Foto: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA / Gremio.net
A trajetória de Bobô no Grêmio tem apenas um mês e meio. Mas poderia ter começado há 15 anos atrás. Pernambucano de Gravatá, a 86 km de Recife, mas criado em Santa Rita, no Interior da Paraíba, Deivson Rogério da Silva foi apelidado pelo padrasto com o nome do craque do Bahia. E só não veio para o Olímpico aos 14 anos de idade por não ter uma passagem de ônibus.
Revelado pelo Corinthians, o atacante fez história na Turquia, onde marcou 132 gols por Besiktas e Kayserispor. Agora, aos 30, virou reforço importante para a equipe de Roger Machado, que disputa o título do Brasileirão.
Quando surgiu o apelido Bobô?
Começou quando eu era pequeno. Meu padrasto assistia aos jogos do Bobô no Bahia, ele gostava muito. Aí começou a me chamar de Bobô quando eu jogava pelada na rua e pegou. Quando joguei o campeonato sub-14 em São Paulo, já me chamavam pelo apelido. Na Turquia, foi engraçado. Meu nome é Deivson Rogério da Silva. Não tinha nada a ver com Bobô, ninguém entendia. Lá, você é chamado por seu nome ou pelo seu sobrenome. E comigo era Bobô. Até hoje, se me chamam de Deivson, ninguém me conhece.
Como você foi parar na Turquia?
Depois de conquistar o Brasileiro em 2005, fui vendido ao Besiktas. Cheguei no meio da temporada lá, em janeiro de 2006. Peguei o campeonato na metade e tinha feito uma pré-temporada boa no Corinthians. Comecei bem lá, fui campeão da Copa da Turquia já no terceiro mês. Aí renovaram meu contrato mais um ano, acabei ficando cinco anos e meio lá.
Demorou para se adaptar?
A adaptação foi rápida, há muitas coisas parecidas com o Brasil lá. É um país muçulmano, isso é diferente. Mas o povo é acolhedor, vem e conversa contigo. E eles gostam muito dos brasileiros. Quando cheguei, já estava o Aílton, que jogou no Inter, e o Kleberson, pentacampeão com a Seleção. Também o Ricardinho e o Márcio Nobre atuaram comigo no Besiktas.
Você sofreu com o idioma?
A cidade de Istambul é muito boa. Quando cheguei, não tinha tantos brasileiros. Agora tem muitos. Um tradutor me ajudou muito na adaptação com o idioma. Fiz aula, mas fui aprendendo no dia a dia. Mas a dificuldade maior era a comida. Não se achava muito as coisas que tinha no Brasil, como o feijão. Acabei levando uma mala cheia para lá (risos).
Com tantos gols, você virou ídolo lá.
Recebi muitas mensagens para ficar, não só da torcida do Kayserispor, mas também do Besiktas. Sempre fui muito bem tratado lá em todos os lugares que eu ia. Nunca me envolvi em polêmicas, foram muito legais estas duas passagens pela Turquia. Até o Rhodolfo, quando foi para lá, me pediu algumas dicas para saber mais sobre o país.
No Cruzeiro, você pouco jogou.
Minha história lá foi difícil. Cheguei ao final de agosto, e o time tinha 12 jogadores machucados. E, por isso, treinei apenas uma semana e fui direto para o jogo. Não pude me preparar como eu queria. Joguei três partidas e tive uma lesão muscular que me deixou dois meses parados. Voltei só no final do campeonato, quando acabava meu contrato.
O ritmo de treinos te prejudicou?
No Cruzeiro, era diferente do que o Roger faz aqui. Peguei quatro treinadores em nove meses. Era muito coletivo, com o campo inteiro. E os jogadores já desgastados por jogar quarta e domingo. O campo reduzido, de pegada mais curta, era o que eu fazia na Europa. Trabalhei com o Bernd Schuster (técnico alemão) que fazia isso. Muita tática e posse de bola.
O que te fez optar pelo Grêmio?
Um dos motivos de eu vir para o Grêmio foi demonstrar o meu futebol no meu país. Não vim para só passar por aqui. Quero marcar época, fazer algo de bom pelo clube. Mas também tem uma história curiosa. Em 2000, joguei um campeonato sub-14 em São Paulo e quase vim para cá. Recebi ofertas do Grêmio, do Coritiba e do Corinthians. E eu queria jogar no Grêmio, mas como eu vim de ônibus da Paraiba e o Grêmio já tinha voltado a Porto Alegre, não tinha como viajar. Eu teria que pagar a passagem. Aí acabei ficando no Corinthians.
Você teve dificuldade para pegar ritmo de jogo?
Com este calendário, você quase não treina. Pegar ritmo é mais difícil. Ou pega no tranco ou demora mais. No meu primeiro jogo, o Gre-Nal, entrei no final. Fui titular contra o Joinville e estava totalmente sem ritmo, sem tempo de bola. Os caras estavam na quinta marcha e eu estava passando a primeira. Mas desde o jogo contra o Figueirense, estou melhor.
Você tem uma meta de gols neste ano?
Já me fizeram esta pergunta muitas vezes. Eu prefiro pensar jogo a jogo. Preciso fazer gol em todos os jogos. E, se não fizer, tenho de participar de algum jeito. Ou dando a assistência ou abrindo espaço para alguém entrar.
Como é esta disputa com o Luan?
É sadia. O Luan foi para a seleção olímpica, eu entrei e mantive o nível. Conseguimos vitórias e um empate importante fora de casa. Isso prova a força do nosso grupo. Nós tinhamos muitos desfalques, mas quem entrou foi bem. Isso é importante para uma equipe que quer ser campeã de alguma coisa.
O título do Brasileirão é possível?
