Patrícia Moreira postou foto com D'Alessandro em rede social (Foto: Reprodução / Facebook)
Patrícia Moreira protagonizou o caso de injúria racial que talvez tenha recebido maior cobertura da mídia nos últimos anos. Na era das redes sociais e das mensagens instantâneas, a jovem de 23 anos precisou mudar de casa, de emprego e de rotina para tentar viver normalmente em Porto Alegre. Algo que, ainda, é difícil para a auxiliar odontológica.
A exposição nas imagens que a flagraram gritando "macaco" há um ano, na Arena, no duelo com o Santos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, tiveram impacto social, financeiro e psicológico na garota, que passou e ainda passa por tratamento psiquiátrico para tentar seguir a vida e superar uma fase depressiva.
A última sacudida na rotina foi quando postou foto com D'Alessandro, rival gremista, numa nova conta em rede social, em 30 de julho. As ameaças voltaram e mostraram que ainda reinam feridas abertas do caso de 28 de agosto de 2014.
RECLUSÃO EM DELEGACIA TERMINA NO SÁBADO
Neste sábado acaba o período de punição feita na transação penal feita na Justiça para Patrícia, em novembro do ano passado. Todo dia de jogo do Grêmio, a jovem precisava se apresentar em um local a ser definido com antecedência, mas nunca fixo - uma exigência do advogado, Alexandre Rossato, para a segurança de sua cliente. Patrícia, em silêncio, tenta entrar em um ostracismo e ser esquecida. Outras três pessoas entraram no acordo, feito em novembro do ano passado: Eder Braga, Fernando Ascal e Rodrigo Rychter.
Torce para que o tempo a torne novamente mais um rosto na multidão, embora não acompanhe mais futebol e não pretenda voltar aos estádios no futuro. A tatuagem com o escudo do Grêmio será a lembrança de uma época que não voltará. Poderia, por exemplo, ver uma eventual final da Copa do Brasil no estádio. “Nem pensar”, a resposta definitiva para o advogado.
Patrícia Moreira ainda sofre consequência dos gritos (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
HÁ 90 DIAS NO NOVO EMPREGO
Um ano após o xingamento ao goleiro Aranha, hoje no Palmeiras, Patrícia Moreira conseguiu um novo emprego, novamente em sua área, após seu afastamento do Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar, em agosto do ano passado. Há cerca de 90 dias, voltou a exercer sua atividade, ainda que não ganhe o mesmo do que no passado. Precisou passar por trabalhos com ganhos menores e fora de sua profissão antes de conseguir ser chamada para o posto atual.
- Ela pegou um emprego bastante inferior logo que aconteceu a situação. Voltou a trabalhar na área dela há 3 ou 4 meses, só. Os irmãos dela também sofreram algumas represálias no trabalho. Um reflexo negativo de todo o caso - comentou Rossato ao GloboEsporte.com.
Mudou-se, após ver sua casa ser incendiada, no início deste ano. Usa o aluguel que recebe para parte do que precisa pagar de mensalmente em sua nova residência. O valor não é o suficiente, mas a jovem conta com apoio de pessoas que a ajudam, caso de Rossato e outros. O erro não é esquecido, mas a tentativa é de mantê-la com uma vida após o ocorrido.
VISUAL MUDOU VÁRIAS VEZES
O que tem sido difícil. Patrícia ainda mantém espécie de exílio. Por exemplo, não quis conceder entrevista ao GloboEsporte.com, bem como seus irmãos. Assim como a família, preferiu se resguardar. Não consegue mais ir aos parques com cuia de chimarrão em punho, um de seus principais passatempos antes dos gritos em 2014.
- Desde aquele episódio, ela vem passando por dias muito difíceis. Teve a questão da exposição da imagem, depois a questão da tentativa de fogo na residência. Não conseguia sair para rua, entrou em depressão. Vive normalmente, até que aconteça um episódio ou outro e volte tudo à tona. Vai ter que andar na linha. Não se esquecendo que ela é jovem e erra. Bem, todo mundo pode errar - afirmou o advogado.
Casa foi incendiada e apedrejada em 2014, o que forço mudança (Foto: Fabio Almeida/RBS TV)
Mudou o visual algumas vezes - corte e cor do cabelo e maneira de se vestir - para passar despercebida. Precisou ir ao um médico psiquiatra e iniciou tratamento semanal contra a depressão que a abateu, depois quinzenal e por último com consultas mensais.
Após encontro e foto postada nas redes sociais com D’Alessandro, foi alvo de ameaças e precisou registrar Boletim de Ocorrência na polícia. Apagou a foto postada no encontro aleatório, na rua. Quando o camisa 10 do Inter foi solícito e até mesmo reconheceu a jovem, pivô do caso que acabou em perda de pontos e posterior exclusão do Grêmio na Copa do Brasil.
VOLTA ÀS REDES SOCIAIS E POLÊMICA COM D'ALE
Engatinhava no retorno a Facebook, com amigos bloqueados, em uma conta praticamente oculta, quando a foto vazou, em 30 de julho. A repercussão provocou uma recaída. Foi ao psiquiatra novamente para se aconselhar e seguir o tratamento mais de perto.
- Espero que sim, o quanto antes se apague este rótulo em relação a Patrícia, que ela tenha uma vida normal. Quando se fala de racismo, vem a imagem na TV, o ocorrido. Ficou a mancha para ela, taxada de racista, que efetivamente ela não é - finalizou.
