Grêmio ainda não está pronto: jogo com o Estudiantes liga um alerta


Fonte: Leila Krüger

Grêmio ainda não está pronto: jogo com o Estudiantes liga um alerta
Tudo bem passar em segundo no grupo da Libertadores, em uma chave, "teoricamente", mais fácil, "fugindo" de Flamengo, São Paulo e Palmeiras. Tudo bem, era o "grupo da morte". E até que tudo bem empatar em "casa" (Couto Pereira, no Paraná) com o atual campeão da Liga Argentina, que vem em boa fase, embora tenha decepcionado na Libertadores. Mas o Grêmio que vimos contra o Estudiantes, no sábado, dia 8, certamente nos deixa alguma preocupação e liga um alerta. O Grêmio não está "voando", e muito menos está pronto como muitos pensavam.

Era quase fim do primeiro tempo, e nenhuma finalização do Tricolor Gaúcho. Um bombardeio, de chances de gol e de tática, do Estudiantes. Aos poucos, o jogo foi ficando equilibrado, mas os gaúchos ainda tiveram menos posse de bola na primeira etapa: 45% contra 55% dos argentinos. No segundo tempo, o jogo ficou mais interessante e o Imortal melhorou, acumulando algumas oportunidades. Já aos 2 minutos, o talento do craque Cristaldo colocou a equipe de Renato Gaúcho à frente. O Grêmio chegava ao gol adversário, melhorou taticamente. Mas o Estudiantes nunca deixou de ser uma ameaça, e assim se concretizou: no fim da partida, empatou o jogo da forma como costuma fazer gols: bola parada, pelo alto. O Grêmio, da forma como costuma, ultimamente, levar gols: bola pelo alto. Ely falhou feio.

Acende-se um alerta para o time titular, que vinha de três vitórias seguidas difíceis na Libertadores da América (contra o Bragantino, o time foi reserva, exceto Villasanti, e mesmo assim se mostrou insuficiente). Marchesín estava há cerca de 500 minutos sem sofrer gol, e uma cabeçada certeira do Estudiantes quebrou a sequência. No fim, 1 a 1 e a torcida que lotou o Couto Pereira saiu satisfeita, mas um observador um pouco mais atento ficaria um tanto preocupado. O Grêmio voltou a mostrar suas fraquezas: time burocrático, com pouca marcação no meio, lento, e a avenida na esquerda com Reinaldo.

Repito: Reinaldo e Ely não podem ser titulares, de maneira alguma. Mayk vinha bem até a lesão, pode não ser craque, mas marca muito melhor e ainda vai ao ataque. Ficaria com Mayk, ou traria outro lateral-esquerdo. Pepê foi mal, e cada vez mais acho que sobraria no time, no caso de entrar um necessário 1o volante marcador nato, visto que Villasanti é 2o volante ofensivo, box to box, e se sacrifica para marcar todo mundo no meio do Clube de Todos. Carballo não voltou bem, e ninguém sabe bem onde joga, mas não é marcador à frente da zaga. Não seria o meia para a reserva de Cristaldo, já que era goleador no Uruguai?

O Grêmio resolveu o problema na zaga, em tese, com Jemerson e Rodrigo Caio, apesar deste ser uma incógnita ainda. Mas, como Renato Portaluppi disse, "quem sabe não desaprende". E, se o Grêmio tem problemas na bola aérea, como ter uma zaga com Rodrigo Caio e Kannemann (que tem raça, mas oscila muito) que não chega a 1.85m? Por isso, eu colocaria Jemerson e Rodrigo Caio como titulares, até porque Kannemann vive lesionado ou suspenso. A partir daí, embora a direção e muitos não concordem, a contratação vital é um (mais uma vez) volante marcador à frente da zaga: o único da posição é Dodi, contestado no Santos, bom para grupo, mas cuja pouca estatura dificulta seu jogo, além da pouca técnica. Perdeu um gol feito contra o Estudiantes, embora tenha se esforçado e sido um dos "menos piores".

E um 9 para substituir o lesionado e combalido Diego Costa, que, apesar disso, tem sido o improvável herói do Grêmio: dois jogos na Libertadores, 1 gol e 1 assistência. Foi dele o passe para o gol de Cristaldo. É verdade que esperamos pouco, influenciados por certos jornalistas, de alguém que foi ídolo no Atlético de Madrid e fez bonito no Chelsea. Não vejo Borré sequer perto disso, por exemplo, muito menos Valencia, que desanda a perder gols e tem só um ano a menos que Diego Costa, naturalizado espanhol e jogador que já foi da Seleção. Sobre o 9, Pedro Raul poderia vir, envolvido em um negócio com o Corinthians, onde pouco é aproveitado. Tem estatura (1.93m), já foi um grande destaque, mas não se deu bem no Parque São Jorge. Vale como sombra para o brasileiro naturalizado espanhol, que, esperemos, não tenha uma lesão grave. Nathan Pescador, João Pedro Galvão e alguns outros precisam sair urgente, para liberar a folha e dar oportunidade a profissionais melhores.

Agora, o Grêmio deve voltar suas forças para o Brasileirão. Não dá mais para jogar com reserva ou mistão. A Libertadores volta só daqui a 2 meses. O Grêmio está às portas do Z4. Os reservas se mostraram insuficientes e perderam seus jogos no campeonato nacional. É hora de buscar pontos, mesmo fora, contra o Flamengo de um Cebolinha cheio de empáfia que disse que vai fazer gol no Grêmio, um clube que tentou burlar a CBF para jogar com os convocados contra o Maior do Sul. Que parece determinado a vencer. E é aí que o Grêmio deve crescer, como sói à sua história: surpreende quando é menosprezado ou está praticamente eliminado, caso da Libertadores da América.

O sinal de alerta foi ligado a tempo: faltou ímpeto, apesar de a classificação estar garantida, organização tática e uns três ou quatro titulares (Jemerson, Rodrigo Caio e 1o volante? E um substituto para Diego Costa). Marchesín foi bem, mais uma vez. E aqui, um comentário desconfortável: a preparação física, mais uma vez. Vejo jogadores que parecem incrivelmente acima do peso no Imortal. Não pode. Não correm, se correm, se lesionam. Sai DM, entra DM, sai preparador físico, entra preparador físico, e a profusão de lesões e lentidão continua.

O alerta está ligado: o Grêmio não está pronto, mas a boa notícia é que não falta muito para que esteja. São contratações pontuais e algumas melhoras físicas e táticas. Renato Portaluppi é bom técnico e tem estrela, lidera o ranking de treinadores com mais vitórias na história da Libertadores, a Glória Eterna. No entanto, ainda falta algo. E falta dar um salto na tabela do Brasileirão, e levá-lo mais a sério. Rebaixamento deve ser uma preocupação essencial, antes mesmo das copas. O Grêmio é maior do que todos os obstáculos que o cercam, saiu de um telhado inundado, como o cavalo Caramelo, para reviver no futebol. Humildade sempre, mas os objetivos são claros: passar pelo Fluminense, respirar no Brasileirão, passar pelo Operário-PR e avançar para ser Hexa da Copa do Brasil. Somente o Cruzeiro o é, e já está eliminado. Sonhar com Brasileirão e Libertadores, no entanto, ainda não está proibido. Mas precisa melhorar bastante.

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