Estamos a seis pontos do líder e temos 14 jogos ainda. Matematicamente é muito possível e vamos brigar. É pensar jogo a jogo, agora contra o São Paulo temos que empurrá-los para dentro do gol deles e tentar ganhar de qualquer jeito.
E a escolha do número 13?
Quando saí do Corinthians, o empresário que me levou para a Turquia queria escolher um número diferente. E ele sugeriu o 13. Fui para lá no meio da temporada, já tinha numeração fixa. E a 13 estava sobrando. Então, peguei e passei a jogar com este número. Não é superstição nem nada. Se tivesse sobrando a 14, teria pegado.
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A trajetória de Bobô no Grêmio tem apenas um mês e meio. Mas poderia ter começado há 15 anos atrás. Pernambucano de Gravatá, a 86 km de Recife, mas criado em Santa Rita, no Interior da Paraíba, Deivson Rogério da Silva foi apelidado pelo padrasto com o nome do craque do Bahia. E só não veio para o Olímpico aos 14 anos de idade por não ter uma passagem de ônibus.
Revelado pelo Corinthians, o atacante fez história na Turquia, onde marcou 132 gols por Besiktas e Kayserispor. Agora, aos 30, virou reforço importante para a equipe de Roger Machado, que disputa o título do Brasileirão.
Quando surgiu o apelido Bobô?
Começou quando eu era pequeno. Meu padrasto assistia aos jogos do Bobô no Bahia, ele gostava muito. Aí começou a me chamar de Bobô quando eu jogava pelada na rua e pegou. Quando joguei o campeonato sub-14 em São Paulo, já me chamavam pelo apelido. Na Turquia, foi engraçado. Meu nome é Deivson Rogério da Silva. Não tinha nada a ver com Bobô, ninguém entendia. Lá, você é chamado por seu nome ou pelo seu sobrenome. E comigo era Bobô. Até hoje, se me chamam de Deivson, ninguém me conhece.
Como você foi parar na Turquia?
Depois de conquistar o Brasileiro em 2005, fui vendido ao Besiktas. Cheguei no meio da temporada lá, em janeiro de 2006. Peguei o campeonato na metade e tinha feito uma pré-temporada boa no Corinthians. Comecei bem lá, fui campeão da Copa da Turquia já no terceiro mês. Aí renovaram meu contrato mais um ano, acabei ficando cinco anos e meio lá.
Demorou para se adaptar?
A adaptação foi rápida, há muitas coisas parecidas com o Brasil lá. É um país muçulmano, isso é diferente. Mas o povo é acolhedor, vem e conversa contigo. E eles gostam muito dos brasileiros. Quando cheguei, já estava o Aílton, que jogou no Inter, e o Kleberson, pentacampeão com a Seleção. Também o Ricardinho e o Márcio Nobre atuaram comigo no Besiktas.
Você sofreu com o idioma?
A cidade de Istambul é muito boa. Quando cheguei, não tinha tantos brasileiros. Agora tem muitos. Um tradutor me ajudou muito na adaptação com o idioma. Fiz aula, mas fui aprendendo no dia a dia. Mas a dificuldade maior era a comida. Não se achava muito as coisas que tinha no Brasil, como o feijão. Acabei levando uma mala cheia para lá (risos).
Com tantos gols, você virou ídolo lá.
Recebi muitas mensagens para ficar, não só da torcida do Kayserispor, mas também do Besiktas. Sempre fui muito bem tratado lá em todos os lugares que eu ia. Nunca me envolvi em polêmicas, foram muito legais estas duas passagens pela Turquia. Até o Rhodolfo, quando foi para lá, me pediu algumas dicas para saber mais sobre o país.
No Cruzeiro, você pouco jogou.
Minha história lá foi difícil. Cheguei ao final de agosto, e o time tinha 12 jogadores machucados. E, por isso, treinei apenas uma semana e fui direto para o jogo. Não pude me preparar como eu queria. Joguei três partidas e tive uma lesão muscular que me deixou dois meses parados. Voltei só no final do campeonato, quando acabava meu contrato.
O ritmo de treinos te prejudicou?
No Cruzeiro, era diferente do que o Roger faz aqui. Peguei quatro treinadores em nove meses. Era muito coletivo, com o campo inteiro. E os jogadores já desgastados por jogar quarta e domingo. O campo reduzido, de pegada mais curta, era o que eu fazia na Europa. Trabalhei com o Bernd Schuster (técnico alemão) que fazia isso. Muita tática e posse de bola.
O que te fez optar pelo Grêmio?
Um dos motivos de eu vir para o Grêmio foi demonstrar o meu futebol no meu país. Não vim para só passar por aqui. Quero marcar época, fazer algo de bom pelo clube. Mas também tem uma história curiosa. Em 2000, joguei um campeonato sub-14 em São Paulo e quase vim para cá. Recebi ofertas do Grêmio, do Coritiba e do Corinthians. E eu queria jogar no Grêmio, mas como eu vim de ônibus da Paraiba e o Grêmio já tinha voltado a Porto Alegre, não tinha como viajar. Eu teria que pagar a passagem. Aí acabei ficando no Corinthians.
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Como é esta disputa com o Luan?
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O título do Brasileirão é possível?
Estamos a seis pontos do líder e temos 14 jogos ainda. Matematicamente é muito possível e vamos brigar. É pensar jogo a jogo, agora contra o São Paulo temos que empurrá-los para dentro do gol deles e tentar ganhar de qualquer jeito.
E a escolha do número 13?
Quando saí do Corinthians, o empresário que me levou para a Turquia queria escolher um número diferente. E ele sugeriu o 13. Fui para lá no meio da temporada, já tinha numeração fixa. E a 13 estava sobrando. Então, peguei e passei a jogar com este número. Não é superstição nem nada. Se tivesse sobrando a 14, teria pegado.
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