Dinho 'previu' golaço e até dançou no Paraguai; assista à história das oitavas

GloboEsporte.com narra em série especial de web documentários os jogos do bi da Libertadores do Grêmio, em 1995; Tricolor passou com facilidade pelo Olímpia


Fonte: GloboEsporte

Dinho previu golaço e até dançou no Paraguai; assista à história das oitavas
Basta a primeira menção ao bicampeonato da Libertadores para que o imaginário dos gremistas seja tomado de carrinhos, entradas duras e algumas brigas de Dinho nos embates pelos gramados sul-americanos. O ídolo defendia com unhas e dentes as cores do clube. Não levava - e hoje, 20 anos depois, segue sem levar - desaforo para casa. A homenagem da torcida, afixada à parede de sua casa, em Porto Alegre, com os dizeres "Guerreiro, copeiro e peleador" é prova viva disso.

Combatividade e garra à parte, o sergipano era um volante de técnica e força, que orquestrava o meio-campo com passes precisos e assombrava os goleiros rivais com chutes potentes. À época com 29 anos, sabia de tudo isso. A ponto de convencer Luiz Felipe Scolari, às vésperas do primeiro embate com o Olímpia, nas oitavas de final, e, na palestra pré-jogo, arquitetar aquele que seria, horas mais tarde, o gol mais bonito de sua vitoriosa carreira. Com direito até a dancinha, saindo de seu personagem sisudo e gladiador. Antes, uma dose de rebeldia.


- Tu ficas atrás, quando tiver escanteio - ordenou Felipão.

- Eu não gosto de ficar lá atrás. Gosto de ficar no rebote. Eu pego bem na bola, gosto de pegar o rebote - retrucou o volante.

No fim, foi Carlos Miguel para trás, e Dinho para o rebote. Dito e feito. Ali, em frente à área rival, estava o sergipano arretado para aparar de primeira o rebote da zaga paraguaia após cobrança de escanteio de Arce, pela esquerda. Um chutaço, exemplo vivo da expressão "pegou na veia", para estufar as redes do Defensores del Chaco e abrir caminho à vitória fácil, por 3 a 0, contra um temido Olímpia.

O GloboEsporte.com dá sequência, nesta quinta-feira à série de web documentários sobre a conquista do bicampeonato da América. Com direito a dancinha dentro de campo, o Tricolor saiu de Assunção com confortável vantagem para assegurar a vaga nas quartas de final com um 2 a 0 no Estádio Olímpico.

> As duas vitórias gremistas e seus bastidores estão relatados abaixo:

GOLAÇO DE DINHO E ATUAÇÃO DE GALA


25.04.1995 - Olímpia 0 x 3 Grêmio - Defensores del Chaco
Dinho, sobre o golaço que abriu o placar:

"O Arce bateu o escanteio, um rapaz, não lembro quem foi, tirou a bola no primeiro pau, e a bola veio para a frente da área. Eu treinava para ficar no rebote. Peguei aquela bola de bate pronto e graças a Deus, acho que foi um dos gols... Um dos gols, não. O gol mais bonito que eu fiz na minha carreira. Depois, até quando eu peguei na bola, eu não acreditei que foi tão rápido e tão bem chutado. Fiquei surpreso quando a bola entrou. Eu comecei a vibrar depois, eu não acreditei que eu peguei tão bem na bola daquele jeito ali".

Carlos Miguel, sobre o golaço de Dinho:

"Eu brinco com todo mundo. Eu mexo com o Dinho, que todo mundo fala dele e lembram da voadora do Valber. 'Ninguém vai lembrar o gol do Olímpia? O mais bonito que você já fez, o mais bonito da Libertadores?'. Ninguém fala. Pegar aquela bola do jeito que o Dinho pegou é para poucos. Foi um jogo que surpreendeu até a nós. Mandamos na partida o tempo inteiro e saímos de lá com a classificação garantida".

VITÓRIA EM CASA PARA NÃO PERDER CONFIANÇA
03.05.1995 - Grêmio 2 x 0 Olímpia - Estádio Olímpico
Danrlei, sobre a partida:

"A gente sabia que aquele resultado matava as oitavas. Mas a gente sabia que ia ter pela frente o Palmeiras, então a gente não queria dar chance para o azar. Quem tinha essa possibilidade, esse tipo de pensamento, era o Palmeiras, que é a seleção brasileira. Nós não tínhamos essa possibilidade. Éramos um time novo. Se nós déssemos uma bobeada, numa situação como essa, perderíamos a confiança do nosso torcedor. Jogamos sério, nos resguardando um pouco mais, não cansando tanto. Com mais calma para não ter ninguém machucado, porque depois seria a maior pedreira que poderíamos ter".
Alexandre Gaúcho, sobre a postura do grupo na partida:

"Acima de tudo, era a humildade que o grupo tinha. Ninguém deixava um ou outro com aquela coisa de ser a estrelinha, do assédio... Um exemplo, o Paulo Nunes fazendo gols. Não deixávamos isso. O mais importante é que a gente procurava conversar para trazer a confiança para o grupo. Não ganhamos nada. Ganhávamos partidas dentro de Libertadores e íamos pegando confiança rumo ao título. Os próprios jogadores não deixavam esse estrelismo subir à cabeça".

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