Patricia Moreira ficará livre de sua punição pela injúria racial ao final desta semana. Mas, parece, terá de conviver com um carimbo que demorará para desaparecer de sua pele. O rótulo de “racista”, colado imediatamente após a imagem do grito na Arena correr o Brasil também será difícil de retirar. Por baixo de tudo isso, uma jovem tenta tocar a vida após pagar pelo erro.
Patrícia Moreira recebeu apoio da família depois do caso (Foto: Luiza Carneiro/GloboEsporte.com)
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Patrícia Moreira protagonizou o caso de injúria racial que talvez tenha recebido maior cobertura da mídia nos últimos anos. Na era das redes sociais e das mensagens instantâneas, a jovem de 23 anos precisou mudar de casa, de emprego e de rotina para tentar viver normalmente em Porto Alegre. Algo que, ainda, é difícil para a auxiliar odontológica.
A exposição nas imagens que a flagraram gritando "macaco" há um ano, na Arena, no duelo com o Santos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, tiveram impacto social, financeiro e psicológico na garota, que passou e ainda passa por tratamento psiquiátrico para tentar seguir a vida e superar uma fase depressiva.
A última sacudida na rotina foi quando postou foto com D'Alessandro, rival gremista, numa nova conta em rede social, em 30 de julho. As ameaças voltaram e mostraram que ainda reinam feridas abertas do caso de 28 de agosto de 2014.
RECLUSÃO EM DELEGACIA TERMINA NO SÁBADO
Neste sábado acaba o período de punição feita na transação penal feita na Justiça para Patrícia, em novembro do ano passado. Todo dia de jogo do Grêmio, a jovem precisava se apresentar em um local a ser definido com antecedência, mas nunca fixo - uma exigência do advogado, Alexandre Rossato, para a segurança de sua cliente. Patrícia, em silêncio, tenta entrar em um ostracismo e ser esquecida. Outras três pessoas entraram no acordo, feito em novembro do ano passado: Eder Braga, Fernando Ascal e Rodrigo Rychter.
Torce para que o tempo a torne novamente mais um rosto na multidão, embora não acompanhe mais futebol e não pretenda voltar aos estádios no futuro. A tatuagem com o escudo do Grêmio será a lembrança de uma época que não voltará. Poderia, por exemplo, ver uma eventual final da Copa do Brasil no estádio. “Nem pensar”, a resposta definitiva para o advogado.
Patrícia Moreira ainda sofre consequência dos gritos (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
HÁ 90 DIAS NO NOVO EMPREGO
Um ano após o xingamento ao goleiro Aranha, hoje no Palmeiras, Patrícia Moreira conseguiu um novo emprego, novamente em sua área, após seu afastamento do Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar, em agosto do ano passado. Há cerca de 90 dias, voltou a exercer sua atividade, ainda que não ganhe o mesmo do que no passado. Precisou passar por trabalhos com ganhos menores e fora de sua profissão antes de conseguir ser chamada para o posto atual.
- Ela pegou um emprego bastante inferior logo que aconteceu a situação. Voltou a trabalhar na área dela há 3 ou 4 meses, só. Os irmãos dela também sofreram algumas represálias no trabalho. Um reflexo negativo de todo o caso - comentou Rossato ao GloboEsporte.com.
Mudou-se, após ver sua casa ser incendiada, no início deste ano. Usa o aluguel que recebe para parte do que precisa pagar de mensalmente em sua nova residência. O valor não é o suficiente, mas a jovem conta com apoio de pessoas que a ajudam, caso de Rossato e outros. O erro não é esquecido, mas a tentativa é de mantê-la com uma vida após o ocorrido.
VISUAL MUDOU VÁRIAS VEZES
O que tem sido difícil. Patrícia ainda mantém espécie de exílio. Por exemplo, não quis conceder entrevista ao GloboEsporte.com, bem como seus irmãos. Assim como a família, preferiu se resguardar. Não consegue mais ir aos parques com cuia de chimarrão em punho, um de seus principais passatempos antes dos gritos em 2014.
- Desde aquele episódio, ela vem passando por dias muito difíceis. Teve a questão da exposição da imagem, depois a questão da tentativa de fogo na residência. Não conseguia sair para rua, entrou em depressão. Vive normalmente, até que aconteça um episódio ou outro e volte tudo à tona. Vai ter que andar na linha. Não se esquecendo que ela é jovem e erra. Bem, todo mundo pode errar - afirmou o advogado.
Casa foi incendiada e apedrejada em 2014, o que forço mudança (Foto: Fabio Almeida/RBS TV)
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Após encontro e foto postada nas redes sociais com D’Alessandro, foi alvo de ameaças e precisou registrar Boletim de Ocorrência na polícia. Apagou a foto postada no encontro aleatório, na rua. Quando o camisa 10 do Inter foi solícito e até mesmo reconheceu a jovem, pivô do caso que acabou em perda de pontos e posterior exclusão do Grêmio na Copa do Brasil.
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- Espero que sim, o quanto antes se apague este rótulo em relação a Patrícia, que ela tenha uma vida normal. Quando se fala de racismo, vem a imagem na TV, o ocorrido. Ficou a mancha para ela, taxada de racista, que efetivamente ela não é - finalizou.
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