes, então com 13 anos, foi treinar na escolinha de futebol Barcelona, em São Paulo. Na chegada ao alojamento, disse que vinha do Pará e logo passou a ser chamado pelo nome do Estado natal. No Santos, conheceu o técnico Vanderlei Luxemburgo, que transformou Pará em Parazinho. É assim que é chamado por boa parte da torcida do Grêmio.
Dormindo na guarita
Faltava cama para Pará no alojamento da escolinha de futebol Barcelona. Para dormir, ele acomodava-se no sofá-cama da guarita do segurança, que passava caminhando a noite inteira enquanto ele repousava. Pará despertava às 7h, tomava café com uma fatia de pão com manteiga numa padaria em frente, onde também almoçava.
Janta, nem pensar. A barriga roncava de noite.
No Santo André
Pará chegou ao juvenil do Santo André em 2003. Foi descoberto em um jogo-treino contra a escolinha Barcelona. Como o clube não tinha vaga para volante, sua posição na época, o diretor da escolinha agiu rápido. Aproximou-se do presidente do Santo André e avisou:
— Você precisa ver o que este moleque joga como lateral.
A primeira taça
A estreia como lateral juvenil do Santo André foi exitosa. Pará fez três cruzamentos, dos quais dois resultaram em gols. Depois da partida, providenciou os documentos para assinar seu primeiro contrato. Um ano depois, já estava no time profissional, pelo qual participaria do grupo que conquistou a Copa do Brasil de 2004, em decisão contra o Flamengo.
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Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS
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Neste domingo, contra o Coritiba, o jogador que se define como nota 7 fará sua 148ª apresentação. Sem riscos de perder a posição. Tanto que o argentino Matías Rodriguez tem treinado como lateral-esquerdo.
Trata-se de um feito digno de registro, se levadas em conta as inúmeras vezes em que o torcedor ficou de cara amarrada com cruzamentos ou passes errados e soltou a vaia. Protestos que em nada abalaram a convicção de Luxemburgo, Renato Portaluppi e agora Enderson, os treinadores com quem o lateral trabalhou no clube. Todos eles valorizaram, primeiro, sua obediência tática e doação ao coletivo.
— Não tenho tempo de ficar brabo com as críticas. Tem jogo toda quarta e domingo, nem dá para remoer. Cada pancada é um incentivo a mais para corresponder à altura no próximo jogo — afirma Pará.
Ele também não se diz convencido de que seja generalizada a rejeição da torcida. Fala dos aplausos que ouve quando pisa o gramado da Arena e das palavras de incentivo de gremistas com quem cruza em shoppings centers e restaurantes. Nessas horas, mostra paciência para tirar fotos ou assinar autógrafos. E garante ouvir relatos de que tem a cara do Grêmio.
Tatuagens são marca registrada do lateral
Foto: Mauro Vieira
— Dizem que eu não posso sair daqui — conta.
O segredo parece ser a persistência. Pará lembra do duro início da carreira, com 14 anos, etapa em que chegou a passar fome e dormir na guarita de um segurança de uma escolinha de futebol em São Paulo. Conta que essa parte da vida sempre passa em sua cabeça, "como um filme", quando as coisas não querem dar certo dentro de campo. Aí, se dá conta de não ter motivos para reclamar. E trata de tentar fazer melhor as coisas.
— Se nem Jesus conseguiu agradar a todos, não sou eu que vou agradar — resume.
Isso não lhe tira a autocrítica. Pará diz tentar compensar as deficiências com empenho. Não escolhe posição para jogar. No Santos, sob o comando de Vagner Mancini, foi até zagueiro, apesar dos minguados 1m73cm.
No Grêmio, começou na lateral esquerda, enquanto Gabriel e Mário Fernandes se revezavam na direita. Algumas vezes, entrou como volante. Em algumas partidas, corre tanto que chega a ficar deitado por alguns minutos no vestiário depois do final, tamanho o cansaço.
— Não sou nota 10, nem 5. Me considero um 7, regularzinho, um jogador regular — avalia.
Amigo de Neymar, que viu subir da base a profissional do Santos e com quem troca frequentes mensagens pelo WhatsApp, Pará não pretende sair tão cedo do Grêmio. Com contrato até dezembro de 2015, diz que renovaria agora mesmo por mais 10 anos, "sem nem sequer olhar o valor".
Mesmo que Pâmela, a mulher, e as filhas Gabriela, nove anos, e Raíssa, cinco, sofram com o frio gaúcho e sintam-se mais à vontade no calor de São João do Araguaia, interior do Pará, onde o lateral nasceu, há 28 anos.
Fé do jogador estampada no braço
Foto: Mauro Vieira
De Pará a Parazinho
O apelido Pará nasceu em 1999. Marcos Rogério Lopes, então com 13 anos, foi treinar na escolinha de futebol Barcelona, em São Paulo. Na chegada ao alojamento, disse que vinha do Pará e logo passou a ser chamado pelo nome do Estado natal. No Santos, conheceu o técnico Vanderlei Luxemburgo, que transformou Pará em Parazinho. É assim que é chamado por boa parte da torcida do Grêmio.
Dormindo na guarita
Faltava cama para Pará no alojamento da escolinha de futebol Barcelona. Para dormir, ele acomodava-se no sofá-cama da guarita do segurança, que passava caminhando a noite inteira enquanto ele repousava. Pará despertava às 7h, tomava café com uma fatia de pão com manteiga numa padaria em frente, onde também almoçava.
Janta, nem pensar. A barriga roncava de noite.
No Santo André
Pará chegou ao juvenil do Santo André em 2003. Foi descoberto em um jogo-treino contra a escolinha Barcelona. Como o clube não tinha vaga para volante, sua posição na época, o diretor da escolinha agiu rápido. Aproximou-se do presidente do Santo André e avisou:
— Você precisa ver o que este moleque joga como lateral.
A primeira taça
A estreia como lateral juvenil do Santo André foi exitosa. Pará fez três cruzamentos, dos quais dois resultaram em gols. Depois da partida, providenciou os documentos para assinar seu primeiro contrato. Um ano depois, já estava no time profissional, pelo qual participaria do grupo que conquistou a Copa do Brasil de 2004, em decisão contra o Flamengo.
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