Atraso em direitos de imagem e processos: como craques viram 'Rojeio' e 'Dela Vega' em games de futebol

Sem autorização, Valdivia virou M.De La Vega na demo de PES 2016

Um dos maiores problemas enfrentados pelas produtoras de games que simulam futebol é autorização para utilizar as imagens de jogadores. Um desafio à brasileira. Em 2014 a confusão foi tão grande que a EA Sports, responsável pelo Fifa, excluiu os clubes brasileiros do jogo. PES 2015 manteve as agremiações nacionais, mas com vários jogadores de nomes genéricos. A dificuldade, por vezes, tem origem em problemas financeiros dos próprios clubes com os atletas. Em caso de atraso no pagamento dos direitos de imagem, o jogador veta qualquer menção ao seu nome nos campos virtuais na negociação com as produtoras.

Diante disso, Valdivia, até meados do mês passado no Palmeiras, ganhou novo nome: M. Dela Vega. Acionadas na Justiça por empresários e advogados de jogadores referentes a edições anteriores, tanto EA Sports quanto Konami procuraram se precaver. Ainda que os jogadores tenham contrato de imagem com o clube e com pagamento em dia, agora é necessário uma autorização escrita de cada atleta para que ele, de fato, faça parte do jogo sem possibilidade de dor de cabeça futura. Sem um sindicato de jogadores representativo no Brasil, a caça a assinaturas é a única alternativa.

"Ficou basicamente como no ano passado. A gente depende muito dos times. Os times que têm de nos passar os jogadores que eles têm os direitos de imagem para a gente poder colocar no jogo. A gente fica focado em tentar pegar essas cartas, informações dos times. Muitas vezes a gente tem de pegar as assinaturas de cada jogador", disse André Bronzoni, representante do Pro Evolution Soccer (PES), na América Latina.

Além de aspectos financeiros há também casos peculiares. Veterano, o goleiro e ídolo são-paulino Rogério Ceni não concede sua imagem para que apareça nos games de futebol. Nem mesmo que os outros companheiros de elenco estejam presentes. A opção é pessoal, ocorreu em PES 2015 e deve se repetir em PES 2016. Rogério, então, virou "Rojeio" no jogo, ainda que vestisse uma camisa tricolor com a sua assinatura.

A dificuldade para conseguir licenças dos jogadores não ocorre, por exemplo, na Europa. Por lá, os jogadores são representados pela Fif Pro, associação de atletas profissionais de futebol. O acordo geralmente acontece com a fundação e craques como Messi, Cristiano Ronaldo e Ibrahimovic estão sempre presentes nos gramados virtuais.

Atenção ao Brasil, com capa especial ao Flamengo e Maracanã


Guerrero pelo Flamengo em PES 2016

Anunciada nesta quarta-feira, a parceria de exclusividade entre PES 2016, Flamengo e Maracanã terá pontos trabalhados para atender os fãs de games e do clube rubro-negro. Uma equipe da Konami visitou o estádio para azeitar os detalhes de sua reprodução virtual. Haverá um panorama externo mostrando o Maracanãzinho, passando por cânticos da torcida do Flamengo, luzes pretas e vermelhas e placas de publicidade do programa sócio-torcedor.

De quebra, PES e Flamengo ainda afinam tópicos para representar fielmente o elenco rubro-negro no jogo. Como o acordo foi fechado há pouco mais de uma semana do lançamento, marcado para a próxima terça-feira, 15, atualizações serão necessárias no decorrer dos dias para completar o processo. Para evitar problemas de licença, o departamento de marketing do clube correu atrás das assinaturas dos atletas. Jorge e Guerrero, em viagens pelas seleções brasileira e peruana, assinarão os termos de cessão de imagem no retorno ao Brasil.

A capa exclusiva do jogo do Flamengo será trabalhada mais para frente. Além de tentar fechar com um jogador para ser o garoto-propaganda, as partes esperam definir os locais de venda do jogo, como sede da Gávea, Maracanã, Fla Boutique e lojas especializadas. O alvo para estar na capa, claro, é a estrela da companhia, Guerrero. Na apresentação à imprensa, o peruano já ganhou especial atenção, retratado em comemoração de gols com a camisa do clube e em lances nos campos virtuais.

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